Artigos

por José Reis Chaves

 

As doutrinas míticas que prejudicam o Cristianismo


Todas as religiões recebem influências umas das outras, o Cristianismo não escapou dessas influências das religiões mitológicas. Inclusive, até os próprios autores da Bíblia receberam tais influências mitológicas. E queremos lembrar agora dois ensinos de são Tomaz de Aquino. Um é aquele em que ele diz que a fé não pode violentar a razão. Outro é o que afirma que nós só podemos falar sobre Deus de modo analógico, alegórico. E é interessante que se observe que a visão mitológica de Deus dos antigos era verdadeira para eles, mas, como nós ultrapassamos esses tempos da mitologia, tal visão de Deus para nós deve ser alegórica e jamais literal. E isso está de acordo com o que já dissemos a respeito do que nos ensinou são Tomás de Aquino. E eis algumas questões mitológicas no cristianismo, mas queremos dizer que o fazemos com o máximo de respeito e apenas por serem verdades, embora geralmente desconhecidas pela grande maioria das pessoas, mesmo por muitas que são intelectuais. 

O Concílio Ecumênico de Éfeso, em 431, decretou o dogma “Teotokos”, ou seja, o de que Maria é Mãe de Deus. Lembremo-nos, por oportuno, da mitologia grega em que a deusa Deméter, a Grande Mãe, e mãe da deusa Persefone. E “Teotokos” é consequência do dogma de Niceia, em 325, que sentenciou que Jesus é Deus tão poderoso tal qual o Deus Pai, sendo da sua mesma substância (“homoousios”). E é consequência, ainda, do Concílio de Éfeso o dogma que decretou também que Jesus é uma só pessoa, a divina. Disso, Eutiques concluiu que, se em Jesus só existe uma pessoa, a divina, Ele deveria ter também uma só natureza, a divina. Mas o Concílio Ecumênico de Calcedônia, em 451, condenou essa tese de Eutiques, declarando que, em Jesus, há duas naturezas, a divina e a humana.

Mas isso é contraditório, pois temos certeza absoluta de que Jesus é uma pessoa humana que se encarnou aqui em nosso mundo e, então, como Ele seria somente uma pessoa divina e não também humana? Ademais, se Ele é somente pessoa divina, como Ele poderia ter também, além da natureza divina, a humana como decretou igualmente o citado Concílio de Calcedônia? (Para saber mais, meu livro: “A Face Oculta das Religiões” e “Mitos Cristãos – Desafios para o Diálogo Religioso”, de José Pinheiro de Souza).

Na Antiguidade e ainda no início da Era Cristã, ou seja, nos tempos ainda mitológicos, reis, imperadores e as pessoas muito importantes e famosas nas suas áreas de atividades, principalmente, religiosas, ganhavam os títulos de deuses ou de homens divinos. Platão, pelo seu brilhantismo na filosofia, foi chamado de ‘homem divino’. E, com muito mais razão, Jesus ganhou também o título de deus. Mas os teólogos, como já foi demonstrado, tomaram isso ao pé da letra, ensinando que Jesus é outro verdadeiro Deus tal qual o Deus Pai, da mesma substância deste (“homoousios”) introduzindo, assim, de algum modo, o politeísmo no cristianismo. Os teólogos justificam essa questão dizendo que as pessoas é que são três, mas que Deus mesmo é um só. Como isso é confuso, eles passaram a dizer que se trata de um mistério de Deus. Mas isso é um mistério criado por eles mesmos e não por Deus! Onde estão as provas do que dizem? Que eles se lembrem do ensino de são Tomás de Aquino já dito: Deus só pode ser entendido alegoricamente por nós e não literalmente. De fato, os tempos mitológicos já se foram. E que a teologia cristã se descomplique, não arrastando cristãos para o materialismo!

                 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita