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por Elsa Rossi

  

A gaivota e a lição


Há muitos anos, nos reuníamos num espaço lindo, envidraçado, com vista para o mar e para a colina onde se situava um verde campo de golf. O Grupo Espírita de Brighton tinha uma situação privilegiada. O terreno muito largo e comprido, cheio de macieiras, inclinado para o mar, era o paraíso das gaivotas. Muito antes do horário das reuniões, ao entardecer, ao cair do sol, eu me divertia levando miolo e pedaços de pão para as gaivotas, que constantemente faziam pouso no lindo gramado verde. Era um local muito agradável no topo da colina calcárea, em Brighton, uma das cidades costeiras muito próxima de Londres, com lindas praias de pedrinhas coloridas, chamadas “pebbles” e um pier que avança mar adentro dando a sensação de que o oceano nos abraça.

Como já era hábito, naquele exato horário semanal, desciam as gaivotas, ávidas por comer seus “treats”, pedacinhos de pão... Eu presenciava todas as vezes a mesma cena. Uma gaivota que tinha um pedaço da asa danificada de cor escura era intransigente. Ao invés de buscar os seus pedacinhos de pão, investia contra as demais gaivotas, bicando-as, afugentando-as e, ao final de poucos minutos, nem um pedacinho de pão mais sobrara, e a gaivota da asa escura , uma vez mais, ficara sem comer. E assim se repetiam as coisas, semanas após semanas. 

Fiquei meditando nessa gaivota e a comparo com pessoas cujo comportamento é exatamente o mesmo. Implicam com tudo e todos e nada produzem. É como alguns irmãos e irmãs de jornada, fazem estardalhaços, espantam pessoas, reclamam de outras, evidenciam falhas desnecessárias, dão mais importância ao ponto preto no lençol, do que à brancura do todo. Ai daquele que promove o escândalo, nos diz o Evangelho... claro e simples.

Enfim...prestam um desserviço à divulgação à paz dos corações.

Ouvimos as palestras sobre a chegada do Mundo de Regeneração, lemos obras fantásticas sobre a Transição Planetária, temos a rica leitura do final do livro A Gênese, capítulo 18, a Geração Nova compilada por Allan Kardec (meu exemplar é tradução ao português pela FEAL, da 1ª publicação por Allan Kardec). Com tudo isso, seremos realmente poucos os escolhidos, dentre os muitos chamados. Como é dificil ser bom, fazer a tão sonhada reforma íntima! Tenho por lema uma frase... Muitos amigos do grupo de estudo já sabem de cor e salteado, quando começo a pronunciar as primeiras letras ao falar... “JAMAIS DEVEMOS JULGAR”... Julgar alguém é algo tão, mas tão dolorido, pra mim, que não o faço jamais... Li certa feita uma mensagem de Chico Xavier que diz: “Uma das mais belas lições que tenho aprendido com o sofrimentoNão julgar, definitivamente não julgar a quem quer que seja”.  

Assim, prosseguindo na tarefa, usando as duas frases que me guiam: uma de Chico, - “faça tudo com simplicidade, o importante é o conteúdo” - e a outra de Divaldo – “focar no trabalho, trabalhar sempre com determinação e objetivo”. 

Assim, nestes dias calorosos de Londres, temperaturas diárias entre 29 e 32 graus, vamos fazendo a parte que nos cabe, nestas terras de além-mar!

 

Elsa Rossi, escritora e palestrante espírita brasileira radicada em Londres, é membro da Comissão Executiva do Conselho Espírita Internacional (CEI) e coordenadora do CEI para a Ásia e Oceania.

 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita