Diante da sombra
Como tratava Jesus aqueles que se lhe revelavam em falsa
posição no caminho?
Decerto que o Senhor nunca aderiu aos enganos que os
vitimavam, entretanto, trazendo-os à justa recuperação
com a verdade, jamais deixou de temperar essa mesma
verdade com as bênçãos da fé operante e do
incomensurável amor.
Ele não ignorava que Maria de Magdala jazia possessa de
sete demônios, contudo ampara-lhe os sentimentos para
que se engrandeça na renúncia santificante.
Sabia que Zaqueu se mostrava possuído pela treva da
usura, mas convida-o docemente ao serviço do bem de
todos.
Não desconhecia que Simão Pedro, em certas ocasiões, se
entregava, inerme, a perseguidores invisíveis que lhe
conturbavam a mente, no entanto fortalece-lhe a
confiança, pouco a pouco, nele plasmando um herói de
beleza divina.
Cientificou-se de que Judas se rendera a tremendas
tentações, engodado pelos gênios da exploração política,
mas, longe de expulsá-lo, conchega-o, de encontro ao
próprio seio, até o perdão incondicional.
Reconhecia Saulo de Tarso sob a dominação de entidades
cruéis que o fixavam na intolerância e no crime, no
entanto ele mesmo lhe levanta o coração às portas de
Damasco e dele faz o apóstolo de sua bondade excelsa.
Se sabes, pois, onde se ocultam erros e ilusões, não te
convertas em falso profeta do Senhor, condenando e
fugindo em seu nome.
Não te entregues à sombra, mas oferece-lhe a tua luz.
Não te confies ao ódio, mas estende-lhe a bênção de teu
amor.
Se a verdade te clareia o caminho, lembra-te de que não
foste chamado por Jesus para amaldiçoar e destruir e,
sim, para abençoar e ajudar, renovar e redimir para a
glória do eterno bem.
Do livro Cartas do Alto, obra
mediúnica psicografada pelo médium Francisco Cândido
Xavier.
|