Neru Ponce de Albuquerque, de Joinville (SC), em
mensagem publicada na seção de Cartas desta edição,
pergunta-nos:
A mulher quando no período da gestação pode ou não
trabalhar na aplicação de passes? Qual a obra que nos
traz esta orientação?
Ignoramos se existe nas obras espíritas alguma restrição
a que a gestante possa ministrar passes. Se a gestação
ocorre em condições normais, não vemos motivo para que
ela se abstenha tão somente pelo fato de estar grávida.
Diferente é o entendimento com respeito à sua
participação nos trabalhos mediúnicos de desobsessão ou
de atendimento a entidades sofredoras.
Conforme já dissemos em outra oportunidade, o saudoso
confrade e estudioso espírita Martins Peralva
desaconselhava a participação de mulheres grávidas nos
trabalhos mediúnicos a partir do 3º mês de gestação. O
assunto foi por ele tratado no cap. 9 do seu livro Estudando
a Mediunidade.
A abstenção da gestante nos trabalhos mediúnicos tem por
objetivo preservar o Espírito reencarnante das vibrações
negativas oriundas da entidade comunicante, uma vez que,
estando a mente da criança intimamente associada à da
gestante, naturalmente se associará, também, à do
Espírito, já ligada à alma do médium, consoante Martins
Peralva demonstra graficamente na obra citada.
Evidentemente, se o médium tiver a certeza de que a sua
faculdade será utilizada, exclusivamente, por Espíritos
Superiores, a abstenção não se fará necessária, o que
reforça o entendimento de que na atividade do passe não
há motivos de ordem espiritual para a abstenção.
Sobre o assunto, Chico Xavier transmitiu recomendação
idêntica à de Martins Peralva:
“No caso de nossas irmãs as mulheres, tão somente nas
ocasiões de gravidez, após o terceiro mês de gestação do
nascituro, devem abster-se da ação mediúnica, podendo
permanecer, porém, na equipe de serviço espiritual para
receberem auxílio.” (Cf. Passes,
Desobsessão e Disciplina, por Adelino da Silveira,
disponível em https://goo.gl/Ctc7MS )
O conhecido escritor Luiz Gonzaga Pinheiro tem, sobre o
tema em discussão, idêntico pensamento:
“O Espírito enfermo ou obsessor, quando em contato com o
médium, transferindo-lhe fluidos densos que são
absorvidos e eliminados por este, que funciona como um
fio-terra, amenizando a situação aflitiva do
comunicante. Casos há em que o médium, ao traduzir a
palavra de suicidas, cancerosos, tuberculosos em estado
grave ou mesmo irmãos que atuam na quimbanda em rituais
macabros, e, tomado de grande sufocação e pesar,
experimentando no corpo as sensações que os enfermos e
vampiros imprimem, chegando mesmo a ser desdobrado após
a comunicação, para que seja atendido em locais
saturados de fluidos vitais, ocasião em que lhe é
devolvida a cota fluídica subtraída pelo contato
enfermiço.
As sensações que o médium sofre nessas comunicações são
as mesmas que os enfermos padecem. Quando a ligação
fluídica é efetuada um ou dois dias antes da reunião, o
medianeiro começa a mostrar os sintomas de sua
companhia, quando é acometido de vômitos, dores
intensas, falta de ar, arritmia, calafrios, formando um
quadro clínico que só é desfeito após a comunicação,
quando a ligação já não existe.
Muitas vezes tenho assistido a queixas e exames clínicos
de médiuns que, somente pelas comunicações que traduzem,
são esclarecidos e curados através do afastamento da
causa que deu origem aos distúrbios.
Por tais motivos, desaconselha-se à médium psicofônica a
permanência na reunião desobsessiva, quando é evidente o
seu estado gestatório, visto que a agressividade
fluídica a que se expõe pode atingir o feto em formação,
caso não haja proteção ostensiva por parte da equipe
espiritual.
É sabido que, em seguida ao ato sexual, o perispírito do
reencarnante em estado reduzido é ligado ao zigoto,
processo que é orientado e assistido pelos Espíritos
interessados naquele reencarne. A mãe, mentalizando e
enviando ao filho propostas de paz e de aconchego,
completa a proteção a que a criança tem direito.
Caso a gestante insista em atuar ostensivamente na área
psicofônica, os mentores deverão realizar uma seleção
entre os comunicantes para que somente os menos enfermos
possam por ela transmitir suas aflições, o que deveria
prolongar-se pelos três primeiros meses de gestação.
Mesmo assim, é vital que a sua organização uterina em
nada sofra perturbações, o que significa dizer que deve
afastar-se dos trabalhos mediúnicos, podendo participar
de palestras e demais atividades doutrinárias e sociais
da casa espírita.
Passada a gravidez, o retorno ao trabalho é sempre um
tônico salutar para a paz íntima de quem se fez servo do
Senhor, através do auxílio aos irmãos de infortúnio.” (Cf. As
médiuns gestantes podem "receber Espíritos?, por
Luiz Gonzaga Pinheiro, disponível em
http://goo.gl/dAWMtS)
Esperamos que as explicações acima satisfaçam à
expectativa de nossos leitores.