Continuamos o estudo da RevueSpirite correspondente
ao ano de 1863. O texto condensado do volume será aqui
apresentado em 16 partes, com base na tradução de Júlio
Abreu Filho publicada pela EDICEL.
Questões para debate
A. Que disse Kardec a respeito do magnetismo e da
homeopatia?
B. Qual a posição de Kardec em relação aos que exploram
a faculdade mediúnica?
C. Por que Deus permite que médiuns bem intencionados
sejam enganados pelos Espíritos?
Texto para leitura
102. Kardec informa, em nota posta logo abaixo dessa
mensagem, que o médium que a recebeu é um jovem
iletrado, que ignora, segundo o Sr. Dumas, o sentido da
maioria das palavras ali contidas. Os médiuns iletrados
que recebem comunicações acima de seu alcance
intelectual - diz o Codificador - são muito numerosos.
(P. 227)
103. O número de agosto faz o elogio do ilustre filósofo
Jean Reynaud, nascido em Lyon em 1808 e morto em Paris
em junho de 1863, após uma curta moléstia. Autor do
livro “Terre et Ciel”, obra que o popularizou mas que,
tida como perigosa para o ortodoxia da fé católica, foi
posta no Índex pela cúria romana, Reynaud é considerado
por Kardec um dos precursores do Espiritismo. Como
Charles Fourier, ele admitia o progresso indefinido da
alma e a pluralidade das existências, sem nada ter visto
e baseando-se tão somente na sua profunda intuição. (PP.
229 a 232)
104. Citando a importância para o Espiritismo da adesão
de vários escritores de renome, como Victor Hugo, que
semeavam, aqui e ali, as ideias espíritas, Kardec
destaca o valor do magnetismo e da homeopatia na
disseminação do conhecimento da ação perispiritual,
fonte de todos os fenômenos espíritas. No caso da
homeopatia, o Codificador cita a facilidade com que os
médicos homeopatas aceitam o Espiritismo e não se
surpreende pelo fato de a maioria dos médicos espíritas
pertencerem à escola fundada por Hahnemann. (PP. 233 e
234)
105. A Revue transcreve trechos extraídos da obra
do escritor Lamartine, os quais apresentam alguns pontos
concordantes com as ideias espíritas, como, por exemplo,
sua referência às vidas sucessivas e à vinda do
Consolador prometido por Jesus, que Lamartine entende
que poderia vir como homem ou como uma doutrina. (PP.
235 e 236)
106. A Presse de julho noticiou a publicação do
livro “Destino do homem nos dois mundos”, do Sr.
Hippolyte Renaud, o qual - segundo Kardec - se liga de
maneira muito direta à doutrina espírita. A Revuepublicou
a notícia e o artigo que o Sr. E. de Pompéry escreveu
sobre referida obra. (PP. 236 a 240)
107. Em carta dirigida ao redator da Presse, o
Sr. Henri Martin, citado nominalmente no artigo do Sr.
Pompéry, apoiou a crítica que este fez à crença de
alguns em uma metempsicose indefinida e sem recordação
do passado, que ele também considerava absurda e
inaceitável. O Espiritismo, como sabemos, não aceita a
metempsicose. (P. 241)
108. Dois fatos relatados na Revuemostram como a
ação do Espírito comunicante pode estender-se ao
organismo do médium: I) No primeiro, ocorrido em Parma,
Itália, o dedo indicador do médium ficou singularmente
frio. É que se manifestava por ele um irmão morto há
mais de vinte anos, cujo indicador havia ficado
anquilosado. II) No segundo caso, o Espírito fazia com
que determinado membro ou parte do corpo do médium
ficasse paralisado. (PP. 242 a 244)
109. Kardec escreve de novo a respeito dos espectros
artificiais, um truque cênico de uma simplicidade tão
grande, que todos os teatros apresentavam os seus. Além
de lamentar a superficialidade com que a imprensa
tratava do assunto, Kardec aproveitou o ensejo para
informar como se realizam as sessões nos grupos
espíritas sérios, cujo recolhimento é incompatível com a
leviandade de caráter e a balbúrdia dos curiosos. Quanto
à crítica aos que fazem profissão da faculdade
mediúnica, Kardec disse que nada há a objetar, pois os
espíritas sérios também repudiam toda exploração dessa
natureza, como indigna do caráter exclusivamente moral
do Espiritismo e uma falta de respeito aos mortos. (PP.
245 a 248)
110. Por que Deus permite que médiuns bem intencionados
sejam enganados pelos Espíritos? As mistificações -
responde Kardec - têm o objetivo de pôr à prova a
perseverança, a firmeza na fé e exercitar o julgamento.
Se os bons Espíritos as permitem em certas ocasiões, não
é por impotência de sua parte, mas para nos deixar o
mérito da luta. Os bons Espíritos velam por nós e nos
assistem, mas com a condição de que também nos ajudemos
a nós mesmos. (P. 249)
111. Suscitada por um leitor de São Petersburgo, a
objeção colocada à frase: Tudo quanto é desconhecido
é infinito, constante de “O Livro dos Espíritos”, é
examinada por Kardec, que, citando a Academia Francesa,
entende que o vocábulo infinito não poderia nesse caso
ser substituído, como proposto, pelo vocábulo
indefinido. Embora sinônimos no sentido geral, há
momentos em que um vocábulo não substitui o outro.
Diz-se, por exemplo: duração infinita ou duração
indefinida, mas não se pode dizer: a misericórdia de
Deus é indefinida, em vez de dizer: é infinita. (PP. 250
e 251) (Continua
no próximo número.)
Respostas às questões
A. Que disse Kardec a respeito do magnetismo e da
homeopatia?
Ele destacou, em artigo na Revue, o valor do
magnetismo e da homeopatia na disseminação do
conhecimento da ação perispiritual, fonte de todos os
fenômenos espíritas. E no caso da homeopatia, referiu-se
à facilidade com que os médicos homeopatas aceitam o
Espiritismo, não constituindo surpresa o fato de a
maioria dos médicos espíritas pertencerem à escola
fundada por Hahnemann. (Revue Spirite de 1863,
pp. 233 e 234.)
B. Qual a posição de Kardec em relação aos que exploram
a faculdade mediúnica?
Ele aceitava plenamente a crítica feita aos que fazem
profissão da faculdade mediúnica, visto que os espíritas
sérios também repudiam toda exploração dessa natureza,
como indigna do caráter exclusivamente moral do
Espiritismo, além de ser uma falta de respeito aos
mortos. (Obra citada, págs. 245 a 248.)
C. Por que Deus permite que médiuns bem intencionados
sejam enganados pelos Espíritos?
As mistificações – explica Kardec - têm o objetivo de
pôr à prova a perseverança, a firmeza na fé e exercitar
o julgamento. Se os bons Espíritos as permitem em certas
ocasiões, não é por impotência de sua parte, mas para
nos deixar o mérito da luta. Os bons Espíritos velam por
nós e nos assistem, mas com a condição de que também nos
ajudemos a nós mesmos. (Obra citada, p. 249.)