A.
Existe
diferença
marcante
entre
instinto
e
inteligência?
Sim.
Chama-se
instinto
ao
conjunto
das
diretivas
que
impelem
o ser,
fazendo-o
obedecer
a uma
necessidade
constante.
O
instinto
é inato,
atua à
revelia
da
instrução,
invariavelmente,
e não
realiza
progresso
algum. É
em tudo
a
antítese
da
inteligência,
que é
fruto da
reflexão,
da
compreensão,
da ação
do
pensamento.
Os
animais
possuem
ambas as
faculdades.
Com a
inteligência,
pensam,
refletem,
compreendem,
decidem,
recordam,
adquirem
experiência,
amam,
odeiam,
julgam,
por
processos
análogos
aos da
inteligência
humana;
com a
outra –
o
instinto
– operam
obedecendo
a uma
impulsão
íntima,
sem
apreensão,
sem
conhecimento,
inconscientes
do
motivo e
do
resultado
de seus
atos. (Deus
na
Natureza
– Quarta
Parte.Plano
da
Natureza
–
Instinto
e
Inteligência.)
B. A
inteligência
dos
animais
é um
fato
cientificamente
comprovado?
Claro.
São
vários
os
exemplos
colhidos
por
cientistas
como
Buffon.
Eis o
que ele
relatou
a
respeito
de um
orangotango
ainda
novo,
por ele
observado:
– “Vi-o
apresentar
a mão
para
conduzir
as
pessoas
que o
visitavam
e
passear
com elas
como se
estivesse
convencido
do seu
papel;
vi-o
sentar-se
à mesa,
tomar o
guardanapo,
limpar
os
lábios,
utilizar-se
da
colher e
do
garfo,
encher o
copo e
tocá-lo
noutro,
quando a
isso
convidado;
vi-o
buscar
uma
chávena,
deitar-lhe
o açúcar
e o chá,
aguardando
que este
esfriasse
para
então
bebê-lo.
Tudo
isso,
sem
outra
instigação
que a
palavra
e a
mímica
do seu
dono e,
algumas
vezes,
por si
mesmo.
Não
molestava
a quem
quer que
fosse;
mostrava-se
mesmo
circunspecto
e na
atitude
de quem
pedisse
carinho,
etc.” (Deus
na
Natureza
– Quarta
Parte. Plano
da
Natureza
–
Instinto
e
Inteligência.)
C. Os
fatos
sugerem
que
exista
nos
animais
um
princípio
imaterial
análogo
ao dos
homens?
Sim. Nos
relatos
apresentados
nesta
obra
colhem-se
argumentos
muito
fortes
nesse
sentido.
Agassiz,
que,
mais que
ninguém,
exalta
as
faculdades
intelectuais
dos
animais,
escreveu:
“O
desenvolvimento
das
paixões
é tão
extenso
no
animal
quanto
no
homem, e
eu me
encontraria
seriamente
embaraçado
para
lhes
apreender
diferenças
específicas,
naturais,
ainda
que as
haja, e
grandes,
no
graduamento
das
manifestações
e na
forma de
expressão.
Ao
demais,
a
gradação
das
faculdades
morais
entre os
animais
e o
homem é
tão
imperceptível,
que,
recusar
aos
primeiros
um certo
sentimento
de
responsabilidade
e
consciência
fora,
certo,
exagerar
a
diferença”.
Segundo
Flammarion,
a maior
parte
dos
argumentos filosóficos
em prol
da
imortalidade
do homem
aplica-se,
igualmente,
à
indestrutibilidade
desse
princípio
nos
outros
seres
vivos. (Deus
na
Natureza
– Quarta
Parte. Plano
da
Natureza
–
Instinto
e
Inteligência.)
Texto
para
leitura
948. Se
os seres
fossem
de ferro
ou de
mármore,
haveria
críticos
que com
isso se
contentariam.
E,
contudo,
que
sucederia?
Qualquer
mudança
de
clima,
de
temperatura,
de
ambiente,
de
alimentação,
seria
uma
parada
mortal
para
essas
espécies
inflexíveis.
O junco
verga,
enquanto
que o
carvalho
é
derrancado
pelo
aquilão.
Longe,
pois, de
ver
ausência
de
pensamento
e
desígnio
nessa
flexibilidade
maravilhosa
do
organismo
vivo,
nessa
faculdade
imperecível
de tirar
o melhor
partido
das
circunstâncias
mais
incômodas,
vencer
obstáculos
e
plantar,
a
despeito
de tudo,
o
estandarte
da vida
no solo
mais
sáfaro e
mais
ingrato,
o que
reconhecemos
é o
depoimento
irrecusável
da causa
onipotente,
que, a
partir
dos
primeiros
tempos,
houve
por bem
que os
mundos
se
embalassem
harmonicamente
na
amplidão
do
infinito
e fossem
envolvidos
em
carícias
da vida.
A
inteligência
criadora
e
ordenadora,
que
denominamos
Deus,
permanece,
portanto,
como lei
primordial
e
eterna,
força
intrínseca,
universal,
constituindo
a
unidade
viva do
mundo.
Toda
dificuldade
desaparece,
substituindo-se
a ideia
de plano
geral à
de
causalidade
humana.
Órgãos e
funções,
espécies
e
indivíduos,
é tudo
conduzido
na mesma
direção. (Deus
na
Natureza
– Quarta
Parte. Plano
da
Natureza
-
Construção
dos
Seres
Vivos.)
949. Instinto
e
Inteligência –
A
construção
lenta e
progressiva
dos
seres e
a
formação
das
espécies
duradouras
estabelecem
a
presença
permanente
da causa
criadora
e
proclamam,
eloquentemente,
a sua
sabedoria
e
inteligência.
Se
deixarmos,
agora,
de lado
a
organização
do
indivíduo,
para
estudarmos
a da
família,
penetraremos
nos
mistérios
do
instinto
e, ainda
aí,
encontraremos
o plano
do
Criador
brilhantemente
caracterizado.
Muito se
há
discutido
sobre a
alma
animal,
depois
que
Descartes,
Leibnitz
e, a
seguir,
Reaniur
se deram
ao
trabalho
de
observar in
natura,
diretamente,
a vida e
costumes
dos
animais.
É,
sobretudo,
pela
observação
direta
que nos
podemos
instruir
acerca
da
preciosa
faculdade
das
espécies
vivas,
que lhes
assegura
a
conservação,
e basta
constatar
os
sinais
evidentes
dessa
lei
universal,
para lhe
aferir o
valor,
sob o
ponto de
vista
dos
desígnios
da
Criação.(Deus
na
Natureza
– Quarta
Parte.Plano
da
Natureza
–
Instinto
e
Inteligência.)
950.
Antes de
tudo,
convém
distinguir
inteligência
e
instinto.
Os
animais
possuem
uma e
outro
como
faculdades
bem
distintas.
Com a
primeira
pensam,
refletem,
compreendem,
decidem,
recordam,
adquirem
experiência,
amam,
odeiam,
julgam,
por
processos
análogos
aos da
inteligência
humana;
com a
segunda,
operam
obedecendo
a uma
impulsão
íntima,
sem
apreensão,
sem
conhecimento,
inconscientes
do
motivo e
do
resultado
de seus
atos.
Fixemos
alguns
exemplos,
para
melhor
definir
esses
caracteres. (Deus
na
Natureza
– Quarta
Parte. Plano
da
Natureza
–
Instinto
e
Inteligência.)
951.
Buffon
disse a
respeito
de um
orangotango
ainda
novo,
por ele
observado:
– “Vi-o
apresentar
a mão
para
conduzir
as
pessoas
que o
visitavam
e
passear
com elas
como se
estivesse
convencido
do seu
papel;
vi-o
sentar-se
à mesa,
tomar o
guardanapo,
limpar
os
lábios,
utilizar-se
da
colher e
do
garfo,
encher o
copo e
tocá-lo
noutro,
quando a
isso
convidado;
vi-o
buscar
uma
chávena,
deitar-lhe
o açúcar
e o chá,
aguardando
que este
esfriasse
para
então
bebê-lo.
Tudo
isso,
sem
outra
instigação
que a
palavra
e a
mímica
do seu
dono e,
algumas
vezes,
por si
mesmo.
Não
molestava
a quem
quer que
fosse;
mostrava-se
mesmo
circunspecto
e na
atitude
de quem
pedisse
carinho,
etc.” (Deus
na
Natureza
– Quarta
Parte. Plano
da
Natureza
–
Instinto
e
Inteligência.)
952. O
Sr.
Flourens
diz que
havia no
Jardim
Zoológico
um
orangotango
notável
pela
inteligência:
meigo,
amante
de
carícias,
principalmente
das
crianças,
com elas
brincava
procurando
imitar
quanto
via.
Assim é
que
sabia
manejar
a chave
do seu
compartimento,
enfiando-a
na
fechadura
e
abrindo
a porta.
Se
acontecia
pendurarem
a chave
na
chaminé,
lá
trepava
por meio
de uma
corda
presa ao
teto e
que lhe
servia
comumente
de
balanço.
Certa
feita,
deram na
corda um
nó, para
fazê-la
mais
curta, e
ele o
desatou
imediatamente.
Tal como
o de
Buffon,
não
revelava
a
impaciência
e
petulância
próprias
da
espécie,
antes
tinha um
ar
tristonho,
passos
lentos e
gestos
comedidos. (Deus
na
Natureza
– Quarta
Parte. Plano
da
Natureza
–
Instinto
e
Inteligência.)
953. O
professor
foi
visitá-lo
um dia,
acompanhado
por um
ilustre
ancião,
que era
também
um
observador
sagaz e
profundo.
Um traje
algo
esquisito,
os
passos
lentos e
vacilantes,
o busto
arqueado
do
visitante,
logo
despertaram
a
atenção
do
símio.
Prestou-se
ele,
complacente,
a tudo o
que se
lhe
exigiu,
mas, de
olho
sempre
atento
no
objeto
de sua
curiosidade.
Quando
iam
retirar-se,
ele mais
se
aproximou
do novo
visitante,
tomou-lhe
delicada
e
maliciosamente
a
bengala
e,
fingindo
apoiar-se
nela,
curvado
e
vagaroso,
deu uma
volta ao
compartimento,
como
procurando
imitar o
visitante.
Depois,
de si
mesmo
restituiu-lhe
a
bengala.
Evidente
que ele
também
sabia
observar... (Deus
na
Natureza
– Quarta
Parte. Plano
da
Natureza
–
Instinto
e
Inteligência.)
954.
Cuvier,
por sua
vez,
observou
fatos
não
menos
curiosos.
Seu
orangotango
se
divertia
trepando
nas
árvores
e nelas
permanecendo
encarapitado.
Um dia,
fizeram
menção
de lá o
buscarem
e ele
logo se
pôs a
sacudir
a
árvore,
assim
procedendo
sempre
que
tentavam
apanhá-lo.
“De
qualquer
modo –
diz
Cuvier –
que
consideremos
esse
ato, não
será
possível
negá-lo
como
resultante
de uma
combinação
de
ideias,
para
reconhecer
que o
animal
possui a
faculdade
de
generalizar”.
De fato,
o
orangotango
mais de
uma
feita
tivera
medo com
o abalo
violento
dos
corpos,
em que
se
houvera
apoiado,
o que o
levou a
concluir
que esse
mesmo
temor
atingiria
a
outrem,
ou – por
melhor
dizer
com
Cuvier –
“de uma
circunstância
particular
ele
fazia
uma
regra
geral”. (Deus
na
Natureza
– Quarta
Parte. Plano
da
Natureza
–
Instinto
e
Inteligência.)
955.
Flourens
cita o
exemplo
de um
curioso
indício
de
inteligência,
observado
no
Jardim
Zoológico.
Julgado
excessivo
o número
de ursos
lá
existentes,
ficou
resolvida
a
eliminação
de dois
exemplares.
O veneno
seria o
ácido
prússico,
ministrado
em
pequenos
bolos. À
vista
dos
bolos,
os
animais
se
ergueram
nas
patas
traseiras,
abrindo
a boca,
na qual
conseguiram
atirar
alguns
bolos.
Entretanto,
logo
rejeitaram
o manjar
e
puseram-se
em fuga.
Dir-se-ia
que não
seriam
mais
tentados
a tocar
na
iguaria
e,
contudo,
ei-los a
empurrar
com as
patas os
bolos
para
dentro
do
tanque
e,
depois
de muito
revolverem
a água,
iam
comendo
os
bolos, à
medida
que o
veneno
se
evaporava.
Em o
fazerem
assim,
impunemente
demonstraram
uma
sagacidade
que lhes
granjeou
a
revogação
da
sentença. (Deus
na
Natureza
– Quarta
Parte. Plano
da
Natureza
–
Instinto
e
Inteligência.)
956.
Buffon
escreveu
belas
páginas
sobre a
inteligência
do cão,
mas não
lhe
interpretou
o alto
valor.
Há, nos
fastos
da
espécie
canina,
exemplos
de
inteligência,
habilidade
raciocínio,
julgamento,
e também
de
afeição,
devotamento,
bondade
e
reconhecimento,
dignos
de serem
apontados
como
modelo a
uma
grande
parte do
gênero
humano.
Poder-se-ia,
pois,
escrever
uma
série de
volumes
e nem
assim se
esgotaria
o acervo
de fatos
comprobatórios da
inteligência
animal,
notadamente
do cão. (Deus
na
Natureza
– Quarta
Parte. Plano
da
Natureza
–
Instinto
e
Inteligência.)
957. Eis
um
exemplo
interessante
de uma
deliberação
de
andorinha,
contado
pelo
autor
de Força
e
Matéria.
Um casal
de
andorinhas
tinha
começado
a
construir
o ninho
na
cumeeira
da casa.
Um dia,
entra
por lá
um bando
de
companheiras
e travam
longa
discussão
com as
posseiras
do
ninho.
Reunidas
no forro
da casa
e não
longe do
ninho
disputado,
fizeram
uma
algazarra
infernal.
Depois
de algum
tempo,
enquanto
algumas
andorinhas
se
destacavam
para
inspecionar
o ninho,
dissolveu-se
a
assembleia
e o
resultado
foi o
casal
abandonar
o ninho
começado,
entrando
logo a
construir
outro em
lugar
quiçá
mais
adequado. (Deus
na
Natureza
– Quarta
Parte. Plano
da
Natureza
–
Instinto
e
Inteligência.)
958. Um
fato
ainda
mais
notável
veio à
baila
recentemente.
Nos
arredores
de uma
granja
de
Weddendorg,
perto de
Magdebourg,
as
cegonhas,
após
sério
debate,
julgaram
uma
companheira
adúltera.
Mataram-na
a
bicadas
e
lançaram-na
fora do
ninho[i]. (Deus
na
Natureza
– Quarta
Parte. Plano
da
Natureza
–
Instinto
e
Inteligência.)
959.
Agassiz,
mais que
ninguém,
exalta
as
faculdades
intelectuais
dos
animais.
Depois
de
mostrar
as
dificuldades
que
ainda
não
permitem
estabelecer
uma
comparação
científica
entre
instintos
e
faculdades
humanas
e
animais,
emite
ele as
seguintes
ideias:
– “O
desenvolvimento
das
paixões
é tão
extenso
no
animal
quanto
no
homem, e
eu me
encontraria
seriamente
embaraçado
para
lhes
apreender
diferenças
específicas,
naturais,
ainda
que as
haja, e
grandes,
no
graduamento
das
manifestações
e na
forma de
expressão.
Ao
demais,
a
gradação
das
faculdades
morais
entre os
animais
e o
homem é
tão
imperceptível,
que,
recusar
aos
primeiros
um certo
sentimento
de
responsabilidade
e
consciência
fora,
certo,
exagerar
a
diferença.
Além
disso,
há
neles,
limitadas
às suas
respectivas
capacidades,
individualidades
tão
definidas
como no
homem.
Os
criadores
de
cavalos,
os
guardadores de
animais,
pastores,
etc., aí
estão
para
confirmá-lo”. (Deus
na
Natureza
– Quarta
Parte. Plano
da
Natureza
–
Instinto
e
Inteligência.)
960.
Temos
aí, nos
relatos
citados,
argumento
dos mais
fortes a
favor da
existência
de um
princípio
imaterial
em todos
os
animais
análogo
ao que,
por
excelência
e
faculdades
superiores,
coloca o
homem em
plano
eminente.
A maior
parte
dos
argumentos filosóficos
em prol
da
imortalidade
do homem
aplica-se,
igualmente,
à
indestrutibilidade
desse
princípio
nos
outros
seres
vivos[ii]. (Deus
na
Natureza
– Quarta
Parte. Plano
da
Natureza
–
Instinto
e
Inteligência.)
961.
Quem se
atreveria
hoje a
pôr em
dúvida a
inteligência
animal?
Só um
tímido
espírito
de
sistema,
temeroso
das
consequências
dessa
verdade,
em
relação
a umas
tantas
crenças,
pode
fechar
os olhos
à
evidência.
A nós,
cumpria-nos
constatar,
antes de
tudo,
essa
verdade,
a fim de
mais
livremente
podermos
falar do
instinto
e
derrocar
a
argumentação
dos que
presumem
que o
instinto
não
existe.
Há,
certamente,
uma
grande
diferença
entre
atos
instintivos e
atos
racionais.
Não que
esses
dois
caracteres
da força
viva se
encontrem
isolados
(nada o
está na
Natureza),
mas por
não se
encontrarem
na mesma
graduação
e não se
poderem
confundir.
Não
devemos
insistir,
maiormente
aqui, a
respeito
dos
fatos de
ordem
intelectual.
Vamos,
porém,
compará-los
aos
fatos
inerentes
ao
domínio
do
instinto
e que
revelam
existir
uma
providência
universal
presidindo
à vida
em geral
e que
não
explicam
de modo
algum,
pela
instrução,
o
raciocínio
ou o
julgamento
nos
animais
em que
se
deparam. (Deus
na
Natureza
– Quarta
Parte. Plano
da
Natureza
–
Instinto
e
Inteligência.)
962.
Chama-se
instinto
ao
conjunto
das
diretivas
que
impelem
o
animal,
obedecendo
a uma
necessidade
constante.
O
instinto
é inato,
atua à
revelia
da
instrução,
invariavelmente,
e não
realiza
progresso
algum. É
em tudo
a
antítese
da
inteligência.
Tanto
mais
notáveis
são os
fenômenos
do
instinto
quanto
mais se
afirmam
inteiramente
involuntários.
“Não
podemos
fazer
uma
ideia
nítida
do
instinto
– dizia
Georges
Cuvier –
senão
admitindo
que os
animais
sejam
submetidos
a
imagens
ou
sensações
inatas
constantes,
que os
obrigam
a
proceder
como
levados
por
sensações
acidentais.
É uma
espécie
de sonho
ou visão
que os
persegue
incessante
e, em
tudo que
se
reporta
ao
instinto,
podemos
julgar
os
animais
assim
uma
espécie
de
sonâmbulos.” (Deus
na
Natureza
– Quarta
Parte. Plano
da
Natureza
–
Instinto
e
Inteligência.) (Continua
no
próximo
número.)
[i] Temos numerosos documentos comprobatórios da inteligência dos animais. Aqui, porém, não nos podemos alongar no assunto. Ao exemplo precedente, acrescentemos que a dar crédito a uns tantos barqueiros ingleses, chamados “panters”, os patos selvagens fazem reuniões parlamentares e votam. Estes, como todos os animais, têm expressões próprias para traduzir alegria, dor, fome, amor, medo, ciúme etc. Esses termos variam, conforme as espécies. Antes da revoada matinal, uma discussão muito viva se empenha durante dez a vinte minutos, e só depois de assente uma resolução é que se opera a debandada. Conta-se, também, que uma ave, tombada num choque, apelou a seu modo para uma outra, que, procurando aleitá-la, ficou a seu lado por uma hora mais ou menos, até que a outra morresse. Segundo E. W. Gruner, os gansos têm inflexões e tonalidades vocais muito variadas. O cão alegre late de modo mui diverso de quando está raivoso. A linguagem mímica e sônica dos insetos (abelhas, formigas, escaravelhos etc.), por meio das antenas e movimentos de asas, é, como sabemos, muito rica e variada. Não iremos ao extremo de os traduzir em francês com Dupont de Nemours, mas a verdade é que se não pode negar que os animais se permutem as suas impressões. Eles têm mesmo, sobre nós, o privilégio de compreender nossas palavras, ao passo que nós não compreendemos as suas. Mais: compreendem-se em qualquer latitude, ao passo que um francês não compreende um alemão, nem um chinês.
[ii] Contribuitions to the Natural History of the United States of North America volume 1 – 1ª parte.