Divaldo Franco: “A coisa mais bela da
vida é poder servir sem exigir”
No seu périplo pela Europa, o conhecido orador falou aos
espíritas de Bruxelas e Roma, a Cidade Eterna
Na manhã do dia 13 de maio, logo nas primeiras horas,
Divaldo Franco e amigos rumaram para Bruxelas, na
Bélgica, em um deslocamento de automóvel que durou cerca
de três horas. Na aprazível capital, os amigos os
aguardavam para uma conferência ao anoitecer. Cerca de
trezentas pessoas, que já haviam reservado seus lugares,
aguardavam o momento de ouvir o querido orador que
anualmente visita o país, trazendo sua mensagem de
alegria e paz.
Atendendo ao convite do Núcleo de Estudos Espíritas
Camille Flammarion de Bruxelas – NEECAFLA -, Divaldo
Franco apresentou o tema Fraternidade.
Como vem ocorrendo, o querido amigo Dr. Juan Danilo deu
início as atividades da noite discorrendo sobre O
Livro dos Espíritos e a Fraternidade, destacando a
Mansão do Caminho, onde atualmente reside, como exemplo
de fraternidade e solidariedade, afirmando que somente
através da educação será possível formar melhores
cidadãos para o futuro.
Ao iniciar o seu mister, Divaldo Franco citou Pierre
Gaspard Chaumette (1763–1794), um dos
revolucionários franceses que asseveravam haver
expulsado Deus da França, passando, portanto, a ser o
verdadeiro deus, a razão. Referindo-se à queda da
Bastilha, afirmou que o século XIX havia-se iniciado
entre sombras, quando a voz de um jovem corso começou a
comandar os destinos da França, Napoleão Bonaparte.
Nessa mesma época ocorreu o nascimento de Hippolyte
Léon Denizard Rivail, que mais tarde estudaria no
instituto dirigido por Johann Heinrich Pestalozzi (1746-1827),
o pai da pedagogia moderna. Mais tarde, o mundo passaria
a conhecer Hippolyte como Allan Kardec, o
Codificador da Doutrina Espírita.
O nobre conferencista aprofundou-se no século XIX, o
século das doutrinas religiosas e o espiritualismo
céptico. O conhecimento sobre Deus, a alma, a
imortalidade, ou o nada, foram apresentados para
reflexão. O nada passou a prevalecer, o objetivo era
somente viver bem e gozar, porém a figura da morte
prosseguia enigmática. Em 18 de Abril de 1857 Allan
Kardec apresentou uma filosofia científica que
asseverava que a vida prossegue além da vida orgânica.
Foi uma espécie de revolução, cujas armas são o amor, a
caridade e o perdão. Apresentando a figura incomparável
de Jesus, o maior psicoterapeuta da humanidade, e
citando também grandes vultos da humanidade como
Francisco de Assis, Madre Tereza de Calcutá, Albert
Schweitzer (1875-1965), entre outros, Divaldo discorreu
sobre a excelência do amor. Schweitzer, a quem Divaldo
teve oportunidade de conhecer pessoalmente, foi um homem
extraordinário que, entendendo a mensagem do Homem de
Nazaré, afirmava que é mais feliz aquele que dá.
Mergulhando nos dias atuais, Divaldo afirmou que o homem
moderno está rico de tecnologia, de conquistas
imediatas, da comunicação virtual, no entanto
encontra-se cada vez mais solitário. A humanidade possui
todas estas conquistas, mas, e o amor? Como está o amor
na vida dos indivíduos? O amor é um sentido ético, que
Sócrates nos ofereceu e Jesus nos exemplificou. Hoje o
amor é psicoterapêutico, pois quem ama é feliz, porém
quem deseja ser amado é ainda criança psicológica.
Ciência sim, afirmou, tecnologia também, mas o amor é
fundamental.
A maior lição aprendida em sua longa trajetória, afirmou
Divaldo, é que a criatura humana é a mesma em todos os
lugares do planeta. Dores, sofrimentos, aspirações e
conflitos são idênticos em toda parte, porém a
fraternidade é o laço que vai unir todas as criaturas. O
Espiritismo chegou na hora certa para nos arrancar do
pessimismo. A coisa mais bela da vida é poder servir sem
exigir. Somos ricos de carências de amor, e aqueles que
nos antecederam no caminho da morte voltam, e nos dizem,
graças à mediunidade, que o sentido da vida é amar.
Encaminhando-se para o final, o orador afirmou que a
Vida é o maior tesouro que a divindade nos proporciona.
Ser feliz depende do nosso livre-arbítrio, pois a
felicidade é a nossa fatalidade, alcançada nesta ou em
outra encarnação. Nestes dias difíceis, destacou
Divaldo, a voz daquele Homem de Nazaré, através dos
Espíritos, vem-nos dizer: Fraternidade! Fraternidade! E
que devemos amar aos que estão à nossa volta e não
através dos meios eletrônicos.
O Espiritismo é a doutrina da imortalidade. Tudo na vida
passa, e a esperança da plenitude permanece até hoje em
nossas almas. Vale a pena amar!
Após recitar o Poema da Gratidão, de Amélia Rodrigues,
foi exaustivamente aplaudido de pé. Todos se
apresentavam visivelmente emocionados com a mensagem
incomum de esperança e paz.
Tão logo encerrou a conferência, rapidamente Divaldo se
recolheu, pois que na madrugada imediata, teria que se
dirigir ao aeroporto de Bruxelas, rumando para Roma,
próximo destino deste roteiro de luzes.
Divaldo Franco na Cidade Eterna
Ainda estava escuro; era madrugada do dia 14 de maio de
2018, o dia prenunciava alegrias e trabalho, e o
semeador não se fez tardio. Divaldo Franco rumou ao
aeroporto de Bruxelas, onde embarcou com destinado a
Roma, em um voo de duas horas. Em lá chegando, no
aeroporto Fiumicino, uma verdadeira festa
aguardava o peregrino de Jesus, tamanha era euforia dos
amigos do grupo espírita coordenado por Tina Paternó.
Quanto regozijo, quanta alegria, mas também muitas malas
pesadas, tudo encarado e vivido com simplicidade,
celebrando o reencontro de corações afetuosos.
Ao anoitecer, o grupo de amigos, reunidos no hotel que
hospedou Divaldo Franco, encontrou-se para realizar o
Evangelho. Após refeição frugal, reuniram-se para orar,
de forma inédita, em nove idiomas, com o objetivo de
atender aos Espíritos de várias pátrias.
Inicialmente foi proferida a oração ensinada por Jesus,
o Pai Nosso no idioma holandês. O Evangelho Segundo o
Espiritismo, aberto ao acaso, brindou-nos com o
capítulo seis, - O Cristo Consolador -, com o tema o
jugo leve. Após Divaldo realizar a leitura desta
belíssima página, foi a vez dos comentários, iniciados
pelo amigo Xavier, da Espanha, no idioma catalão,
seguido por Andreia Marshall, de Miami, em inglês. Na
sequência, Tina, de Roma, em italiano, após Sandra
Fasler, de Zurique, em suíço. Manolo, da Espanha, em
espanhol, foi seguido nos comentários por Edith Burkhard,
de Winterthur/Suíça, no idioma alemão, logo a
seguir foi a vez do amigo querido Marcelo Netto, de
Miami, comentar o trecho lido em português. A seguir,
novamente Sandra comentou em francês, Rejane Planer, de
Viena, em inglês, e por fim, Juan Danilo, em português.
Uma riqueza enorme de interpretações, cada um
expressando-se ao sabor de suas emoções em torno do
Evangelho, uma verdadeira reunião familiar. Divaldo
Franco, magistral, conduziu o grupo, nas asas da
história, a um retorno no tempo, desde há 800 anos,
trazendo a doce figura do pobrezinho de Assis, narrando
com incomparável riqueza de detalhes a vida desse ser
que melhor imitou a figura de Jesus, Francisco de Assis.
