O veneno das palavras
Eu me fico a meditar sobre o efeito da palavra escrita,
no mal que fazemos inadvertidamente, indo envenenar,
longe de nós, inteligências permeáveis e Espíritostimoratos. É
sabida, de toda gente, a influência que exerceram,
fazendo aumentar o número de suicídios na Alemanha, o
Werther, de Goethe, e o pessimismo de Schopenhauer.
Essa questão, tratada no livro póstumo Contrastes (1936),
do escritor Humberto de Campos, tem desdobramentos
morais profundos.
As palavras têm seu caráter próprio e carregam energias
que, dependendo do contexto, podem induzir ao bem ou ao
mal. Depois de lidas ou ouvidas elas criam imagens
formatadas pelo pensamento de quem as recolheu. Depois
de escritas ou ditas, levam a carga de intenção e
sentimento de quem as projetou. O tipo de influência que
produzem é de total responsabilidade de quem as proferiu
ou escreveu.
Os dois exemplos citados por Humberto de Campos são
reais e verdadeiros. Goethe (Espírito) dá um marcante
depoimento a Allan Kardec em reunião da Sociedade
Parisiense de Estudos Espíritas, em 25 de março de 1856,
afirmando ter-se arrependido do final que deu ao seu
romance famoso, em que Werther, o personagem principal,
se suicida.
Na entrevista ao codificador do Espiritismo, Goethe,
vinte e quatro anos após sua morte, diz ainda sofrer as
consequências da influência negativa que sua obra
provocou, causando uma onda de suicídios.
A reflexão de Humberto de Campos serve a todos, mas
principalmente àqueles que escrevem e falam nas suas
atividades, para que não destilem veneno nas mentes
frágeis, tanto com as palavras quanto com as ideias.
Fonte: O menino livre de Miritiba,
ideeditora.com.br (2018).
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