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por Rogério Coelho

 
Onde gravamos?


Ninguém passa pela Terra em regime de exceção


“(...) Um novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros, como eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis.” - 
Jesus. (Jo, 13:34.)


Ensina o Mestre lionês[1]“não se pode verdadeiramente amar a Deus sem amar o próximo, nem amar o próximo sem amar a Deus. Logo, tudo o que se faça contra o próximo, o mesmo é que fazê-lo contra Deus”.

Disse Jesus[2]“em verdade vos digo que, quanto fizerdes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes”.

Ensinam os Espíritos que “existem os que pensam no mal e se comprazem nele; os que pensam no mal e esforçam-se por evitá-lo, e os que não fazem o mal e nem sequer pensam nele. Nos primeiros ainda não existe progresso; nos segundos existe progresso em vias de concretizar-se e nos últimos o progresso já está plenamente feito”.

Ensinou Buda: “há três tipos de homens no mundo: os primeiros são como letras entalhadas nas rochas; dão facilmente margem ao ódio e retêm irados pensamentos por muito tempo. Os segundos são como letras escritas na areia; também sentem ódio, mas seus irados pensamentos rapidamente desaparecem. Os terceiros são como letras escritas em água corrente; não retêm pensamentos passageiros; deixam o abuso e a inoportuna bisbilhotice passarem despercebidos; suas mentes estão sempre puras e imperturbáveis”.

Fazendo a amarração de tudo o que foi acima exposto, perguntamos: onde gravamos as ofensas que recebemos? Na rocha, na areia ou na água corrente? É bom pensarmos cuidadosamente nisso, porque dependendo de onde o fazemos estaremos, através de nosso próximo, amando ou não a Deus; fazendo ou não o bem a Jesus.

Se for certo que a sementeira é livre, não menos certo é que a colheita é obrigatória; assim, a compulsória do amor ou da dor será simples corolário de nossa atuação, vez que Jesus afirmou[3]“a cada um será dado de acordo com as suas obras”.

A rocha, a areia ou a água corrente falarão se temos todo um progresso a realizar, se já estamos com o progresso em vias de realização ou se já o temos plenamente realizado, e o que estamos fazendo a Jesus por intermédio de nossos irmãos.

Lembra-nos o nobre Espírito Dr. Bezerra de Menezes[4]: “(...) vós rogastes, antes do berço, a oportunidade do mergulho carnal, para construir um mundo melhor. Suplicastes emocionados o ensejo de abraçar a Doutrina Libertadora, para com ela implantar no coração dos homens, e no vosso também, o Reino de Deus; elegestes a hora difícil, a fim de demonstrar o valor do conteúdo doutrinário, diante das lutas renhidas que deveríeis enfrentar... Chegado é o momento de viverdes, quais novos cristãos primitivos, a mensagem de que Allan Kardec foi o embaixador especial. Não estranheis, portanto, o campo sáfaro onde vos encontrais a laborar.

Se não podeis impedir os fatores climatéricos, no momento conspirando contra os seminários de mudas que deveis zelar, utilizai­-vos dos instrumentos ao alcance para resguardar-vos, resguardando por sua vez a sementeira luminosa. A luta que defrontais é o resultado inevitável do choque das paixões. 

Tomai por modelo Jesus, o Ser mais perfeito que Deus nos deu para servir de modelo e guia[5], como afirmaram os venerandos mentores da humanidade ao Codificador, e, utilizando a instrumentalidade da Ciência, enfrentai o ateísmo na sua expressão niilista e utilitarista, com os conhecimentos cimentados no fato da Imortalidade da Alma, da Comunicabilidade do Espírito e da Reencarnação.  Mas, sobretudo, vivei a ética do Espiritismo, que não é outra senão a ética do Cristianismo primitivo.

Lutas travaram-nas Jesus e os Seus discípulos. Ninguém passa pela Terra em regime de exceção. Heróis, santos, mártires, ases da cultura, protótipos da sabedoria, delinquentes aturdidos e alienados experimentam todos os mesmos calhaus, as mesmas borrascas, os mesmos padecimentos. Vós, porém, tendes os meios de vos resguardar, pelo discernimento que a Doutrina vos propicia e pela fidelidade à causa, estribada nas bases do amor.

Tende tento, filhos! Vigiai a respeito do fermento da dissensão. Estai no posto do trabalho e da fidelidade, sobretudo, a Jesus e a Kardec, nesta hora de graves definições. 

Nenhum de nós, encarnado ou desencarnado, tem direitos especiais na lavoura do Evangelho, senão o dever de servir e servir mais até a exaustão das nossas forças”. 


 

[1] - KARDEC, Allan. O Evangelho seg. o Espiritismo. 125. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2006, cap. XV-5.

[2] - Mt., 25:40.

[3] - Mt., 16:27.

[4] - Mensagem recebida por Divaldo Franco no dia 17.11.84, na sede da FEB em Brasília-DF.

[5] - KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 88.ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2006, q. 625.


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita