Fraquejar? Nem pensar
O arado, essa rude máquina do campo que, quando
arrastada sobre a terra, nela provoca sulcos
profundos com suas afiadas e pontiagudas lâminas
de aço, é empregada com ênfase por Jesus, em seu
evangelho.
Destaca o Senhor que o arado se assemelha ao
homem, em sentido figurado, no que diz respeito
à seriedade dos compromissos que a vida destina
a cada caminheiro. E não deixa de ser uma
verdade interessante, porque na medida em que se
absorvem novos conhecimentos, igualmente crescem
as responsabilidades das pessoas.
Enquanto o arado, através da força física
animal, desliza sobre a terra arroteando a
rudeza do chão, tornando-o macio para receber as
sementes e os fertilizantes naturais, os quais,
somando-se à água e ao carinho do lavrador, vão
brotar e desenvolver-se, o homem, com seu
empenho, dedicação e amor, também cultivará em
seu tempo de plantio, as boas sementes que lhe
trarão os resultados benéficos. Dessa forma
temos então aquela observação que o Mestre faz
aos que querem mudanças, concitando todo aquele
que manifesta sua vontade de reformar-se.
"Vem, vem comigo. Mas, se puseres a mão no arado
não olhes para trás; avança no trato da terra
bruta, sem vacilar, e receberás a recompensa."
Sim, tem pleno sentido, porque vacilar significa
dúvida, incerteza; olhar para trás poderá
expressar indícios de arrependimento diante da
decisão tomada ou mesmo saudade de algo que
fica, que está sendo deixado, e isso não é um
bom sinal.
Pela amostragem no mundo, percebemos que nem
todos buscam o aperfeiçoamento moral. Cada um,
na sua sagrada individualidade, caminha muitas
vezes sofregamente em chão pedregoso,
amargurando momentos em que é envolvido por
dores e sofrimentos que se manifestam no fundo
da alma, com aflitivos resultados no campo do
sentimento. Encontram-se também em trânsito
conosco aqueles que, embora sem acreditar ainda
na presença divina e nas forças do Universo,
procuram corrigir-se em suas maneiras e
prosseguem na busca do conhecimento, por não
terem ainda encontrado a solução adequada aos
seus enigmas, que não são poucos. Há, ainda,
aqueles outros que pouco se importam com a vida
e passam por ela sem se despertar, envolvidos
que estão no agressivo, cruel e inóspito
submundo e nada se importando com a Lei do
retorno. Por considerarem esta existência como
única, aproveitam-na da forma e maneira como bem
a entendem, sem qualquer princípio de decência.
É sabido que nem todos acordarão para esse
sentimento enquanto estiverem aqui, a caminho;
levam em conta essa condição e permitem que a
vida passe sem que se acrescente algo de bom e
útil no curso da existência enquanto se acham a
caminho. Aqueles que assim passarem para o outro
lado da vida terão então a oportunidade de
constatar que não compreenderam a mensagem de
Jesus. Porém, os que estiverem atentos,
vigilantes e seguros de si, certamente poderão
dizer ainda entre nós, sem que tenham de
esforçar-se para isso: "Hoje, estou em outro
caminho!" Quanto a nós, diremos: Bendito aquele
que reconhece essa necessidade. Já os
benfeitores do outro lado afirmam: “Os anjos
choram de júbilo nas regiões celestes, quando um
coração sofredor se levanta do abismo”.
O homem que traz firmeza em seus atos, em seus
propósitos, não teme as mudanças conclamadas
pelo sentimento; pelo contrário, olha para
frente e avança, resoluto, com seus passos
fortes e decididos na busca de seus objetivos,
de seus ideais, sabendo racionalmente o que
realmente quer.
Mas, quando a dúvida se instala num momento de
decisão, é porque falta ainda amadurecimento no
assunto. Vale lembrar a posição de Léon Denis
(1846-1927), o Apóstolo do Espiritismo, que
assim define o que possui personalidade de
vencedor: “Quem sabe onde vai pisa firme e
imprime a seus atos um impulso vigoroso". E, de
nossa parte, reforçamos que o hoje pode
ser agora, neste preciso momento.
Reflita seriamente sobre este assunto. Se você
pressente a necessidade de mudanças em sua vida
e ouviu o chamamento de Jesus através da voz
silenciosa da intuição, não vacile. Levante-se,
tome o arado e avance.
Fraquejar? Nem pensar.