Divaldo Franco: “A vida possui um objetivo: amar – amar
a si, ao próximo e a Deus”
No período de 16 a 19 de agosto, o orador esteve nas
cidades gaúchas de Porto Alegre, Novo Hamburgo e Pelotas
Divaldo Pereira Franco visita novamente o Rio Grande do
Sul. Nesta jornada, que se repete anualmente, o médium e
conferencista baiano, realiza uma série de atividades
espíritas, levando palavras luminíferas de Jesus,
divulgando a mensagem esclarecedora do Espiritismo para
as cidades de Porto Alegre, Novo Hamburgo e Pelotas, no
período de 16 a 19 de agosto de 2018. Divaldo ainda
continuará, de 20 a 24, o périplo pelas terras gaúchas,
visitando as cidades de Bagé, Santana do Livramento,
Santa Maria e Santa Cruz do Sul.
Na Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do
Sul, no dia 16 de agosto, em nome do Deputado Pedro
Westphalen, ele recebeu uma homenagem no Grande
Expediente, ocasião em que foram destacados suas
atividades e seu ingente trabalho em favor da educação e
da paz. O evento foi realizado no Plenário 20 de
Setembro, com a presença de inúmeros Deputados Estaduais
que aprovaram a homenagem por unanimidade.
Divaldo Pereira Franco recebeu homenagem no Parlamento
gaúcho no Salão Júlio de Castilhos, onde foi
materializado o fato ao ser-lhe ofertado uma placa
alusiva, reconhecendo o grande e profícuo trabalho
realizado por Divaldo Franco em prol da criatura humana,
quer na assistência as crianças e jovens, quer na
divulgação da Doutrina Espírita no Brasil e no Exterior,
bem como promotor e incentivador da paz, entre outras
destacadas ações.
Divaldo, agradecendo a honraria e referindo-se aos
eminentes Deputados Estaduais, bem como ao Presidente da
Assembleia Legislativa, reconhecendo que o mérito da
homenagem pertence à Doutrina Espírita, transferiu-a
para o Espiritismo e à Federação Espírita do Rio Grande
do Sul, onde esteve pela primeira vez no dia 7 de junho
de 1956, quando proferiu uma conferência no Teatro São
Pedro, de Porto Alegre.
Desde que recebeu o honroso convite, disse Divaldo,
perguntou-se qual o mérito que poderia possuir para tal
homenagem, tendo verificado que os méritos deveriam ser
creditados à Federação Espírita do Rio Grande do Sul e
aos seus antigos dirigentes, destacando todos os seus
abnegados trabalhadores na figura de Francisco Spinelli,
assim, sentia-se no dever de transferir a homenagem.
Apresentando a marcha evolutiva da Ciência e das
Religiões, Divaldo Franco discorreu sobre pensadores e
cientistas, que tomando a si a responsabilidade, ousaram
em produzir avanços significativos para o benefício da
humanidade. Marco Túlio Cícero, Lord Bacon, Copérnico,
Keppler, Galileu, e tantos outros, tiveram a coragem de
apresentar novas teses e comprovações, destacando que a
inteligência avança inexoravelmente.
Allan Kardec, o ínclito codificador do Espiritismo,
apresentou a obra O Livro dos Espíritos com base
na investigação científica, demonstrando em laboratório
a integralidade dos fundamentos dessa Doutrina
libertadora. Outros investigadores sobre a imortalidade
se lançaram a campo para demonstrar a veracidade da vida
além do corpo físico, logrando pleno êxito. William
Crookes, Alexandre Aksakof, Eusápia Paladino, e outros
não mediram esforços para atestar a veracidade sobre o
ser imortal que é o homem. Albert Einstein e os seus
estudos sobre os diversos estados da energia foram
destacados.