Ali estávamos, procedentes de várias regiões do globo,
reunidos novamente na velha Roma de outrora. Hoje na
tentativa de seguir o Homem que não possuía sequer uma
pedra para recostar a cabeça, na ânsia de servir mais e
melhor. Finalizando o singelo encontro em torno da
palavra de Jesus, afirmou Divaldo que todo o empenho que
empreendermos para a vitória do bem em nós, valerá a
pena, porque o amor do Pai é eterno por todos nós.
Encerrado o encontro, todos se recolheram enlevados
pelas dúlcidas vibrações de amor e paz que se fizeram
presentes em cada um, demandando para o repouso
necessário, pois que as atividades prosseguem...
Como foi a conferência em Roma
Na noite do dia 15 de maio, nas dependências do hotel
Oly, na região central da belíssima Roma, atendendo ao
convite dos amigos do Grupo Allan Kardec de Roma - GRAK
-, o Semeador de Estrelas, Divaldo Franco, proferiu
conferência para aproximadamente duzentas pessoas,
contando com o auxílio de Deborah Trinchi para verter ao
idioma italiano.
A brilhante voz do cantor Maecio Gomes, interpretando
algumas peças, enlevou o ambiente, sensibilizando os
presentes.
Juan Danilo, iniciando as atividades, saudou os
participantes em nome da Mansão do Caminho, chamando a
atenção, uma vez mais, sobre o significado e a
importância da educação na vida das crianças, fazendo
referência à jovem educadora paquistanesa Malala
Yousafzai (1997-), afirmando que somente a educação
pode combater a violência e oferecer ao ser humano a
dignidade necessária à evolução.
O nobre conferencista Divaldo Franco discorreu acerca da
evolução do pensamento humano, abordando o período do
pensamento instintivo e prosseguindo em direção ao
período do pensamento arcaico ou Pré-Mágico, para
avançar até o pensamento Mágico, sempre traçando um
paralelo com o desenvolvimento da criança, desde as
primeiras fases da vida.
Apresentando o pensamento de Emilio Mira y Lopes (1896-1964),
psiquiatra, psicólogo e professor, Divaldo discorreu
sobre as emoções da criatura humana, em que na fase do
Pensamento Cósmico prevalecem os sentimentos nobres que
culminam no desenvolvimento do sentimento sublime do
amor. Amar, portanto, é uma meta que se deve perseguir
na existência.
Estamos no momento do pensamento eletrônico, a
tecnologia avança e tende a arrastar o ser humano para o
individualismo, em que cada um se basta, isolando-se e
rumando para a solidão. Segundo Rollo May (1909-1994),
psicólogo e teólogo americano, estamos entrando num
estado muito grave de Ansiedade, Enfermidade e
Incapacidade, afinal hoje a sociedade exige que todos
sejam felizes, que não tenhamos problemas nem conflitos.
Discorrendo sobre Buda e o mito de Narciso, Divaldo
asseverou que tudo o que a cultura nos oferece tem um
toque de beleza, porém nem sempre a estética é ética, os
fenômenos narcisistas estão sempre em nossas vidas. Com
relação a Sidarta Gautama, o Buda, o Embaixador
da Paz no Mundo destacou que, tendo sempre tudo a sua
volta, saturou-se, perdendo o sentido da vida, pois tudo
lhe era monótono e sem sentido, até compreender que o
sofrimento está em tudo e que o verdadeiro sentido da
vida é amar, iluminando-se.
Reverenciando a figura do insigne codificador do
Espiritismo, Allan Kardec, que, em uma óptica otimista,
asseverou que a verdadeira felicidade é servir, é tornar
o amor em um ato de beleza muito natural. Kardec
apresentou a maior conquista da filosofia, a morte da
morte, a vida que prossegue. A filosofia espírita
liberta a criatura humana do Narcisismo.
O sentido da vida, afirmou Divaldo, é também ter um
ideal, é fazer ao outro o que gostaria que o outro lhe
fizesse. “O mundo da competitividade empurra o ser
humana para o triunfo, mas para quê?” - indagou. Por uma
bela casa? Por um automóvel? Existem muitas pessoas que
possuem muito, e muito além das necessidades, e não são
felizes. O amor não necessita de posse, apenas precisa
de doação. Estamos diante das agressões do mundo, porque
estamos sendo agredidos dentro de nós mesmos pelos
nossos próprios conflitos, desta e de outras
existências.
