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por José Reis Chaves

 

Para o papa Gregório Magno, Elias reencarnou em João Batista


O cristianismo primitivo aceitava a reencarnação, crença essa comum entre todos os povos contemporâneos de Jesus e de seus discípulos e de antes deles. Mas o Concílio Ecumênico de Constantinopla, em 553, condenou a ‘preexistência’ da alma com relação ao momento da fecundação do embrião humano, sem a qual não é possível haver a reencarnação. Teria a Igreja, pois, feito uma condenação indireta da reencarnação, ao condenar a preexistência da alma? Não descartamos essa hipótese. Segundo Paul Brupton, considerado o maior sábio da Inglaterra do século 20, em seu livro “Verdades em Perspectivas”, essa condenação provocou entre os cristãos dos países do Oriente Médio muitos protestos e conflitos com a polícia do Imperador Justiniano, do que resultou a morte de cerca de um milhão de pessoas. E, então, o que teria ocorrido se o concílio tivesse condenado diretamente a reencarnação? Ademais, o próprio papa São Gregório Magno (papa de 590 a 610), de grande prestígio entre os cristãos primitivos, era também reencarnacionista..

O Concílio Ecumênico referido foi convocado pelo Imperador Justiniano, que era um grande adversário da reencarnação, influenciado que foi, nessa questão, por sua esposa imperatriz Teodora. Como era costume da época, o imperador, e não o papa, era quem convocava os concílios ecumênicos ou universais. O papa aprovava a convocação deles. Mas com relação ao concílio citado, sabe-se que o Papa Virgílio foi contra a sua convocação. E diz-se que ele concordaria com a realização do concílio, se ele tivesse por sede Roma e não Constantinopla como ocorreu.  

Os estudiosos da reencarnação sabem que Jesus diz claramente que João Batista é a reencarnação do profeta Elias. E, de acordo com a lei de causa e efeito ou cármica, como Elias mandou degolar 450 sacerdotes de Baal, ele como João Batista, 850 anos depois, é também degolado.  Ninguém deixará de pagar tudo até o último centavo! (São Mateus 5:26).

Como já vimos, Gregório Magno defendia a reencarnação com base no Evangelho, assunto esse tratado por Carlos Torres Pastorino, ex-padre, com Doutorado de Bíblia em Roma e catedrático de grego da Universidade Nacional de Brasília (DF), (“Sabedoria do Evangelho”, Volume 3, página 22). Para Gregório Magno, João nega ser Elias (João 1:21). Porém negou como pessoa (personalidade). “Somos de ontem e nada sabemos” (Jó 87:9). E como explica Gregório, o Batista, ao negar ser o Elias que estava para vir (Malaquias 3:1), ele se referiu à pessoa (“persona”) dele. Já Jesus, ao afirmar que João é o Elias, referiu-se ao espírito de Elias que é o mesmo do Batista. Alguns pensam que Malaquias trata da vinda de Elias, no “Juízo Final”. Mas Jesus, com sua autêntica intepretação, esclarece que Elias já veio e não foi reconhecido (São Mateus 17:12). Em outra passagem, Jesus falava aos discípulos sobre Elias. E, então, eles entenderam que Ele lhes falara de João Batista (São Mateus 17:13). E ainda, em outra oportunidade, Jesus se referindo ao Batista, reitera: “E se o quereis reconhecer, ele é o mesmo Elias, que estava para vir.” (São Mateus 11: 14).

Crendo, pois, na reencarnação, sentimo-nos bem por termos como irmão dessa crença bíblica e racional um dos maiores papas, o Papa São Gregório Magno, verdadeiro seguidor de Jesus e de seus discípulos!

 

Nota do autor:

Recomendo “Reflexões sobre os Pensamentos”, de Caruso Samel, com a coautoria deste colunista e outros, Ed. Suprema, São Paulo, 2018.


 

 

     
     

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