A Doutrina Espírita oferece as melhores e as mais justas
propostas, com bases científicas, para a evolução da
criatura humana. A vida possui um objetivo: amar – amar
a si, ao próximo e a Deus. A filosofia espírita
apresenta a mais perfeita ética que se conhece. Por
outro lado propicia aos indivíduos o conhecimento de si,
e a partir do autoconhecimento realizar a transformação
para melhor, avançando sempre, até alcançar a perfeição
relativa. A mudança íntima para melhor contribui e faz
com que a humanidade se melhore. A Doutrina Espírita
pode, assim, acolher em seu seio todas as criaturas.
Jesus, o maior psicoterapeuta que a humanidade já
conheceu foi tão importante que Ernest Renan estabeleceu
que Ele dividiu a história da humanidade em antes e
depois Dele. A Doutrina Espírita, pela pena infalível
dos Espíritos Superiores e da de Allan Kardec, discorre
magistralmente sobre Deus e as provas de Sua existência.
De par com a Ciência, o Espiritismo avança além dos
limites em que Ciência se deteve, abrindo novas frentes
de indagações e comprovações.
Finalizando sua exposição, Divaldo Franco asseverou que
vale a pena amar, em qualquer situação ou desafio.
Agradecendo a destacada honraria, externou sua gratidão
e reconhecimento à Casa Legislativa que o acolheu no
declínio de sua vida física.
Aplaudidíssimo, Divaldo
recebeu os cumprimentos de inúmeros presentes, atestando
o fenômeno que representa e que, em sendo um legitimo
desbravador do Espiritismo, leva-o a todos os recantos
do Planeta por mais de sete décadas. Inigualável,
Divaldo abriu caminhos e preparou o terreno para os que
vêm após ele.
Seminário Joanna de Ângelis
No dia 17 de agosto, a Associação Médico-Espírita do Rio
Grande do Sul – AMERGS – promoveu o 3º Seminário Joanna
de Ângelis, comemorando os 20 anos dos estudos da Série
Psicológica da AMERGS. O tema central do evento é:
Convite para a Plenitude. Divaldo Franco foi o orador
convidado para a abertura. Representando os seus
liderados, a Diretoria da entidade acolheu os
participantes com primorosa preparação e execução das
atividades.
Os docentes dos cursos da Série Psicológica Joanna de
Ângelis prestaram significativa homenagem à Mentora
Espiritual e a Divaldo Franco, externando a sua
gratidão. Divaldo, que veio pela primeira vez ao Rio
Grande do Sul em 06 de junho de 1956, externou o seu
júbilo por se encontrar entre os gaúchos.
Discorrendo sobre a mitologia grega, o extraordinário
orador se utilizou de Zeus, Hera, Sófocles, Tirésias e
Narciso para falar sobre os conflitos humanos, seus
diversos estados de consciência e de sentimentos, bem
como das paixões, a visão espiritual, ou interior, ou
seja, a visão da alma, a busca da verdade, o
autoconhecimento, a autoiluminação.
As pesquisas e o emprego da hipinose por Jean-Martin
Charcot, da Universidade Salpêtrière, na França, levou-o
ao descobrimento do subconsciente. Na trajetória das
conquistas do século XVII, os eminentes Carl Gustav
Jung e Sigmund Freud apresentaram seus estudos, mudando
o entendimento sobre o psiquismo humano conhecido até
então. Novas bases ensejaram novas conquistas. Mapeando
o ser psicológico, concluiu Jung que o homem é fruto do
seu inconsciente. A sublimação da evolução do homem é
alcançar o estado numinoso, a autoiluminação.
O nobre conferencista asseverou que o sexo é uma bênção,
pois é muito importante na vida dos indivíduos, com
valores muito além da procriação. Com Joanna de Ângelis,
Divaldo traçou um paralelo entre culpa, pecado e
responsabilidade, enfatizando a assertiva da Mentora
Espiritual de que a responsabilidade é a alavanca para a
conquista de si mesmo. Viver em plenitude é alcançar o
equilíbrio no eixo ego-self, isto é, autoiluminar-se.
