Destino
ou
livre-arbítrio?
Fui,
recentemente,
ao
assistir
a uma
conversa
entre
familiares,
posta
perante
esta
dicotomia
destino
/
livre-arbítrio,
que deu
origem a
uma
interessante discussão,
envolvendo
vários
membros
da
família,
cada um
contribuindo
com
valiosos
argumentos
contra
ou a
favor de
cada uma
das
posições
defendidas.
Este
tema de
conversa
forneceu-me
matéria
para uma
oportuna
reflexão,
tendo
como
base os
conhecimentos
que o
Espiritismo
coloca
ao
alcance
de quem
busca
orientação
segura
que
proporcione
uma
verdadeira
fé
raciocinada.
Comecemos,
então,
por
refletir
sobre os
verdadeiros
objetivos
da nossa
existência
terrena.
Ou,
melhor
ainda,
comecemos
pela
seguinte
questão:
terá,
realmente,
a nossa
existência,
um
objetivo
predefinido
ou será
uma
simples
obra do
acaso?
Partindo
do
princípio
básico,
largamente
aceito,
quer
pela
ciência
quer
pela
nossa
própria
razão,
de que
no
Universo
“Todo
o efeito
tem uma
causa”,
somos
forçados
a
concluir
que
também a
nossa
presença
na Terra
tem de
ter uma
causa.
A esse
respeito,
importa
termos
bem
presentes
que,
segundo
a
definição
dada
pelos
Espíritos
a
Kardec,
nós,
Espíritos,
somos “os
seres
inteligentes
da
Criação” e
fomos
criados
simples
e
ignorantes
com
destino
a, pelo
esforço
próprio,
degrau a
degrau,
subirmos
a escada
do
progresso
até
atingirmos
a
perfeição.
Entendamos
por
perfeição
o estado
de
equilíbrio
entre
moral e
conhecimento,
num grau
de tal
modo
sublimado
que todo
o nosso
tempo,
empenho
e saber
sejam
empregados
na
prática
do Bem e
na
cooperação
total
com os
desígnios
de Deus,
perfeitamente
ajustados
a Suas
sábias
Leis.
Dizem-nos
os
Espíritos
que “Deus
criou
todos os
Espíritos
simples
e
ignorantes,
ou seja,
sem
conhecimento.
Deu a
cada um
deles
uma
missão,
com o
fim de
os
esclarecer
e
progressivamente
conduzir
à
perfeição,
pelo
conhecimento
da
verdade
e para
os
aproximar
dele. A
felicidade
eterna e
sem
perturbações,
eles a
encontrarão
nessa
perfeição.
Os
Espíritos
adquirem
o
conhecimento
passando
pelas
provas
que Deus
lhes
impõe” (O
Livro
dos
Espíritos,
Livro
segundo,
VI -
Escala
Espírita,
Progressão
dos
Espíritos,
114.).
De
resto, é
o
próprio
Cristo
quem nos
aponta a
perfeição
como
meta: “Sede
vós logo
perfeitos,
como
também
vosso
Pai
Celestial
é
perfeito. (Mateus,
V:
44-48; O
Evangelho
segundo
o
Espiritismo,
Capítulo
XVII,
Sede
Perfeitos.)
Perante
isto,
não
podem
restar
dúvidas
de que
cada
vinda
nossa a
este
mundo,
ou a
qualquer
outro
mundo
material,
visando
a
objetivos
muito
concretos,
tem de
ser
rigorosamente
pensada
e
programada,
de modo
a que dê
frutos.
Se assim
não
fosse,
seria
como
imaginarmos
empreender
uma
grande
viagem,
perfeitamente
ao
acaso,
sem
planejamento,
ou
imaginar
um curso
escolar
que não
obedecesse
a
qualquer
currículo
ou
programação.
A Terra,
para
nós, é
um lugar
de
aprendizagem,
uma
escola
abençoada,
onde
apendemos
e pomos
em
prática.
Como em
qualquer
escola,
quem se
empenha
e
trabalha
com
dedicação
vai,
progressivamente,
ingressando
em
níveis
superiores,
até
atingir
o máximo
que ela
permite.
Após
isso,
quando
provar
estar
preparado,
passará
para
outra
escola,
de cariz
universitário,
para
novas e
sempre
mais
exigentes
aprendizagens.
Por
outro
lado,
quem não
se
dedica,
quem
teima em
encarar
a escola
como um
vulgar
passatempo,
lugar de
divertimento,
quem
empata o
seu
tempo de
forma
inútil e
fútil,
muitas
vezes
acumulando
problemas
para si
e para
os
outros,
não terá
tão cedo
condições
para
avançar
nos
degraus
dos
diversos
níveis
que a
escola
proporciona,
e, muito
menos,
de
avançar
para
escolas
de
níveis
superiores.
Ver-se-á
na
contingência
de ficar
retido
as vezes
que
forem
necessárias,
afastando-se,
inclusive,
do seu
grupo de
amigos,
repetindo
experiências
até que
a sua
consciência
o alerte
para a
importância
de
encarar
as
oportunidades
com mais
seriedade
e
responsabilidade.
Podemos
dizer
que a
obrigatoriedade
de
estudar,
trabalhar,
esforçar-se
são
fatalidades.
Não se
lhes
pode
fugir.
São
também
fatalidades
a
exigência
de só
avançar
nos
diversos
níveis
quem tem
condições
para
tal, bem
como a
exigência
de
retenção
e de
repetição
de
experiências
como
oportunidades
de
progresso
(reencarnações).
Mas o
modo
como
cada um
encara
as suas
obrigações
escolares/experiências
terrenas
é
pessoal,
ou seja,
é o
livre-arbítrio
em pleno
funcionamento.
E,
precisamente
por
isso, no
exercício
do nosso
livre-arbítrio,
principalmente
nos
primeiros
estágios
da nossa
caminhada
evolutiva,
nem
sempre
avançamos
sem
desvios,
de
consequências
mais ou
menos
funestas.
Na busca
do Bem,
que é o
nosso
destino,
até que
nos
ajustemos
às Leis
Divinas,
vamos
cometendo
erros de
que,
libertos
da nossa
condição
material,
ao
regressarmos
à Pátria
Espiritual,
nos vão
levando
ao
arrependimento,
mais ou
menos
rápido e
sincero
conforme
o estado
da nossa
consciência,
o que
equivale
a dizer,
conforme
o grau
evolutivo
em que
nos
situamos.
É aí que
surge em
nós a
ânsia de
expiação,
pela dor
ou pelo
amor,
não
porque
Deus
exija de
nós o
resgate
como
forma de
castigo,
mas,
antes,
porque
reconhecemos
ser a
única
forma de
nos
libertarmos
dos
males
que nos
pesam e
entravam
o
prosseguimento
da
marcha
rumo à
felicidade.
Voltar à
Terra
não é um
castigo,
mas é,
convenhamos,
uma
fatalidade,
porque
se
insere
dentro
das leis
de Deus
que são
imutáveis.
Mas não
podemos
voltar
de
qualquer
maneira.
Para que
os
objetivos
sejam
atingidos,
muita
coisa
tem de
ser
planeada
com
cuidado,
desde a
escolha
da
família
que nos
acolhe
(onde
vamos
encontrar,
na
maioria
das
vezes os
desafetos
com que
temos de
saldar
dívidas,
mas
também
os
afetos
que nos
ampararão
e
fortalecerão
para
ajudar a
evitar
novas
quedas)
ao
corpo,
templo
abençoado
do
Espírito,
que nos
proporcionará
as
situações
de
saúde/doença,
conforme
o que
mais
convenha
às
necessidades
evolutivas,
às
provas
pelas
quais
teremos
de
passar,
à forma
como se
dará o
desencarne/regresso
ao Mundo
Espiritual…
No
entanto,
nem aqui
se dará
violação
da nossa
liberdade,
uma vez
que toda
a
programação
é feita
com o
nosso
conhecimento
e
intervenção
(salvo
as
exceções
impostas
por
extrema
falta de
condições
do
Espírito
reencarnante,
como é o
caso das
reencarnações
compulsivas)
e, só
após
intensa
preparação
do
Espírito,
ele
empreenderá
essa
importante
jornada
de
regresso
ao mundo
material.
Talvez,
àquilo
que
vulgarmente
chamamos
destino,
seja
mais
adequado
chamar
programação
de vida.
Não
deixa de
ser
verdade
que o
destino
está nas
nossas
mãos, se
pensarmos
que
apenas
está a
cumprir-se
aquilo
que nós
mesmos
planeamos.
E que
aquilo
que
encaramos
como
fatalidades,
nada
mais é
do que
grandes
oportunidades,
fruto da
Justiça,
mas
também
do
infinito
Amor e
Misericórdia
do Pai.
É, no
entanto,
errado
pensar
que,
forçosamente,
toda a
nossa
caminhada
tem de
ser
pontuada
exclusivamente
pela dor
e pelo
sofrimento.
Se é
verdade
que
continuamos
num
mundo de
provas e
expiações,
porque
ainda
não
temos
condições
de
acesso a
outro
mais
feliz, é
também
verdade
que
Pedro
nos
disse
que “O
amor
cobre
uma
multidão
de
pecados”.
Dois
caminhos
nos são
oferecidos:
o amor e
a dor.
Temos o
livre-arbítrio.
Cabe-nos
escolher.
Não
esqueçamos:
a
sementeira
é livre.
A
colheita
é
obrigatória.
Cabe-nos
a
escolha
de como
empregamos
o nosso
tempo.
Se
podemos
semear o
Bem, por
que
escolher
continuar
presos a
dívidas
e
resgates
que nos
prendem
por
tempo
indeterminado
a
colheitas
dolorosas?
Somos
Espíritos
eternos
e ser
felizes
é o
nosso
destino.
Mas,
precisamente,
pelo
respeito
ao nosso
livre-arbítrio,
Deus
espera-nos,
dependendo,
apenas
de nós,
chegar
mais
depressa
ou com
mais
demora.
Maria de
Lurdes
Duarte
reside
em
Alvarenga,
Arouca,
Portugal.
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