Esta é a primeira carta da correspondência mantida entre
Chico Xavier e Wantuil de Freitas, no decorrer dos anos
em que este ocupou o cargo de Presidente da Federação
Espírita Brasileira:
“(...) Relativamente aos originais dos nossos humildes trabalhos
mediúnicos, para mim será muito mais interessante que a
Federação os guarde nos arquivos da Casa. Fico muito grato ao
seu carinho. Havia pedido a restituição dos mesmos, porque tendo
tido necessidade em 1942 de rever algumas páginas de “Paulo e
Estêvão”, pedi à Livraria me emprestasse o original do livro,
crendo que estivessem sendo arquivados, mas fui informado de que
os originais, após a publicação, eram inutilizados. Felizmente,
ainda tínhamos aqui uma cópia que descobri, depois, por ter sido
guardada por um companheiro de doutrina, que muito me ajuda no
serviço de datilografia e pude, assim, fazer a consulta. Desde
então, pedi ao nosso amigo Sr. Carvalho que me enviasse os
originais de que não precisasse, porque ficariam guardados
conosco. Tenho aqui apenas o original de “Renúncia”, porque os
anteriores a esse livro não foram arquivados. O meu amigo daqui,
porém, ao qual já me referi linhas acima, tem cópias a carbono e
isso me alegra porque tinha receio de não ficarmos com cópia
alguma dos trabalhos senão as publicações. Já que Você, porém,
quer fazer o grande obséquio de arquivar aí os originais, meu
bom Wantuil, que isto me conforta e alegra muitíssimo. Não digo
isto por mim, pois bem sei que de nada valho, mas é que a obra
de Emmanuel costuma ser atacada, de vez em quando, pela
ignorância de algumas criaturas sem a claridade do Evangelho e
será sempre útil que tenhamos esses originais em mão para
qualquer exame, não acha Você? (...)”
Chico Xavier não é apenas o médium, o meio para a comunicação
dos Benfeitores Espirituais, mas, também, o zeloso guardião
desse tesouro espiritual, atento e vigilante em todos os
instantes, para que a obra não seja atingida.
O mandato mediúnico e, no caso de Chico Xavier, o mediunato, é
muito mais abrangente do que se poderia supor. O mediunato
confere ao médium a responsabilidade de ser coparticipe de toda
uma planificação do Mundo Maior.
Ele não será somente o instrumento, mas parte integrante de um
programa que a Espiritualidade Superior traçou, portanto,
plenamente identificado com os objetivos a serem alcançados e
pelos quais labora de comum acordo e sintonia com os que, na
esfera espiritual, também sejam partes dessa programação. O
médium torna-se o representante dos Espíritos Benfeitores no
plano terrestre. Assim, desde o instante em que os ensinamentos
vertem do Mais Alto e pelos canais mediúnicos se expressem nas
dimensões terrenas, ele — o médium — torna-se-lhe o guardião, o
depositário, que terá, a partir desse momento, de cuidar para
que a obra projetada tenha o curso esperado [...]
Do livro Testemunhos de Chico Xavier, de Suely Caldas
Schubert.
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