Brasil
por Paulo Salerno

Ano 12 - N° 588 - 7 de Outubro de 2018

Divaldo Franco: “Somente o amor preenche o vazio existencial”

 

609 pessoas do Brasil e de outros 8 países participaram, em setembro, na Bahia, do 21º Encontro Fraterno com Divaldo Franco

 

Recepção

O incansável e dedicado Divaldo Pereira Franco, pela manhã e a tarde, esteve a postos para recepcionar os inúmeros participantes do Encontro Fraterno que se desenvolveu no período de 20 a 23 de setembro de 2018 nas instalações do Iberostar Praia do Forte, na Bahia, e que chegavam em ônibus, vans e automóveis, procedentes de vários localidades do Brasil e do Exterior.

Ele recebeu e cumprimentou os recém-chegados participantes, acolhendo-os com seu sorriso característico, dedicando uma palavra de acolhimento, apertando mãos, posando para fotografias, recebendo abraços, a despeito da cadeira de rodas em que se encontrava, devido a uma problemática de hérnia de disco que lhe acarreta fortes dores extremas, tolhendo-lhe movimentos na posição de pé.

Abertura

Alcançando a sua 21ª edição, o Encontro Fraterno de 2018 teve por tema “O Vazio e o Sentido Existencial”. Como sói acontecer em outros encontros espíritas, esse, naturalmente, pela sua expressão, se realiza através da solidariedade, onde cada participante contribui, cotizando-se, para atender as despesas. O resultado apurado, então, é integralmente repassado para as obras sociais da Mansão do Caminho que atende a inúmeras necessidades, desde o parto, até a velhice, incluindo aí toda a problemática humana. Nesse espaço de amor, esforços ingentes são realizados em prol da promoção do ser humano em todos os seus aspectos.

Divaldo Franco deu início ao evento discorrendo sobre o tema, que ora é um dos mais complexos da atualidade. O vazio e o sentido existencial são identificados por inúmeras observações do comportamento humano. A tecnologia e o progresso científico apresentam as melhores soluções para que a criatura humana tenha uma vida plena, porém, vazio de sentimentos e de sentido para a vida, a incidência de suicídios no planeta vem aumentando, e as estatísticas apontam para um patamar de calamidade, em todas as faixas etárias e extratos sociais.

Thomas Hardy, novelista e poeta inglês, autor de obras importantes, afirmava que o homem contemporâneo perdeu o endereço de Deus. Divaldo Franco, parafraseando-o, afirma que o homem moderno perdeu o endereço de si mesmo. Rollo May, psicólogo e teólogo americano, afirmava que a ansiedade é o mal do século. A criatura humana se fixando nos aspectos materiais da vida, se esqueceu de Deus, uma necessidade do homem conforme asseverava Albert Einstein. É nesse quadro que vive a criatura humana.

Os sábios da antiguidade, desde há sete mil anos, em Creta, tanto quanto os filósofos pré-socráticos e posteriores já indagavam a respeito da vida e qual seria o seu sentido. A mitologia grega contribui e vem sendo estudada em profundidade para identificar as necessidades existências do homem. Sigmund Freud, médico neurologista austríaco e fundador da psicanálise, Carl Gustav Jung, psiquiatra suíço e fundador da psicologia analítica e Charles Richet, fisiologista francês, Nobel de Fisiologia, criador a metapsíquica, apresentaram as suas contribuições objetivando equacionar a intricada criatura humana.

Visando preparar o tema para ser abordado nos dias subsequentes, Divaldo Franco buscou a contribuição dos psicoterapeutas Cláudio e Iris Sinoti, e dos psicólogos Juan Danilo Rodríguez e Cristiane Beira, questionando-os sobre o significado de vazio existencial.

Os diletos auxiliares de Divaldo teceram comentários sobre a solidão consigo mesmo, a crise moral, as buscas exteriores que não contemplam as necessidades da alma, e o equacionamento do vazio existencial através de duas opções, segundo Juan Danilo: aprender a conviver com o vazio, ou fazer algo para preenchê-lo. Outro destaque é com relação à identificação desse vazio, e se está vazio é porque deveria estar cheio, mas cheio de quê?

Dando um dinamismo para o evento, Divaldo Franco propôs que todos respondessem a seguinte questão: - Qual é a finalidade da sua vida? As respostas deverão ser apresentadas ao longo do evento. A interpretação e a sua análise, à luz da psicologia e da Doutrina Espírita, também se darão da mesma forma, com a contribuição dos profissionais da área e de Divaldo Franco. As projeções e as expectativas geralmente levam o ser humano a experimentar o vazio existencial. O encontrar-se consigo mesmo é necessário, e isso é uma construção que deve ser edificada até alcançar o sentido existencial, o sentido da vida.

Juan Danilo propôs para evitar o suicídio três medidas: amar, trabalhar e fazer com que os outros sintam saudades dele, assim, preencherá o vazio existencial, pois que quando faltar o amor em alguém, ele não terá nada. Cristiane, trabalhando a questão da culpa, destacou que esse sentimento deve ser substituído pela responsabilidade, conforme a elucidação de Joanna de Ângelis. Quando o indivíduo perde a sua crença em Deus, está a um passo do suicídio, pois falta-lhe a fé, a confiança e a esperança, destacou Cláudio, o psicoterapeuta, todo aquele que busca ajuda ainda nutre uma esperança.

Divaldo Franco, finalizando a atividade, narrou uma bela história escrita por Eça de Queiroz, que se passa na cidade de Siquém, já desaparecida, na Cisjordânia, destacando a presença de Jesus na vida de todos os que O buscam verdadeiramente. Jesus não está longe, está no coração daqueles que suplicam a Sua ajuda, basta disponibilizar-se para tal.

O vazio existencial e suas causas

Radiosa foi a manhã, ensolarado estava o dia onde a primavera se apresenta, quebrando as rudezas do inverno, exteriorizando perfumes e cores. O dia 21 de setembro é, também, consagrado como o Dia Internacional da Paz. Divaldo Franco dando prosseguimento ao Encontro Fraterno, abordou o tema: O Vazio Existencial: As causas do Vazio, no primeiro momento. Na segunda parte foram trabalhados os conflitos humanos.

Divaldo Franco, contador de histórias, conduzindo o público, composto por 609 pessoas, apresentou as reminiscências de sua vida, dos vazios existências que enfrentou e a superação dos mesmos através do amor incondicional ao próximo, encontrando, portanto, um sentido para a sua vida, que até então, era vazia. Exemplo vivo de cristão comprometido com a obra do Cristo. Aos 50 anos de idade, sentindo-se só, sem família, Joanna de Ângelis deu-lhe o incentivo necessário, fazendo-o perceber que a sua produção psicográfica eram os seus filhos, bem como passaram a ser seus netos os livros que foram traduzidos para outros dezenove idiomas. Mesmo assim, Divaldo ainda não se encontrava pleno. Foi, então, estimulado pela Benfeitora a procurar os filhos do calvário, os que sofrem no anonimato das ruas aniquiladoras de vida, descobrindo esses invisíveis da sociedade humana que teima em não vê-los, ignorando-os em suas misérias morais e sociais.

O vazio existencial não se preenche com objetos ou condições transitórias e passageiras, que sempre se diluem, mas sim, com o amor, que dignifica a alma, plenificando-a, dando um sentido à vida, onde o próximo é o objeto das ações do bem. Jesus, falando aos homens, de alma para alma, preenche a vida da criatura humana que atende aos seus sábios encaminhamentos. Narrando histórias e citando autores, Divaldo Franco esclareceu que os pontos de vista de cada um, com relação ao sofrimento, as desilusões, as frustrações, vão mudando de patamar na medida em que transita pela vida, ano após ano. Asseverou que para debelar a sede que o vazio existencial provoca é necessário doses generosas de esperança, muita esperança, alicerçada no amor.

O vazio existencial deve ser preenchido com os perfumes e o colorido do amor. Quando a criatura humana ama ela se plenifica e o vazio deixa de existir. É necessário encontrar o sentido da vida e esforçar-se por mantê-lo, amando as pessoas como são e não as suas projeções, sempre enganadoras. Como as frustrações estão presentes na vida de muitos, é necessário realizar o exercício do amor, isto é, praticar o evangelho de Jesus.

Quando a criatura humana somatiza as suas dificuldades e desafios da vida, contribui para a desestruturação física. Quem não consegue estabelecer uma meta para a sua vida, deixa de viver e passa a uma condição vegetativa. A falta de uma meta para a vida provoca a existência do vazio devorador dentro de si, que somente será extinto após despertar para a necessidade de estabelecer o objetivo, o sentido para a própria vida. Independente da condição em que se encontra a criatura humana, ela deve agir com dignidade, preenchendo-se de um ideal fraternal. Se a vida não está servindo mais para viver, dê-a a outro que deseja viver, e o amor florescerá, plenificando-o, isto é, dedique-se em fazer o bem a alguém que se encontre em condições piores.

O ser humano tem necessidade de refletir sobre si mesmo, e quando não o faz perde oportunidades de se autoanalisar, conhecendo-se em maior profundidade. Na atualidade, as criaturas humanas estão se afastando uma das outras, substituindo os contatos pessoais pelos virtuais, ocasionando solidão e vazio existencial. A utilização dos meios virtuais pode significar uma fuga do indivíduo que, em se afastando pessoalmente, se esconde atrás de um meio eletrônico, das mensagens instantâneas. Isolando-se fenece.

Enriquecendo a sua abordagem, Divaldo destacou as ações que podem ser tomadas por qualquer criatura humana que almeje ardentemente por mudanças para melhor, em um esforço individual construído na base do perdão, da alegria de viver, de compreender a vida transcendente, onde a tristeza, o desejo de suicídio e o vazio existencial vão sendo substituídos pelo sentimento do amor dadivoso e que tudo compreende.

Todos possuem o poder de dar um sentido para a vida, anulando o vazio existencial, basta desabrochar-se e plenificar-se no amor, sendo grato e agradecido à vida, mantendo a esperança em alto nível. Portanto, melhor do que dar, é dar-se ao outro, ser mais presente na vida do seu semelhante, tornando-se útil, desenvolvendo a beleza que há no coração, abandonando o egoísmo, amando aos outros através do bem-proceder. A alegria em nós é o sorriso de Deus, afirmou o narrador de histórias, o ínclito Divaldo Franco.

Conflitos depressivos

Em prosseguimento, à tarde, Iris Sinoti abordou o tema Conflitos Depressivos, asseverando que é necessário retirar alguns mitos que cercam tão delicado tema, como por exemplo: a depressão não é uma bobagem; não é coisa de gente fraca; não é de quem não tem o que fazer; não é de quem não possui fé; não é de quem não tem vontade; a depressão é uma doença, e qualquer indivíduo pode passar por ela. O Brasil é o quinto país em número de depressivos e o primeiro em ansiedade. A depressão precisa ser levada a sério, ser respeitada.

Carl Gustav Jung concluiu que uma alma necessitava falar a outra alma, o que significa estar e fazer parte da situação que o outro está experimentando. A depressão é um convite da alma para as mudanças que são necessárias. Ela se apresenta na vida do ser para que ele possa identificar e conduzi-lo para um novo objetivo, uma nova forma de viver. Para estimular o público, Iris formulou a seguinte pergunta: - O que a depressão significa na sua vida? Assim, permeando respostas de pacientes e de estudiosos, a oradora foi conduzindo as reflexões, aclarando os fatos.

Rollo May, em A Coragem de Mudar, destaca que “Somos chamados a realizar o novo, a enfrentar a terra de ninguém, a penetrar a floresta onde não há trilhas feitas pelo homem, e da qual ninguém jamais voltou que possa servir de guia.” Significa que para cada um será preciso construir uma nova postura, uma nova maneira de sentir e viver a vida.

Alguns deixam as suas próprias bagagens emocionais para pegar as do outro, e por conseguinte, afanam-se e sobrecarregam-se em demasia e o corpo termina por experimentar o sofrimento. A depressão significa entrar em contato com uma dimensão de si mesmo e que, até então, era desconhecida.

Apresentando conceitos de estudiosos e da Benfeitora Joanna de Ângelis, Iris Sinoti conduziu o público para alcançasse a percepção de que é necessário nutrir compaixão pelo depressivo, de entender que a negação de sentir as emoções e sentimentos é o quadro em que o indivíduo se isolou por não saber agir, por não entender as próprias emoções e sentimentos.

“A depressão é um convite, um desafio da vida para que encontremos o real sentido, o que nos move por dentro. É a luta do herói contra o dragão, e nessa luta saímos da ilusão inocente de felicidade e conquistamos a certeza de que a vida só é verdadeiramente vida se tiver significado.” Iris Sinoti – Refletindo a alma.

Todo aquele que deixa de viver a sua própria vida para viver a vida que o outro traçou para ele, está no caminho para desenvolver um processo depressivo. Uma existência sem significado psicológico é vazia e destituída de motivação. A realidade da maioria é estar desconectada de si mesma, porém, conectada com o mundo, deixando de viver a própria vida para viver a ilusão da vida do outro. Não atender ao chamado da vida, o seu sentido, é se recusar a trilhar o próprio caminho, afastando-se de seu destino.

Para eliminar a depressão é necessário correr o risco de enfrentar aquilo que mais se teme, aquilo que está bloqueando o seu crescimento, conforme afirma Rollo May, em Os Pantanais da Alma.

Joanna de Ângelis, na introdução da obra Conflitos Existenciais, afirma: Ninguém se encontra na Terra exclusivamente para sofrer, mas para criar as condições de saúde real e de alegria plena. Carl Gustav Jung asseverava que somente aquilo que realmente se é tem o poder de curar. Já Paracelso, in.: Depressão, destaca: O melhor remédio para o ser humano é o próprio ser humano. E o amor é o remédio de potência mais alta.

Finalizando, Iris destacou, ainda, que é preciso estar aberto para a vida, amando-se e amando o próximo, atento para as oportunidades da vida. A finalidade da existência humana é a de acender a luz na escuridão do ser, segundo Jung.

Conflitos emocionais

Cristiane Beira ao apresentar o tema Conflitos Emocionais, esclareceu que o termo conflito pressupõe um sentido de oposição, o exercício de uma força, de uma potência em oposição a outra. Assim, as reações emocionais que desestruturam os indivíduos estão em oposição ao que ele sente, ou seja, a percepção entre o que o indivíduo é e o que deseja ser.

Classificando o ser humano em três categorias de emoções que se apresentam em desequilíbrio, ou formas de se apresentar no seio da sociedade humana, entre muitas outras, Cristiane assim as estruturou: 1º) as que vivem em sofrimento, adotando a posição de vitimização: 2º) as que adotam o poder como meio de resolver as situações da vida; 3º) a angelical, transparecendo ser boa, atenciosa, anula-se para viver a vida do outro. Essas são estratégias utilizadas pela criatura humana para poder continuar, ou passar a pertencer.

O que existe dentro delas a ponto de despertar essas reações? Questionou. Quando essas causas são identificadas, o indivíduo está a caminho da solução, e o vazio se apresenta, porque não estando mais plenificado pelas emoções perturbadoras, ele se sente vazio.

Em conflito com a primeira categoria de emoções em desequilíbrio está a autovalorização, provocando a existência de um vazio, uma emoção que leva a sentir que não pode, que não merece. A segunda categoria provocará o conflito da autoafirmação, quando então vive para impor, exercendo o uso da força do poder. A autoestima conflitará com a emoção perturbadora do indivíduo que se coloca na posição angelical, o que lhe dá a sensação de estar fazendo o que gosta.

Como essas emoções em desequilíbrio se iniciam no interior de cada indivíduo, somente ele pode aplicar a modificação encontrando-se consigo mesmo em um processo de autoconstrução. Para sanear os comportamentos perturbadores será necessário que a criatura humana retroceda em seus procedimentos até encontrar a origem deles. Esses comportamentos se constituem em um conjunto energético de emoções de um complexo, e quando um padrão se apresenta, o complexo se revela, reforçando-o. O complexo é a base para o conflito que se manifesta, é algo que foi desenvolvido antes, e, instintivamente o complexo domina. De complexo em complexo o EU não se manifesta.

Outro importante aspecto gerador e/ou reparador das emoções em desequilíbrio é a família, estrutura de suma importância para o desenvolvimento da psique. É a base, também, onde os conflitos existências são gerados. Raramente se cogita em cuidar da família, revisitar, repensar a sua importância como geradora de complexos. Os complexos maternos e paternos são absorvidos pelos filhos, estruturando-se emocionalmente, positiva ou negativamente, bem como adotando outros estímulos, como a televisão, a internet, etc.

Como está a família? Para equacionar, Cristiane Beira trouxe a lume a questão 383 de O Livro dos Espíritos, onde claramente está expresso o papel dos pais para com aqueles a que foram incumbidos de educar. Os filhos assimilam os complexos e os conflitos dos pais, bem como os gerados por eles mesmos, os filhos. As crianças absorvem as projeções de seus pais. Assim, os pais devem estar atentos para as necessidades dos filhos, evitando transformar as necessidades deles, dos pais, em necessidades dos filhos, isto é, projetando nos filhos as suas aspirações talvez não realizadas.

O problema das crianças é a herança dos antepassados que transferem seus conflitos, projetando neles todos as aspirações e insatisfações, esperando compensações. “A religião enfraqueceu nas famílias, o desinteresse pelo ser espiritual igualmente padece de atrofia emocional, deixando-se que cada um eleja, quando oportuno, o seu conceito de vida e de espiritualidade, como se fosse crível permitir-se que alguém primeiro se contaminasse por alguma enfermidade para depois expor-se aos perigos que a mesma proporciona.” Joanna de Ângelis.

Finalizando, Cristiane Beira destacou ser necessário trabalhar no seio familiar a questão da espiritualidade, pois que, família e espiritualidade são dois antídotos para os complexos. Há necessidade de se destruir e reconstruir muitas coisas, a começar na família, através da espiritualidade, resgatando a humanidade que está em cada indivíduo e fora dele.

Conflitos obsessivos

Conflitos Obsessivos foi o tema apresentado por Juan Danilo Rodríguez Mantilla, equatoriano, atualmente residindo na Mansão do Caminho, onde desenvolve atividades voltadas aos portadores do Transtorno do Espectro do Autismo (TEA).

O amor, disse o psicólogo e médico de família, é infinito, é grande, o amor é Deus. Os homens vivem mergulhados neste grande sentimento, e desejando tê-lo, desfrutá-lo, em vão tentam segurá-lo em suas mãos, como que desejando tomar posse, possuir para si, e como o ser humano está mergulhado nele, aí se inicia a obsessão, por uma causa muito natural, tudo o que se presta atenção fica magnetizado. Tudo o que se presta atenção existe dentro e fora da criatura humana.

Apresentando e discorrendo sobre a questão 245, na segunda parte de O Livro dos Médiuns, destacou que a obsessão possui as seguintes causas, entre outras: desejo de vingança, queixas presentes ou passadas, desejo de fazer o mal, regozijo por atormentar, em vexar, ódio e inveja do bem. Na questão seguinte, a 246, estão estampadas as causas da obsessão: o orgulho, e as ideias e opiniões próprias.

A instalação das obsessões perpassarão os sistemas nervoso, límbico – responsável pelos instintos – e o hipocampo, - responsável pela memória -, deixando as suas marcas negativas indeléveis. As emoções básicas, - terror, submissão, defesa e saciedade -, também são afetadas na instalação do processo obsessivo. A magnetização do hipocampo se dá pela adesão espiritual e pela ruptura das defesas psicológicas.

O colapso das defesas psicológicas acontece quando são afetados os símbolos pessoais, as correspondências e preconceitos, e as dependências emocionais. Para elevar o nível das defesas psicológicas será necessário trabalhar a autoaceitação, o raciocínio, fazer o bem, perdoar e aprender com alegria, lembrando que quem luta se cansa, e quem trabalha disciplina-se.

Os recursos terapêuticos para debelar a obsessão estão baseados em três postulados: louvar, agradecer e encomendar, no sentido de suplicar. Para atender esses requisitos há, também, três tipos de oração: a oração (falar), a meditação, que significa pensar, refletir, e a contemplação, ou seja, interpretar e fixar.

Juan Danilo destacou que o significado da vida é dar-lhe um sentido, oferecer-se um objetivo, viver com alegria e ter uma meta para trabalhar. Isso irá gerar o caminho para a felicidade, para a vida em plenitude.

Autoencontro e sentido da vida

Cláudio Sinoti discorreu sobre o Autoencontro e o Significado Existencial. Cada ser humano possui um tesouro íntimo, que muitos o abandonaram pelo caminho, e somente o próprio ser poderá resgatar. Assim será necessário que o indivíduo identifique quais as suas partes que necessita reencontrar, quais são as peculiaridades de sua alma.

O psicólogo Rollo May, em sua obra O Homem à Procura de Si Mesmo, indaga: Quais são os principais problemas interiores de nosso tempo? (...) Pode surpreender que eu diga que o problema fundamental do homem, em meados do século XX, é o vazio. Com isso quero dizer não só que muita gente ignora o que quer, mas também que frequentemente não tem uma ideia nítida do que sente.” Há uma dissociação do que se é, do que se deseja ser e divulgar, levando o indivíduo a se perder.

Carl Gustav Jung destaca que o homem precisa de mais psicologia, de mais entendimento sobre a natureza humana, pois o único real perigo que existe é o próprio homem. Ainda nas palavras de Jung, o homem é a própria origem de todo o mal a porvir. É necessário estar em paz com os próprios conflitos, eles são importantes na construção de um homem equilibrado, consciente de si mesmo, autoconhecendo-se.

“Sem a consciência de si mesmo, a pessoa jamais saberá o que deseja de verdade, mas continuará sempre na dependência da família e apenas procurará imitar os outros, experimentando o sentimento de estar sendo desconhecida e oprimida pelos outros.” (Carl Gustav Jung, O desenvolvimento da Personalidade.) É necessário conhecer a própria realidade, atendendo ao chamado do próprio coração e não dos outros.

Os indivíduos devem aprender a se desfazerem das ilusões aprisionadoras. O homem desenvolveu uma terrível preocupação, a de se mostrar aos demais, aparentando o que ainda não é, e o sucesso decantado como forma de felicidade, é, talvez, uma das maiores responsáveis pela solidão profunda, ensina a benfeitora Joanna de Ângelis, no capítulo 1, da obra O Homem Integral. Comparar-se com o outro é ilusão.

Em Amor, Imbatível Amor, capítulo 6, Joanna de Ângelis afirma: “O ser, em si mesmo, é de quase secundária importância, desde que a aparência seja agradável, a posição tenha representatividade e o dinheiro se encarregue de resolver as situações embaraçosas.”

Na ilusão que a matéria lhe oferece, o homem busca o sucesso, o prestígio, o dinheiro, o poder, porém não se esforça em aprender a arte de amar, nas palavras de Erich Fromm. O homem, não conhecendo-se a si mesmo nega o que possui na intimidade, tanto quanto, também, o outro faz o mesmo, em permanente ilusão, adiando o autoencontro.

Joanna de Ângelis, no capítulo 4, da obra O Despertar do Espírito, cita: “Inicialmente, torna-se indispensável querer-se exercitar a vontade, em vez de refugiar-se em mecanismos conflitivos comodistas, por meio dos quais se justifica não possuir vontade suficiente para serem alcançados os objetivos que se gostaria de atingir.”

Concluindo, Cláudio destacou que a autoaceitação, - o que significa polarizar-se onde se encontra -, é fazer movimentos em busca de uma construção nova, preenchida de inúmeros significados. O homem é aquilo que ele fizer de si mesmo, a partir do que é. O indivíduo deve se comprometer ao autodescobrimento para ser feliz, identificando os seus defeitos e as suas boas qualidades, sem autopunição, sem autojulgamento, sem autocondenação, voltando-se para dentro de si mesmo, utilizando o mecanismo de viver e perceber o que está fora, e, também, o que há no seu interior, isto é, mergulhar em si mesmo, emergindo a seguir, sempre, sistematicamente.

O Momento interativo-terapêutico, convencionalmente denominado “Primavera da Existência”, isto é, perguntas ou colocações que o público fez ao longo do encontro, e colocadas em uma árvore simbólica, à guisa de flores, foram apreciadas à luz da psicologia e do Espiritismo. Para este mister, Divaldo se fez acompanhar dos psicólogos Cristiane Beira, Juan Danilo, e dos terapeutas junguianos Iris e Cláudio Sinoti.

Divaldo destacou que a arte é Deus se comunicando com o homem, conforme asseverava o filósofo Léon Denis. Salientou, o orador por excelência, que é tão fácil ser feliz, basta encontrar o sentido da vida, a meta que se deseja alcançar. Visando, então, despertar em cada um a autoidentificação, a autoiluminação, o autodescobrimento, Divaldo Franco chamou seis voluntários oriundos do público e que haviam recebido na entrada um envelope com uma mensagem de autoria de benfeitores diversos. Essas mensagens teriam, teoricamente, a possibilidade de responder as indagações a respeito do vazio e o sentido existencial de cada um.

As interpretações realizadas pelos psicólogos, pelos terapeutas e por Divaldo Franco, além das especificidades individuais giraram em torno de ressignificar a vida, os ciclos que se encerram para dar continuidade a outro, a felicidade que não deve ser deixada de ser fruída a cada momento, as aflições de cada dia não devem ser impeditivos para uma vida feliz, as emoções, a autenticidade de pensamentos e atos, os momentos de definição da vida, o desafio do autodescobrimento, as potencialidades para serem desenvolvidas visando alcançar a plenitude, as adversidades e a esperança, a transformação das emoções em sentimentos, os desafios da vida, e o desenvolvimento do autoamor, entre outras considerações.

Com relação à árvore da primavera, os temas estudados e decodificado pelos profissionais e por Divaldo à luz do Espiritismo, apresentaram aspectos diversos, como: o esforço para vencer os desafios da vida, a transformação individual visando a plenitude, o amor que deve ser revelado aos que se ama, o sentimento genuíno que brota do coração, a educação das emoções, a autoaceitação, a passividade com relação aos eventos de vida, a necessidade de disponibilizar aos demais o conhecimento adquirido, o autoconhecimento, o aprendizado que se dá por etapas, o amar-se conforme se é, as crises de solidão, a gratidão como ato terapêutico, e manter-se em estado de atenção, porque o amanhã começa agora.

