Você também é migrante… e não sabe!
O migrante é aquele “que muda de país ou de região”,
de acordo com o dicionário. Mas, vamos falar daqueles
que são deslocados no mundo inteiro. Em agosto de 2018,
o número de deslocados estimado pela ONU é de 68,5…
MILHÕES de pessoas. Sim, pessoas! Uma delas podia ser
você. Mas o que é que o Espiritismo tem a ver com isto?
68,5 milhões de pessoas, no planeta Terra, em 2018,
estão deslocadas das suas casas, voluntariamente ou por
força das circunstâncias. O número tende a aumentar
derivado da instabilidade política, econômica, dos
fenômenos atmosféricos extremos, das mudanças
climáticas, das guerras, tudo fruto do egoísmo do Ser
Humano. Os especialistas dizem que a situação vai
piorar, e que a Humanidade tem de se adaptar!
Esplanada do café!
Dois “especialistas” em “achismo”, na mesa ao lado, de
barriguinha cheia, diziam em voz perfeitamente audível:
“Oh pá, os gajos que voltem para a sua terra”,
referindo-se aos migrantes que tentam atravessar o Mar
Mediterrâneo em busca de uma vida melhor, na Europa.
Olhei e, confesso, não senti raiva…!
Senti pena da pessoa, compaixão, entendimento.
Decerto ele não era espírita.
Decerto ele não sabia que a vida continua para além da
morte, decerto ele desconhecia a “Lei de Causa e
Efeito”, a reencarnação, decerto nunca sentiu na pele o
que é ser refugiado, depender da caridade alheia,
começar do zero.
A tristeza acerca da sua observação rapidamente se
transformou em entendimento.
É normal, ele não sabe que é um ser imortal, que é um
migrante que vai para o mundo espiritual e volta para a
Terra, em Portugal, ou em qualquer parte do mundo,
noutra reencarnação.
Afinal, o meu vizinho da mesa de esplanada desconhece
que é um migrante que, se calhar, já o foi mesmo aqui na
Terra, em outras vidas, sofrendo perseguições, tendo de
fugir, proteger-se etc.
Em O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, obra
notável que devia ser estudada nas escolas, na
disciplina de Filosofia, os Espíritos superiores dizem
que todos os males da Humanidade radicam no egoísmo, a
causa de todos os restantes defeitos do Ser Humano.
Enquanto formos egoístas e orgulhosos, não seremos
serenos, pacificados
Ora, o egoísmo quando aliado ao desconhecimento da
realidade do Homem (ser espiritual, imortal) torna-se
ainda mais feroz, violento, sem senso comum.
O orgulho e o egoísmo são puro veneno para o bem-estar
do Homem, das Sociedades e do mundo.
Dizem também os bons Espíritos que ao Homem é concedido
o livre-arbítrio de obrar no Bem ou egoisticamente, mas,
de acordo com as Leis da Natureza, cada pessoa, cada
Sociedade, colherá inevitavelmente aquilo que semear, em
pensamentos, atitudes, inação etc., não numa perspectiva
castigadora (Deus não castiga), mas num automatismo de
uma das leis de Deus, leis da Natureza, a Lei de
Causalidade (ou Causa e Efeito).
Fiz um exercício de imaginação… E se o que aconteceu com
a central nuclear japonesa após o violento sismo e
Tsunâmi, acontecer por exemplo na Itália, com vários
vulcões ativos, ou em França, Alemanha, com fuga
generalizada de radiação nuclear?
Ou morremos na esplanada, envoltos no nosso orgulho e
egoísmo, ou tornamo-nos migrantes e fugimos quiçá para
um país da América do Sul, Brasil ou outro.
Pode ser já amanhã, quando estiver a ler este artigo…
Com a Doutrina dos Espíritos (Espiritismo ou Doutrina
Espírita), que não é mais uma religião nem seita, mas
sim uma Filosofia de vida, aprendemos que somos
Espíritos imortais, que temos outras vidas corpóreas
depois desta (reencarnação), que colheremos no mundo
espiritual e na próxima existência física o que
semearmos nesta vida, e que evoluímos pelo Amor, pela
dor ou pela relação Amor-dor, dependendo das escolhas
interiores de cada um.
Aprendemos que “fora da caridade não há salvação”,
e que devemos fazer ao próximo aquilo que desejaríamos
que nos fizessem, numa perfeita súmula dos ensinamentos
de Jesus de Nazaré.
Fiquei a pensar com os meus botões… caramba, quanta
divulgação destas ideias nobres está por fazer neste
mundo, para o auxiliar a mudar!
Deixei o exemplar do Jornal de Espiritismo (que
estava a ler) em cima da mesa, e fui-me embora, na
esperança de que eles pegassem no jornal e o lessem.
Somos todos migrantes na Vida… e não sabemos!
Bibliografia:
Kardec, Allan: O Livro dos Espíritos, Ed. FEP,
Amadora, Portugal.
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