As doutrinas míticas que
prejudicam o Cristianismo
Todas as religiões recebem influências umas das outras,
o Cristianismo não escapou dessas influências das
religiões mitológicas. Inclusive, até os próprios
autores da Bíblia receberam tais influências
mitológicas. E queremos lembrar agora dois ensinos de
são Tomaz de Aquino. Um é aquele em que ele diz que a fé
não pode violentar a razão. Outro é o que afirma que nós
só podemos falar sobre Deus de modo analógico,
alegórico. E é interessante que se observe que a visão
mitológica de Deus dos antigos era verdadeira para eles,
mas, como nós ultrapassamos esses tempos da mitologia,
tal visão de Deus para nós deve ser alegórica e jamais
literal. E isso está de acordo com o que já dissemos a
respeito do que nos ensinou são Tomás de Aquino. E eis
algumas questões mitológicas no cristianismo, mas
queremos dizer que o fazemos com o máximo de respeito e
apenas por serem verdades, embora geralmente
desconhecidas pela grande maioria das pessoas, mesmo por
muitas que são intelectuais.
O Concílio Ecumênico de Éfeso, em 431, decretou o dogma
“Teotokos”, ou seja, o de que Maria é Mãe de Deus.
Lembremo-nos, por oportuno, da mitologia grega em que a
deusa Deméter, a Grande Mãe, e mãe da deusa Persefone. E
“Teotokos” é consequência do dogma de Niceia, em 325,
que sentenciou que Jesus é Deus tão poderoso tal qual o
Deus Pai, sendo da sua mesma substância (“homoousios”).
E é consequência, ainda, do Concílio de Éfeso o dogma
que decretou também que Jesus é uma só pessoa, a divina.
Disso, Eutiques concluiu que, se em Jesus só existe uma
pessoa, a divina, Ele deveria ter também uma só
natureza, a divina. Mas o Concílio Ecumênico de
Calcedônia, em 451, condenou essa tese de Eutiques,
declarando que, em Jesus, há duas naturezas, a divina e
a humana.
Mas isso é contraditório, pois temos certeza absoluta de
que Jesus é uma pessoa humana que se encarnou aqui em
nosso mundo e, então, como Ele seria somente uma pessoa
divina e não também humana? Ademais, se Ele é somente
pessoa divina, como Ele poderia ter também, além da
natureza divina, a humana como decretou igualmente o
citado Concílio de Calcedônia? (Para saber mais, meu
livro: “A Face Oculta das Religiões” e “Mitos Cristãos –
Desafios para o Diálogo Religioso”, de José Pinheiro de
Souza).
Na Antiguidade e ainda no início da Era Cristã, ou seja,
nos tempos ainda mitológicos, reis, imperadores e as
pessoas muito importantes e famosas nas suas áreas de
atividades, principalmente, religiosas, ganhavam os
títulos de deuses ou de homens divinos. Platão, pelo seu
brilhantismo na filosofia, foi chamado de ‘homem
divino’. E, com muito mais razão, Jesus ganhou também o
título de deus. Mas os teólogos, como já foi
demonstrado, tomaram isso ao pé da letra, ensinando que
Jesus é outro verdadeiro Deus tal qual o Deus Pai, da
mesma substância deste (“homoousios”) introduzindo,
assim, de algum modo, o politeísmo no cristianismo. Os
teólogos justificam essa questão dizendo que as pessoas
é que são três, mas que Deus mesmo é um só. Como isso é
confuso, eles passaram a dizer que se trata de um
mistério de Deus. Mas isso é um mistério criado por eles
mesmos e não por Deus! Onde estão as provas do que
dizem? Que eles se lembrem do ensino de são Tomás de
Aquino já dito: Deus só pode ser entendido
alegoricamente por nós e não literalmente. De fato, os
tempos mitológicos já se foram. E que a teologia cristã
se descomplique, não arrastando cristãos para o
materialismo!