Encerramento

Na manhã radiosa, banhada pelo sol generoso e a brisa suave que movimenta o ar, como se Deus acariciasse as suas criaturas, o Encontro Fraterno, em sua 21ª edição, foi encerrado em clima de alegria, fraternidade e muita disposição para preencher o vazio existencial, que alguns ainda podem estar identificando, com as imorredouras lições aprendidas, refletidas e tornadas realidades na realização de cada um nestes últimos quatro dias de congraçamento cristão. As palavras carecem de significado e de energia para descrever a inigualável vivência do amor ágape que se fez presente na vida dos que avidamente se dessedentaram na fonte perene preparada e ofertada por Jesus Cristo.

Após os agradecimentos, conduzidos por Telma Sarraf, coordenadora do encontro, foram divulgados os Estados que estiveram presentes: Acre; Alagoas; Amazonas; Bahia; Ceará; Distrito Federal; Espírito Santo; Goiás; Maranhão; Mato Grosso; Mato Grosso do Sul; Minas Gerais; Pará; Paraíba; Paraná; Pernambuco; Piauí; Rio de Janeiro; Rio Grande do Norte; Rio Grande do Sul; Rondônia; Santa Catarina; São Paulo; Sergipe; Tocantins. O Exterior esteve assim representado: Áustria, 1; Canadá, 1; Equador, 5; EUA, 4; Itália, 1; Paraguai, 6; Suíça, 2; Uruguai, 1, alcançando um total de 609 participantes. O evento teve 182.000 acessos na internet.

Esse belo e produtivo encontro foi subsidiado pelas inscrições dos participantes, que em regime de cotização, pode acolher diferentes indivíduos, como por exemplo, católicos e budistas, entre outros, e, naturalmente os espíritas e simpatizantes do Espiritismo. Assim, deduzidas as despesas, o resultado irá propiciar recursos para atender as inúmeras atividades da Mansão do Caminho, desde a casa de parto normal, até os idosos, bem como aqueles que se encontram em vulnerabilidade social e de saúde, educando, amparando, promovendo o ser humano. O ato e o valor da inscrição são simbólicos, pois que o seu alcance transcende os limites estreitos do evento que acolheu mais de seis centenas de entusiastas participantes, ávidos em repartir o que já possuem, sejam em valores monetários, seja em recursos morais e de saúde física e moral.

O magistral orador e médium espírita Divaldo Franco tocou, uma vez mais, os sentimentos dos presentes. Fazendo um preâmbulo à fase de perguntas, ele rogou as bênçãos e a paz do Senhor, dizendo que o momento é de gratidão, de alegria e, também, de pedidos de perdão por não poder atender todas as expectativas dos participantes, dado a falibilidade da criatura humana. Asseverou que todos formam a família universal, pois que na vigência do amor, as fronteiras deixam de existir, bem como quaisquer outros limites ou diferenças de identificação. Nestas condições, o Ego Individual cede espaço ao Ego Coletivo, estreitando os laços, e, a fraternidade universal se apresenta desde já, unindo os maiores esforços. O psiquismo humano, ou seja o Espírito, move a matéria, colocando o pensamento no amor para conduzir os passos e a tomada de decisões calcadas no amor divino.

Logo após a breve e bela apresentação de Juan Danilo interpretando You Raise me Up, uma história religiosa, Divaldo Franco narrou parte da vida do excepcional Antoine de Saint-Exupéry, incluindo suas proezas na área da aviação e o envolvimento em conflitos bélicos, destacando que o homem de fé é capaz de mudar o seu próprio destino, que em muitas oportunidades dá a impressão de ser inexorável, conduzindo para a morte certa, porém reversível segundo a providência divina.

Amorosamente conduzindo o pensamento dos presentes, o trator de Deus, segundo as observações de Chico Xavier, Divaldo asseverou que Jesus nos carrega em seus ombros nas horas mais difíceis de nossas vidas. O amor nunca morre. Somente o amor, somente o amor, preenche o vazio existencial. Jesus trouxe boas novas, o seu evangelho, que é sempre acompanhado de alegria, oferecendo bases sólidas para a construção do novo mundo de solidariedade, fraternal.