Joanna de Ângelis discorrendo sobre Jesus, apresentou-o
como um homem possuidor de uma anima incomparável. Os
indivíduos devem amar até mesmo os que não os amam,
superando todos os obstáculos. Perdoar significa não
devolver a ofensa. Joanna de Ângelis, em sua série
psicológica, apresenta uma nova visão apoiada em Jung e
Freud. A imortalidade é uma certeza e a psicologia
transpessoal tornou-se realidade. Com base em vários
pesquisadores, a sobrevivência da alma foi reafirmada.
A psicologia de Joanna de Ângelis é a psicologia de
Jesus, é uma psicologia de amor, de transformação. Allan
Kardec, isto é, a Doutrina Espírita, tornou-se mais
compreensível para Divaldo Franco depois que este
estudou a série psicológica da mentora, pois que o
ínclito codificador afirmou que a Doutrina Espírita é um
tratado de psicologia. A morte, disse o orador de escol,
finalizando, é somente uma transição de uma vibração
para outra.
Agradecendo o acolhimento e a fraternidade com que
estava sendo tratado, Divaldo deixou o seu abraço e seu
carinho aos participantes do empolgante evento.
Aplaudidíssimo e de pé, o público, sensibilizado,
externou o seu reconhecimento e gratidão. Com o Poema da
Gratidão, de Amélia Rodrigues, Divaldo Franco encerrou
sua magnífica conferência, abrindo oficialmente o 3º
Seminário Joanna de Ângelis.
Minisseminário A
Jornada Heroica da Alma
No dia 18, em Novo Hamburgo, após excelente momento
artístico protagonizado pelo Coral do Centro Espírita
Fé, Luz e Caridade, Divaldo Franco, orador por
excelência, apresentou a história de Ilse, uma polonesa
que havia sido presa em campo de concentração nazista. A
história está narrada na obra Os Pantanais da Alma,
de James Hollis, renomado psicanalista americano,
psiquiatra humanitário.
É a história de uma paciente, que buscando o Dr. James
Hollis, lhe solicitou uma consulta onde condicionava que
somente ela falaria por um período de duas horas. A
consulta foi concedida. Junto ao pedido, enviou uma
velha fotografia de jornal. Na data aprazada ela
compareceu para satisfazer a curiosidade do Dr. James, e
também, pelo ineditismo da solicitação, sua curiosidade
estava aguçada. Ilse, com 60, 63 anos de idade, possuía
muito boa aparência e um olhar melancólico.
Ilse era uma jovem polonesa e cristã que no ano de
1.942, enquanto fazia compras no centro de Lublin,
foi equivocadamente identificada como judia e levada
como prisioneira para o terrível campo de Majdanek na
própria Polônia. Seus protestos e apresentação de
documentos comprovando não ser ela judia não convenceram
as autoridades nazistas. Chegando ao campo de
concentração, foi empurrada para a fila de triagem de
onde seria enviada para a câmara de gás ou para o
barracão de prisioneiros. A Polônia estava devastada,
seus familiares haviam fugido
À sua frente estava uma mulher frágil acompanhada de
dois filhos muito pequenos. Antecipando seu destino, que
seria a morte pelo gás, a mãe, fragilizada, tentou
deixar com Ilse ambas as crianças, para que pudessem
escapar da morte terrível pela asfixia.
Temendo ser envolvida naquela situação – o que
fatalmente resultaria na sua morte – Ilse afastou com
força as crianças na direção da mãe que já se
distanciava em direção a execução. O nazista,
compreendendo o que ocorria e a tentativa da verdadeira
mãe em salvar seus filhos, com requintes de crueldade e
impiedade empurrou as crianças para junto da verdadeira
mãe, destinando-as todas à morte.
Ilse jamais esqueceu o olhar daquela mulher que,
fragilizada física e emocionalmente, lhe direcionou
naquele momento. Ilse jamais se esqueceria das lágrimas
que verteram daqueles olhos entristecidos e
desesperados.
