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por Claudio Viana Silveira

 

A corte do orgulho


Meu orgulho mora na torre mais alta do castelo de minha vida.

Particularmente, tenho muita dificuldade em administrar e compreender o orgulho dos outros, pois o meu não permite.

Meu orgulho, em mirante espetacular, só olha de cima para baixo e vê coisas e seres pequenos, insignificantes.

Meu orgulho possui um irmão gêmeo – chamado egoísmo – que mora com ele em seu prazeroso castelo.

Meu orgulho está sempre acompanhado da donzela vaidade que, caprichosa, sempre influi em suas atitudes.

Meu orgulho possui também outras companhias: a arrogância é uma balzaquiana que não se dobra; a soberba é quase sua irmã ou, ao menos, em muito se lhe parece. Há ainda outras jovens ou, nem tanto, que compõem o seu séquito, como a presunção que lhe toma conta da agenda, o controlador na ‘pasta’ da hipocrisia e o perfeccionista, ‘quase’ pudico.

Nas cercanias do castelo de meu orgulho – num ‘ladeirão’ – há um vilarejo onde moram personagens humildes e fraternos: meu orgulho não se relaciona muito bem com essa ‘estranha’ vizinhança.

Meu orgulho dita normas de bom proceder que, na verdade, só não conseguem normatizar a sua vida.

Meu orgulho tem carro bom e quase que intocável: não é desses utilitários que carregam pessoas necessitadas por ruas esburacadas a qualquer hora da noite; ‘ambulância’, nem pensar!

Meu orgulho, doutor em regras de trânsito, é, na maioria das vezes, inflexível, não admitindo exceções, tão pouco falhas ‘alheias’.

Meu orgulho, quando confronta guardadores, catadores/recicladores, frentistas, lavadores… os considera todos subempregados e servis acomodados. Moedas para eles só as pequeninas; a que possui a ‘República na cara’, nem pensar! Uma palavra boa é perda de tempo com esses ‘desocupados’.

 

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Perguntamo-nos, então, como encaixar a humildade em a corte do orgulho?

Todos nós sabemos que o mais salutar e razoável será depormos o monarca!...


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita