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por Vladimir Polízio

 

Fraquejar? Nem pensar


O arado, essa rude máquina do campo que, quando arrastada sobre a terra, nela provoca sulcos profundos com suas afiadas e pontiagudas lâminas de aço, é empregada com ênfase por Jesus, em seu evangelho.

Destaca o Senhor que o arado se assemelha ao homem, em sentido figurado, no que diz respeito à seriedade dos compromissos que a vida destina a cada caminheiro. E não deixa de ser uma verdade interessante, porque na medida em que se absorvem novos conhecimentos, igualmente crescem as responsabilidades das pessoas.

Enquanto o arado, através da força física animal, desliza sobre a terra arroteando a rudeza do chão, tornando-o macio para receber as sementes e os fertilizantes naturais, os quais, somando-se à água e ao carinho do lavrador, vão brotar e desenvolver-se, o homem, com seu empenho, dedicação e amor, também cultivará em seu tempo de plantio, as boas sementes que lhe trarão os resultados benéficos. Dessa forma temos então aquela observação que o Mestre faz aos que querem mudanças, concitando todo aquele que manifesta sua vontade de reformar-se.

"Vem, vem comigo. Mas, se puseres a mão no arado não olhes para trás; avança no trato da terra bruta, sem vacilar, e receberás a recompensa."

Sim, tem pleno sentido, porque vacilar significa dúvida, incerteza; olhar para trás poderá expressar indícios de arrependimento diante da decisão tomada ou mesmo saudade de algo que fica, que está sendo deixado, e isso não é um bom sinal.

Pela amostragem no mundo, percebemos que nem todos buscam o aperfeiçoamento moral. Cada um, na sua sagrada individualidade, caminha muitas vezes sofregamente em chão pedregoso, amargurando momentos em que é envolvido por dores e sofrimentos que se manifestam no fundo da alma, com aflitivos resultados no campo do sentimento. Encontram-se também em trânsito conosco aqueles que, embora sem acreditar ainda na presença divina e nas forças do Universo, procuram corrigir-se em suas maneiras e prosseguem na busca do conhecimento, por não terem ainda encontrado a solução adequada aos seus enigmas, que não são poucos. Há, ainda, aqueles outros que pouco se importam com a vida e passam por ela sem se despertar, envolvidos que estão no agressivo, cruel e inóspito submundo e nada se importando com a Lei do retorno. Por considerarem esta existência como única, aproveitam-na da forma e maneira como bem a entendem, sem qualquer princípio de decência.

É sabido que nem todos acordarão para esse sentimento enquanto estiverem aqui, a caminho; levam em conta essa condição e permitem que a vida passe sem que se acrescente algo de bom e útil no curso da existência enquanto se acham a caminho. Aqueles que assim passarem para o outro lado da vida terão então a oportunidade de constatar que não compreenderam a mensagem de Jesus. Porém, os que estiverem atentos, vigilantes e seguros de si, certamente poderão dizer ainda entre nós, sem que tenham de esforçar-se para isso: "Hoje, estou em outro caminho!" Quanto a nós, diremos: Bendito aquele que reconhece essa necessidade. Já os benfeitores do outro lado afirmam: “Os anjos choram de júbilo nas regiões celestes, quando um coração sofredor se levanta do abismo”.

O homem que traz firmeza em seus atos, em seus propósitos, não teme as mudanças conclamadas pelo sentimento; pelo contrário, olha para frente e avança, resoluto, com seus passos fortes e decididos na busca de seus objetivos, de seus ideais, sabendo racionalmente o que realmente quer.

Mas, quando a dúvida se instala num momento de decisão, é porque falta ainda amadurecimento no assunto. Vale lembrar a posição de Léon Denis (1846-1927), o Apóstolo do Espiritismo, que assim define o que possui personalidade de vencedor: “Quem sabe onde vai pisa firme e imprime a seus atos um impulso vigoroso". E, de nossa parte, reforçamos que o hoje pode ser agora, neste preciso momento.

Reflita seriamente sobre este assunto. Se você pressente a necessidade de mudanças em sua vida e ouviu o chamamento de Jesus através da voz silenciosa da intuição, não vacile. Levante-se, tome o arado e avance.

Fraquejar? Nem pensar.


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita