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por Anselmo Ferreira Vasconcelos

  

Existe o acaso no campo científico?


Os nossos hábitos e modos de vida - especialmente os não saudáveis - têm gerado sérios problemas ambientais tais como a crescente poluição do ar, envenenamento de rios e oceanos, desmatamento, desertificação e assim por diante. Todavia, há um, em especial, que tem sido extremamente danoso para muitas espécies de animais, ou seja, o plástico. Para ilustrar o raciocínio, cabe destacar que cientistas ingleses descobriram a existência de uma quantidade considerável de poliestireno em áreas remotas congeladas no meio do Oceano Ártico.

Ainda mais preocupante é o fato de que eles localizaram esse material a apenas 1000 milhas do polo Norte, isto é, uma área anteriormente inacessível devido ao oceano de gelo. Tal descoberta significa o mais setentrional avistamento já feito desse tipo de detrito nos oceanos, que estão, a propósito, cada vez mais poluídos por plásticos. Os cientistas entrevistados pelo jornal inglês The Guardian temem que o lixo plástico esteja fluindo para o Ártico por causa da dramática mudança climática do planeta e do consequente derretimento das geleiras.

Em decorrência dessa anomalia constata-se que o descongelamento tem liberado plástico que estava outrora preso no gelo. Um dos cientistas desta expedição afirmou que os blocos de poliestireno estavam localizados no topo do gelo. Desse modo, eles preveem enorme perigo para a vida animal do Ártico.

Na verdade, o perigo atrelado ao uso dessa matéria prima é significativo, já que se estima a existência de 5 trilhões de pedaços de plásticos flutuando nas águas oceânicas. Essa absurda quantidade de material pode, por sua vez, ser reduzida a “microplásticos” – pequenas partículas que são consumidas por animais dotados de sistemas de filtros e com trágicas consequências para a cadeia alimentar de outras espécies. Enfim, todo o ecossistema do Ártico está ameaçado.

Em contrapartida, há hoje no Reino Unido uma ampla campanha visando ao banimento de produtos descartáveis manufaturados à base dessa matéria prima. Pretende-se com isso mudar hábitos e despertar a consciência das pessoas para esse grave problema. Outra notícia auspiciosa diz respeito ao “descobrimento acidental” por cientistas japoneses de uma enzima que tem a propriedade de “quebrar” as garrafas PET (compostas de polietileno tereftalato) que levam até 400 anos para se dissolverem.

Tal descoberta, além de profundamente animadora, pode – assim deduzem os cientistas – levar a uma solução para essa crise oriunda da poluição global causada pelo plástico, através da obtenção da completa reciclagem das garrafas. Em poucas palavras, a enzima mutante leva apenas poucos dias para iniciar o processo deixando os pesquisadores muito otimistas quanto à possível aceleração do processo e tornando-o viável em larga escala. As potenciais aplicações derivadas dessa descoberta feita, diga-se, “ao acaso” (em inglês a palavra é serendipity), ainda estão sendo analisadas, mas já se cogita que proporcionarão avanços revolucionários. 

Note que mesmo no sisudo ambiente científico, o fator “acaso” proporciona soluções extraordinárias para os problemas do planeta. Com efeito, muitas vezes os achados surgem das fontes mais inesperadas. Em outras palavras, o pesquisador está debruçado sobre determinado problema e acaba identificando algo novo no meio do caminho que nem sempre tem exatamente a ver com o objetivo inicial do trabalho. Desse modo, portanto, calcula-se que entre 30% a 50% das descobertas científicas aconteçam meio acidentalmente, por assim dizer.

Recomenda-se, é claro, que o pesquisador tenha grande sagacidade e curiosidade, mas o elemento sorte está sempre presente em tais situações. Nesse processo geralmente acaba-se vislumbrando novos usos ou aplicações não divisados anteriormente. Por exemplo, produtos como penicilina, teflon, nylon, muitos açúcares artificiais, forno micro-ondas, e um número infindável de descobertas tiveram, de algum modo, a marca da sorte. Não se deve descartar, porém, a capacidade de persistência e a determinação dos pesquisadores nestes casos.

Mas existe algo mais que não pode ser menosprezado, ou seja, a inspiração do mais alto. A despeito do denodo e esforços contínuos dos cientistas, há e sempre haverá a participação divina a inspirar tais devotamentos, especialmente quando eles são dirigidos a minorar o sofrimento humano e promover o progresso. Como bem observa o Espírito Joanna de Ângelis, na obra Dias Gloriosos (psicografia de Divaldo P. Franco), “Afinal, a ciência não tem sido propriamente criadora de nada, porquanto tudo aquilo que apresenta de alguma forma é cópia imperfeita do que observam os cientistas nos painéis grandiosos da Criação”.

Dito de outra forma, o pesquisador haure o conhecimento, a inspiração, o pensamento inquisidor, o “empurrãozinho” em fontes transcendentes. Se o seu foco é a realização de algo benéfico, então, não lhe faltará ajuda e assistência. Como esclarece o Espírito Emmanuel, no livro Fonte Viva (psicografia de Francisco Cândido Xavier), “Em todos os lugares do vale humano, há recursos de ação e aprimoramento para quem deseja seguir adiante. Sirvamos, em qualquer parte, de boa vontade, como sendo ao Senhor e não às criaturas, e o Senhor nos conduzirá para os cimos da vida”. Abençoados, portanto, os que trabalham para a realização da felicidade humana sob a inspiração da espiritualidade.    

 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita