O pai suficientemente bom
Ser pai
é atingir o máximo de angústia no máximo de silêncio.
O máximo de convivência no máximo de solidão.
É, enfim, colher a vitória exatamente quando percebe que
o filho
a quem ajudou a crescer já, dele, não necessita para
viver.
É quem se anula na obra que realizou e sorri, sereno,
por tudo haver feito para deixar de ser importante.
Artur da Távola
Eu não tinha intenção de escrever sobre o Dia dos Pais.
Mas, ontem, logo pela manhã, vi uma cena triste na
pracinha do meu bairro: um pai passeava com o filho. Com
uma mão, ele empurrava o carrinho. Com a outra, ele
segurava o celular que estava vendo…
Quem nasce pai?
A paternidade, que se constitui com o próprio estado de
ser pai (tal qual a maternidade), aprende-se com a
prática, implica compromisso, envolve a justa decisão de
um homem viver junto com a filha ou o filho. Logo, ser
pai é muito mais que uma condição biológica.
Tem gente que não tem pai desde o ninho. Cresce sem pai,
sem contar com a presença paterna para aprender regras e
limites, confiando, no fim, que fazer o bem compensa.
Oxalá, encontre um pai a criança sem pai na atitude
firme de uma mãe, na lição de um professor estável na
escola, porque é de nossa inteireza a figura paterna.
O pai durante muito tempo foi visto como um provedor
econômico da família. Hoje em dia, no entanto, quando
pai e mãe exercem funções laborais, o grande desafio do
pai é oferecer segurança, cuidados diretos, amor e
entrega, sem querer apropriar-se do filho, quem, na
devida hora, deixará o ninho.
A infância é tão curta! Tão importante então para a
criança o pai participar ativamente de sua vida,
inventando às vezes atividades simples, que demandam
lições de engenhosidade e cooperação, como consertar um
brinquedo ou um objeto útil aos ritmos da casa, porque
tudo isso constitui parte importante de nossa formação e
por um mundo melhor.
Lado a lado com a figura materna, o pai tem lugar de
excelência no desenvolvimento emocional da criança e
isso, hoje, é recebido pela sociedade com muita
esperança e alegria, porque ninguém mais duvida que é
fundamental o pai participar da vida dos filhos para que
eles cresçam responsáveis, seguros e confiantes.
Notinha
Em nossa época, sobretudo apressada, todo pai necessita
estar atento aos “inimigos” do bom exercício da
paternidade: a) preocupação laboral excessiva; b) junto
com o filho, tomar cuidado com os distratores – TV,
computador, telefone celular; c) machismo (acreditar o
pai que o cuidado dos filhos é tarefa das mulheres e que
o pai é apenas um ajudante); d) não estar atento às
necessidades de seu filho; e) descuidar da própria
saúde.
|