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por Cláudio Bueno da Silva

 

Provisão de beijos


No capítulo Eu, do livro Memórias, publicado em 1933, o escritor brasileiro Humberto de Campos narra episódios da sua primeira infância, de que se lembrava ainda, considerada do nascimento à morte do pai, quando ele contava seis anos. Diz ter sido um menino casmurro e antipático e que, talvez por isso, não recebia a atenção e o carinho que os adultos dedicavam às outras crianças. Retraía-se, alimentando tristeza e rebeldia.

Num belo trecho de autêntica avaliação psicológica que faz desse período infantil, a certa altura, Humberto diz: A ideia que tenho, assim, hoje, é de que, nessa idade em que se faz provisão de beijos para a vida toda, cercava-me uma atmosfera de prevenção ou de desprezo, que me doía e revoltava.

Humberto de Campos não poderia ter sido mais preciso e oportuno ao lembrar, com o próprio exemplo, a necessidade que têm todas as crianças das doses permanentes de afeto, principalmente dos familiares. O efeito desse remédio afetivo, administrado com amor e, conforme a necessidade, com energia também, continuará agindo no adulto de amanhã. A atenção e o carinho que se dá a uma criança é investimento moral para o futuro. É o elemento que dará origem à sociedade mais fraterna e solidária que tanto sonhamos.
 

(Leia mais em “O menino livre de Miritiba”, idelivraria.com.br.)


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita