Ação e adoração
O aprendiz indagou ao Mestre:
"‒ Senhor, sofro muito... A solidão me aniquila... Que
fazer de mim, se minha vida é um terrível deserto?
O Divino Instrutor, porém, respondeu:
‒ Filho, a flor aparece onde for plantada".
Na verdade, essa é a Grande Lei que determina a nossa
condição na Terra. Fugir das obrigações afetas a cada um
é conflitar consigo próprio e com as forças do Alto.
Quando Jesus fez suas pregações sobre as
bem-aventuranças discorreu amplamente sobre o exercício
pleno do amor e sua importância perante a vida física e
com resultados rigorosos no mundo dos Espíritos. O amor
‒ de acordo com Pedro ‒ cobre a multidão de erros, de
pecados, de transgressões contra o próximo. Em nenhuma
página do Evangelho de luz deixou o Mestre de citar a
Lei maior, que é a Lei do
amor.
Emmanuel, benfeitor da espiritualidade, acompanhou Chico
Xavier por 75 anos, dando-lhe apoio, orientações das
mais variadas, esclarecimentos sobre assuntos diversos e
muito ânimo nos momentos em que o médium se via
mergulhado em sentimentos profundos. Esta mensagem é de
Emmanuel: 'Ação e adoração':
"Cada criatura nasce na Terra no sítio em que deva
produzir mais e melhor para o bem, com os recursos
necessários ao aprimoramento que lhe diz respeito e sob
as circunstâncias mais favoráveis à obra que lhe cabe
realizar.
Não esqueças os instrumentos de progresso e perfeição
que o Senhor te confiou ao caminho.
Para muitos, é o lar com os deveres que lhe enriquecem
as horas, pelos quais o devotamento é o clima em que se
lhe amadurecerão os frutos do resgate.
Para outros, é o campo em que as lides da terra lhe
pedem devoção e suor.
Para outros, ainda, é a casa de trabalho onde as
pequenas desarmonias de cada instante lhe reclamam
paciência e serenidade, boa vontade e amor, na própria
edificação, à frente dos companheiros difíceis.
Todos no mundo, enquanto envergamos a veste física,
possuímos conosco os elementos da regeneração e da cura
de que necessitamos para o triunfo na escola da vida.
Renunciar aos obstáculos que nos marcam a senda e
encerrarmo-nos no altar contemplativo da falsa adoração
ao Pai Celeste é fugir aos nossos compromissos, adiando
indefinidamente as realizações que o passado exige de
nós no presente, para que o porvir se nos descerre pleno
de luz.
Certamente, o Senhor prescinde em qualquer situação do
incenso bajulatório das nossas reiteradas manifestações
de louvor, mas, sem dúvida, aguarda de nosso esforço o
socorro a alguém que ontem relegamos ao abandono e à
consagração honesta a esse ou aquele trabalho que sofreu
de nossa parte, no pretérito, atitude escarnecedora,
porque semelhantes edificações constituem recuperação de
nós próprios, diante da Eterna Lei.
Não menoscabemos o valor da prece em tempo algum, de vez
que encontramos nela a escada sublime da ascensão aos
Céus.
Entretanto, não nos esqueçamos de que a obrigação
corretamente cumprida, ainda que nos custe o máximo
sacrifício, é a oração mais nobre que nos granjeia a
dignidade entre os homens e o respeito a nós mesmos por
traçar-nos seguro caminho à fiel comunhão com Deus".
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