Encaminhando a conferência para o encerramento, ainda
acrescentou: o Espiritismo faz o nosso pensamento sonhar
na direção da plenitude e do reino do amor. Vale a pena
amar.
O querido orador, sempre dando um toque divertido a suas
interpretações, deixou todos totalmente à vontade,
apresentando, ainda, várias de suas vivências,
ilustrando perfeitamente a temática abordada, fazendo
com todos se sentissem estimulados a prosseguir
renovados.
Assim é Divaldo Franco, uma vez saindo para semear,
colocando as mãos no arado Divino, nunca mais parou,
sequer para olhar para trás. O jovem agricultor de Jesus
prossegue firme no ideal de servir e amar, semeando no
solo ainda árido dos corações que sofrem.
Encontro com trabalhadores de Roma
No entardecer da quinta-feira, 17 de maio de 2018, na
pequena sede do Grupo di Roma Allan Kardec – GRAK
-, Divaldo Franco, encerrando sua passagem pela bela
cidade, e pela Itália, promoveu um encontro com os
trabalhadores do dedicado grupo, deixando aos cuidados
do querido amigo Dr. Juan Danilo a exposição do tema: a
mediunidade.
O lúcido expositor, Juan, iniciou abordando a faculdade
mediúnica no seu aspecto orgânico, nos diferentes tipos
e graus desta abençoada faculdade, especialmente quando
tratada com respeito, com consciência, dedicação e
disciplina. Asseverou o Dr. Juan que, se o médium não
possuir uma ética de comportamento, não logrará viver em
harmonia na sociedade. Os Espíritos veem, e diretamente
informam que o caminho é o do Evangelho, reafirmando,
relembrando o que Jesus já o tinha dito, que era, e Ele
é o caminho, a verdade e a vida. O cativante palestrante
expôs com muita propriedade a sua vivência mediúnica,
apresentando diversos exemplos que são, a mais das
vezes, dúvidas que todos possuem, esclarecendo, de uma
forma simples e objetiva, não deixando margens a
interpretações equivocadas.
Discorreu sobre a sintonia mental, o momento dos estudos
espíritas, promotores de uma higienização mental, pois a
mente adentra-se nos conceitos do passado que o
indivíduo trás ínsito e, absorvendo estes conceitos
novos, leva-o a uma faixa mental diferente, a qual ainda
não está acostumado, reiterando a importância do estudo
sistemático da Doutrina Espírita.
Como é importante, e ao mesmo tempo difícil, falar com
simplicidade e acima de tudo, expor os conceitos
contidos no Espiritismo, fixando-se e aprofundando-se
nas obras básicas da codificação, como bem fez Juan
Danilo em sua exposição. Com este tema tão significativo
o nobre expositor conquistou o público, pois soube
envolvê-lo no pensamento lógico e fiel a Allan Kardec.
Encerrando a sua participação, Juan Danilo passou a
palavra ao experiente amigo Divaldo Franco que deixou
uma mensagem de bom ânimo, esclarecendo que os
benfeitores estão atentos para auxiliar os dedicados
trabalhadores do bem e que compete a cada um manter-se
empenhado com a causa do Cristo, vigiando os pensamentos
e os atos nesta hora de graves responsabilidades. Acima
de tudo Jesus prossegue amparando a criatura humana com
seu inefável amor. As vibrações de amor e paz saturaram
a pequenina sala em Roma, fazendo lembrar os cristãos da
primeira hora, reunidos nas catacumbas, em razão das
perseguições terríveis, sem, no entanto, olvidarem de
que Jesus conta com todos e com cada um.
As despedidas se fizeram em clima de saudades, pela
ausência física, e o Arauto do Evangelho, Divaldo
Franco, juntamente com alguns amigos retornaram ao
hotel. A madrugada do dia 18 de maio os irá encontrar no
aeroporto de Roma, rumando para a Suíça. Mas isto não é
nada para um “jovem” de noventa e um anos de idade, pois
que um servidor do Cristo, verdadeiramente amoroso,
retira forças e energia do bem que faz e propaga.