Divaldo Franco: “Somente o amor preenche
o vazio existencial”
609 pessoas do Brasil e de outros 8 países participaram,
em setembro, na Bahia, do 21º Encontro Fraterno com
Divaldo Franco
Recepção
O incansável e dedicado Divaldo Pereira Franco, pela
manhã e a tarde, esteve a postos para recepcionar os
inúmeros participantes do Encontro Fraterno que se
desenvolveu no período de 20 a 23 de setembro de 2018
nas instalações do Iberostar Praia do Forte, na Bahia, e
que chegavam em ônibus, vans e automóveis, procedentes
de vários localidades do Brasil e do Exterior.
Ele
recebeu e cumprimentou os recém-chegados participantes,
acolhendo-os com seu sorriso característico, dedicando
uma palavra de acolhimento, apertando mãos, posando para
fotografias, recebendo abraços, a despeito da cadeira de
rodas em que se encontrava, devido a uma problemática de
hérnia de disco que lhe acarreta fortes dores extremas,
tolhendo-lhe movimentos na posição de pé.
Abertura
Alcançando a sua 21ª edição, o Encontro Fraterno de 2018
teve por tema “O Vazio e o Sentido Existencial”. Como
sói acontecer em outros encontros espíritas, esse,
naturalmente, pela sua expressão, se realiza através da
solidariedade, onde cada participante contribui,
cotizando-se, para atender as despesas. O resultado
apurado, então, é integralmente repassado para as obras
sociais da Mansão do Caminho que atende a inúmeras
necessidades, desde o parto, até a velhice, incluindo aí
toda a problemática humana. Nesse espaço de amor,
esforços ingentes são realizados em prol da promoção do
ser humano em todos os seus aspectos.
Divaldo Franco deu início ao evento discorrendo sobre o
tema, que ora é um dos mais complexos da atualidade. O
vazio e o sentido existencial são identificados por
inúmeras observações do comportamento humano. A
tecnologia e o progresso científico apresentam as
melhores soluções para que a criatura humana tenha uma
vida plena, porém, vazio de sentimentos e de sentido
para a vida, a incidência de suicídios no planeta vem
aumentando, e as estatísticas apontam para um patamar de
calamidade, em todas as faixas etárias e extratos
sociais.
Thomas Hardy, novelista e poeta inglês, autor de obras
importantes, afirmava que o homem contemporâneo perdeu o
endereço de Deus. Divaldo Franco, parafraseando-o,
afirma que o homem moderno perdeu o endereço de si
mesmo. Rollo May, psicólogo e teólogo americano,
afirmava que a ansiedade é o mal do século. A criatura
humana se fixando nos aspectos materiais da vida, se
esqueceu de Deus, uma necessidade do homem conforme
asseverava Albert Einstein. É nesse quadro que vive a
criatura humana.
Os sábios da antiguidade, desde há sete mil anos, em
Creta, tanto quanto os filósofos pré-socráticos e
posteriores já indagavam a respeito da vida e qual seria
o seu sentido. A mitologia grega contribui e vem sendo
estudada em profundidade para identificar as
necessidades existências do homem. Sigmund Freud, médico
neurologista austríaco e fundador da psicanálise, Carl
Gustav Jung, psiquiatra suíço e fundador da psicologia
analítica e Charles Richet, fisiologista francês, Nobel
de Fisiologia, criador a metapsíquica, apresentaram as
suas contribuições objetivando equacionar a intricada
criatura humana.
Visando preparar o tema para ser abordado nos dias
subsequentes, Divaldo Franco buscou a contribuição dos
psicoterapeutas Cláudio e Iris Sinoti, e dos psicólogos
Juan Danilo Rodríguez e Cristiane Beira, questionando-os
sobre o significado de vazio existencial.
Os diletos
auxiliares de Divaldo teceram comentários sobre a
solidão consigo mesmo, a crise moral, as buscas
exteriores que não contemplam as necessidades da alma, e
o equacionamento do vazio existencial através de duas
opções, segundo Juan Danilo: aprender a conviver com o
vazio, ou fazer algo para preenchê-lo. Outro destaque é
com relação à identificação desse vazio, e se está vazio
é porque deveria estar cheio, mas cheio de quê?
Dando um dinamismo para o evento, Divaldo Franco propôs
que todos respondessem a seguinte questão: - Qual é a
finalidade da sua vida? As respostas deverão ser
apresentadas ao longo do evento. A interpretação e a sua
análise, à luz da psicologia e da Doutrina Espírita,
também se darão da mesma forma, com a contribuição dos
profissionais da área e de Divaldo Franco. As projeções
e as expectativas geralmente levam o ser humano a
experimentar o vazio existencial. O encontrar-se consigo
mesmo é necessário, e isso é uma construção que deve ser
edificada até alcançar o sentido existencial, o sentido
da vida.
Juan Danilo propôs para evitar o suicídio três medidas:
amar, trabalhar e fazer com que os outros sintam
saudades dele, assim, preencherá o vazio existencial,
pois que quando faltar o amor em alguém, ele não terá
nada. Cristiane, trabalhando a questão da culpa,
destacou que esse sentimento deve ser substituído pela
responsabilidade, conforme a elucidação de Joanna de
Ângelis. Quando o indivíduo perde a sua crença em Deus,
está a um passo do suicídio, pois falta-lhe a fé, a
confiança e a esperança, destacou Cláudio, o
psicoterapeuta, todo aquele que busca ajuda ainda nutre
uma esperança.
Divaldo Franco, finalizando a atividade, narrou uma bela
história escrita por Eça de Queiroz, que se passa na
cidade de Siquém, já desaparecida, na Cisjordânia,
destacando a presença de Jesus na vida de todos os que O
buscam verdadeiramente. Jesus não está longe, está no
coração daqueles que suplicam a Sua ajuda, basta
disponibilizar-se para tal.
O vazio existencial e suas causas
Radiosa foi a manhã, ensolarado estava o dia onde a
primavera se apresenta, quebrando as rudezas do inverno,
exteriorizando perfumes e cores. O dia 21 de setembro é,
também, consagrado como o Dia Internacional da Paz.
Divaldo Franco dando prosseguimento ao Encontro
Fraterno, abordou o tema: O Vazio Existencial: As causas
do Vazio, no primeiro momento. Na segunda parte foram
trabalhados os conflitos humanos.
Divaldo Franco, contador de histórias, conduzindo o
público, composto por 609 pessoas, apresentou as
reminiscências de sua vida, dos vazios existências que
enfrentou e a superação dos mesmos através do amor
incondicional ao próximo, encontrando, portanto, um
sentido para a sua vida, que até então, era vazia.
Exemplo vivo de cristão comprometido com a obra do
Cristo. Aos 50 anos de idade, sentindo-se só, sem
família, Joanna de Ângelis deu-lhe o incentivo
necessário, fazendo-o perceber que a sua produção
psicográfica eram os seus filhos, bem como passaram a
ser seus netos os livros que foram traduzidos para
outros dezenove idiomas. Mesmo assim, Divaldo ainda não
se encontrava pleno. Foi, então, estimulado pela
Benfeitora a procurar os filhos do calvário, os que
sofrem no anonimato das ruas aniquiladoras de vida,
descobrindo esses invisíveis da sociedade humana que
teima em não vê-los, ignorando-os em suas misérias
morais e sociais.
O vazio existencial não se preenche com objetos ou
condições transitórias e passageiras, que sempre se
diluem, mas sim, com o amor, que dignifica a alma,
plenificando-a, dando um sentido à vida, onde o próximo
é o objeto das ações do bem. Jesus, falando aos homens,
de alma para alma, preenche a vida da criatura humana
que atende aos seus sábios encaminhamentos. Narrando
histórias e citando autores, Divaldo Franco esclareceu
que os pontos de vista de cada um, com relação ao
sofrimento, as desilusões, as frustrações, vão mudando
de patamar na medida em que transita pela vida, ano após
ano. Asseverou que para debelar a sede que o vazio
existencial provoca é necessário doses generosas de
esperança, muita esperança, alicerçada no amor.
O vazio existencial deve ser preenchido com os perfumes
e o colorido do amor. Quando a criatura humana ama ela
se plenifica e o vazio deixa de existir. É necessário
encontrar o sentido da vida e esforçar-se por mantê-lo,
amando as pessoas como são e não as suas projeções,
sempre enganadoras. Como as frustrações estão presentes
na vida de muitos, é necessário realizar o exercício do
amor, isto é, praticar o evangelho de Jesus.
Quando a criatura humana somatiza as suas dificuldades e
desafios da vida, contribui para a desestruturação
física. Quem não consegue estabelecer uma meta para a
sua vida, deixa de viver e passa a uma condição
vegetativa. A falta de uma meta para a vida provoca a
existência do vazio devorador dentro de si, que somente
será extinto após despertar para a necessidade de
estabelecer o objetivo, o sentido para a própria vida.
Independente da condição em que se encontra a criatura
humana, ela deve agir com dignidade, preenchendo-se de
um ideal fraternal. Se a vida não está servindo mais
para viver, dê-a a outro que deseja viver, e o amor
florescerá, plenificando-o, isto é, dedique-se em fazer
o bem a alguém que se encontre em condições piores.
