Acusação indébita
No capítulo da censura, comumente chega em nossa vida um
momento de perplexidade, à frente do qual muitos
companheiros se mostram ameaçados pelo desânimo.
Não se trata da ocasião em que somos induzidos a
reprovar os outros e nem mesmo daquela em que somos
repreendidos, em razão de nossas quedas.
Reportamo-nos à hora em que nos vemos acusados por
faltas que não perpetramos e por intenções que não nos
afloram à mente.
Desejamos falar das circunstâncias em que somos julgados
por falsas aparências, dando lugar a comentários
depreciativos em torno de nós mesmos.
Teremos agido no bem de todos e, em seguida, analisados
sob prisma diferente, qual se estivéssemos diligenciando
gratificar o próprio egoísmo; de outras vezes assumimos
posição de auxílio ao próximo, empenhando nossas
melhores energias, de modo a que se faça harmonia e
eficiência na máquina de ação de que somos peça viva, e
tivemos nossas palavras ou providências, sob
interpretação infeliz, atraindo-nos à crítica
desapiedada, até mesmo naqueles amigos a quem oferecemos
o coração.
Atingindo esse ponto nevrálgico no caminho, não te
permitas o mentiroso descanso no esmorecimento.
Se trazes a consciência tranquila, entre os limites
naturais de tuas obrigações ante as obrigações alheias,
ora pelos que te censuram ou injuriam e prossegue
centralizando a própria atenção no desempenho dos
encargos que o Senhor te confiou, de vez que o tempo é o
juiz silencioso de cada um de nós.
Ouve a todos, trabalhando e trabalhando.
Responde a tudo, servindo e servindo.
Nos dias nublados, quando as sombras se amontoem ao
redor de teus passos, converte toda tendência à
lamentação em mais trabalho, e transfigura as muitas
palavras de autojustificação, que desejarias dizer, em
mais serviço, conversando com os outros através do
idioma inarticulado do dever retamente cumprido,
porquanto se, em verdade, não temos o coração claramente
aberto à observação dos que nos cercam no mundo, a todo
instante, a justiça nos segue, e em toda parte Deus nos
vê.
Do livro Rumo certo, obra
mediúnica psicografada pelo médium Francisco Cândido
Xavier.
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