Mais alguns anos e finalmente o campo de concentração
foi liberado pelos aliados russos. Ilse estava entre os
sobreviventes, e mais tarde mudou-se para os EUA. Jamais
se perdoara. Não lograra obter a paz para sua
consciência. Peregrinara por diversas religiões, mas em
nenhuma conseguira encontrar o que tanto almejava: o
perdão de sua covardia moral que resultara na morte de
mãe e filhos.
Havia em Ilse a culpa, porque ela havia sobrevivido e os
outros não. Adotou o judaísmo como religião, em busca de
conforto moral. Havia uma lenda, entre os judeus, que se
revelasse a culpa para 24 pessoas justas, o crime ou a
culpa seriam perdoados. Assim, ela perguntou ao Dr.
James: “Pode me perdoar?” Ele respondeu: “Se isso
consola sua alma, eu a perdoo”, acrescentando que espera
que encontre as outras 23 pessoas justas.
Ilse foi uma heroína. Todos anelam por um estado de
heroísmo. Jesus subiu ao monte Genesaré e apresentou as
Bem-Aventuranças. Possuir um ideal, significa, também,
que ele possui um custo, que somente os heróis e
heroínas podem pagar, bem como fazer a grande viagem
para o interior de si mesmo.
Divaldo apresentando outros autores, destacou que todo
herói precisa sacrificar algo em prol de outrem. O
verdadeiro herói nem sempre é aquele que vence os
outros, mas é aquele que triunfa sobre suas próprias
dores, suas lágrimas. É necessário desenvolver o
heroísmo para compreender a vida, para dulcificar o
coração, e pôr um sol na vida. O heroísmo irá fornecer
as condecorações para a vida espiritual, deixando
cicatrizes na alma.
O cristão deve cumprir as leis, desincumbir-se de seus
deveres de cidadão e de solidariedade. Deve, igualmente,
apreender a descobrir os invisíveis da sociedade humana,
isto é, os que se encontram marginalizados, cheios de
dores, aflições e a sacrificar-se pelo seu semelhante. A
miséria socioeconômica gera a miséria moral. Onde está a
oportunidade para o heroísmo, indaga Divaldo? Está em
descobrir esses invisíveis, os marginais sociais,
autoiluminando-se.
Todo efeito prove de uma causa. As reencarnações
sucessivas são as colheitas de uma semeadura anterior.
Assim, Divaldo passou a discorrer sobre as culturas
orientais e ocidentais, traçando um paralelo entre elas,
seus modelos e práticas. Carl Gustav Jung disse que
Jesus foi o único ser na Terra a atingir o estado de
transcendência. Allan Kardec, através dos benfeitores,
informou que Jesus é o modelo, o guia para a humanidade.
As virtudes e as imperfeições foram trabalhadas pelo
dedicado orador Divaldo Franco, asseverando que o
trabalho em autoconhecer-se é de suma importância para
que o indivíduo possa trabalhar suas virtudes e vícios,
principalmente os morais.
O homem evolui no rumo da imortalidade. Tanto a
mitologia grega, quanto a indiana, são ricas em
conhecimento para o aprimoramento dos indivíduos. O
Espiritismo é uma doutrina que se explica a si mesma. Na
atualidade, as doutrinas psicológicas se utilizam dos
mitos para auxiliar os indivíduos em suas conquistas
evolutivas. As manifestações do primarismo estão sendo
superadas pelas ciências, vencendo as adversidades e
reconciliando-se consigo e com Deus.
Trabalhando os preconceitos e seus funestos efeitos,
Divaldo Franco, narrador de escol, apresentou a história
de Flopete. "Eu não posso beijá-la, ela é um lírio e eu
sou toda podridão" assim se expressou Flopete ao ver a
filha de 7 anos desencarnar. De autoria do Dr. Axel
Munthe, Flopete foi uma jovem sueca que fugiu de
Estocolmo e tornou-se vendedora de ilusões em Paris,
razão pela qual seu irmão passou a odiar todas as
mulheres, porém, ao ver a irmã morrer, beijou sua mão e
pediu-lhe perdão, conforme revelação de Emmanuel para
Chico Xavier, e acrescenta, ela está junto à sua filha,
preparando-se para reencarnar. Flopete é uma heroína do
amor, e o amor é um ato de heroísmo. Esta bela e
comovedora história está narrada em detalhes na obra O
Colar de Diamantes, no capítulo 3 - Um lírio no
pântano. A obra é uma compilação de Delcio Carvalho.
