Na luz da justiça
A justiça humana, conquanto respeitável, frequentemente
julga os fatos que considera puníveis pelos derradeiros
lances de superfície, mas a Justiça Divina observa todas
as ocorrências, desde os menores impulsos que lhes deram
começo.
Identificaste os culpados pelas tragédias,
minuciosamente descritas na imprensa; no entanto, muitas
vezes tudo ignoras acerca das inteligências que as
urdiram na sombra.
Viste pais e mães, aparentemente felizes e vigorosos,
tombarem na desencarnação prematura, minados por
sofrimentos indefiníveis, mas não enxergaste os filhos
inconsequentes que lhes exauriram as forças.
Anotaste os companheiros que desertaram da construção
espiritual, censurando-lhes o esmorecimento e o recuo;
todavia, não te apercebeste dos amigos levianos que lhes
exterminaram a tenra sementeira de luz, no apontamento
escarnecedor.
Reprovaste os que se renderam à perturbação e à loucura,
estranhando-lhes a suposta fraqueza; entretanto, não
chegaste a conhecer os verdugos risonhos, do campo
social e doméstico, que os ficharam no cadastro do
manicômio.
Acusaste os irmãos que caíram em desdita e falência,
classificando-os na lista dos celerados; contudo, nem de
leve assinalaste a presença daqueles que os sitiaram no
beco da aflição sem remédio.
Não queremos, com isso, consagrar o regime da
irresponsabilidade.
Todos respiramos, no Universo, ante a luz da Justiça. O
autor de uma falta, naturalmente responderá por ela. Nos
tribunais da imortalidade, cada espírito devedor resgata
as suas próprias contas.
No entanto, em todas as circunstâncias, saibamos semear
o bem, esparzir o bem, sustentar o bem e cooperar para o
bem, de vez que as nossas ações provocam nos outros
ações semelhantes, e, se aquele que faz o mal é passível
de pena, aquele que organiza o mal conscientemente,
sofrerá pena maior.
Do livro Justiça Divina, obra
mediúnica psicografada pelo médium Francisco Cândido
Xavier.
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