O ser humano tem necessidade de refletir sobre si mesmo,
e quando não o faz perde oportunidades de se
autoanalisar, conhecendo-se em maior profundidade. Na
atualidade, as criaturas humanas estão se afastando uma
das outras, substituindo os contatos pessoais pelos
virtuais, ocasionando solidão e vazio existencial. A
utilização dos meios virtuais pode significar uma fuga
do indivíduo que, em se afastando pessoalmente, se
esconde atrás de um meio eletrônico, das mensagens
instantâneas. Isolando-se fenece.
Enriquecendo a sua abordagem, Divaldo destacou as ações
que podem ser tomadas por qualquer criatura humana que
almeje ardentemente por mudanças para melhor, em um
esforço individual construído na base do perdão, da
alegria de viver, de compreender a vida transcendente,
onde a tristeza, o desejo de suicídio e o vazio
existencial vão sendo substituídos pelo sentimento do
amor dadivoso e que tudo compreende.
Todos possuem o poder de dar um sentido para a vida,
anulando o vazio existencial, basta desabrochar-se e
plenificar-se no amor, sendo grato e agradecido à vida,
mantendo a esperança em alto nível. Portanto, melhor do
que dar, é dar-se ao outro, ser mais presente na vida do
seu semelhante, tornando-se útil, desenvolvendo a beleza
que há no coração, abandonando o egoísmo, amando aos
outros através do bem-proceder. A alegria em nós é o
sorriso de Deus, afirmou o narrador de histórias, o
ínclito Divaldo Franco.
Conflitos depressivos
Em prosseguimento, à tarde, Iris Sinoti abordou o tema
Conflitos Depressivos, asseverando que é necessário
retirar alguns mitos que cercam tão delicado tema, como
por exemplo: a depressão não é uma bobagem; não é coisa
de gente fraca; não é de quem não tem o que fazer; não é
de quem não possui fé; não é de quem não tem vontade; a
depressão é uma doença, e qualquer indivíduo pode passar
por ela. O Brasil é o quinto país em número de
depressivos e o primeiro em ansiedade. A depressão
precisa ser levada a sério, ser respeitada.
Carl Gustav Jung concluiu que uma alma necessitava falar
a outra alma, o que significa estar e fazer parte da
situação que o outro está experimentando. A depressão é
um convite da alma para as mudanças que são necessárias.
Ela se apresenta na vida do ser para que ele possa
identificar e conduzi-lo para um novo objetivo, uma nova
forma de viver. Para estimular o público, Iris formulou
a seguinte pergunta: - O que a depressão significa na
sua vida? Assim, permeando respostas de pacientes e de
estudiosos, a oradora foi conduzindo as reflexões,
aclarando os fatos.
Rollo May, em A Coragem de Mudar, destaca que “Somos
chamados a realizar o novo, a enfrentar a terra de
ninguém, a penetrar a floresta onde não há trilhas
feitas pelo homem, e da qual ninguém jamais voltou que
possa servir de guia.” Significa que para cada um será
preciso construir uma nova postura, uma nova maneira de
sentir e viver a vida.
Alguns deixam as suas próprias bagagens emocionais para
pegar as do outro, e por conseguinte, afanam-se e
sobrecarregam-se em demasia e o corpo termina por
experimentar o sofrimento. A depressão significa entrar
em contato com uma dimensão de si mesmo e que, até
então, era desconhecida.
Apresentando conceitos de estudiosos e da Benfeitora
Joanna de Ângelis, Iris Sinoti conduziu o público para
alcançasse a percepção de que é necessário nutrir
compaixão pelo depressivo, de entender que a negação de
sentir as emoções e sentimentos é o quadro em que o
indivíduo se isolou por não saber agir, por não entender
as próprias emoções e sentimentos.
“A depressão é um convite, um desafio da vida para que
encontremos o real sentido, o que nos move por dentro. É
a luta do herói contra o dragão, e nessa luta saímos da
ilusão inocente de felicidade e conquistamos a certeza
de que a vida só é verdadeiramente vida se tiver
significado.” Iris Sinoti – Refletindo a alma.
Todo aquele que deixa de viver a sua própria vida para
viver a vida que o outro traçou para ele, está no
caminho para desenvolver um processo depressivo. Uma
existência sem significado psicológico é vazia e
destituída de motivação. A realidade da maioria é estar
desconectada de si mesma, porém, conectada com o mundo,
deixando de viver a própria vida para viver a ilusão da
vida do outro. Não atender ao chamado da vida, o seu
sentido, é se recusar a trilhar o próprio caminho,
afastando-se de seu destino.
Para eliminar a depressão é necessário correr o risco de
enfrentar aquilo que mais se teme, aquilo que está
bloqueando o seu crescimento, conforme afirma Rollo May,
em Os Pantanais da Alma.
Joanna de Ângelis, na introdução da obra Conflitos
Existenciais, afirma: Ninguém se encontra na Terra
exclusivamente para sofrer, mas para criar as condições
de saúde real e de alegria plena. Carl Gustav Jung
asseverava que somente aquilo que realmente se é tem o
poder de curar. Já Paracelso, in.: Depressão, destaca: O
melhor remédio para o ser humano é o próprio ser humano.
E o amor é o remédio de potência mais alta.
Finalizando, Iris destacou, ainda, que é preciso estar
aberto para a vida, amando-se e amando o próximo, atento
para as oportunidades da vida. A finalidade da
existência humana é a de acender a luz na escuridão do
ser, segundo Jung.
Conflitos emocionais
Cristiane Beira ao apresentar o tema Conflitos
Emocionais, esclareceu que o termo conflito pressupõe um
sentido de oposição, o exercício de uma força, de uma
potência em oposição a outra. Assim, as reações
emocionais que desestruturam os indivíduos estão em
oposição ao que ele sente, ou seja, a percepção entre o
que o indivíduo é e o que deseja ser.
Classificando o ser humano em três categorias de emoções
que se apresentam em desequilíbrio, ou formas de se
apresentar no seio da sociedade humana, entre muitas
outras, Cristiane assim as estruturou: 1º) as que vivem
em sofrimento, adotando a posição de vitimização: 2º) as
que adotam o poder como meio de resolver as situações da
vida; 3º) a angelical, transparecendo ser boa,
atenciosa, anula-se para viver a vida do outro. Essas
são estratégias utilizadas pela criatura humana para
poder continuar, ou passar a pertencer.
O que existe dentro delas a ponto de despertar essas
reações? Questionou. Quando essas causas são
identificadas, o indivíduo está a caminho da solução, e
o vazio se apresenta, porque não estando mais
plenificado pelas emoções perturbadoras, ele se sente
vazio.
Em conflito com a primeira categoria de emoções em
desequilíbrio está a autovalorização, provocando a
existência de um vazio, uma emoção que leva a sentir que
não pode, que não merece. A segunda categoria provocará
o conflito da autoafirmação, quando então vive para
impor, exercendo o uso da força do poder. A autoestima
conflitará com a emoção perturbadora do indivíduo que se
coloca na posição angelical, o que lhe dá a sensação de
estar fazendo o que gosta.
Como essas emoções em desequilíbrio se iniciam no
interior de cada indivíduo, somente ele pode aplicar a
modificação encontrando-se consigo mesmo em um processo
de autoconstrução. Para sanear os comportamentos
perturbadores será necessário que a criatura humana
retroceda em seus procedimentos até encontrar a origem
deles. Esses comportamentos se constituem em um conjunto
energético de emoções de um complexo, e quando um padrão
se apresenta, o complexo se revela, reforçando-o. O
complexo é a base para o conflito que se manifesta, é
algo que foi desenvolvido antes, e, instintivamente o
complexo domina. De complexo em complexo o EU não se
manifesta.
Outro importante aspecto gerador e/ou reparador das
emoções em desequilíbrio é a família, estrutura de suma
importância para o desenvolvimento da psique. É a base,
também, onde os conflitos existências são gerados.
Raramente se cogita em cuidar da família, revisitar,
repensar a sua importância como geradora de complexos.
Os complexos maternos e paternos são absorvidos pelos
filhos, estruturando-se emocionalmente, positiva ou
negativamente, bem como adotando outros estímulos, como
a televisão, a internet, etc.
Como está a família? Para equacionar, Cristiane Beira
trouxe a lume a questão 383 de O Livro dos Espíritos,
onde claramente está expresso o papel dos pais para com
aqueles a que foram incumbidos de educar. Os
filhos assimilam os complexos e os conflitos dos pais,
bem como os gerados por eles mesmos, os filhos. As
crianças absorvem as projeções de seus pais. Assim, os
pais devem estar atentos para as necessidades dos
filhos, evitando transformar as necessidades deles, dos
pais, em necessidades dos filhos, isto é, projetando nos
filhos as suas aspirações talvez não realizadas.
O problema das crianças é a herança dos antepassados que
transferem seus conflitos, projetando neles todos as
aspirações e insatisfações, esperando compensações. “A
religião enfraqueceu nas famílias, o desinteresse pelo
ser espiritual igualmente padece de atrofia emocional,
deixando-se que cada um eleja, quando oportuno, o seu
conceito de vida e de espiritualidade, como se fosse
crível permitir-se que alguém primeiro se contaminasse
por alguma enfermidade para depois expor-se aos perigos
que a mesma proporciona.” Joanna de Ângelis.
Finalizando, Cristiane Beira destacou ser necessário
trabalhar no seio familiar a questão da espiritualidade,
pois que, família e espiritualidade são dois antídotos
para os complexos. Há necessidade de se destruir e
reconstruir muitas coisas, a começar na família, através
da espiritualidade, resgatando a humanidade que está em
cada indivíduo e fora dele.
Conflitos obsessivos
Conflitos Obsessivos foi o tema apresentado por Juan
Danilo Rodríguez Mantilla, equatoriano, atualmente
residindo na Mansão do Caminho, onde desenvolve
atividades voltadas aos portadores do Transtorno do
Espectro do Autismo (TEA).
O amor, disse o psicólogo e médico de família, é
infinito, é grande, o amor é Deus. Os homens vivem
mergulhados neste grande sentimento, e desejando tê-lo,
desfrutá-lo, em vão tentam segurá-lo em suas mãos, como
que desejando tomar posse, possuir para si, e como o ser
humano está mergulhado nele, aí se inicia a obsessão,
por uma causa muito natural, tudo o que se presta
atenção fica magnetizado. Tudo o que se presta atenção
existe dentro e fora da criatura humana.
Apresentando e discorrendo sobre a questão 245, na
segunda parte de O Livro dos Médiuns, destacou
que a obsessão possui as seguintes causas, entre outras:
desejo de vingança, queixas presentes ou passadas,
desejo de fazer o mal, regozijo por atormentar, em
vexar, ódio e inveja do bem. Na questão seguinte, a 246,
estão estampadas as causas da obsessão: o orgulho, e as
ideias e opiniões próprias.
A instalação das obsessões perpassarão os sistemas
nervoso, límbico – responsável pelos instintos – e o
hipocampo, - responsável pela memória -, deixando as
suas marcas negativas indeléveis. As emoções básicas, -
terror, submissão, defesa e saciedade -, também são
afetadas na instalação do processo obsessivo. A
magnetização do hipocampo se dá pela adesão espiritual e
pela ruptura das defesas psicológicas.
O colapso das defesas psicológicas acontece quando são
afetados os símbolos pessoais, as correspondências e
preconceitos, e as dependências emocionais. Para elevar
o nível das defesas psicológicas será necessário
trabalhar a autoaceitação, o raciocínio, fazer o bem,
perdoar e aprender com alegria, lembrando que quem luta
se cansa, e quem trabalha disciplina-se.
Os recursos terapêuticos para debelar a obsessão estão
baseados em três postulados: louvar, agradecer e
encomendar, no sentido de suplicar. Para atender esses
requisitos há, também, três tipos de oração: a oração
(falar), a meditação, que significa pensar, refletir, e
a contemplação, ou seja, interpretar e fixar.
Juan Danilo destacou que o significado da vida é dar-lhe
um sentido, oferecer-se um objetivo, viver com alegria e
ter uma meta para trabalhar. Isso irá gerar o caminho
para a felicidade, para a vida em plenitude.
Autoencontro e sentido da vida
Cláudio Sinoti discorreu sobre o Autoencontro e o
Significado Existencial. Cada ser humano possui um
tesouro íntimo, que muitos o abandonaram pelo caminho, e
somente o próprio ser poderá resgatar. Assim será
necessário que o indivíduo identifique quais as suas
partes que necessita reencontrar, quais são as
peculiaridades de sua alma.
O psicólogo Rollo May, em sua obra O Homem à Procura
de Si Mesmo, indaga: Quais são os principais
problemas interiores de nosso tempo? (...) Pode
surpreender que eu diga que o problema fundamental do
homem, em meados do século XX, é o vazio. Com isso quero
dizer não só que muita gente ignora o que quer, mas
também que frequentemente não tem uma ideia nítida do
que sente.” Há uma dissociação do que se é, do que se
deseja ser e divulgar, levando o indivíduo a se perder.
Carl Gustav Jung destaca que o homem precisa de mais
psicologia, de mais entendimento sobre a natureza
humana, pois o único real perigo que existe é o próprio
homem. Ainda nas palavras de Jung, o homem é a própria
origem de todo o mal a porvir. É necessário estar em paz
com os próprios conflitos, eles são importantes na
construção de um homem equilibrado, consciente de si
mesmo, autoconhecendo-se.
“Sem a consciência de si mesmo, a pessoa jamais saberá o
que deseja de verdade, mas continuará sempre na
dependência da família e apenas procurará imitar os
outros, experimentando o sentimento de estar sendo
desconhecida e oprimida pelos outros.” (Carl Gustav
Jung, O desenvolvimento da Personalidade.) É necessário
conhecer a própria realidade, atendendo ao chamado do
próprio coração e não dos outros.
Os indivíduos devem aprender a se desfazerem das ilusões
aprisionadoras. O homem desenvolveu uma terrível
preocupação, a de se mostrar aos demais, aparentando o
que ainda não é, e o sucesso decantado como forma de
felicidade, é, talvez, uma das maiores responsáveis pela
solidão profunda, ensina a benfeitora Joanna de Ângelis,
no capítulo 1, da obra O Homem Integral.
Comparar-se com o outro é ilusão.
Em Amor, Imbatível Amor, capítulo 6, Joanna de Ângelis
afirma: “O ser, em si mesmo, é de quase secundária
importância, desde que a aparência seja agradável, a
posição tenha representatividade e o dinheiro se
encarregue de resolver as situações embaraçosas.”
Na ilusão que a matéria lhe oferece, o homem busca o
sucesso, o prestígio, o dinheiro, o poder, porém não se
esforça em aprender a arte de amar, nas palavras de
Erich Fromm. O homem, não conhecendo-se a si mesmo nega
o que possui na intimidade, tanto quanto, também, o
outro faz o mesmo, em permanente ilusão, adiando o
autoencontro.
Joanna de Ângelis, no capítulo 4, da obra O Despertar
do Espírito, cita: “Inicialmente, torna-se
indispensável querer-se exercitar a vontade, em vez de
refugiar-se em mecanismos conflitivos comodistas, por
meio dos quais se justifica não possuir vontade
suficiente para serem alcançados os objetivos que se
gostaria de atingir.”
Concluindo, Cláudio destacou que a autoaceitação, - o
que significa polarizar-se onde se encontra -, é fazer
movimentos em busca de uma construção nova, preenchida
de inúmeros significados. O homem é aquilo que ele fizer
de si mesmo, a partir do que é. O indivíduo deve se
comprometer ao autodescobrimento para ser feliz,
identificando os seus defeitos e as suas boas
qualidades, sem autopunição, sem autojulgamento, sem
autocondenação, voltando-se para dentro de si mesmo,
utilizando o mecanismo de viver e perceber o que está
fora, e, também, o que há no seu interior, isto é,
mergulhar em si mesmo, emergindo a seguir, sempre,
sistematicamente.
O Momento interativo-terapêutico, convencionalmente
denominado “Primavera da Existência”, isto é, perguntas
ou colocações que o público fez ao longo do encontro, e
colocadas em uma árvore simbólica, à guisa de flores,
foram apreciadas à luz da psicologia e do Espiritismo.
Para este mister, Divaldo se fez acompanhar dos
psicólogos Cristiane Beira, Juan Danilo, e dos
terapeutas junguianos Iris e Cláudio Sinoti.
Divaldo destacou que a arte é Deus se comunicando com o
homem, conforme asseverava o filósofo Léon Denis.
Salientou, o orador por excelência, que é tão fácil ser
feliz, basta encontrar o sentido da vida, a meta que se
deseja alcançar. Visando, então, despertar em cada um a
autoidentificação, a autoiluminação, o
autodescobrimento, Divaldo Franco chamou seis
voluntários oriundos do público e que haviam recebido na
entrada um envelope com uma mensagem de autoria de
benfeitores diversos. Essas mensagens teriam,
teoricamente, a possibilidade de responder as indagações
a respeito do vazio e o sentido existencial de cada um.
As interpretações realizadas pelos psicólogos, pelos
terapeutas e por Divaldo Franco, além das
especificidades individuais giraram em torno de
ressignificar a vida, os ciclos que se encerram para dar
continuidade a outro, a felicidade que não deve ser
deixada de ser fruída a cada momento, as aflições de
cada dia não devem ser impeditivos para uma vida feliz,
as emoções, a autenticidade de pensamentos e atos, os
momentos de definição da vida, o desafio do
autodescobrimento, as potencialidades para serem
desenvolvidas visando alcançar a plenitude, as
adversidades e a esperança, a transformação das emoções
em sentimentos, os desafios da vida, e o desenvolvimento
do autoamor, entre outras considerações.
Com relação à árvore da primavera, os temas estudados e
decodificado pelos profissionais e por Divaldo à luz do
Espiritismo, apresentaram aspectos diversos, como: o
esforço para vencer os desafios da vida, a transformação
individual visando a plenitude, o amor que deve ser
revelado aos que se ama, o sentimento genuíno que brota
do coração, a educação das emoções, a autoaceitação, a
passividade com relação aos eventos de vida, a
necessidade de disponibilizar aos demais o conhecimento
adquirido, o autoconhecimento, o aprendizado que se dá
por etapas, o amar-se conforme se é, as crises de
solidão, a gratidão como ato terapêutico, e manter-se em
estado de atenção, porque o amanhã começa agora.
Encerramento
Na manhã radiosa, banhada pelo sol generoso e a brisa
suave que movimenta o ar, como se Deus acariciasse as
suas criaturas, o Encontro Fraterno, em sua 21ª edição,
foi encerrado em clima de alegria, fraternidade e muita
disposição para preencher o vazio existencial, que
alguns ainda podem estar identificando, com as
imorredouras lições aprendidas, refletidas e tornadas
realidades na realização de cada um nestes últimos
quatro dias de congraçamento cristão. As palavras
carecem de significado e de energia para descrever a
inigualável vivência do amor ágape que se fez presente
na vida dos que avidamente se dessedentaram na fonte
perene preparada e ofertada por Jesus Cristo.
Após os agradecimentos, conduzidos por Telma Sarraf,
coordenadora do encontro, foram divulgados os Estados
que estiveram presentes: Acre; Alagoas; Amazonas; Bahia;
Ceará; Distrito Federal; Espírito Santo; Goiás;
Maranhão; Mato Grosso; Mato Grosso do Sul; Minas Gerais;
Pará; Paraíba; Paraná; Pernambuco; Piauí; Rio de
Janeiro; Rio Grande do Norte; Rio Grande do Sul;
Rondônia; Santa Catarina; São Paulo; Sergipe; Tocantins.
O Exterior esteve assim representado: Áustria, 1;
Canadá, 1; Equador, 5; EUA, 4; Itália, 1; Paraguai, 6;
Suíça, 2; Uruguai, 1, alcançando um total de 609
participantes. O evento teve 182.000 acessos na
internet.
Esse belo e produtivo encontro foi subsidiado pelas
inscrições dos participantes, que em regime de
cotização, pode acolher diferentes indivíduos, como por
exemplo, católicos e budistas, entre outros, e,
naturalmente os espíritas e simpatizantes do
Espiritismo. Assim, deduzidas as despesas, o resultado
irá propiciar recursos para atender as inúmeras
atividades da Mansão do Caminho, desde a casa de parto
normal, até os idosos, bem como aqueles que se encontram
em vulnerabilidade social e de saúde, educando,
amparando, promovendo o ser humano. O ato e o valor da
inscrição são simbólicos, pois que o seu alcance
transcende os limites estreitos do evento que acolheu
mais de seis centenas de entusiastas participantes,
ávidos em repartir o que já possuem, sejam em valores
monetários, seja em recursos morais e de saúde física e
moral.
O magistral orador e médium espírita Divaldo Franco
tocou, uma vez mais, os sentimentos dos presentes.
Fazendo um preâmbulo à fase de perguntas, ele rogou as
bênçãos e a paz do Senhor, dizendo que o momento é de
gratidão, de alegria e, também, de pedidos de perdão por
não poder atender todas as expectativas dos
participantes, dado a falibilidade da criatura humana.
Asseverou que todos formam a família universal, pois que
na vigência do amor, as fronteiras deixam de existir,
bem como quaisquer outros limites ou diferenças de
identificação. Nestas condições, o Ego Individual
cede espaço ao Ego Coletivo, estreitando os
laços, e, a fraternidade universal se apresenta desde
já, unindo os maiores esforços. O psiquismo humano, ou
seja o Espírito, move a matéria, colocando o pensamento
no amor para conduzir os passos e a tomada de decisões
calcadas no amor divino.
Logo após a breve e bela apresentação de Juan Danilo
interpretando You Raise me Up, uma história
religiosa, Divaldo Franco narrou parte da vida do
excepcional Antoine de Saint-Exupéry, incluindo
suas proezas na área da aviação e o envolvimento em
conflitos bélicos, destacando que o homem de fé é capaz
de mudar o seu próprio destino, que em muitas
oportunidades dá a impressão de ser inexorável,
conduzindo para a morte certa, porém reversível segundo
a providência divina.
Amorosamente conduzindo o pensamento dos presentes, o
trator de Deus, segundo as observações de Chico Xavier,
Divaldo asseverou que Jesus nos carrega em seus ombros
nas horas mais difíceis de nossas vidas. O amor nunca
morre. Somente o amor, somente o amor, preenche o vazio
existencial. Jesus trouxe boas novas, o seu evangelho,
que é sempre acompanhado de alegria, oferecendo bases
sólidas para a construção do novo mundo de
solidariedade, fraternal.
Ao responder às inúmeras perguntas, selecionadas entre
centenas de outras, salientou, em resposta, que, os
problemas de ordem depressiva, as revoltas com a vida, a
melancolia, as drogas, o autoconhecimento, o equilíbrio
emocional, o sofrimento, o suicídio, a autoestima baixa,
o orgulho, devem ser estudados e trabalhados à luz do
amor, do autoamor, auxiliando os necessitados, semeando
boas sementes para colher os frutos desejados, sendo
feliz ao ter a honra de poder ajudar, embora ainda se
sinta imperfeito, levando em conta que o doador é
possuidor de um tesouro imenso, utilizando as
experiências negativas para construir as positivas,
estabelecendo metas para a vida, trabalhando com os
miseráveis, ajudando-os no que seja possível, conhecendo
a vida espiritual, suportando, assim, as vicissitudes da
mesma.
Para que se tenha compaixão é preciso amar, e para amar
é necessário trabalhar. O evangelho de Jesus deve ser
vivido com intensidade. O indivíduo deve ter a audácia
para ser diferente, tornando-se melhor, repartindo o
excesso com os miseráveis, inclusive o tempo,
transformando pedras em pães, recolhendo as moedas para
saciar a fome biológica e a educacional, vivendo
moralmente de forma exemplar, equilibrada, conforme
ensinou o Mestre Galileu.
O espírita deve lutar contra o mal, se posicionando a
favor da moralidade. Ante o materialismo, deve optar
pela espiritualidade, praticando os ensinamentos de
Jesus Cristo. Divaldo Franco salientou que o espírita
precisa adotar uma postura a favor do Brasil, não se
omitindo ante a ação negativa que visa destruir a
família, corrompendo, aniquilando a juventude, separando
os cidadãos, todos brasileiros, em setores sociais,
menosprezando a cultura, a educação, erotizando
crianças, tergiversando as leis, implantando uma cultura
sem bases éticas e morais, segregando criaturas e
manipulando-as através de pequenos “benesses”,
retirando-lhes a condição de vida digna pelo trabalho,
anestesiando-as em relação ao progresso individual que
deve estar alicerçado no esforço e no mérito individual.
O espírita necessita desenvolver o senso pátrio, a
cidadania consciente, a autorresponsabilidade pelo
cumprimento de seus deveres cívicos, sociais e morais. O
espírita deve conhecer as propostas e os efeitos das
ideologias cuja implantação está sendo tentada em nossa
Pátria, desde há alguns anos.
Ao encerrar, foi prestada uma homenagem aos voluntários,
em número de 58, dando uma dimensão de quão afanoso é
planejar e executar uma obra que leva conforto moral e
educacional, não só aos participantes diretos, mas aos
milhares que assistiram ao vivo pelos meios eletrônicos,
e a outros que assistirão ao longo dos evos. São
sementes dadivosas que germinam e ainda germinarão nos
corações ansiosos de muitos, por ofertar paz,
propiciando o trabalho no amor que preencherá o vazio
existencial.
Em bela comemoração, todos, congraçados, cantaram
fervorosamente o Hino da Paz, de Nando Cordel,
aguardando, expectantes, a 22ª edição do Encontro
Fraterno programada para o período de 19 a 22 de
setembro de 2019. A felicidade, a leveza de corações e
de mentes produziram um ambiente salutar, de vibração
envolvente, benfazeja, revigorante, e, na paz de
espírito, as despedidas provocaram momentos de enlevo,
ternura, amor e confiança em Jesus e na Doutrina
Espírita, o norte para os viajores que buscam o porto
seguro.
Os momentos musicais e artísticos foram protagonizados
por Josué ao saxofone, Anatasha Meckenna no canto, por
Assis Diomar (foto) ao violão e voz, pela cantora Andrea Bien e
pela apresentação artística com os Professores de Dança
da Universidade Federal da Bahia, Luiz Molina e Nelma
Seixas. Essas intervenções encantaram e enterneceram o
público, enlevando-o em vibrações de grande ternura e
acolhimento.
Lançamento de livros
Divaldo Franco, cuja vida é um hino de amor ao próximo,
fez o lançamento de três obras: 1ª) Amor &
Sexualidade – A Conquista da Alma, de Joanna de
Ângelis, psicografia de Divaldo Franco e organizado por
Luiz Fernando Lopes. 2ª) Momentos de Sublimação,
de autoria de Vianna de Carvalho e Joanna de Ângelis,
psicografado por Divaldo. 3ª) O Anjo da Misericórdia,
de Amélia Rodrigues, igualmente pela psicografia de
Divaldo. Essa obra é uma adaptação produzida por Viviane
Longo, voltada ao público infantil.
Nota do autor: