A. De
que
provém a
principal
força do
ateísmo?
Conforme
o
pensamento
de
Flammarion,
a
principal
força do
ateísmo
provém
dos
excessos
cometidos
pelo
Espiritualismo.
Como têm
tratado
a
Natureza
os
imprudentes
espiritualistas?
Admitiram
uma
eternidade
inativa,
uma
criação
espontânea
do
Universo.
No vácuo
infinito,
uma
vontade
arbitrária
estabelece
a
sucessão,
a
duração
e a
extensão.
O mundo
não
radica
no
passado
e
aparece-nos
como
puro
acidente.
Mas, não
é só: o
espiritualismo
exclusivista
comporta
concepções
ainda
mais
temerárias,
tais
como a
negação
da
matéria,
fato
comentado
por
Flammarion
na
primeira
parte
deste
livro. (Deus
na
Natureza
– Quinta
Parte. Deus.)
B. Em
que
creem e
como se
comportam
os
fanáticos?
Eles
creem em
muitas
coisas
e, em
alguns
casos,
acreditam
firmemente
nos mais
clamorosos
absurdos,
chegando
a
presumir-se
em
relação
direta
com
Deus e
a
conferir-se,
por
virtude
dessa
mesma
graça, o
privilégio
da
infalibilidade.
Esses
espíritos
pecos
imaginam,
ingenuamente,
que o
fantasma
que eles
forjaram
é o
verdadeiro
Deus,
criador
do céu e
da
Terra, e
ao
mínimo
pretexto
averbam
doutoralmente,
de ateus
e
ímpios,
quantos
com eles
não
comungam.
Não
sabem
distinguir
o formal
do
essencial.
Se, por
exemplo,
escrevermos
esta
profissão
de fé:
“cremos
de todo
o
coração
na
existência
de Deus,
mas não
conhecemos
o Ser
misterioso,
assim
denominado
e
julgamos
impossível
que o
homem
consiga
compreendê-lo”
–
estamos
certos
de que
os
zelotes
da
religião
e da
moral
vão de
pronto
gritar –
blasfêmia,
iniquidade!
– e
interditar
às suas
ovelhas
a
leitura
deste
livro. (Deus
na
Natureza
– Quinta
Parte. Deus.)
C. É
verdade
que
espíritos
assim
tacanhos
encontramos
em todas
as
confissões
religiosas?
Sim,
tanto no
seio dos
cristãos,
como
entre os
judeus e
os
muçulmanos.
Toda
bandeira
tem os
seus
imprudentes.
Contudo,
a
investigação
imparcial
da
verdade
exclui
de seus
domínios
os
exageros
do
fanatismo,
tanto
quanto
os do
cepticismo.
E
prossegue
na sua
tarefa
laboriosa
e
fecunda,
expondo
sinceramente
o
ensinamento
recolhido
das suas
descobertas
sucessivas. (Deus
na
Natureza
– Quinta
Parte. Deus.)
Texto
para
leitura
1081.
Pela
documentação
de
Arístoto,
vemos
que a
grande
preocupação
de
Xenófanes
era não
identificar
Deus com
o mundo,
sem
contudo
conceituá-lo
uma
abstração.
A ideia
de um
ser
infinito,
fora do
movimento,
parecia-lhe
uma
ideia
puramente
negativa
e, por
isso,
receava
aplicá-la
a Deus.
Ao mesmo
tempo,
como
pitagórico,
repugnava-lhe
fazer
dele um
ser
finito,
móbil e
unicamente
dotado
de
atributos
mundanos. (Deus
na
Natureza
– Quinta
Parte. Deus.)
1082.
Simplícius
lembrou
dois
versos
do
filósofo,
nos
quais
parece
admitir
a
imobilidade
do
primeiro
princípio:
– “Ele
permanece
imutável
em si
mesmo,
não se
desloca
de um
lugar
para
outro,
de vez
que é
idêntico
a si
mesmo.” (Deus
na
Natureza
– Quinta
Parte. Deus.)
1083.
Xenófanes
preocupou-se
principalmente
com o
mundo
exterior,
mas, não
estranho
às
especulações
pitagóricas,
soube
entrever
a
inteligência,
a
harmonia
e a
unidade
deste
mundo,
chamando
Deus a
essa
unidade,
tal como
a
entrevia
e
sentia,
isto é:
em
relação
íntima
com o
mundo,
sem
negar
que
fosse
essencialmente
distinta,
mas
tampouco
afirmando
que o
fosse.(Deus
na
Natureza
– Quinta
Parte.Deus.)
1084.
Todos os
historiógrafos
concordam
em
atribuir
a
Xenófanes
a
invenção
do
cepticismo
universal,
ao mesmo
tempo
que o
acusam
de
panteísta.
Valerá,
talvez,
frisar
aqui a
extravagância
dessa
forma de
acusação,
que
começa
por
irrogar
a um
homem o
seu
ferrenho
dogmatismo
e acaba
censurando-o
por
haver
introduzido
na
Filosofia
a
doutrina
da
incompreensibilidade
de todas
as
coisas.
Sêxtus
cita em
apoio
desta
opinião
um texto
de
Xenófanes:
“Nenhum
homem
soube
nem
saberá
nada de
certo a
respeito
dos
deuses e
de tudo
quanto
falo. E
o que
melhor
fala
nada
sabe, e
o que
predomina
em tudo
é a
opinião”.(Deus
na
Natureza
– Quinta
Parte.Deus.)
1085. O
próprio
filósofo,
também
ele, não
se
explica
de um
modo
claro.
Pois não
diz
tratar-se
daqueles
deuses
aos
quais
sabemos
que ele
movia
uma
guerra
encarniçada?
O laço
que o
prendia
às duas
escolas
de que
fazia
parte
era o
cepticismo
e nessas
escolas
vigorava,
com
fórmula
convencionada,
que a
crença
nos
deuses
era
extracientífica.
Hoje
estamos
na mesma
situação:
há
deuses
humanos
a
desmascarar
e um
Deus
verdadeiro
a
revelar.
Hoje
ainda,
como no
tempo de
Xenófanes,
importa
combater
essas
tendências
do homem
para
tudo
referir
a si e
para
transportar
as suas
ideias
imperfeitas
ao
domínio
do
Criador. (Deus
na
Natureza
– Quinta
Parte.Deus.)
1086. A
ciência
iconoclasta
derruba
as
nossas
imagens
pueris.
A
Ciência,
é
verdade,
não se
ocupa
diretamente
com as
nossas
crenças;
ninguém
duvida
tenha
ela
outros
motivos
de
estudo
menos
incompreensíveis
e mais
positivos.
A
principal
força do
ateísmo
provém,
indubitavelmente,
dos
excessos
mesmos
do
Espiritualismo,
a
desafiarem
uma
inevitável
quão
legítima
correção. (Deus
na
Natureza
– Quinta
Parte. Deus.)
1087.
Como têm
tratado
a
Natureza
os
imprudentes
espiritualistas?
Admitiram
uma
eternidade
inativa,
uma
criação
espontânea
do
Universo:
no vácuo
infinito,
uma
vontade
arbitrária
estabelece
a
sucessão,
a
duração
e a
extensão.
O mundo
não
radica
no
passado
e
aparece-nos
como
puro
acidente.
Mas, não
é só: o
espiritualismo
exclusivista
comporta
concepções
ainda
mais
temerárias,
tais
como a
negação
da
matéria,
que já
entrevimos
na
primeira
parte. (Deus
na
Natureza
– Quinta
Parte. Deus.)
1088.
Berkley[i] emitiu
estas
duas
afirmações:
“Há
verdades
tão
perto de
nós e
tão
fáceis
de
alcançar,
que
basta
abrir os
olhos
para as
perceber.
Entre as
mais
importantes,
parece-me
encontrar-se
a de que
a
luminosa
abóbada
celeste,
a Terra
e quanto
nela se
contém,
tudo, em
suma,
que
compõe
este
Universo
esplêndido
não tem
realidade
fora do
nosso
espírito.”
Confessemos
que
levar o
paradoxo
a esse
ponto é
provocar
o
excesso
contrário,
que não
demora a
rebatida
violenta
sob o
prisma
do
ateísmo. (Deus
na
Natureza
– Quinta
Parte. Deus.)
1089.
Fanáticos
outros
há que
não só
acreditam
firmemente
nos mais
clamorosos
absurdos,
como se
presumem
em
relação
direta
com o
próprio
Deus e
se
conferem,
por
virtude
dessa
mesma
graça,
um
privilégio
de
infalibilidade.
Esses
espíritos
pecos
imaginam,
ingenuamente,
que o
fantasma
que eles
forjaram
é o
verdadeiro
Deus,
criador
do céu e
da
Terra, e
ao
mínimo
pretexto
averbam
doutoralmente,
de ateus
e
ímpios,
quantos
com eles
não
comungam.
Em os
ouvindo,
é
preciso
acreditar
nas suas
pataratas,
ou de
tudo
descrer.
Não há
meios-termos.
Todo
espírito
que se
não
veste
pelo seu
figurino
é
anátema.
Chegam
mesmo a
declarar
que
preferem
o mais
obstinado
incrédulo
ao
crente
que
diverge
das suas
opiniões. (Deus
na
Natureza
– Quinta
Parte. Deus.)
1090.
Não
sabem
distinguir
o formal
do
essencial.
Se, por
exemplo,
escrevermos
esta
profissão
de fé:
“cremos
de todo
o
coração
na
existência
de Deus,
mas não
conhecemos
o Ser
misterioso,
assim
denominado
e
julgamos
impossível
que o
homem
consiga
compreendê-lo”
–
estamos
certo de
que os
zelotes
da
religião
e da
moral
vão de
pronto
gritar –
blasfêmia,
iniquidade!
– e
interditar
às suas
ovelhas
a
leitura
deste
livro. (Deus
na
Natureza
– Quinta
Parte. Deus.)
1091.
Não nos
detivesse
aqui um
escrúpulo
todo
pessoal
e
poderíamos,
assim,
de
antemão
citar o
título
dos
jornais
e o nome
dos
escritores
que nos
vão
increpar
de
blasfemo.
Espíritos
assim
tacanhos
encontramos
em todas
as
confissões
e em
todos os
dogmas:
nos
católicos
e
protestantes
da
Irlanda
ou da
Alemanha,
como nos
judeus
ou nos
muçulmanos
do Cairo
e de
Constantinopla.
Toda
bandeira
tem os
seus
imprudentes.
Todavia,
a
investigação
imparcial
da
verdade
exclui
de seus
domínios
os
exageros
do
fanatismo,
tanto
quanto
os do
cepticismo.
Ela
prossegue
na sua
tarefa
laboriosa
e
fecunda
e expõe
sinceramente
o
ensinamento
recolhido
das suas
descobertas
sucessivas. (Deus
na
Natureza
– Quinta
Parte. Deus.)
1092.
Dos
progressos
gerais
da
Ciência
resulta,
dizíamos,
que a
ideia
comum
acerca
de Deus
está
atrasada
e
tornou-se
até
mesquinha
e
inaceitável,
à face
desses
enormes
progressos.
À medida
que se
amplia o
conhecimento
da
Natureza,
faz-se
necessário
desenvolver
a
concepção
do seu
Autor.
São
noções
paralelas
que
participam,
necessariamente,
dos
mesmos
movimentos.
Assim
como
nada
existe
de
absoluto
em
nossos
conhecimentos
da
criação,
assim
também,
nada
absoluto
podemos
idealizar
sobre o
Criador.
E a
Ciência,
longe de
destruir
a velha
ideia da
existência
de Deus,
desenvolve-a
e
torna-a
gradualmente
menos
indigna
da
majestade
que lhe
é
apanágio.(Deus
na
Natureza
– Quinta
Parte.Deus.)
1093.
Assim,
não é
mais um
ser
humano,
não é
mais uma
personagem
real que
a
inteligência
atilada
lobriga
na
cimeira
da
criação.
Nossos
mais
altos
conceitos
de
hierarquia,
de
soberania,
de
cetros e
tronos
perderam
toda a
capacidade
de
comparação;
os mais
nobres
sentimentos
de
santidade,
grandeza,
poder,
bondade
e
justiça
abatem-se
estéreis
perante
o ser
desconhecido.
Quando
pronunciamos
a
palavra infinito,
queremos
nos
referir
a um
atributo
cujo
caráter
ignoramos
totalmente.
A soma
integral
dos
nossos
pensamentos
é menos
que zero
no
cômputo
do
absoluto.
Comparados
à
realidade
desse
absoluto,
estão
dele
mais
infinitamente
distantes
do que
estariam
dos
nossos
os de um
mísero
peixe
nas
profundezas
oceânicas.
É nessa
altura
que as
revelações
da
Ciência
nos
convidam
a crer. (Deus
na
Natureza
– Quinta
Parte. Deus.)
1094.
Dilatando-se
a esfera
de nossa
contemplação
e
espalhando
uma luz
mais
instrutiva
sobre a
composição
geral do
Universo,
também
avulta e
aclara-se-nos
o senso
íntimo
da
divindade.
Ora,
ainda
que a
Ciência
não nos
houvera
prestado
outros
serviços,
ainda
assim,
enorme
seria a
sua
influência,
visto
que,
ensejando
o
desmoronamento
dos
velhos
andaimes
para
substituí-los
e
entremostrar
o
edifício
ideal da
verdade,
ela
desloca
o eixo
do mundo
e renova
a
superfície
do
terreno
intelectual.
É ao
espírito
científico
que se
aplica
doravante
o Renovabis
faciem
terrae. (Deus
na
Natureza
– Quinta
Parte. Deus.)
1095.
Passando
dos
domínios
dos
seres
criados
para os
do
espírito
puro, a
noção de
Deus
sofre
uma
metamorfose
correlata
à noção
das
forças
da
Natureza.
Estas
forças
não são
mais
elos
materiais,
nem
mesmo
fluídicos.
Deus
aparece-nos
sob a
ideia de
um
Espírito
permanente
e
residente
no âmago
das
coisas.
Deixa de
ser o
soberano
a
governar
das
alturas
celestes
para ser
a lei
invisível
dos
fenômenos.
Não
habita
um
Paraíso
povoado
de anjos
e de
eleitos
e, sim,
a
amplidão
infinita,
repleta
da sua
presença,
ubiquidade
imóvel,
totalizada
em cada
ponto do
Espaço,
em cada
instante
do
tempo,
ou por
melhor
dizer,
eternamente
infinita
e
sobranceira
a tempo,
espaço e
ordem de
sucessão,
qualquer
passado
e futuro
existem
para
nós,
seres
sujeitos
a tempo
e
medida,
não para
o
Eterno.
O espaço
oferece-nos
dimensões
variadas
e o
infinito
não. Não
são
afirmações
metafísicas
de cuja
solidez
possamos
suspeitar,
mas,
antes,
deduções
inevitáveis
e
resultantes
dos
próprios
dados da
Ciência
sobre a
relatividade
dos
movimentos
e a
universalidade
das
leis. (Deus
na
Natureza
– Quinta
Parte. Deus.)
1096. A
ordem
universal
reinante
na
Natureza,
a
inteligência
revelada
na
construção
dos
seres, a
sabedoria
espalhada
em todo
o
conjunto,
qual uma
aurora
luminosa
e,
sobretudo,
a
universidade
do plano
geral
regida
pela
harmoniosa
lei da
perfectibilidade
constante,
apresenta-nos,
já
agora, a
onipotência
divina
como
sustentáculo
invisível
da
Natureza,
lei
organizadora,
força
essencial,
da qual
derivam
todas as
forças
físicas,
como
outras
tantas
manifestações
particulares
suas.
Podemos,
assim,
encarar
Deus
como um
pensamento
imanente,
residente
inatacável
na
essência
mesma
das
coisas,
sustentando
e
organizando,
ele
mesmo,
as mais
humildes
criaturas,
tanto
quanto
os mais
vastos
sistemas
solares,
de vez
que as
leis da
Natureza
não mais
seriam
concebíveis
fora
desse
pensamento;
antes,
são dele
eterna
expressão.(Deus
na
Natureza
– Quinta
Parte.Deus.)
1097.
Esta
convicção,
adquirimo-la
no exame
e
análise
dos
fenômenos
da
Natureza.
Para
nós,
Deus não
está
fora do
mundo,
nem a
sua
personalidade
se
confunde
na ordem
física
das
coisas.
Ele é o
pensamento
incognoscível,
do qual
as leis
diretivas
do mundo
representam
uma
forma de
atividade. (Deus
na
Natureza
– Quinta
Parte. Deus.)
1098.
Tentar a
definição
desse
pensamento
e
explicar
o seu
processo
operatório,
pretender
discutir
seus
atributos
ou
procurar
os seus
caracteres,
resolver
o abismo
infinito
na
esperança
de poder
satisfazer
nossa
avidez
de
conhecimento,
seria,
ao nosso
ver,
empresa
não
apenas
insensata,
mas até
ridícula.
Um tal
ensaio
demonstraria
que o
seu
autor
não
compreendera
a
distinção
essencial
que
separa o
infinito
do
finito.
Entre
estes
dois
termos
há uma
distância
que
ponte
alguma
poderia
cobrir.
Deus é,
por sua
natureza
mesma,
incognoscível
e
incompreensível
para
nós. (Deus
na
Natureza
– Quinta
Parte. Deus.)
1099.
Não é
preciso
mergulhar
no
labirinto
do
desconhecido
para
chegarmos
à
certeza
da
existência
de Deus.
Em o
fazer,
talvez
houvesse
mesmo
algum
perigo,
se se
obstinassem
a viver
nas
sombras
de um
mistério
impenetrável.
Certo, é
já
dificílimo
inferir
do Ser
supremo
a noção
científica
que aqui
deixamos
entrever.
Os
próprios
espíritos
mais
ponderados
experimentam
áridos
obstáculos
para
assim
penetrar
no
desconhecido
pelo
conhecido,
no
invisível
pelo
visível,
na lei
pensada
pela lei
manifestada,
na força
original
pela
força
sensível. (Deus
na
Natureza
– Quinta
Parte. Deus.)
1100.
Estamos
tão
intimamente
convencidos
do
trabalho
necessário
ao
intelecto
humano
para
chegar à
noção
filosófica
do Deus
da
Natureza,
que nos
abstivemos
de
profundar
mais a
sua
concepção,
temendo
que uma
forçada
contensão
de
espírito
pudesse
empanar
a
própria
ideia.
Concepção
só
acessível,
portanto,
às almas
que
compreendem
a
importância
e o
interesse
desses
problemas,
sonhando,
nas
horas de
solitude,
com a
revolução
de Deus
pela
ciência
da
Natureza
e
descendo
ou
elevando-se
(em
Astronomia
é a
mesma
coisa)
através
do
velário
das
aparências
corpóreas,
até à
causa
virtual
que tudo
movimenta
em plano
de ordem
e
harmonia,
tudo
dispondo
consoante
seu peso
e
medida. (Deus
na
Natureza
– Quinta
Parte. Deus.)
1101.
Esta
concepção
do
pensamento
eterno
poderá
parecer
racional
(assim o
esperamos)
a
quantos
estejam
habituados
ao
método
das
ciências
positivas
e não se
tenham
transviado
nelas, a
ponto de
obliterar
a noção
de causa
primária.
À
progênie
dos que
mutuamente
se
incendiaram
nos
tempos
de João
Huss e
de
Miguel
Cervet,
a nossa
concepção
há de
parecer
herética.
Eles nos
inquinarão
de
panteísta,
sem
querer
compreender
que não
identificamos
a
personalidade
divina
com as
transformações
da
matéria.
Hão de
declarar
que
pretendemos
que tudo
é Deus e
que todo
o mundo
se
governa
por si
mesmo. (Deus
na
Natureza
– Quinta
Parte. Deus.)
1102.
Outros
terão a
fantasia
de nos
qualificar
de ateu
e
corruptor
da moral
evangélica,
incapazes,
que são,
de
compreender
a
adoração
a outro
Deus que
não o
seu. Uma
terceira
categoria,
ainda
mais
radicalista
e
exagerada,
tratará
de
malfeitores
a
quantos
se
deixarem
levar
pela
ideia
acima
formulada.
Mas,
aonde
iríamos
parar se
houvéssemos
de
revidar
a toda
essa
gente?
Na
realidade,
toda
essa
atoarda
só
significa
uma
coisa:
que
estamos
caminhando
para a
frente.(Deus
na
Natureza
– Quinta
Parte.Deus.)
1103. A
doutrina
aqui
professada
pode
considerar-se
um
ateísmo
ontológico,
o
esforço
do homem
para
conhecer
o Ente
absoluto.
É uma
forma
necessária,
imposta
pelo
teísmo
racional.
O
argumento
extraído
da
Teologia
prova um
Deus
universal,
autor de
todas as
coisas,
e o
argumento
da
Ontologia
prova a
infinidade
de Deus.
Não
podemos
admitir
um sem
outro,
quaisquer
que
sejam as
dificuldades
para
conciliar
as
respectivas
conclusões.
Essas
dificuldades
decorrem
da
grandeza
do
assunto
e, ainda
que não
podendo
ir além
do
alcance
da nossa
vista,
não é
razão
para
fechar
os olhos
ao que
se torna
evidente.
Trocando
o
vocábulo
panteísmo
por
teísmo,
confessamos,
com um
pastor
anglicano[ii],
que o
“teísmo”
é, por
toda
parte,
reconhecido
como
teologia
da
razão,
razão
que
poderá
ser
impotente,
mas, em
definitiva,
é a
única
que
possuímos. (Deus
na
Natureza
– Quinta
Parte. Deus.)
1104. O
teísmo é
a
filosofia
da
religião,
de todas
as
religiões,
é o alvo
da
verdade.
Preciso
se nos
faz
pensar,
ou
deixar
de
pensar e
raciocinar
acerca
de todos
os
problemas
da
criação.
Podem as
criaturas
deter-se
no
símbolo;
Igrejas
e seitas
podem
lutar e
tolher a
meio
caminho
as
consciências,
apelando
para
Escrituras
ou
tentando
fixar
limites
ao
pensamento
religioso,
mas
Deus,
esse,
não os
tem
fixado.
A razão
humana,
todavia,
incoercível
e
inevitável
no seu
progredir,
como no
seu
divino
amor à
liberdade,
quebra
todas as
cadeias
e vence
todos os
entraves. (Deus
na
Natureza
– Quinta
Parte. Deus.)
1105.
Se, ao
invés de
tomar
por
objeto
de
estudo
Deus, na
Natureza,
preferíssemos
aqui
apresentar
Deus
segundo
os
homens,
competiria
discutir,
agora, a
ideia
que os
filósofos
contemporâneos
formularam,
a
respeito
do Ente
supremo.
E seria,
na
verdade,
um exame
digno do
maior
interesse.
Mas os
limites
sempre
crescentes
desta
obra nos
forçam a
restringir
a
argumentação
ao seu
objetivo
precípuo.
Nosso
dever,
portanto,
é aqui
juntar
simplesmente
o esboço
das
figuras
em que
se
fixaram
os
nossos
pensadores,
para
representar
a
personificação
divina. (Deus
na
Natureza
– Quinta
Parte. Deus.)
(Continua
no
próximo
número.)
[ii] Reverendo John Hunt – An Essai on Pantheism, 1866.