A ação em favor do bem torna os indivíduos em heróis. A
História está repleta de heróis. Jesus espera pelos
indivíduos para entregá-los a Deus. As entidades
venerandas estão em permanente auxílio aos homens,
sempre sob as ordens de Jesus. Todos estão na Terra para
construir um mundo melhor.
Apresentando narrativas de suas experiencias, Divaldo
Franco sinalizou que a vida é de equilíbrio e que não há
na face do planeta quem não seja, ainda, comprometido
com a Justiça Divina, muitos acumulando maiores débitos.
Assim, todo o bem que se possa fazer será saldo na
economia divina, redimindo a criatura, mesmo nesta atual
reencarnação.
Finalizando o riquíssimo trabalho, Divaldo destacou que
vale a pena viver, vale a pena investir no amor e viver
como Jesus viveu. Enfatizou que sempre trabalhou para o
Evangelho de Jesus, renunciando as coisas de fora,
desejando que o seu anoitecer seja suave sob o fulgor
das estrelas, tentando ser um pouco de herói do amor.
Agradeceu, deixando uma réstia de esperança para dizer
não ao suicídio e para a eutanásia. O que importa não é
o que fica, mas o que vai com o indivíduo. Jesus aguarda
os heróis do amor. Aplaudidíssimo, Divaldo foi
reverenciado pelo público em uma grande troca de
energia, de amor e fé no futuro.
Conferência pública em Pelotas
No dia 19, em Pelotas, sob os auspícios da Liga Espírita
Pelotense – LEP -, Divaldo Franco retornou a Pelotas, a
Princesa do Sul, para proferir mais uma conferência no
histórico Theatro Guarany, discorrendo sobre as
oportunidades, o sentido da vida, a busca da plenitude,
o encontro com a felicidade e o anseio pela
autorrealização, entre outros pontos palpitantes.
Recebido calorosamente pelos dirigentes espíritas do Rio
Grande do Sul e da Região, Divaldo Franco apresentou,
com sua própria emoção, uma bela história real,
impactando o público que lotou o venerando teatro.
Os fatos se desenrolaram em Londres, no Reino Unido. O
personagem foi Archibald Joseph Cronin (1896-1981),
um escritor escocês. Era formado em Medicina, que a
exerceu por algum tempo. Como escritor publicou romances
idealistas de crítica social, traduzidos em vários
idiomas, e alguns deles adaptados ao cinema e à
televisão, como Noite sem Estrelas, A Família Espanhola,
e outras obras de grande sucesso. Ilustrando a
solidariedade como caminho que leva os indivíduos ao
amor, Divaldo narrou a história desse médico e escritor
conhecida como o Anjo da Noite.
No início do século XX, em começo de carreira, o Dr. Cronin foi
chamado para atender uma menina vítima de difteria, em
uma casa Pia. Ante a menina enferma, Dr, Cronin se
lembrou de Deus, pois havia se afastado Dele, optara
pelo materialismo. Deparando-se com o grave caso daquela
criança de aproximadamente 5 anos, ele que tinha a
missão de salvá-la, então, rogou a Deus que o ajudasse.
“Se Tu quiser, salva-a!” Orou o Pai Nosso e foi proceder
a cirurgia.
Durante o procedimento, que exigiu traqueostomia, ele
contou com o trabalho de jovem enfermeira iniciante na
profissão, e da Madre que desempenhou a função de
anestesista. Feita a incisão, logo a criança começou a
restabelecer a cor da pele, a respirar aliviada.
