Falar e ouvir
Não esqueçamos em tempo algum o poder criativo da
palavra.
O que falas é dito com toda a força daquilo que és. Por
isso, o problema não se limita unicamente a falar, mas a
falar para o bem, evitando tudo o que se faça
inconveniente ao equilíbrio ou à segurança do próximo.
Precioso é o ministério daqueles que suprimem a penúria
material, e sublime será sempre o apostolado daqueles
que ensinam, dissolvendo o nevoeiro da ignorância;
entretanto, não menos valioso é o trabalho daqueles
outros que facilitam a estrada dos semelhantes.
Qualquer de nós sabe remover um perigo na via pública ou
extirpar a planta venenosa no chão doméstico, atentos à
nossa responsabilidade na vida comunitária.
Como não auxiliar o companheiro de experiência, calando
o apontamento capaz de amargar-lhe a existência, tão
sequiosa de paz quanto a nossa?
Para isso não é necessário cultivar indisposições com
aqueles amigos outros que ainda falam desconhecendo,
muita vez, as realidades do espírito. Basta instalar o
filtro da compreensão na acústica da alma.
Tudo o que nos traumatize os sentimentos é justo arredar
do nosso intercâmbio com os demais, porquanto a regra
áurea deve ser chamada a legislar no assunto, a fim de
que não venhamos a falar a outrem aquilo que não
desejamos que outrem nos fale.
Observemos, sobretudo, na condição de criaturas
terrestres, o equipamento de que a Sabedoria Divina nos
revestiu para controle dos recursos verbais: dois olhos,
dois ouvidos; todavia, tão somente uma boca e, assim
mesmo, antes que a palavra se prefigure nos lábios,
temos os impulsos do coração a se projetarem para o
cérebro e, no cérebro, esses mesmos impulsos se
transformam em pensamentos, suscetíveis de sofrer
rigorosa seleção, qual acontece aos alimentos em casa.
Examinemos todas as ideias que nos surjam à cabeça, e,
assim como sabemos evitar as batatas deterioradas, toda
vez que as ideias não edifiquem, desliguemos as tomadas
da atenção, a fim de que nos decidamos a empregar
esquecimento e distância com elas.
Do livro Alma e coração, obra
mediúnica psicografada pelo médium Francisco Cândido
Xavier.
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