Simbiose das mentes
A prática mediúnica correta não dispensa a disciplina e
a iluminação dos ingredientes morais
“(...) Os fatos mediúnicos têm grande analogia com os
fenômenos da eletricidade e do magnetismo.” -Erasto
Não é que Erasto
tem mesmo toda razão?! Eis o que ensina André Luiz: “(...)
quanto mais investiga a Natureza, mais se convence o
homem de que vive num reino de ondas transfiguradas em
luz, eletricidade, calor ou matéria, segundo o padrão
vibratório em que se exprimam... Existem, no entanto,
outras manifestações da luz, da eletricidade, do calor e
da matéria, desconhecidas nas faixas da evolução humana,
das quais, por enquanto, somente poderemos recolher
informações pelas vias do espírito”.
Aduz ainda o Benfeitor
Espiritual:
“(...) mesmo que a Ciência da Terra, por longo tempo,
recalcitre contra as realidades do Espírito, é imperioso
convir que no comando das associações atômicas, sob a
perquirição do homem, prevalecem as associações
inteligentes de matéria mental. O Espírito, encarnado ou
desencarnado, na essência, pode ser comparado a um
dínamo complexo, em que se verifica a transubstanciação
do trabalho psicofísico em forças mento-eletromagnéticas,
forças essas que guardam consigo, no laboratório das
células em que circulam e se harmonizam, a propriedade
de agentes emissores e receptores, conservadores e
regeneradores de energia.
Para que nos façamos mais simplesmente compreendidos,
imaginemo-lo como sendo um dínamo gerador, indutor,
transformador e coletor, ao mesmo tempo, com capacidade
de assimilar correntes contínuas de força e
exteriorizá-las simultaneamente.
GERADOR ELÉTRICO — Recordemos que um motor se
alimenta da corrente elétrica fornecida pelos recursos
atômicos do plano material. E para simples efeito de
estudo da transmissão de força mediúnica, em que a
matéria mental é substância básica, lembremo-nos de que
a chamada força eletromotriz nasce do agente que a
produz em circuito fechado. Afirmamos que o gerador
elétrico é uma fonte de força eletromotriz, entretanto,
não nos achamos à frente de uma força automática, mas
sim de uma característica do gerador, no qual a energia
absorvida, sob forma particular, se converte em energia
elétrica. O aparelho gerador, no caso, não plasma
correntes elétricas e, sim, produz determinada
diferença de potencial entre os seus terminais ou
extremos, facultando aos elétrons a movimentação
necessária.
Figuremos dois campos elétricos separados, cada um deles
com cargas de natureza contrária, com uma diferença de
potencial entre eles. Estabelecido um fio condutor
entre ambos, a corrente elétrica se improvisa, do centro
negativo para o centro positivo, até que seja alcançado
o justo equilíbrio entre os dois centros, anulando-se,
desde então, a diferença de potencial existente. Se
desejarmos manter a diferença de potencial a que nos
referimos, é indispensável interpor entre ambos um
gerador elétrico, por intermédio do qual se nutra,
constante, o fluxo eletrônico entre um e outro, de vez
que a corrente circulará no condutor, em vista do campo
elétrico existente entre os dois corpos.
GERADOR MEDIÚNICO — Idealizemos o fluxo de
energias mentoeletromagnéticas, ou fulcro de ondas da
Entidade comunicante e do médium, como dois campos
distintos, associando valores positivos e negativos,
respectivamente, com uma diferença de potencial que, em
nosso caso, constitui certa capacidade de junção
específica.
Estabelecido um fio condutor de um para o outro que, em
nosso problema, representa o pensamento de aceitação
ou adesão do médium, a corrente mental desse ou
daquele teor se improvisa em regime de ação e reação,
atingindo-se o necessário equilíbrio entre ambos,
anulando-se, desde então, a diferença existente, pela
integração das forças conjuntas em clima de afinidade.
Se quisermos sustentar o continuísmo de semelhante
conjugação, é imprescindível conservar entre os dois um
gerador de força, que, na questão em análise, é o
pensamento constante de aceitação ou adesão da
personalidade mediúnica, através do qual se evidencie,
incessante, o fluxo de energias conjugadas entre um e
outro, porquanto a corrente de forças mentais, destinada
à produção desse ou daquele fenômeno ou serviço,
circulará no condutor mediúnico em razão do campo de
energias mentoeletromagnéticas existente entre a
Entidade comunicante e a individualidade do médium”.
Ora, podemos então, entender com André Luiz que, se
vivemos mergulhados num “oceano” de vibrações, é
natural que procuremos conhecer tal “oceano”, e
também procurar identificar a maneira mais segura de
navegar sobre as suas ondas bravias. O conhecimento dos
mecanismos da mediunidade oferecer-nos-á o ensejo de
lograrmos êxito na travessia desse encapelado, imenso e
ignoto oceano de abismais profundidades.
