Aborto provocado
Inicialmente e para que não reste a menor sombra de
dúvidas sobre o meu posicionamento pessoal, deixo
consignado que sou contrário ao abortamento intencional,
ainda que não seja considerado crime e praticado
indistintamente.
Dito isso, passo a considerar a atualidade do tema em
virtude da análise desenvolvida pelo Supremo Tribunal
Federal de nosso país e também dos destaques oferecidos
nas diversas mídias atualmente existentes. Igualmente e
por óbvio procurarei desenvolver o tema sob a ótica do
Espiritismo.
Sob qualquer ponto de vista seria melhor estarmos
debatendo no Congresso Nacional, local apropriado para
que a sociedade através dos representantes do povo
analisasse o tema sob todos os aspectos possíveis, quer
sejam culturais, religiosos, ideológicos etc.…
Mas não está sendo assim, o Poder Judiciário se adiantou
e está discutindo o tema. Por quê? Trata-se de uma
necessidade, o Direito protege a vida, assim o termo
inicial e o momento final da vida são de suma
importância aos operadores do Direito. Quando o corpo
adquire vida ou quando os corpos deixam de viver deve
ser claramente delimitado para que, concretamente todo o
aparelhamento do Estado possa proteger a vida e não
simplesmente os corpos, que também são objetos da tutela
estatal, todavia em outra esfera.
E na ótica Espírita quando ou em que momento o Espírito
dá vida moral ao corpo, ou a ele se une? Questão 344 de
O Livro dos Espíritos, e em resposta dizem os Espíritos
Superiores: “A união começa na concepção, mas não se
completa senão no momento do nascimento…”, desta forma
tornando os nascimentos um processo de múltiplos fatos
que se prolongam no tempo e segundo a Organização
Mundial da Saúde normalmente se completam em 40 semanas
e não um fato único e isolado, um único momento.
O Espírito estando ligado ao corpo desde o momento da
concepção sentirá as consequências de tudo o que a este
corpo sobrevier. Gerando as responsabilidades aos
agentes que lhe provocarem o mal ou os benefícios
àqueles que lhe produzirem o bem.
Portanto, a nós espíritas cientes e crentes nas suas
verdades, devemos ser contrários ao aborto e contra ele
pregar, sempre que nos for possível, ainda que a
sociedade em flagrante atraso deixe de considerá-lo
crime, ou ainda que o considere crime a partir de certo
momento da gestação.
Realmente, me parece muito bárbaro que um casal, após
uma relação sexual irresponsável, resolva como método
contraceptivo, abortar, e aqui cabe um termo muito
forte, matando, sim, matando um ser que se ainda não
está inteiramente vinculado a um Espírito, o
consideramos humano e vivo, sim.
Refiro-me ao casal, pois também é bárbaro imputar
somente à mãe as consequências deste ato funesto. No
Plano Maior, sob a Justiça Divina e diante do tribunal
incorruptível da consciência, os pais também
responderão.
Assim sendo, em conclusão deste artigo jornalístico,
cujo tema enseja muito mais que estas breves
considerações, sugiro a todos nos posicionarmos
publicamente sobre este tema e para que o aborto
voluntário e provocado não deixe de ser considerado
crime, porque outra coisa não é.
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