A vida demanda paciência
Em nome de vocês...
Que ao homem comum ensinem
a glória da rotina e das tarefas
de cada dia e de todos os dias.
Walt Whitman
Eu me pergunto sobre a paciência. Como as outras
virtudes, a paciência está ao nosso alcance, mas também
exige ser cultivada com vontade e frequência para que se
torne um hábito, um traço do próprio caráter.
Ensinar paciência à criança? Obviamente. Pois quantas
coisas no dia a dia se alcançam de imediato?
Igual à generosidade ou à doçura ou à coragem, a
paciência se aprende no prelúdio da vida pelo exemplo.
Os pais, em primeiro lugar, necessitam ser pacientes com
os filhos, sobretudo quando os pequenos os colocam à
prova – na fase da birra, por exemplo, agir
razoavelmente com calma, firmeza, procurando ensinar a
criança limites e, em consequência, a (útil) experiência
da frustração. Em segundo lugar, oferecer no cotidiano
da casa exercícios simples que incentivem na criança a
capacidade para a paciência, pedindo a ela que espere
alguns minutos antes de ter sua solicitação atendida na
cozinha, por exemplo: o copo de suco, o prato de comida,
o guardanapo…
Os pais necessitam cumprir suas promessas e, ainda,
manejar o tempo de modo franco e inteligente para não
criar expectativas errôneas ou exageradas nos filhos.
Ora, se prometemos a uma criança realizar determinada
atividade em dez minutos, é fundamental cumprirmos com
nossa palavra. Usar também exemplos concretos para
definir prazos – se a criança quer brincar, por exemplo,
é conveniente dizer-lhe: “você pode brincar depois de
fazer a tarefa” ou “você pode brincar depois de escovar
os dentes” etc.
É importante, ainda, perceber que a lição da paciência
não diz respeito apenas a questões de ordem cronológica.
Ensinar a criança a não interromper a conversa das
pessoas é sinal de paciência e, ao mesmo tempo,
princípio de cidadania. Do mesmo modo, devemos ser
gentis e pacientes, deixando a criança falar e
escutando-a atentamente.
Por fim, oferecer às crianças jogos e atividades
lúdicas que fomentam a paciência, como os
quebra-cabeças, pinturas, desenhos, brincadeiras em
contato com a natureza, sem esquecer as oportunidades
culinárias que dão às crianças chances de botarem a mão
na massa e, família unida, todo mundo fazer pratos como
pãezinhos (sanduíches), quibes e wraps… Com isso, além
da paciência, eles aprendem a provar alimentos com menos
preconceito e ganham noções de higiene na hora de brincar
cozinhando aprendendo.
Notinhas
A palavra paciência vem do latim patientia,
derivada do verbo patior, que quer dizer sofrer. A
paciência é a arte de sofrer. Não sem razão,
explicou São Tomás de Aquino: “só o amor é causa da
paciência” e é nisto que está autenticidade desta
virtude. Aquele grande amor que, com a ajuda do
Guardião, nos dá forças para aceitar, no dia a dia, as
pequenas e as grandes dores. Por isso, a paciência é
o amor que sabe sofrer.
Aos pais, um lembrete: o exemplo da paciência
perante os nossos filhos pede que renunciemos
decididamente a utilizar os verbetes típicos do
“repertório da impaciência”: “Você sempre faz isso!”,
“de novo, filho!”, “Outra vez?”, “Já estou cansado” etc.
A ira (e a irritação), um sinal de fraqueza, é uma
assídua companheira da impaciência. Não é inútil
recordar, então, que a impaciência é
essencialmente a incapacidade de sofrer com classe,
dignamente. |