Removida para um leito, ali mesmo naquele quarto, Dr. Cronin orientou
a enfermeira que a vigiasse permanentemente,
advertindo-a contra as armadilhas do sono. Ele temia que
durante a noite a menina retirasse o aparelho de
borracha, mesmo involuntariamente, instintivamente. O
sono, disse ele, é visitante assíduo na madrugada. O
doutor retirou-se para um quarto ao lado, estava muito
cansado pelos diversos afazeres diários que exigiam
vigorosos esforços.
Quando dormia profundamente, foi despertado. Era a
enfermeira trazendo a notícia de que a criança havia
morrido. Levantou-se apressadamente e foi examinar sua
paciente e percebeu que o tubo estava faltando,
encontrou-o caído no chão. A enfermeira, no entanto,
mesmo zelosa, não resistiu ao sono, dizendo-lhe que
havia dormido. Dr. Cronin disse que ela era uma
criminosa e que iria denunciá-la ao Conselho Médico
Londrino.
Ela sofre com a falha, e o Dr. Cronin, então,
elaborou um relatório para enviar à Associação Médica. A
enfermeira pede uma oportunidade, pois também estava
iniciando profissionalmente. Fatalmente teria o registro
cassado com base no relato daquela ocorrência. Formulado
o documento, ela o subscreve, concordando com os fatos
ali relatados. Dr. Cronin se dirige até a agência
do Correio para envio, contudo, ao invés de postar,
reluta e desiste.
No dia seguinte, novamente vai até o Correio mas
suspende a remessa. Após a terceira tentativa, opta por
destruir o relatório. Algumas décadas depois, num hall de
hotel, enquanto aguardava a cerimônia na qual seria
premiado, o agora jornalista e escritor consagrado Cronin, apanha
uma publicação e passa a ler a reportagem intitulada “O
anjo da noite”. Ele acompanha a história de uma mulher
que, numa região miserável do País de Gales, acolhe e
cuida de crianças desamparadas. Ela conta que havia se
comprometido com moradores de local no qual não havia
assistência médica. Em sua história, o peso por não ter
resistido ao cansaço, o que ocasionou a morte de
enferma, trouxe-lhe consequências graves.
Na publicação, a mulher diz que aguardou pela punição da
Associação Médica, porém, nunca foi notificada. Então
concluiu que teve uma segunda oportunidade. Com essa
chance, passou a percorrer lugares pobres. Ela havia
ficado conhecida pela abnegação e sacrifício que
dedicava aos órfãos da guerra em uma pequena cidade. Seu
empenho foi tão grande que ela jamais dormia cuidando
das crianças traumatizadas e doentes A reportagem
registrava que até aquele momento, quatro mil vidas já
haviam sido salvas das garras da morte.
Boa parte dessas crianças foi adotada por famílias dos
EUA, Suécia e Noruega. O “Anjo da Noite”, como foi
intitulada a reportagem, referia-se à peculiaridade da
mulher que, não conseguindo dormir à noite, mantinha-se
atenta. Somente à tarde é que repousava durante duas
horas. Perguntada sobre o nome do médico que
proporcionou a nova chance, afirmou que não poderia
dizer. Primeiro por não saber o nome daquele doutor, e
em segundo, se o dissesse, estaria denunciando-o por não
agir conforme seu dever, que seria o de entregar o
relatório, traindo-o portanto. Ela dedicou todo o
reconhecimento e o amor pela nova oportunidade ao médico
que lhe havia perdoado a negligência do passado.
Asseverou Divaldo que geralmente não se guarda o nome do
bem, porém, o mal nunca é esquecido.
Cronin, ao
ler a reportagem e ver a foto naquele jornal, teve seu
pensamento atraído, voltando àquela sala. Lembrou-se que
estava em oposição a Deus pela segunda vez e lembrou que
naquela ocasião havia pedido ajuda a Deus e nem mesmo
agradeceu. Havia, portanto, uma dívida de gratidão.
