A habitação
e o habitante
Prescindindo da espiritualidade, o homem esbarra em
dificuldades insuperáveis
“Na
Casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse
assim, eu vo-lo teria dito, vou preparar-vos lugar.” - Jesus.
(Jo., 14:2.)
Afirma Léon Denis que “o
segredo do destino é a construção do próprio ‘eu’, sua
individualidade através dos milhares de vidas passadas
em centenas de mundos e sob a direção de nossos irmãos
mais velhos, de nossos amigos do Espaço, escalar os
caminhos do Céu, arrojando-nos cada vez mais para cima,
abrir um campo de ação cada vez mais largo,
proporcionado à obra feita ou sonhada, tornamo-nos um
dos atores do drama divino, um dos agentes de Deus na
obra eterna. Trabalhar para o Universo como o Universo
trabalha para nós”.
Os
Espíritos apontam entre
outros fins para a reencarnação, “(...)
o de pôr o Espírito em condições de suportar a parte que
lhes toca na obra da Criação. Para executá-la é que, em
cada mundo, toma o Espírito um instrumento, de harmonia
com a matéria essencial desse mundo, a fim de aí
cumprir, daquele ponto de vista, as ordens de Deus. E
assim que, concorrendo para a obra geral, ele próprio se
adianta”.
Vislumbramos, portanto, à nossa frente, um vasto
horizonte, uma imensa estrada evolutiva a trilhar. Vem a
Doutrina Espírita nos conscientizar de nossa
responsabilidade individual nesse infinito processo como
copartícipes da Criação. Assim, é da Lei que a habitação
guarde uma certa identidade com o habitante. Tal
habitante, tal Orbe!
Também,
“do
ensino dado pelos Espíritos, resulta que muito
diferentes umas das outras são as condições dos mundos
quanto ao grau de adiantamento ou de inferioridade dos
seus habitantes. Nos mundos inferiores, a existência é
toda material, reinam, soberanas, as paixões, sendo
quase nula a vida moral. À medida que esta se
desenvolve, diminui a influência da matéria, de tal
maneira que, nos mundos mais adiantados, a vida é, por
assim dizer, toda espiritual.
Embora se não possa fazer dos diversos mundos uma
classificação absoluta, pode-se, contudo, em virtude do
estado em que se acham e da destinação que trazem,
tomando por base os matizes mais adiantados, dividi-los,
de modo geral, como se segue:
Mundos Primitivos – destinados às primeiras encarnações
da alma humana;
Mundos de Provas e Expiações – onde domina o mal;
Mundos de Regeneração – onde as almas que ainda têm o
que expiar haurem novas forças, repousando das fadigas
da luta;
Mundos Ditosos – onde o bem sobrepuja o mal;
Mundos Celestes ou Divinos – habitações de
Espíritos depurados, onde exclusivamente reina o bem.
Estamos, agora, em condições de traçar um paralelo entre
o corpo perecível e o Espírito imortal onde este é o
habitante e aquele a morada. Da mesma forma, a “habitação” (corpo
físico) guarda relação como o “habitante” (Espírito
imortal).
Aprendemos com Kardec: “a
considerar-se senão a matéria, abstraindo do Espírito, o
homem nada tem que o distinga do animal. Tudo, porém,
muda de aspecto, logo que se estabelece distinção entre
a habitação e o habitante”.
O Espírito é tudo; o corpo é simples veste que apodrece.
Ensina, ainda, o
Mestre Lionês:“(...)
quando, em um mundo, os Espíritos hão realizado a soma
de progresso que o estado desse mundo comporta,
deixam-no para encarnar em outro mais adiantado, onde
adquiram novos conhecimentos e assim por diante, até
que, não lhes sendo mais de proveito algum a encarnação
em corpos materiais, passam a viver exclusivamente da
vida espiritual, na qual continuam a progredir, mas
noutro sentido e por outros meios. Chegados ao ponto
culminante do progresso, gozam da suprema felicidade.
Admitidos nos Conselhos do Onipotente, conhecem-Lhe o
pensamento e se tornam Seus mensageiros, Seus ministros
diretos no governo dos mundos, tendo sob as suas ordens
os Espíritos de todos os graus de adiantamento.
A
coletividade dos Espíritos constitui, de certo modo, a
Alma do Universo. Por toda parte, o elemento espiritual
é que atua em tudo, sob o influxo do pensamento divino.
Sem esse elemento, só há matéria inerte, carente de
finalidade, de inteligência, tendo por único motor as
forças materiais, cuja exclusividade deixa insolúveis
uma imensidade de problemas. Com a ação do elemento
espiritual individualizado, tudo tem uma finalidade, uma
razão de ser, tudo se explica. Prescindindo da
espiritualidade, o homem esbarra em dificuldades
insuperáveis”.
Quando a “habitação”, (planeta
e corpo físico), já não estiver em correspondência com o
progresso que haja alcançado o Espírito (habitante), ele, (o
Espírito),emigrará
daquele meio, para encarnar noutro mais elevado e assim
por diante, até atingir a perfeição máxima que pode
atingir. Por esse motivo é que Jesus afirmou: “necessário
vos é nascer de novo”. E
em outra ocasião afirmaria: “na
Casa do meu Pai há muitas moradas”.
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