Bloco monolítico
O Reino de Deus na Terra se fará por uma base forte,
monolítica, indestrutível
“(...) Eis que ponho em Sião uma pedra de tropeço, e
uma rocha
de escândalo; e todo aquele que crer nela não será
confundido.”
-
Paulo (Ro., 9:32.)
Tanto nas anotações Antigas quanto nas Neotestamentárias
a palavra “pedra” aparece - dezenas de vezes - em
várias situações, com significados também múltiplos...
Desde o
Gênesis,
livro do pentateuco moisaico, referindo-se à coluna de
Betel, até ao Apocalipse de João,
na menção à queda da cidade de Babilônia, vamos
encontrar o verbete
“pedra”.
Percorrendo as Escrituras
verificamos isso “in loco”, começando pelo
versículo em epígrafe, no qual Paulo não faz outra coisa
senão resgatar a velha profecia de Isaías
que dizia: “portanto, assim diz o Senhor Jeová: eis
que eu assentei em Sião (leia-se Jerusalém)
uma pedra já provada, pedra preciosa da esquina,
que está bem firme e fundada: aquele que crer não se
apresse”.
Jesus é bem aquele bloco
monolítico, já provado e aprovado por Deus,
“Pedra Preciosa de Esquina”, isto é, marco divisor
de vidas que a partir do momento em que tomam
conhecimento da essência de Sua mensagem “dobram a
esquina”, isto é, mudam o foco dos interesses até
então voltados para os acenos materiais hedonistas,
dirigindo-se, então, para a busca dos
“tesouros dos Céus”.
Escrevendo mais tarde aos
coríntios,
o Singular Vidente de Damasco seria ainda mais explícito
na identificação de Jesus na simbologia da pedra:
“(...) E beberam todos
duma mesma bebida espiritual, porque bebiam da pedra
espiritual que os seguia; e a Pedra era o Cristo”.
- Quando Mateus Levi
afirma:
“(...) Mesmo destas pedras Deus pode suscitar filhos
a Abraão”, o ex-coletor de impostos estava se
referindo aos corações refratários dos fariseus e
saduceus, aos quais João, o Batista, admoestava
energicamente, classificando-os como “raça de
víboras”, mas que - não obstante - não se
encontravam excluídos da misericórdia Divina, desde que
“produzissem
frutos de arrependimento”.
No registro de Lucas
observamos as seguintes palavras de Jesus: “(...) se
os meus discípulos se calarem, as pedras clamarão”.
Aí está a revelação mais que explícita da
comunicabilidade dos Espíritos, pois, ao
tempo do Cristo, os túmulos eram escavados nas rochas e,
ao dizer: “as pedras clamarão”, Ele –
inequivocamente - se referia aos Espíritos dos mortos
que haviam sido sepultados nas pedras.
- Jesus realça a Grandeza
e Bondade infinitas de Deus ao estabelecer um paralelo
entre a paternidade terrena e a Divina, dizendo:
“(...) e qual
dentre vós é o homem que, lhe pedindo pão o seu filho,
lhe dará uma pedra? (...) Se vós, pois, sendo maus,
sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, quanto mais
vosso Pai, que está nos Céus, dará bens aos que Lhos
pedirem?”
- Jesus nos previne contra
o “canto das sereias”, isto é, contra o
encantamento convidativo e coercitivo das coisas
materiais em detrimento das espirituais quando, Seus
discípulos chamando-Lhe a atenção para a grandiosidade e
fausto do Templo de Jerusalém, erguido pelo Rei Salomão,
diz:
“(...)não ficará
aqui pedra sobre pedra que não seja derribada”.
Simão Bar Jonas, o
baluarte do Colégio Apostólico, era um pescador simples,
céptico por natureza, sem sutilezas de comportamento,
teimoso, provido de “estopim curto”, e, até certo
ponto, ingênuo... Em siro-caldeu, chamavam-no
“Cefas”; mas, em grego, deram-lhe o apelido de
“Petros”, significando: pedra, rocha...
Provavelmente, tal alcunha se devia ao fato de ser ele
detentor de um caráter firme e de maneirismos um tanto
quanto abrutalhados, regidos por débil educação, e que
se deslanchava em singular idiossincrasia. Não obstante,
possuía um coração extremamente bondoso. Era, por
conseguinte, muito amado pelo Mestre, que lhe depositava
largas cotas de responsabilidades junto aos seus pares,
do qual era, indubitavelmente, líder nato. Certa
ocasião, o Meigo Rabi lhe falou:
“pois também eu
te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a
minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão
contra ela”.
É evidente que aqui Ele
falava de Sua Doutrina, mas ao ouvir estas palavras de
Jesus, em sua santa ingenuidade, Pedro, o Filho de
Jonas, pensou consigo mesmo:
“será que o Mestre me
deseja dizer que sou uma fortaleza de ânimo e fé, ou
será por causa da minha cabeça dura?!”
- Os principais
sacerdotes, mancomunados com os escribas, procuravam
meios de lançar mão d`Ele, e ficaram enfurecidos quando
O ouviram dizer:
“(...) a pedra que os edificadores reprovaram, essa
foi feita cabeça de esquina. Qualquer que cair sobre
aquela pedra ficará em pedaços, e aquele sobre quem ela
cair será feito pó; portanto, eu vos digo que o Reino de
Deus vos será tirado, e será dado a uma nação que
produza frutos”. (Espíritas! Que nos cuidemos!)
Ora, a pedra feita “cabeça de esquina” é a que
sustenta toda a edificação. Jesus Se referia à Sua
Doutrina, rejeitada pelos escribas, sacerdotes e
fariseus. O Cristianismo reduzia a pó o dogmatismo
judaico, no qual – parasitariamente – se locupletavam.
Podemos dizer que o mesmo
aconteceu com o Espiritismo, originário na França, e lá
rejeitado, encontrando no Brasil a terra fértil para
“produzir seus
frutos”.
Tantas referências a “pedras” nos levam a
raciocinar que a edificação do Reino de Deus na Terra se
fará por uma base forte, monolítica, indestrutível...
Todo o material dessa edificação será de primeira,
robusto, não suscetível de destruição pelo tempo ou pelo
que quer que seja.
Hodiernamente a “pedra cabeça de esquina” é o
Espiritismo, o Consolador prometido por Jesus, a
nova pedra de tropeço dos sacerdotes e fariseus, outra
vez reencarnados para o trabalho de sabotagem... Por
isso a Doutrina Espírita é tão anatematizada por eles,
pois ela vem desalojá-los das mesmíssimas mordomias das
quais são ciosos desde os tempos anteriores a Jesus.
O Espiritismo é o Bloco Monolítico, a Pedra
Cabeça de Esquina, que despedaçará os dogmas,
pulverizará a ignorância, e, por fim, expulsará os
ávidos mercadores do templo, esses terríveis
“atravessadores” da fé que tanto atraso têm
provocado na caminhada evolutiva da humanidade.
... “E todo aquele que”
estudar e praticar o Espiritismo, por certo, “não
será confundido”, uma vez que será detentor da fé
raciocinada, aquela que “enfrenta a razão em todas as
épocas da humanidade”, e em cujo estandarte
está desfraldado o lema: “fora da caridade não há
salvação”. Por isso, não sejamos nós, os Espíritas,
as pedras de tropeço colocadas no caminho da
correta divulgação do Espiritismo, para não sermos tidos
como causadores de escândalos e, portanto, alijados do
Reino dos Céus.