Cartão de visita
Afirma André Luiz no livro Nos Domínios da
Mediunidade, capítulo 13, psicografado por Francisco
Cândido Xavier: “(...) O pensamento é tão importante
para a mediunidade quanto o leito é importante para o
rio”. Podemos entender, assim, que mediunidade é a
permuta de pensamentos entre as criaturas, de forma
conscienciosa ou não, por meio de sintonia mental. É uma
faculdade natural a todos os seres humanos, como é a
faculdade de respirar. Reconhecemos, então, que a mente
é o espelho da alma, o coração lhe é a face e o cérebro
é o centro de suas ondulações gerando a força do
pensamento que tudo move, criando, transformando,
destruindo e refazendo para purificar, aperfeiçoar e
sublimar.
Deste modo, sempre que pensamos, expressando o campo
íntimo na ideia e na palavra, na atitude e no exemplo,
criamos formas-pensamento ou imagens moldes que emitimos
para fora de nós, pela atmosfera psíquica que nos
caracteriza a presença.
Respirando no mundo das imagens que projetamos e
recebemos, estacionamos sob a fascinação dos elementos
que provisoriamente nos escravizam e, através delas,
incorporamos o influxo renovador que nos induzem ao
progresso. Fica claro, desta forma, que a mediunidade é
uma faculdade divina, é o resultado de um jogo
transcendente de sensações e percepções, uma indução de
forças intelectivas sobre outras.
Léon Denis denominou potências todas as faculdades ou
atributos da alma, pois estão interligadas entre si,
dependendo umas das outras na contextura que realiza a
individualidade integral, completando-se e
harmonizando-se. A mediunidade, como participante desse
conjunto de potências, igualmente estará tão integrada
na estrutura psíquica das criaturas quanto as demais,
fazendo parte, como vemos, do potencial anímico global
que traduz a individualidade imortal, razão pela qual
ficou dito que todos possuem mediunidade, segundo Yvonne
A. Pereira, no livro Devassando o Invisível,
capítulo Sutilezas da Mediunidade.
O Consolador prometido por Jesus instalou-se entre os
homens, graças à mediunidade responsável daqueles que se
dedicaram e se entregaram arduamente ao trabalho de
implantação e reconstrução moral sob orientação do
Mestre e coordenação de Allan Kardec. Desta maneira,
através do pensamento que é fio condutor, estabelecemos
intercâmbio entre o mundo dos Espíritos e a humanidade
encarnada, porém, a mediunidade, aqui na Terra, para a
maioria, ainda é provacional. Assim sendo, dependerá do
bom uso que se fizer desta faculdade para que possa ser
ampliada e aplicada em missões redentoras, ao longo de
sucessivas existências.
A vontade é a gerência esclarecida e vigilante,
governando todos os setores da ação mental. A divina
Providência concedeu-a por auréola luminosa à razão,
depois de laboriosa e multimilenária viagem do ser pelas
províncias do instinto. Ah, Vontade! Que potencial
imenso a dirigir-nos: querer, desejar, idealizar,
mentalizar... São forças poderosas que, sob controle da
razão e equilíbrio da emoção, nos conduzirão ao ápice do
progresso. Todavia, sem rédeas, seremos lançados pelos
labirintos da degradação e da dor. Em verdade, ela não
consegue impedir a reflexão mental, quando se trate de
conexão entre os semelhantes, mas pode impor o jugo da
disciplina de modo a mantê-los coesos na corrente do
bem.
No livro O Problema do ser, do destino e da dor, 3ª
parte, capítulo XX, Léon Denis assevera: “Oprincípio
da evolução não está na matéria, está na vontade, cuja
ação se estende à ordem invisível das coisas como à
ordem visível e material. Esta é simplesmente a
consequência daquela. O princípio – o motor da
existência – é a vontade. A vontade Divina é o supremo
motor da vida Universal”.
Na Revista Espírita de Setembro 1865, Kardec declara: “A
vontade é ainda onipotente para dar aos fluidos
as qualidades especiais apropriadas à natureza do mal.
Este ponto, que é capital, liga-se a um princípio ainda
pouco conhecido; o das criações fluídicas e das
modificações que o pensamento pode produzir na matéria.
O pensamento que provoca uma emissão fluídica pode
operar certas transformações moleculares e atômicas como
se veem ser produzidas sob a influência da eletricidade,
da luz ou do calor”.
Como já esclarecemos, a mente humana é um espelho de luz
emitindo raios e assimilando-os, entretanto, esse
espelho faz-se mais ou menos prisioneiro nas sombras
espessas da ignorância. E, para que retrate a irradiação
celeste e lance de si mesmo o próprio brilho, é
indispensável libertar-se das trevas, às custas do
esmeril do trabalho. Reconhecemos, desta forma, a
necessidade imprescindível da educação a todos os seres.
Segundo O Livro dos Espíritos, na questão 92a, os
benfeitores Espirituais ensinam que cada Espírito é
uma unidade indivisível, mas cada um pode lançar
seus pensamentos para diversos lados, sem que se
fracione tal efeito.Entendemos, então, que o
Espírito encarnado ou desencarnado, edificado no bem,
sintonizado com as lições cristãs, projeta sua luz por
toda parte à maneira do farol. E na questão 662,
esclarecem que “o pensamento e a vontade representam
em nós um poder de ação que alcança muito além da nossa
esfera corporal”.
André Luiz, no livro Mecanismos da
Mediunidade, capítulo 11, também afirma “E para
manejar as correntes mentais, em serviço de projeção das
próprias energias e de assimilação das energias alheias,
dispõe a alma em si da alavanca da vontade, por ela
vagarosamente construída em milênios e milênios de
trabalho automatizante”.
Se pudéssemos contemplar com os próprios olhos as
correntes de pensamentos, reconheceríamos que todos
vivemos em regime de comunhão, segundo os princípios de
afinidade. Estamos invariavelmente atraindo ou repelindo
recursos mentais que se agregam aos nossos,
fortificando-nos para o bem ou para o mal, de acordo com
a direção que escolhermos.
É por isso que vemos no Cristo o divino marco da
renovação humana com todo um programa de transformações
viscerais do Espírito. Sem violência de qualquer
natureza, Ele altera os padrões da moda moral em que a
Terra vivia há numerosos milênios. E em constante
aprendizado o pensamento capacita-se a fim de discernir,
analisar, induzir, refletir, criar, concluir e
idealizar. Se há resolução elevada, captaremos
inspiração construtiva proveniente das Esferas
Superiores do amor.
Jesus espera pela formação de mensageiros humanos
capazes de projetar no mundo as maravilhas do Seu reino
e vincula tesouro e coração, ensinando-nos que a
seleção, por efeito da educação e da vontade, é caminho
de nossa efetiva redenção espiritual, como vemos em
Paulo na 1ª Carta aos Coríntios, capítulo 6, versículo
12 e capítulo 10, versículo 23: “Todas as coisas me
são lícitas, mas nem todas me convêm. Todas as
coisas me são lícitas, mas não me deixarei dominar por
nenhuma”.
Portanto, para atingirmos o aprimoramento ideal, é
indispensável que esse detector de faculdades psíquicas
não se detenha no simples intercâmbio. Será essencial a
consagração de suas forças às mais altas formas de vida,
buscando a educação de nós mesmos no serviço
desinteressado a favor do próximo.
O Universo é a projeção de mente Divina e a Terra é o
produto da mente humana. Atentemos, pois, para a
obrigação do autoaperfeiçoamento porque, sem estudo e
sem observação, demoraremos indefinidamente entre os
infortunados expoentes da ignorância.
Cumpre a nós espíritas estudar nossas almas, procurando
conhecê-las em todas as suas possibilidades, a fim de
cultivarmos suas poderosas faculdades que em nós
traduzem a personalidade Divina com que o Criador
supremo nos dotou ao nos criar.
Escalemos o plano superior, transmitindo pensamentos de
sublimação naqueles que nos cercam, ajustando-nos ao
Evangelho Redentor. E será no pensamento puro e operante
que encontraremos a força que nos arroja do ódio ao
amor, da dor à alegria, da terra ao céu.
Procuremos a consciência de Jesus para que a nossa
consciência lhe retrate a perfeição e a beleza!
Bibliografia:
XAVIER, C. Francisco – Seara dos
Médiuns – ditado pelo Espírito Emmanuel – 20ª edição
– Brasília/ DF/ Editora FEB – 2015 – capítulo 2.
XAVIER, C. Francisco e VIEIRA, Waldo – Mecanismos
da Mediunidade – ditado pelo Espírito André Luiz –
26ª edição – Rio de Janeiro/RJ/ Editora FEB – 2012 –
capítulo 11.
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