Conforme podemos
depreender do ensino de André Luiz,
“(...) vezes sem conto, qual se verifica entre a alga e
o cogumelo, a mente encarnada entrega-se,
inconscientemente, ao desencarnado que lhe controla a
existência, sofrendo-lhe temporariamente o domínio até
certo ponto, mas, em troca, à face da sensibilidade
excessiva de que se reveste, passa a viver, enquanto
perdure semelhante influência, necessariamente
protegida contra o assalto de forças ocultas ainda mais
deprimentes. Por esse motivo, ainda agora, em plena
atualidade, encontramos os problemas da mediunidade
evidente, ou da irreconhecida, destacando, a cada passo,
inteligências nobres intimamente aprisionadas a cultos
estranhos, em matéria de fé, padecendo a intromissão de
ideias de terror, ante a perspectiva de se afastarem das
entidades familiares que lhes dominam a mente através de
palavras ou símbolos mágicos, com vistas a falaciosas
vantagens materiais. Essas inteligências fogem
deliberadamente ao estudo que as libertaria do cativeiro
interior, quando não se mostram apáticas, em perigosos
processos de fanatismo, inofensivas e humildes, mas
arredadas do progresso que lhes garantiria a renovação.
HISTERIA E PSICONEUROSE — Entretanto, as
simbioses dessa espécie, em que tantas existências
respiram em reciprocidade de furto psíquico, não se
limitam aos fenômenos desse teor, nos quais Espíritos
desencarnados, estanques em determinadas concepções
religiosas, anestesiam ou infantilizam temporariamente
consciências menos aptas ao autocontrole, porquanto se
expressam igualmente nas moléstias nervosas complexas.
E, na mesma trilha de ajustamento simbiótico, somos
defrontados na Terra, aqui e ali, pela presença de
psiconeuróticos da mais extensa classificação, com
diagnose extremamente difícil, entregues aos mais
obscuros quadros mentais, sem se arrojarem à loucura
completa... Tais Entidades, imanizadas ao painel
fisiológico e agregadas a ele sem o corpo de matéria
mais densa, vivem assim, quase sempre por tempo longo,
entrosadas psiquicamente aos seus hospedeiros, porquanto
o Espírito humano desencarnado, erguido a novo estado
de consciência, começa a elaborar recursos magnéticos
diferenciados, condizentes com os impositivos da própria
sustentação, tanto quanto, no corpo terrestre, aprendeu
a criar, por automatismo, as enzimas e os hormônios que
lhe asseguravam o equilíbrio biológico, e,
impressionando o paciente que explora, muita vez com a
melhor intenção, subjuga-lhe o campo mental, impondo-lhe
ao centro coronário a substância dos próprios
pensamentos, que a vítima passa a acolher qual se fossem
os seus próprios.
ANCIANIDADE DA SIMBIOSE ESPIRITUAL - Justo, assim,
registar que a simbiose espiritual permanece entre os
homens, desde as eras mais remotas, em multifários
processos de mediunismo consciente ou inconsciente,
através dos quais os chamados “mortos”,traumatizados
ou ignorantes, fracos ou indecisos, se aglutinam, em
grande parte, ao “habitat” dos chamados “vivos”, partilhando-lhes
a existência, a absorver-lhes parcialmente a vitalidade,
até que os próprios Espíritos encarnados, com a força do
seu próprio trabalho, no estudo edificante e nas
virtudes vividas, lhes ofereçam material para mais
amplas meditações, pelas quais se habilitem à necessária
transformação com que se adaptem a novos caminhos e
aceitem encargos novos, à frente da evolução deles
mesmos, no rumo das Esferas mais altas”.
Concluamos, então, com André Luiz1: “(...)
não podemos esquecer a obrigação de cultuar a
mediunidade e acrisolá-la, aparelhando-nos com os
recursos precisos do autoconhecimento.
A parapsicologia nas Universidades e o estudo dos
mecanismos do cérebro e do sonho, do magnetismo e do
pensamento nas instituições ligadas à psiquiatria e às
ciências mentais, embora dirigidos noutros rumos,
chegarão – igualmente – à verdade, mas, antes que se
integrem conscientemente no plano da redenção humana, burilemos,
por nossa vez, a mediunidade, à luz da Doutrina Espírita,
que revive a Doutrina de Jesus, no reconhecimento de
que não basta a observação dos fatos em si, mas também
que se fazem indispensáveis a disciplina e a
iluminação dos ingredientes morais que os constituem,
a fim de que se tornem fatores de aprimoramento e
felicidade, a benefício da criatura em trânsito para a
realidade maior”.
-
KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. 71.
ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2003, 2ª parte,
capítulo V, item 98, § 9º.
-
KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 88.
ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2006, q. 459.
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