Questões vernáculas

por Astolfo O. de Oliveira Filho

Suscitado por um leitor que é também colaborador de nossa revista, vamos tratar hoje do tema regência verbal, focalizando desta vez as nuanças do verbo comparar.

Lembremos, inicialmente, que regência, em matéria gramatical, é o nome que se dá ao mecanismo que regula as ligações entre um verbo ou um nome e seus complementos.

Classifica-se em regência nominal e regência verbal.

Se o termo regente é um nome, dizemos que se trata de regência nominal.

Exemplos:

Marta estava certa de seu amor por Antônio.

Corina andava alheia a tudo.

Quando o termo regente é um verbo, estamos lidando com regência verbal.

Exemplos:

Joana ama seu noivo.

Miguel gosta de Anita.



O verbo comparar admite mais de uma regência conforme o significado que tiver na frase:

1 – Com o significado de cotejar, estabelecer comparação entre seres ou coisas, ele se comporta como verbo transitivo:

Virgílio comparava a águia e o pavão, e elegeu a águia. (Machado de Assis)

Antes de comprar, é sempre bom comparar os preços.

2 – Com o significado de igualar-se, rivalizar-se, ele funciona como verbo pronominal:

Comparando-se a eles, Libério considerava-se simples cristão. (Herculano)

No mundo do futebol ninguém se compara a Pelé.

3 – Com o significado de examinar simultaneamente para conhecer as semelhanças, as diferenças ou as relações, o verbo classifica-se como transitivo-relativo: 

A questão está em compará-lo com outro indivíduo. (Herculano) 

Comparemos os benefícios desse produto com os benefícios do concorrente.

4 – Com o significado de igualar, ter como igual ou semelhante, o verbo se comporta também como transitivo-relativo:

Comparando-o a uma grande majestade que voluntariamente se precipita num lodaçal. (Camilo)

Há quem compare Messi a Maradona.

Podemos também compará-los a Pelé?



 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita