Para o papa Gregório Magno, Elias
reencarnou em João Batista
O cristianismo primitivo aceitava a reencarnação, crença
essa comum entre todos os povos contemporâneos de Jesus
e de seus discípulos e de antes deles. Mas o Concílio
Ecumênico de Constantinopla, em 553, condenou a
‘preexistência’ da alma com relação ao momento da
fecundação do embrião humano, sem a qual não é possível
haver a reencarnação. Teria a Igreja, pois, feito uma
condenação indireta da reencarnação, ao condenar a
preexistência da alma? Não descartamos essa hipótese.
Segundo Paul Brupton, considerado o maior sábio da
Inglaterra do século 20, em seu livro “Verdades em
Perspectivas”, essa condenação provocou entre os
cristãos dos países do Oriente Médio muitos protestos e
conflitos com a polícia do Imperador Justiniano, do que
resultou a morte de cerca de um milhão de pessoas. E,
então, o que teria ocorrido se o concílio tivesse
condenado diretamente a reencarnação? Ademais, o próprio
papa São Gregório Magno (papa de 590 a 610), de grande
prestígio entre os cristãos primitivos, era também
reencarnacionista..
O Concílio Ecumênico referido foi convocado pelo
Imperador Justiniano, que era um grande adversário da
reencarnação, influenciado que foi, nessa questão, por
sua esposa imperatriz Teodora. Como era costume da
época, o imperador, e não o papa, era quem convocava os
concílios ecumênicos ou universais. O papa aprovava a
convocação deles. Mas com relação ao concílio citado,
sabe-se que o Papa Virgílio foi contra a sua convocação.
E diz-se que ele concordaria com a realização do
concílio, se ele tivesse por sede Roma e não
Constantinopla como ocorreu.
Os estudiosos da reencarnação sabem que Jesus diz
claramente que João Batista é a reencarnação do profeta
Elias. E, de acordo com a lei de causa e efeito ou
cármica, como Elias mandou degolar 450 sacerdotes de
Baal, ele como João Batista, 850 anos depois, é também
degolado. Ninguém deixará de pagar tudo até o último
centavo! (São Mateus 5:26).
Como já vimos, Gregório Magno defendia a reencarnação
com base no Evangelho, assunto esse tratado por Carlos
Torres Pastorino, ex-padre, com Doutorado de Bíblia em
Roma e catedrático de grego da Universidade Nacional de
Brasília (DF), (“Sabedoria do Evangelho”, Volume 3,
página 22). Para Gregório Magno, João nega ser Elias
(João 1:21). Porém negou como pessoa (personalidade).
“Somos de ontem e nada sabemos” (Jó 87:9). E como
explica Gregório, o Batista, ao negar ser o Elias que
estava para vir (Malaquias 3:1), ele se referiu à pessoa
(“persona”) dele. Já Jesus, ao afirmar que João é o
Elias, referiu-se ao espírito de Elias que é o mesmo do
Batista. Alguns pensam que Malaquias trata da vinda de
Elias, no “Juízo Final”. Mas Jesus, com sua autêntica
intepretação, esclarece que Elias já veio e não foi
reconhecido (São Mateus 17:12). Em outra passagem, Jesus
falava aos discípulos sobre Elias. E, então, eles
entenderam que Ele lhes falara de João Batista (São
Mateus 17:13). E ainda, em outra oportunidade, Jesus se
referindo ao Batista, reitera: “E se o quereis
reconhecer, ele é o mesmo Elias, que estava para vir.”
(São Mateus 11: 14).
Crendo, pois, na reencarnação, sentimo-nos bem por
termos como irmão dessa crença bíblica e racional um dos
maiores papas, o Papa São Gregório Magno, verdadeiro
seguidor de Jesus e de seus discípulos!
Nota do autor:
Recomendo “Reflexões sobre os
Pensamentos”, de Caruso Samel, com a coautoria deste
colunista e outros, Ed. Suprema, São Paulo, 2018.
|