Assim, Divaldo Franco, o intimorato divulgador do
Espiritismo, recordou-se que tem uma dívida de gratidão
com Lauro Enderle, que o trouxe a Pelotas pela primeira
vez, acolhendo-o fraternalmente em seu lar, ensejando a
atividade doutrinária no Rio Grande do Sul. Lembrando as
mensagens do Consolador Prometido, isto é, de recordar o
que havia sido esquecido e de revelar lições novas que a
humanidade não poderia compreender no passado, Divaldo
Franco realizou uma bela e emocionante narrativa de
fatos históricos do cristianismo primitivo e seu
encaminhamento posterior, distorcido e corrompido.
Deu ênfase ao trabalho que vem sendo realizado pelo
dedicado Papa Francisco, destacando-o como missionário,
bem como suas ações em prol do amor aos seus
semelhantes, e sua ternura aos homens em sofrimento,
tratando-os como irmãos.
O Consolador Prometido, que chegou ao conhecimento da
Humanidade pelo corajoso e hábil trabalho realizado por
Allan Kardec, apregoa a doçura, a mansuetude a
afabilidade, o perdão, a esperança, o conhecimento que
liberta, o amor que une os seres e produz o amparo aos
que sofrem e que são, também, aliviados. O Espiritismo
veio restaurar a vida.
A evolução científica, em seus vários campos, deve
aliar-se com o amor, contribuindo para a plenificação
dos indivíduos. Jesus preencheu uma lacuna, o
Espiritismo descrucificou-O. A violência urbana vem
demonstrando que o homem perdeu o significado da vida, e
a opção pelo aborto delituoso levará os indivíduos ao
embrutecimento de seus sentimentos. Chegará um dia em
que matarão os idosos, porque estes, também, podem se
tornar importunos, incômodos, como os que estão em
gestação, afirmou Divaldo Franco, o Trator de Deus, nas
palavras de Chico Xavier.
As Leis Cósmicas são incoercíveis. Elas são inexoráveis
e delas ninguém pode fugir, pois que todos são imortais.
A Doutrina Espírita apresenta as provas da imortalidade.
O Espiritismo, disse Divaldo Franco, advertindo,
discorre sobre o socialismo cristão e não sobre o
comunismo de Karl Marx, Engels e Lenin. A missão do
Espiritismo é dar ao homem vida em abundância,
libertando a criatura humana de seus atavismos, elegendo
o autoamor, o amor ao próximo e a Deus.
Rogando bênçãos para todos e para si, Divaldo Franco
encerrou sua brilhante conferência, que com a ação dos
benfeitores atendeu a economia espiritual de todos os
assistentes, nos dois planos da vida. O público, ávido
de esperança, e repletado de energias revigorantes,
alegrou-se mais e mais, concedendo ao expositor de escol
uma salva de palmas vigorosa e de pé reverenciou-o,
gratificado.
Marcando e destacando a visita do Semeador de Estrelas,
o movimento espírita da região prestou-lhe significativa
homenagem, concedendo-lhe uma placa alusiva aos seus 71
anos de oratória e de atividades espíritas; como é um
Cidadão Pelotense, foi-lhe ofertado uma série de
produtos produzidos na cidade.
Outra homenagem assinalou
a data de 6 de junho de 1957, quando esteve pela
primeira vez em Pelotas, a Princesa do Sul, trazendo a
mensagem consoladora da Doutrina Espírita.
Materializando essa data e o seu significado foi-lhe
presenteado uma caneca com as fotografias daquele
histórico dia.
Divaldo confessou-se supresso e reconheceu não merecer o
destaque, transferindo-o aos espíritas pelotenses
daquela primeira hora, aceitando, contudo, o carinho
como um estímulo, principalmente nesta quadra da vida em
que se encontra. Extensa fila se formou em busca de um
autógrafo, de um aperto de mão, de um cumprimento. A
noite fria convidava os presentes a demandarem aos lares
em busca de conforto término e do amor familial.
Nota do Autor:
As fotos que ilustram esta reportagem são de Jorge
Moehlecke.