Onde gravamos?
Ninguém passa pela Terra em regime de exceção
“(...) Um novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos
outros, como eu vos amei a vós, que também vós uns aos
outros vos ameis.” - Jesus.
(Jo, 13:34.)
Ensina o Mestre
lionês: “não
se pode verdadeiramente amar a Deus sem amar o próximo,
nem amar o próximo sem amar a Deus. Logo, tudo o que se
faça contra o próximo, o mesmo é que fazê-lo contra
Deus”.
Disse Jesus: “em
verdade vos digo que, quanto fizerdes a um destes meus
pequeninos irmãos, a mim o fizestes”.
Ensinam os Espíritos que “existem
os que pensam no mal e se comprazem nele; os que pensam
no mal e esforçam-se por evitá-lo, e os que não fazem o
mal e nem sequer pensam nele. Nos primeiros ainda não
existe progresso; nos segundos existe progresso em vias
de concretizar-se e nos últimos o progresso já está
plenamente feito”.
Ensinou Buda: “há
três tipos de homens no mundo: os primeiros são como
letras entalhadas nas rochas; dão facilmente margem ao
ódio e retêm irados pensamentos por muito tempo. Os
segundos são como letras escritas na areia; também
sentem ódio, mas seus irados pensamentos rapidamente
desaparecem. Os terceiros são como letras escritas em
água corrente; não retêm pensamentos passageiros; deixam
o abuso e a inoportuna bisbilhotice passarem
despercebidos; suas mentes estão sempre puras e
imperturbáveis”.
Fazendo a amarração de tudo o que foi acima exposto,
perguntamos: onde gravamos as ofensas que recebemos? Na
rocha, na areia ou na água corrente? É bom pensarmos
cuidadosamente nisso, porque dependendo de onde o
fazemos estaremos, através de nosso próximo, amando ou
não a Deus; fazendo ou não o bem a Jesus.
Se for certo que a
sementeira é livre, não menos certo é que a colheita é
obrigatória; assim, a compulsória do amor ou da dor será
simples corolário de nossa atuação, vez que Jesus
afirmou: “a
cada um será dado de acordo com as suas obras”.
A rocha, a areia ou a água corrente falarão se temos
todo um progresso a realizar, se já estamos com o
progresso em vias de realização ou se já o temos
plenamente realizado, e o que estamos fazendo a Jesus
por intermédio de nossos irmãos.
Lembra-nos o nobre
Espírito Dr. Bezerra de Menezes:
“(...) vós rogastes, antes do berço, a oportunidade do
mergulho carnal, para construir um mundo melhor.
Suplicastes emocionados o ensejo de abraçar a Doutrina
Libertadora, para com ela implantar no coração dos
homens, e no vosso também, o Reino de Deus; elegestes a
hora difícil, a fim de demonstrar o valor do conteúdo
doutrinário, diante das lutas renhidas que deveríeis
enfrentar... Chegado é o momento de viverdes, quais
novos cristãos primitivos, a mensagem de que Allan
Kardec foi o embaixador especial. Não estranheis,
portanto, o campo sáfaro onde vos encontrais a laborar.
Se não podeis impedir os fatores climatéricos, no
momento conspirando contra os seminários de mudas que
deveis zelar, utilizai-vos dos instrumentos ao alcance
para resguardar-vos, resguardando por sua vez a
sementeira luminosa. A luta que defrontais é o resultado
inevitável do choque das paixões.
Tomai por modelo Jesus, o
Ser mais perfeito que Deus nos deu para servir de modelo
e guia,
como afirmaram os venerandos mentores da humanidade ao
Codificador, e, utilizando a instrumentalidade da
Ciência, enfrentai o ateísmo na sua expressão niilista e
utilitarista, com os conhecimentos cimentados no fato da
Imortalidade da Alma, da Comunicabilidade do Espírito e
da Reencarnação. Mas, sobretudo, vivei
a ética do Espiritismo, que não é outra senão a ética do
Cristianismo primitivo.
Lutas travaram-nas Jesus e os Seus discípulos. Ninguém
passa pela Terra em regime de exceção. Heróis, santos,
mártires, ases da cultura, protótipos da sabedoria,
delinquentes aturdidos e alienados experimentam todos os
mesmos calhaus, as mesmas borrascas, os mesmos
padecimentos. Vós, porém, tendes os meios de vos
resguardar, pelo discernimento que a Doutrina vos
propicia e pela fidelidade à causa, estribada nas bases
do amor.
Tende tento, filhos! Vigiai a respeito do fermento da
dissensão. Estai no posto do trabalho e da fidelidade,
sobretudo, a Jesus e a Kardec, nesta hora de graves
definições.
Nenhum de nós, encarnado ou desencarnado, tem direitos
especiais na lavoura do Evangelho, senão o dever de
servir e servir mais até a exaustão das nossas forças”.
-
KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 88.ed.
Rio [de Janeiro]: FEB, 2006, q. 625.