Brasil
por Paulo Salerno

Ano 12 - N° 582 - 26 de Agosto de 2018

Divaldo Franco: “A vida possui um objetivo: amar – amar a si, ao próximo e a Deus”


No período de 16 a 19 de agosto, o orador esteve nas cidades gaúchas de Porto Alegre, Novo Hamburgo e Pelotas


Divaldo Pereira Franco visita novamente o Rio Grande do Sul. Nesta jornada, que se repete anualmente, o médium e conferencista baiano, realiza uma série de atividades espíritas, levando palavras luminíferas de Jesus, divulgando a mensagem esclarecedora do Espiritismo para as cidades de Porto Alegre, Novo Hamburgo e Pelotas, no período de 16 a 19 de agosto de 2018. Divaldo ainda continuará, de 20 a 24, o périplo pelas terras gaúchas, visitando as cidades de Bagé, Santana do Livramento, Santa Maria e Santa Cruz do Sul.

Na Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul, no dia 16 de agosto, em nome do Deputado Pedro Westphalen, ele recebeu uma homenagem no Grande Expediente, ocasião em que foram destacados suas atividades e seu ingente trabalho em favor da educação e da paz. O evento foi realizado no Plenário 20 de Setembro, com a presença de inúmeros Deputados Estaduais que aprovaram a homenagem por unanimidade.

Divaldo Pereira Franco recebeu homenagem no Parlamento gaúcho no Salão Júlio de Castilhos, onde foi materializado o fato ao ser-lhe ofertado uma placa alusiva, reconhecendo o grande e profícuo trabalho realizado por Divaldo Franco em prol da criatura humana, quer na assistência as crianças e jovens, quer na divulgação da Doutrina Espírita no Brasil e no Exterior, bem como promotor e incentivador da paz, entre outras destacadas ações.

Divaldo, agradecendo a honraria e referindo-se aos eminentes Deputados Estaduais, bem como ao Presidente da Assembleia Legislativa, reconhecendo que o mérito da homenagem pertence à Doutrina Espírita, transferiu-a para o Espiritismo e à Federação Espírita do Rio Grande do Sul, onde esteve pela primeira vez no dia 7 de junho de 1956, quando proferiu uma conferência no Teatro São Pedro, de Porto Alegre.

Desde que recebeu o honroso convite, disse Divaldo, perguntou-se qual o mérito que poderia possuir para tal homenagem, tendo verificado que os méritos deveriam ser creditados à Federação Espírita do Rio Grande do Sul e aos seus antigos dirigentes, destacando todos os seus abnegados trabalhadores na figura de Francisco Spinelli, assim, sentia-se no dever de transferir a homenagem.

Apresentando a marcha evolutiva da Ciência e das Religiões, Divaldo Franco discorreu sobre pensadores e cientistas, que tomando a si a responsabilidade, ousaram em produzir avanços significativos para o benefício da humanidade. Marco Túlio Cícero, Lord Bacon, Copérnico, Keppler, Galileu, e tantos outros, tiveram a coragem de apresentar novas teses e comprovações, destacando que a inteligência avança inexoravelmente.

Allan Kardec, o ínclito codificador do Espiritismo, apresentou a obra O Livro dos Espíritos com base na investigação científica, demonstrando em laboratório a integralidade dos fundamentos dessa Doutrina libertadora. Outros investigadores sobre a imortalidade se lançaram a campo para demonstrar a veracidade da vida além do corpo físico, logrando pleno êxito. William Crookes, Alexandre Aksakof, Eusápia Paladino, e outros não mediram esforços para atestar a veracidade sobre o ser imortal que é o homem. Albert Einstein e os seus estudos sobre os diversos estados da energia foram destacados.

A Doutrina Espírita oferece as melhores e as mais justas propostas, com bases científicas, para a evolução da criatura humana. A vida possui um objetivo: amar – amar a si, ao próximo e a Deus. A filosofia espírita apresenta a mais perfeita ética que se conhece. Por outro lado propicia aos indivíduos o conhecimento de si, e a partir do autoconhecimento realizar a transformação para melhor, avançando sempre, até alcançar a perfeição relativa. A mudança íntima para melhor contribui e faz com que a humanidade se melhore. A Doutrina Espírita pode, assim, acolher em seu seio todas as criaturas.

Jesus, o maior psicoterapeuta que a humanidade já conheceu foi tão importante que Ernest Renan estabeleceu que Ele dividiu a história da humanidade em antes e depois Dele. A Doutrina Espírita, pela pena infalível dos Espíritos Superiores e da de Allan Kardec, discorre magistralmente sobre Deus e as provas de Sua existência. De par com a Ciência, o Espiritismo avança além dos limites em que Ciência se deteve, abrindo novas frentes de indagações e comprovações.

Finalizando sua exposição, Divaldo Franco asseverou que vale a pena amar, em qualquer situação ou desafio. Agradecendo a destacada honraria, externou sua gratidão e reconhecimento à Casa Legislativa que o acolheu no declínio de sua vida física.

Aplaudidíssimo, Divaldo recebeu os cumprimentos de inúmeros presentes, atestando o fenômeno que representa e que, em sendo um legitimo desbravador do Espiritismo, leva-o a todos os recantos do Planeta por mais de sete décadas. Inigualável, Divaldo abriu caminhos e preparou o terreno para os que vêm após ele.

Seminário Joanna de Ângelis

No dia 17 de agosto, a Associação Médico-Espírita do Rio Grande do Sul – AMERGS – promoveu o 3º Seminário Joanna de Ângelis, comemorando os 20 anos dos estudos da Série Psicológica da AMERGS. O tema central do evento é: Convite para a Plenitude. Divaldo Franco foi o orador convidado para a abertura. Representando os seus liderados, a Diretoria da entidade acolheu os participantes com primorosa preparação e execução das atividades.

Os docentes dos cursos da Série Psicológica Joanna de Ângelis prestaram significativa homenagem à Mentora Espiritual e a Divaldo Franco, externando a sua gratidão. Divaldo, que veio pela primeira vez ao Rio Grande do Sul em 06 de junho de 1956, externou o seu júbilo por se encontrar entre os gaúchos.

Discorrendo sobre a mitologia grega, o extraordinário orador se utilizou de Zeus, Hera, Sófocles, Tirésias e Narciso para falar sobre os conflitos humanos, seus diversos estados de consciência e de sentimentos, bem como das paixões, a visão espiritual, ou interior, ou seja, a visão da alma, a busca da verdade, o autoconhecimento, a autoiluminação.

As pesquisas e o emprego da hipinose por Jean-Martin Charcot, da Universidade Salpêtrière, na França, levou-o ao descobrimento do subconsciente. Na trajetória das conquistas do século   XVII, os eminentes Carl Gustav Jung e Sigmund Freud apresentaram seus estudos, mudando o entendimento sobre o psiquismo humano conhecido até então. Novas bases ensejaram novas conquistas. Mapeando o ser psicológico, concluiu Jung que o homem é fruto do seu inconsciente. A sublimação da evolução do homem é alcançar o estado numinoso, a autoiluminação.

O nobre conferencista asseverou que o sexo é uma bênção, pois é muito importante na vida dos indivíduos, com valores muito além da procriação. Com Joanna de Ângelis, Divaldo traçou um paralelo entre culpa, pecado e responsabilidade, enfatizando a assertiva da Mentora Espiritual de que a responsabilidade é a alavanca para a conquista de si mesmo. Viver em plenitude é alcançar o equilíbrio no eixo ego-self, isto é, autoiluminar-se.

Joanna de Ângelis discorrendo sobre Jesus, apresentou-o como um homem possuidor de uma anima incomparável. Os indivíduos devem amar até mesmo os que não os amam, superando todos os obstáculos. Perdoar significa não devolver a ofensa. Joanna de Ângelis, em sua série psicológica, apresenta uma nova visão apoiada em Jung e Freud. A imortalidade é uma certeza e a psicologia transpessoal tornou-se realidade. Com base em vários pesquisadores, a sobrevivência da alma foi reafirmada.

A psicologia de Joanna de Ângelis é a psicologia de Jesus, é uma psicologia de amor, de transformação. Allan Kardec, isto é, a Doutrina Espírita, tornou-se mais compreensível para Divaldo Franco depois que este estudou a série psicológica da mentora, pois que o ínclito codificador afirmou que a Doutrina Espírita é um tratado de psicologia. A morte, disse o orador de escol, finalizando, é somente uma transição de uma vibração para outra.

Agradecendo o acolhimento e a fraternidade com que estava sendo tratado, Divaldo deixou o seu abraço e seu carinho aos participantes do empolgante evento. Aplaudidíssimo e de pé, o público, sensibilizado, externou o seu reconhecimento e gratidão. Com o Poema da Gratidão, de Amélia Rodrigues, Divaldo Franco encerrou sua magnífica conferência, abrindo oficialmente o 3º Seminário Joanna de Ângelis.

Minisseminário A Jornada Heroica da Alma

No dia 18, em Novo Hamburgo, após excelente momento artístico protagonizado pelo Coral do Centro Espírita Fé, Luz e Caridade, Divaldo Franco, orador por excelência, apresentou a história de Ilse, uma polonesa que havia sido presa em campo de concentração nazista. A história está narrada na obra Os Pantanais da Alma, de James Hollis, renomado psicanalista americano, psiquiatra humanitário.

É a história de uma paciente, que buscando o Dr. James Hollis, lhe solicitou uma consulta onde condicionava que somente ela falaria por um período de duas horas. A consulta foi concedida. Junto ao pedido, enviou uma velha fotografia de jornal. Na data aprazada ela compareceu para satisfazer a curiosidade do Dr. James, e também, pelo ineditismo da solicitação, sua curiosidade estava aguçada. Ilse, com 60, 63 anos de idade, possuía muito boa aparência e um olhar melancólico.

Ilse era uma jovem polonesa e cristã que no ano de 1.942, enquanto fazia compras no centro de Lublin, foi equivocadamente identificada como judia e levada como prisioneira para o terrível campo de Majdanek na própria Polônia. Seus protestos e apresentação de documentos comprovando não ser ela judia não convenceram as autoridades nazistas. Chegando ao campo de concentração, foi empurrada para a fila de triagem de onde seria enviada para a câmara de gás ou para o barracão de prisioneiros. A Polônia estava devastada, seus familiares haviam fugido

À sua frente estava uma mulher frágil acompanhada de dois filhos muito pequenos. Antecipando seu destino, que seria a morte pelo gás, a mãe, fragilizada, tentou deixar com Ilse ambas as crianças, para que pudessem escapar da morte terrível pela asfixia.

Temendo ser envolvida naquela situação – o que fatalmente resultaria na sua morte – Ilse afastou com força as crianças na direção da mãe que já se distanciava em direção a execução. O nazista, compreendendo o que ocorria e a tentativa da verdadeira mãe em salvar seus filhos, com requintes de crueldade e impiedade empurrou as crianças para junto da verdadeira mãe, destinando-as todas à morte.

Ilse jamais esqueceu o olhar daquela mulher que, fragilizada física e emocionalmente, lhe direcionou naquele momento. Ilse jamais se esqueceria das lágrimas que verteram daqueles olhos entristecidos e desesperados.

Mais alguns anos e finalmente o campo de concentração foi liberado pelos aliados russos. Ilse estava entre os sobreviventes, e mais tarde mudou-se para os EUA. Jamais se perdoara. Não lograra obter a paz para sua consciência. Peregrinara por diversas religiões, mas em nenhuma conseguira encontrar o que tanto almejava: o perdão de sua covardia moral que resultara na morte de mãe e filhos.

Havia em Ilse a culpa, porque ela havia sobrevivido e os outros não. Adotou o judaísmo como religião, em busca de conforto moral. Havia uma lenda, entre os judeus, que se revelasse a culpa para 24 pessoas justas, o crime ou a culpa seriam perdoados. Assim, ela perguntou ao Dr. James: “Pode me perdoar?” Ele respondeu: “Se isso consola sua alma, eu a perdoo”, acrescentando que espera que encontre as outras 23 pessoas justas.

Ilse foi uma heroína. Todos anelam por um estado de heroísmo. Jesus subiu ao monte Genesaré e apresentou as Bem-Aventuranças. Possuir um ideal, significa, também, que ele possui um custo, que somente os heróis e heroínas podem pagar, bem como fazer a grande viagem para o interior de si mesmo.

Divaldo apresentando outros autores, destacou que todo herói precisa sacrificar algo em prol de outrem. O verdadeiro herói nem sempre é aquele que vence os outros, mas é aquele que triunfa sobre suas próprias dores, suas lágrimas. É necessário desenvolver o heroísmo para compreender a vida, para dulcificar o coração, e pôr um sol na vida. O heroísmo irá fornecer as condecorações para a vida espiritual, deixando cicatrizes na alma.

O cristão deve cumprir as leis, desincumbir-se de seus deveres de cidadão e de solidariedade. Deve, igualmente, apreender a descobrir os invisíveis da sociedade humana, isto é, os que se encontram marginalizados, cheios de dores, aflições e a sacrificar-se pelo seu semelhante. A miséria socioeconômica gera a miséria moral. Onde está a oportunidade para o heroísmo, indaga Divaldo? Está em descobrir esses invisíveis, os marginais sociais, autoiluminando-se.

Todo efeito prove de uma causa. As reencarnações sucessivas são as colheitas de uma semeadura anterior. Assim, Divaldo passou a discorrer sobre as culturas orientais e ocidentais, traçando um paralelo entre elas, seus modelos e práticas. Carl Gustav Jung disse que Jesus foi o único ser na Terra a atingir o estado de transcendência. Allan Kardec, através dos benfeitores, informou que Jesus é o modelo, o guia para a humanidade. As virtudes e as imperfeições foram trabalhadas pelo dedicado orador Divaldo Franco, asseverando que o trabalho em autoconhecer-se é de suma importância para que o indivíduo possa trabalhar suas virtudes e vícios, principalmente os morais.

O homem evolui no rumo da imortalidade. Tanto a mitologia grega, quanto a indiana, são ricas em conhecimento para o aprimoramento dos indivíduos. O Espiritismo é uma doutrina que se explica a si mesma. Na atualidade, as doutrinas psicológicas se utilizam dos mitos para auxiliar os indivíduos em suas conquistas evolutivas. As manifestações do primarismo estão sendo superadas pelas ciências, vencendo as adversidades e reconciliando-se consigo e com Deus.

Trabalhando os preconceitos e seus funestos efeitos, Divaldo Franco, narrador de escol, apresentou a história de Flopete. "Eu não posso beijá-la, ela é um lírio e eu sou toda podridão" assim se expressou Flopete ao ver a filha de 7 anos desencarnar. De autoria do Dr. Axel Munthe, Flopete foi uma jovem sueca que fugiu de Estocolmo e tornou-se vendedora de ilusões em Paris, razão pela qual seu irmão passou a odiar todas as mulheres, porém, ao ver a irmã morrer, beijou sua mão e pediu-lhe perdão, conforme revelação de Emmanuel para Chico Xavier, e acrescenta, ela está junto à sua filha, preparando-se para reencarnar. Flopete é uma heroína do amor, e o amor é um ato de heroísmo. Esta bela e comovedora história está narrada em detalhes na obra O Colar de Diamantes, no capítulo 3 - Um lírio no pântano. A obra é uma compilação de Delcio Carvalho.

A ação em favor do bem torna os indivíduos em heróis. A História está repleta de heróis. Jesus espera pelos indivíduos para entregá-los a Deus. As entidades venerandas estão em permanente auxílio aos homens, sempre sob as ordens de Jesus. Todos estão na Terra para construir um mundo melhor.

Apresentando narrativas de suas experiencias, Divaldo Franco sinalizou que a vida é de equilíbrio e que não há na face do planeta quem não seja, ainda, comprometido com a Justiça Divina, muitos acumulando maiores débitos. Assim, todo o bem que se possa fazer será saldo na economia divina, redimindo a criatura, mesmo nesta atual reencarnação.

Finalizando o riquíssimo trabalho, Divaldo destacou que vale a pena viver, vale a pena investir no amor e viver como Jesus viveu. Enfatizou que sempre trabalhou para o Evangelho de Jesus, renunciando as coisas de fora, desejando que o seu anoitecer seja suave sob o fulgor das estrelas, tentando ser um pouco de herói do amor. Agradeceu, deixando uma réstia de esperança para dizer não ao suicídio e para a eutanásia. O que importa não é o que fica, mas o que vai com o indivíduo. Jesus aguarda os heróis do amor. Aplaudidíssimo, Divaldo foi reverenciado pelo público em uma grande troca de energia, de amor e fé no futuro.

Conferência pública em Pelotas

No dia 19, em Pelotas, sob os auspícios da Liga Espírita Pelotense – LEP -, Divaldo Franco retornou a Pelotas, a Princesa do Sul, para proferir mais uma conferência no histórico Theatro Guarany, discorrendo sobre as oportunidades, o sentido da vida, a busca da plenitude, o encontro com a felicidade e o anseio pela autorrealização, entre outros pontos palpitantes. Recebido calorosamente pelos dirigentes espíritas do Rio Grande do Sul e da Região, Divaldo Franco apresentou, com sua própria emoção, uma bela história real, impactando o público que lotou o venerando teatro.

Os fatos se desenrolaram em Londres, no Reino Unido. O personagem foi Archibald Joseph Cronin (1896-1981), um escritor escocês. Era formado em Medicina, que a exerceu por algum tempo. Como escritor publicou romances idealistas de crítica social, traduzidos em vários idiomas, e alguns deles adaptados ao cinema e à televisão, como Noite sem Estrelas, A Família Espanhola, e outras obras de grande sucesso. Ilustrando a solidariedade como caminho que leva os indivíduos ao amor, Divaldo narrou a história desse médico e escritor conhecida como o Anjo da Noite.

No início do século XX, em começo de carreira, o Dr. Cronin foi chamado para atender uma menina vítima de difteria, em uma casa Pia. Ante a menina enferma, Dr, Cronin se lembrou de Deus, pois havia se afastado Dele, optara pelo materialismo. Deparando-se com o grave caso daquela criança de aproximadamente 5 anos, ele que tinha a missão de salvá-la, então, rogou a Deus que o ajudasse. “Se Tu quiser, salva-a!” Orou o Pai Nosso e foi proceder a cirurgia.

Durante o procedimento, que exigiu traqueostomia, ele contou com o trabalho de jovem enfermeira iniciante na profissão, e da Madre que desempenhou a função de anestesista. Feita a incisão, logo a criança começou a restabelecer a cor da pele, a respirar aliviada. Removida para um leito, ali mesmo naquele quarto, Dr. Cronin orientou a enfermeira que a vigiasse permanentemente, advertindo-a contra as armadilhas do sono. Ele temia que durante a noite a menina retirasse o aparelho de borracha, mesmo involuntariamente, instintivamente. O sono, disse ele, é visitante assíduo na madrugada. O doutor retirou-se para um quarto ao lado, estava muito cansado pelos diversos afazeres diários que exigiam vigorosos esforços.

Quando dormia profundamente, foi despertado. Era a enfermeira trazendo a notícia de que a criança havia morrido. Levantou-se apressadamente e foi examinar sua paciente e percebeu que o tubo estava faltando, encontrou-o caído no chão. A enfermeira, no entanto, mesmo zelosa, não resistiu ao sono, dizendo-lhe que havia dormido. Dr. Cronin disse que ela era uma criminosa e que iria denunciá-la ao Conselho Médico Londrino.

Ela sofre com a falha, e o Dr. Cronin, então, elaborou um relatório para enviar à Associação Médica. A enfermeira pede uma oportunidade, pois também estava iniciando profissionalmente. Fatalmente teria o registro cassado com base no relato daquela ocorrência. Formulado o documento, ela o subscreve, concordando com os fatos ali relatados. Dr. Cronin se dirige até a agência do Correio para envio, contudo, ao invés de postar, reluta e desiste.

No dia seguinte, novamente vai até o Correio mas suspende a remessa. Após a terceira tentativa, opta por destruir o relatório. Algumas décadas depois, num hall de hotel, enquanto aguardava a cerimônia na qual seria premiado, o agora jornalista e escritor consagrado Cronin, apanha uma publicação e passa a ler a reportagem intitulada “O anjo da noite”. Ele acompanha a história de uma mulher que, numa região miserável do País de Gales, acolhe e cuida de crianças desamparadas. Ela conta que havia se comprometido com moradores de local no qual não havia assistência médica. Em sua história, o peso por não ter resistido ao cansaço, o que ocasionou a morte de enferma, trouxe-lhe consequências graves.

Na publicação, a mulher diz que aguardou pela punição da Associação Médica, porém, nunca foi notificada. Então concluiu que teve uma segunda oportunidade. Com essa chance, passou a percorrer lugares pobres. Ela havia ficado conhecida pela abnegação e sacrifício que dedicava aos órfãos da guerra em uma pequena cidade. Seu empenho foi tão grande que ela jamais dormia cuidando das crianças traumatizadas e doentes A reportagem registrava que até aquele momento, quatro mil vidas já haviam sido salvas das garras da morte.

Boa parte dessas crianças foi adotada por famílias dos EUA, Suécia e Noruega. O “Anjo da Noite”, como foi intitulada a reportagem, referia-se à peculiaridade da mulher que, não conseguindo dormir à noite, mantinha-se atenta. Somente à tarde é que repousava durante duas horas. Perguntada sobre o nome do médico que proporcionou a nova chance, afirmou que não poderia dizer. Primeiro por não saber o nome daquele doutor, e em segundo, se o dissesse, estaria denunciando-o por não agir conforme seu dever, que seria o de entregar o relatório, traindo-o portanto. Ela dedicou todo o reconhecimento e o amor pela nova oportunidade ao médico que lhe havia perdoado a negligência do passado.

Asseverou Divaldo que geralmente não se guarda o nome do bem, porém, o mal nunca é esquecido.

Cronin, ao ler a reportagem e ver a foto naquele jornal, teve seu pensamento atraído, voltando àquela sala. Lembrou-se que estava em oposição a Deus pela segunda vez e lembrou que naquela ocasião havia pedido ajuda a Deus e nem mesmo agradeceu. Havia, portanto, uma dívida de gratidão.

Assim, Divaldo Franco, o intimorato divulgador do Espiritismo, recordou-se que tem uma dívida de gratidão com Lauro Enderle, que o trouxe a Pelotas pela primeira vez, acolhendo-o fraternalmente em seu lar, ensejando a atividade doutrinária no Rio Grande do Sul. Lembrando as mensagens do Consolador Prometido, isto é, de recordar o que havia sido esquecido e de revelar lições novas que a humanidade não poderia compreender no passado, Divaldo Franco realizou uma bela e emocionante narrativa de fatos históricos do cristianismo primitivo e seu encaminhamento posterior, distorcido e corrompido.

Deu ênfase ao trabalho que vem sendo realizado pelo dedicado Papa Francisco, destacando-o como missionário, bem como suas ações em prol do amor aos seus semelhantes, e sua ternura aos homens em sofrimento, tratando-os como irmãos.

O Consolador Prometido, que chegou ao conhecimento da Humanidade pelo corajoso e hábil trabalho realizado por Allan Kardec, apregoa a doçura, a mansuetude a afabilidade, o perdão, a esperança, o conhecimento que liberta, o amor que une os seres e produz o amparo aos que sofrem e que são, também, aliviados. O Espiritismo veio restaurar a vida.

A evolução científica, em seus vários campos, deve aliar-se com o amor, contribuindo para a plenificação dos indivíduos. Jesus preencheu uma lacuna, o Espiritismo descrucificou-O. A violência urbana vem demonstrando que o homem perdeu o significado da vida, e a opção pelo aborto delituoso levará os indivíduos ao embrutecimento de seus sentimentos. Chegará um dia em que matarão os idosos, porque estes, também, podem se tornar importunos, incômodos, como os que estão em gestação, afirmou Divaldo Franco, o Trator de Deus, nas palavras de Chico Xavier.

As Leis Cósmicas são incoercíveis. Elas são inexoráveis e delas ninguém pode fugir, pois que todos são imortais. A Doutrina Espírita apresenta as provas da imortalidade. O Espiritismo, disse Divaldo Franco, advertindo, discorre sobre o socialismo cristão e não sobre o comunismo de Karl Marx, Engels e Lenin. A missão do Espiritismo é dar ao homem vida em abundância, libertando a criatura humana de seus atavismos, elegendo o autoamor, o amor ao próximo e a Deus.

Rogando bênçãos para todos e para si, Divaldo Franco encerrou sua brilhante conferência, que com a ação dos benfeitores atendeu a economia espiritual de todos os assistentes, nos dois planos da vida. O público, ávido de esperança, e repletado de energias revigorantes, alegrou-se mais e mais, concedendo ao expositor de escol uma salva de palmas vigorosa e de pé reverenciou-o, gratificado.

Marcando e destacando a visita do Semeador de Estrelas, o movimento espírita da região prestou-lhe significativa homenagem, concedendo-lhe uma placa alusiva aos seus 71 anos de oratória e de atividades espíritas; como é um Cidadão Pelotense, foi-lhe ofertado uma série de produtos produzidos na cidade.

Outra homenagem assinalou a data de 6 de junho de 1957, quando esteve pela primeira vez em Pelotas, a Princesa do Sul, trazendo a mensagem consoladora da Doutrina Espírita.

Materializando essa data e o seu significado foi-lhe presenteado uma caneca com as fotografias daquele histórico dia.

Divaldo confessou-se supresso e reconheceu não merecer o destaque, transferindo-o aos espíritas pelotenses daquela primeira hora, aceitando, contudo, o carinho como um estímulo, principalmente nesta quadra da vida em que se encontra. Extensa fila se formou em busca de um autógrafo, de um aperto de mão, de um cumprimento. A noite fria convidava os presentes a demandarem aos lares em busca de conforto término e do amor familial.


Nota do Autor
:

As fotos que ilustram esta reportagem são de Jorge Moehlecke.

 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita