Continuamos o estudo da RevueSpirite correspondente
ao ano de 1863. O texto condensado do volume será aqui
apresentado em 16 partes, com base na tradução de Júlio
Abreu Filho publicada pela EDICEL.
Questões para debate
A. Ante as agressões que o Espiritismo sofria então com
grande intensidade, qual foi o conselho de Kardec?
B. Que problemas Kardec mencionou ao referir-se aos
espíritas ineptos?
C. Que, segundo Kardec, distingue o Espiritismo de todas
as outras filosofias?
Texto para leitura
32. Dedicado ao Redator do “Renard”, de Bordeaux, o
Espírito batedor de Carcassone, valendo-se da
tiptologia, escreveu o poema “O doente e o médico”, no
qual satiriza o ceticismo do Sr. Rochefort a respeito do
Espiritismo. (P. 65)
33. Kardec abre o número de março de 1863 dizendo que
naquele momento se verificava verdadeira cruzada contra
o Espiritismo, constituída de escritos, discursos e até
atos de violência e de intolerância. “Todos os espíritas
devem alegrar-se - comenta Kardec -, porque é prova
evidente de que o Espiritismo não é uma quimera. Fariam
tanto barulho por causa de uma mosca que voa?” (P. 67)
34. Afirmando que o povo podia ser dividido em três
classes: os crentes, os incrédulos e os indiferentes,
Kardec lembra que o número de crentes havia centuplicado
em alguns anos, mas que os Espíritos acharam que as
coisas não iam bastante depressa. Eis, segundo Kardec, o
motivo real de tanto barulho. (P. 68)
35. Finalizando o artigo, o Codificador convida a que
todos os espíritas prossigam o seu trabalho,
trabalhando, não por uma propaganda furibunda e
irrefletida, mas com paciência e a perseverança de quem
sabe o tempo que lhe resta para, semeada a ideia, saber
esperar a colheita. (PP. 69 a 71)
36. É melhor “um inimigo declarado que um amigo inepto”.
Esse pensamento expresso por Kardec refere-se aos
confrades que não refletem maduramente antes de agir.
Entre os problemas citados pelo Codificador colocam-se
em primeira linha as publicações intempestivas ou
excêntricas, por serem fatos de maior repercussão. A
inconveniência dessas publicações é destacada por
Kardec, que recomenda que, em tais casos, é preciso
fazer uma escolha muito rigorosa do que será publicado
em nome do Espiritismo. (PP. 71 a 73)
37. Na sequência, o Codificador trata de um assunto
ainda mais grave: os falsos irmãos. Os Judas existem
também no movimento espírita, afirma Kardec. Eis o que,
segundo ele, os caracteriza: I) a tendência para fazer o
Espiritismo sair dos caminhos da prudência e da
moderação; II) o estímulo às publicações excêntricas;
III) o costume de provocar nas reuniões assuntos
comprometedores sobre política e religião; IV) o hábito
de soprar a discórdia enquanto pregam a união entre os
espíritas; V) o lançamento ao tapete, com habilidade, de
questões irritantes ou ferinas, capazes de provocar
dissidências; VI) a implantação da inveja e do desejo de
supremacia entre os vários grupos, encantando-se quando,
por meras diferenças de opinião, os grupos passam a
apedrejar-se, erguendo bandeira contra bandeira. (P. 74)
38. Alguns organizam ou fazem organizar reuniões em que
se ocupam exatamente daquilo que o Espiritismo
desaconselha, envolvendo a reunião espírita em práticas
ridículas de magia negra, cartomancia, quiromancia,
leitura da buena-dicha e quejandos, cujo
resultado é o descrédito que se lança à doutrina
espírita. (PP. 75 a 77)
39. O Espiritismo se distingue de todas as outras
filosofias porque não é fruto da concepção filosófica de
um homem só, mas o resultado de um ensino que cada um
pode receber em todos os cantos da Terra. O que fez o
rápido sucesso da doutrina espírita são as consolações e
as esperanças que dá. As cóleras que ele excita são
indícios do papel que tem de representar e da
dificuldade que seus detratores encontram em lhe opor
algo de mais sério. Feito esse registro, Kardec conclui:
“Espíritas, elevai-vos pelo pensamento, olhai vinte anos
para a frente e o presente não vos inquietará”. (PP. 77
e 78)
40. A Revue noticia o falecimento em Lyon do Sr.
Guillaume Renaud, um dos mais fervorosos espíritas
daquela cidade. Uma semana depois do óbito, o vigário da
paróquia de Haute-Saône referiu-se com desdém ao
falecido, dizendo que ele recusara os sacramentos que
lhe foram oferecidos pela Igreja. A verdade, segundo
Kardec, é que, durante a doença do Sr. Renaud, inúteis
esforços foram tentados para que ele abjurasse as
crenças espíritas, a que ele se recusou terminantemente.
Em represália, o clero de Lyon não permitiu fosse o seu
corpo recebido na igreja local. (PP. 78 a 80)
41. Evocado em Lyon, trinta e seis horas depois do
óbito, Guillaume Renaud referiu-se ao processo de sua
desencarnação, afirmando ter adormecido por algum tempo,
após o que, ao despertar, viu a seu lado, a rodeá-lo,
Espíritos que o festejavam com efusões de alegria. (P.
81) (Continua
no próximo número.)
Respostas às questões
A. Ante as agressões que o Espiritismo sofria então com
grande intensidade, qual foi o conselho de Kardec?
Primeiro, ele explicou o motivo de tanto barulho com
relação às ideias espíritas. Em seguida, convidou a que
todos os espíritas prosseguissem na tarefa, trabalhando
não por uma propaganda furibunda e irrefletida, mas com
paciência e a perseverança de quem sabe o tempo que lhe
resta para, semeada a ideia, saber esperar a colheita. (Revue
Spirite de 1863, pp. 69 a 71.)
B. Que problemas Kardec mencionou ao referir-se aos
espíritas ineptos?
Com o vocábulo ineptos ele se referia aos confrades que
não refletem maduramente antes de agir. Entre os
problemas então citados colocou em primeira linha as
publicações intempestivas ou excêntricas, por serem
fatos de maior repercussão. A inconveniência dessas
publicações foi destacada por Kardec, que recomendou
que, em tais casos, é preciso fazer uma escolha muito
rigorosa do que será publicado em nome do Espiritismo.
(Obra citada, pp. 71 a 74.)
C. Que, segundo Kardec, distingue o Espiritismo de todas
as outras filosofias?
O Espiritismo se distingue das outras filosofias porque
não é fruto da concepção filosófica de um homem só, mas
o resultado de um ensino que cada um pode receber em
todos os cantos da Terra. Ademais, o que fez o rápido
sucesso da doutrina espírita são as consolações e as
esperanças que dá. (Obra citada, pp. 77 e 78.)