Educar para a tolerância
O resultado mais sublime da educação é a tolerância.
Helen Keller
Ninguém nasce intolerante. No entanto, condicionados por
uma cultura que (ainda) estimula a guerra no lugar da
paz, muitas vezes ignoramos pequenos conflitos norteados
pela violência – e que ocorrem diariamente nos vários
lares espalhados pelo mundo.
Maria Montessori tinha consciência de que todas as
guerras derivam de uma primeira, entre o adulto e a
criança, e que se desenrola teimosamente no lar ou na
escola.
A tolerância (ou a intolerância) é assimilada
primeiramente na infância: pai, mãe, professores e
os demais adultos que fazem parte do cotidiano da
criança são guias fecundos para a construção de hábitos
e crenças, respondendo pelo aprendizado dos valores
relacionados à cultura da paz, principal elo com uma
existência sadia e feliz.
Pessoas pacíficas e tolerantes incorporaram, desde cedo,
a importância de exercitar a colaboração e de respeitar
os demais – mesmo aqueles que não pensam como nós
pensamos, que não gostam das coisas que nós gostamos.
A questão-chave para educar um ser humano inclinado à
tolerância, está implicada com o esforço de
transmitir-lhe, desde a tenra idade, valores morais que
são observados diariamente no ambiente doméstico, que
precisa ser tranquilo, que necessita ser norteado pelos
traços da amabilidade, coerência, comunicação, sem
olvidar o respeito pelas diferenças – não são os
próprios membros de uma família distintos em seus gostos
e preferências?
Tudo começa em casa. É importante que o filho ou a filha
cresça observando que os conflitos se resolvem através
do diálogo amistoso, do uso de palavras ponderadas, e
não de um convívio familiar rude, inflexível, violento.
A maioria dos eventos ocorridos na infância se perde no
tempo. Mas o amor dos nossos pais, a maneira paciente
como eles nos trataram cotidianamente, a atitude
benevolente da professora, a amizade do colega de
classe, a experiência da tolerância treinada com a
família e a escola, tudo isso permanece conosco,
permeando nosso modo de ser, nossos relacionamentos,
esperanças e biografias.
O que é essencial transmitir à criança?
À medida que a infância é a fase dedicada à construção
do caráter, como pais, professores, ou adultos que
convivem com uma criança, todos nós devemos
transmitir-lhe, com amor e perseverança, lições
comprometidas com a tolerância – virtude indispensável à
existência criativa e pacífica.
Notinhas
Qual é o significado de tolerância? A resposta está no
artigo 1º, item 1.1, da Declaração de Princípio sobre
Tolerância, da Unesco, aprovada em 16 de novembro de
1995, incorporada à Cultura de Paz: “A tolerância
é o respeito, a aceitação e apreço da riqueza e da
diversidade das culturas de nosso mundo, de nossos modos
de expressão e de nossas maneiras de exprimir nossa
qualidade de seres humanos. É fomentada pelo
conhecimento, a abertura de espírito, a comunicação e a
liberdade de pensamento, de consciência e de crença. A
tolerância é a harmonia na diferença. Não só é um dever
de ordem ética; é igualmente uma necessidade política e
jurídica. A tolerância é uma virtude que torna a paz
possível e contribui para substituir uma cultura de
guerra por uma cultura de paz.”
Há ações simples que motivam o aprendizado da
tolerância: procure, dentro de casa e fora de casa, ser
exemplo de tolerância e empatia; conte à criança
histórias ou situações de tolerância, narrando a ela
casos simples em que as pessoas tratam o diferente de
forma respeitosa, tranquila; incentive a criança a
refletir sobre pessoas que maltratam outras só porque
elas pensam diferente, pois esse exercício
crítico traz à tona a importância da flexibilidade e da
atitude solidária e harmoniosa no convívio social. |