Dominar e falar
Dominas o fogo, escravizando-o à lide caseira.
Burilas a pedra, arrancando-lhe obras-primas.
Conquistas os metais, neles plasmando complicadas
expressões de serviço.
Amansas os animais ferozes, deles fazendo cooperadores
na economia doméstica.
Disciplinas o vapor e o combustível, anulando as
distâncias.
Diriges tratores pesados, transfigurando a face da
gleba.
Submetes a eletricidade, e glorificas a civilização.
Retiras o veneno de serpentes temíveis, fabricando
remédios.
Senhoreias a energia nuclear e começas a alterar, com
ela, a fisionomia do mundo.
Controlas a velocidade, e inicias vigorosa excursão,
para além do Planeta.
Entretanto, ai de nós!...
Todos trazemos leve músculo selvagem, muito distante da
educação.
Com ele, forjamos guerras. Libertamos instintos
inferiores. Destruímos lares.
Empesteamos vidas alheias. Envilecemos o caminho dos
outros. Corrompemos o próximo. Revolvemos o lixo moral
da Terra. Veiculamos o pessimismo. Criamos infinitos
problemas. Injuriamos. Criticamos. Caluniamos.
Deprimimos.
Esse órgão minúsculo é a língua – lâmina pequenina,
embainhada na boca.
Instrumento sublime, feito para louvar e instruir,
ajudar e incentivar o bem, quantas vezes nos valemos
dela para censurar e vergastar, perturbar e ferir!...
Governemo-la, pois, transformando-a em leme de paz e
amor, no barco de nossas vidas!
E, alicerçados nas lições do Evangelho, roguemos a Deus
nos inspire sempre a dizer isso ou aquilo como o próprio
Jesus desejaria ter dito.
Do livro Religião dos Espíritos, psicografado
pelo médium Francisco Cândido Xavier.
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