Ao responder às inúmeras perguntas, selecionadas entre centenas de outras, salientou, em resposta, que, os problemas de ordem depressiva, as revoltas com a vida, a melancolia, as drogas, o autoconhecimento, o equilíbrio emocional, o sofrimento, o suicídio, a autoestima baixa, o orgulho, devem ser estudados e trabalhados à luz do amor, do autoamor, auxiliando os necessitados, semeando boas sementes para colher os frutos desejados, sendo feliz ao ter a honra de poder ajudar, embora ainda se sinta imperfeito, levando em conta que o doador é possuidor de um tesouro imenso, utilizando as experiências negativas para construir as positivas, estabelecendo metas para a vida, trabalhando com os miseráveis, ajudando-os no que seja possível, conhecendo a vida espiritual, suportando, assim, as vicissitudes da mesma.

Para que se tenha compaixão é preciso amar, e para amar é necessário trabalhar. O evangelho de Jesus deve ser vivido com intensidade. O indivíduo deve ter a audácia para ser diferente, tornando-se melhor, repartindo o excesso com os miseráveis, inclusive o tempo, transformando pedras em pães, recolhendo as moedas para saciar a fome biológica e a educacional, vivendo moralmente de forma exemplar, equilibrada, conforme ensinou o Mestre Galileu.

O espírita deve lutar contra o mal, se posicionando a favor da moralidade. Ante o materialismo, deve optar pela espiritualidade, praticando os ensinamentos de Jesus Cristo. Divaldo Franco salientou que o espírita precisa adotar uma postura a favor do Brasil, não se omitindo ante a ação negativa que visa destruir a família, corrompendo, aniquilando a juventude, separando os cidadãos, todos brasileiros, em setores sociais, menosprezando a cultura, a educação, erotizando crianças, tergiversando as leis, implantando uma cultura sem bases éticas e morais, segregando criaturas e manipulando-as através de pequenos “benesses”, retirando-lhes a condição de vida digna pelo trabalho, anestesiando-as em relação ao progresso individual que deve estar alicerçado no esforço e no mérito individual. O espírita necessita desenvolver o senso pátrio, a cidadania consciente, a autorresponsabilidade pelo cumprimento de seus deveres cívicos, sociais e morais. O espírita deve conhecer as propostas e os efeitos das ideologias cuja implantação está sendo tentada em nossa Pátria, desde há alguns anos.

Ao encerrar, foi prestada uma homenagem aos voluntários, em número de 58, dando uma dimensão de quão afanoso é planejar e executar uma obra que leva conforto moral e educacional, não só aos participantes diretos, mas aos milhares que assistiram ao vivo pelos meios eletrônicos, e a outros que assistirão ao longo dos evos. São sementes dadivosas que germinam e ainda germinarão nos corações ansiosos de muitos, por ofertar paz, propiciando o trabalho no amor que preencherá o vazio existencial.

Em bela comemoração, todos, congraçados, cantaram fervorosamente o Hino da Paz, de Nando Cordel, aguardando, expectantes, a 22ª edição do Encontro Fraterno programada para o período de 19 a 22 de setembro de 2019. A felicidade, a leveza de corações e de mentes produziram um ambiente salutar, de vibração envolvente, benfazeja, revigorante, e, na paz de espírito, as despedidas provocaram momentos de enlevo, ternura, amor e confiança em Jesus e na Doutrina Espírita, o norte para os viajores que buscam o porto seguro.

Os momentos musicais e artísticos foram protagonizados por Josué ao saxofone, Anatasha Meckenna no canto, por Assis Diomar (foto) ao violão e voz, pela cantora Andrea Bien e pela apresentação artística com os Professores de Dança da Universidade Federal da Bahia, Luiz Molina e Nelma Seixas. Essas intervenções encantaram e enterneceram o público, enlevando-o em vibrações de grande ternura e acolhimento.

Lançamento de livros

Divaldo Franco, cuja vida é um hino de amor ao próximo, fez o lançamento de três obras: 1ª) Amor & Sexualidade – A Conquista da Alma, de Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Franco e organizado por Luiz Fernando Lopes. 2ª) Momentos de Sublimação, de autoria de Vianna de Carvalho e Joanna de Ângelis, psicografado por Divaldo. 3ª) O Anjo da Misericórdia, de Amélia Rodrigues, igualmente pela psicografia de Divaldo. Essa obra é uma adaptação produzida por Viviane Longo, voltada ao público infantil.

 

Nota do autor:

As fotos desta reportagem são de Jorge Moehlecke.


 

 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita