Obesidade infantil: prevenir, reduzir...
Sem a educação das sensibilidades todas as habilidades
são tolas e sem sentido.
Rubem Alves
A obesidade infantil é um dos problemas de saúde pública
mais grave do século XXI, alertou recentemente a
Organização Mundial de Saúde. Calcula-se que em 2025
haverá 2,3 bilhões de adultos com sobrepeso e pelo menos
700 milhões de obesos. Entre as crianças, sobrepeso e
obesidade devem chegar a 75 milhões, caso nada seja
feito.
Ainda que se considere a inclinação genética, sabemos,
hoje, que o sobrepeso e a obesidade na infância são
largamente decorrentes de estilos de vida pouco
saudáveis, que combinam uma má alimentação com pouca
atividade física.
Quem ensina a criança a comer bem?
Pais conscientes sabem que é preciso ensinar a criança a
comer bem, com calma, elegendo o que é conveniente a um
desenvolvimento saudável, pois reconhecem com firmeza
que é na infância que são estruturados nossos
alimentares – o gosto por verduras, frutas, água, banana
na lancheira.
Há alguns anos, as crianças tinham tempo e segurança
para brincarem de modo livre e criativo – nas praças,
nas ruas do bairro, no quintal das casas, subir na
árvore, colher fruta no pé! Hoje, a vida sedentária nos
lares reforça um mal silencioso: o sobrepeso, a
obesidade. Porque a criança, frente à TV, por exemplo,
pouco se esforça fisicamente.
Para evitar que o sobrepeso se enraíze na infância, é
fundamental que pais ou responsáveis garantam às
crianças uma alimentação balanceada, evitando excesso de
consumo de açúcar, gorduras e sódio; incentivando a
prática regular de atividades físicas.
Prevenir a obesidade na infância significa,
principalmente, mudar hábitos, retomando algumas lições
singelas: voltar a comer arroz com feijão, e, nas
refeições, o consumo justo de frutas e hortaliças, leite
e derivados…
Para as crianças pequenas, que ainda estão aprendendo a
comer, é importante que a família não consuma produtos
que são proibidos para elas. Porque os pais, antes de
dizer não, precisam dar o exemplo.
Educar dá trabalho, quem dirá o contrário? Os pais, tal
como um céu límpido, lá-alto, necessitam atenciosamente
insistir com brócolis, pão integral, chá de hortelã para
tomar com ternura. Aprenderá devagarinho a criança um
cardápio espantoso...
Notinhas
Como reduzir o sobrepeso ou a obesidade infantil? A OMS
sinaliza algumas recomendações para reverter essa
péssima tendência: a) as autoridades de saúde devem
informar melhor as famílias sobre a alimentação
saudável, incentivar as mães a exclusivamente amamentar
os recém-nascidos nos primeiros seis meses, oferecer
alimentos saudáveis nas escolas e facilitar a prática de
esportes pelas crianças.
Quem ensina a criança a comer bem? Em casa, os pais
devem promover ambientes domésticos saudáveis e exigir
que as cantinas/refeitórios das escolas também ofereçam
às crianças alimentos saudáveis.
Em casa, ofereça lanches balanceados: bebidas – aposte
em água, sucos naturais, chás e água de coco. Não
permita bebidas açucaradas; carboidratos – pães,
bolachas sem recheio e bolos caseiros. Mas fique atento
à porção; frutas – morango, maçã, uva, pera e banana.
Priorize as frutas da estação; e proteínas – queijos,
iogurtes, bebidas lácteas sem açúcar (Fonte: Associação
Brasileira de Pediatria).
A obesidade eleva os riscos de diabetes, câncer e
ataques cardíacos. Estudos apontam que 150 mil crianças
e jovens no Brasil, em 2025, desenvolverão diabetes tipo
2, enquanto 1 milhão terão pressão arterial elevada.
Outro dado alarmante é o número de crianças com excesso
de gordura no fígado de origem não alcoólica e que
merece atenção especial nas políticas de prevenção e
tratamento de doenças causadas pelo excesso de peso, a
fim de evitar que aumente muito a população de jovens
adultos em risco de morbidade e morte prematura. |