Por que reclamamos da vida?
O desconhecimento da real finalidade das nossas vidas
leva-nos, não raro, aos queixumes das vicissitudes pelas
quais passamos. O questionamento é válido, fazendo parte
das incertezas do ser humano.
Contudo são imprescindíveis o estudo e a reflexão para
desbravarmos os incontáveis mistérios que nos circundam.
A Doutrina Espírita é sem dúvida o porto seguro no qual
podemos ancorar no oceano das dúvidas em que estamos
mergulhados.... Se avaliarmos que a vida, ficando
restrita ao período do berço ao túmulo, não tem sentido,
chegaremos a conclusões que nos darão alento a essa
inquietude.
Partindo do princípio de que somos Espíritos e estamos
provisoriamente em um corpo perecível, entenderemos
certamente que, além da vida corpórea, o Espírito
permanece em outra dimensão, conforme inúmeras provas e
esclarecimentos encontrados na vasta literatura
espírita. Como seres perfectíveis, cada caminhar
reencarnatório faz parte do cumprimento da Lei do
Progresso por Ele decretada. A misericórdia Divina
premia-nos ao conceder essas oportunidades, permitindo
nossa evolução contínua pela depuração das nódoas
espirituais que abrigamos.
As Bem-aventuranças anunciadas por Jesus constituem-se
em verdadeiro código moral, sendo também a “essência” do
Reino de Deus. À luz desses ensinamentos e com a Fé
fortalecida, deveremos compreender Suas palavras, de
acordo com João 18: 36: ”(...) O meu reino não é deste
mundo; se o meu reino fosse deste mundo, pelejariam os
meus servos para que eu não fosse entregue aos judeus;
mas, agora, o meu reino não é daqui”.
Ainda nesse entendimento, segundo João 14: 6, Ele disse:
“Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao
Pai se não for por mim”. Essas sábias palavras levam-nos
à conclusão de que, sendo Ele o caminho que deveremos
seguir, não restará dúvida de que o nosso Reino também
não é deste mundo...
Encontramos ainda na questão 920 de O Livro dos
Espíritos: “Pode o homem gozar de completa felicidade na
Terra? R - Não, por isso que a vida lhe foi dada como
prova ou expiação”. “Dele, porém, depende a suavização
de seus males e o ser tão feliz quanto possível na
Terra”.
Com uma boa reflexão deveremos aceitar os percalços da
vida com coragem, paciência e resignação, visto que as
agruras que nos fustigam correspondem aos ajustes
necessários à purificação do nosso Espírito enfermo.
O livre-arbítrio faculta-nos o caminho a escolher,
valendo salientar que a vida não é um “trilho” e, sim,
constituída de inúmeras “trilhas”, cabendo a nós o
discernimento para seguir a que nos aprouver, porém,
estando sempre conscientes da colheita obrigatória
daquilo que plantamos...
Descabido, pois o nosso desapontamento e as constantes
reclamações da vida. Pensemos nisso! Em um Planeta de
provas expiações, não podemos esperar felicidade plena,
mesmo porque, ainda não alcançamos os méritos para tal. (A
dor irresignada é a porta de entrada para o sofrimento.)