O trabalho no mundo espiritual
Os Espíritos da ordem mais elevada, nada mais
tendo a adquirir, entregam-se a um repouso
absoluto ou têm ainda ocupações? – “Que querias
que eles fizessem por toda a eternidade? A
eterna ociosidade seria um suplício eterno.” (Questão
562, de O Livro dos Espíritos, de Allan
Kardec.)
Tendo a criatura humana avançado muito nos
últimos tempos no campo da intelectualidade,
hoje muito mais do que no passado, refletindo
maduramente na finalidade da nossa existência,
não mais consegue admitir um “céu” de ociosidade
após a desencarnação, pois seria negar a lei do
progresso. Seria, incontestavelmente, a
estagnação das realizações espirituais.
Se na Terra homens conscientes e equilibrados
não conseguem permanecer de braços cruzados ante
tanto serviço a ser feito, como imaginar uma
assembleia de Espíritos desocupados no mundo
espiritual, observando tanta dor, sofrimento e
aflição no contexto da humanidade.
Jesus, em sua notável sabedoria, esclareceu a
necessidade de nos amarmos uns aos outros,
estando no corpo ou fora dele, e como a morte
física apenas liquida com o corpo material, é
muito lógico e natural que continuemos fora dele
carregando conosco nossos sonhos de paz,
realizações e felicidade. E para obtermos tais
conquistas não poderemos estar na solidão, pois
que conosco deverão estar aqueles que amamos e
que nos amam também.
Assim, a ociosidade não seria bem-vinda na vida
de criatura alguma, antes, muito trabalho se
caracterizaria como alavanca de desenvolvimento
em todos os sentidos.
No Evangelho do Cristo o trabalho está presente
em inúmeras narrativas, claro que não poderíamos
realizar algumas tarefas na Terra e depois
descansar eternamente. Em realidade, ninguém
suportaria viver de forma vazia e
descompromissada de maneira definitiva.
Estando no mundo espiritual, desenvolveremos
ocupações condizentes com as nossas capacidades
e condições, pois que a perfeição que queremos
ainda está muito longe de ser atingida, e, se “o
filho do homem não veio para ser servido”, o que
temos a fazer é trabalhar muito por nós e por
aqueles que seguem seus passos atrelados aos
nossos corações.
Mesmo os Espíritos de natureza inferior
concorrem para o progresso da humanidade, pois
sempre haverá algum tipo de serviço que possam
realizar. Numa construção de alvenaria, por
exemplo, o engenheiro faz o projeto e orienta as
atividades, mas o ajudante de pedreiro prepara a
massa e carrega os tijolos. Ele, naquele
momento, não tem capacidade para chefiar a obra,
mas colabora de forma decisiva para que ela seja
edificada. Assim também no mundo espiritual,
cada um de nós, estando lá, realizaremos o que
estiver ao nosso alcance.
Espíritos existem, a exemplo de homens aqui na
Terra, que não gostam do trabalho e que
permanecem longo tempo na ociosidade. São
rebeldes que tentam viver na contramão do
progresso, mas não suportam por muito tempo e
dia chega em que também se sentem contagiados
pelo desejo de trabalhar, entendendo que somente
a participação ativa e determinada no campo do
labor será capaz de lhes assegurar uma posição
melhor na vida.
Dessa forma, se alguém ainda crê na existência
de um paraíso de contemplação, ociosidade e vida
mansa após a morte física, pois que não
morremos, será melhor refletir com mais
profundidade e interesse sobre as lições
imorredouras, extremamente esclarecedoras de
Jesus, pois que o nosso Mestre em momento algum
consagrou a preguiça, o comodismo e as
facilidades como sendo recursos que pudessem nos
assegurar paz e felicidades.
As criaturas que contam sempre com maior e
melhor sorte na vida são aquelas que elegeram o
trabalho firme e constante como razão máxima de
suas existências.
Estando na Terra ou no mundo espiritual, não nos
equivoquemos, somente o trabalho poderá nos
garantir as conquistas que pretendemos.
Então, trabalhemos sempre e muito, onde quer que
estejamos.