Artigos

por Édo Mariani

 

A Palavra de Vida Eterna


O mês de setembro nos lembra a data do natalício de Cairbar de Souza Schutel, o primeiro prefeito de Matão, também chamado de O Espírita Número Um do Brasil; O Bandeirante do Espiritismo; O Apóstolo de Matão; e de Pai da Pobreza de Matão.

Cairbar foi uma criatura invulgar, desses homens que raramente são encontrados sobre a face da Terra.

No dia 22 do mês de setembro de 2018 completaram-se cento e cinquenta anos de seu natalício, e queremos nesta oportunidade prestar-lhe nossa homenagem, transcrevendo do seu livro “Parábolas e Ensinos de Jesus” a página com o título acima, que bem mostra a sua profunda familiaridade com os Evangelhos de Jesus, de quem foi profundo admirador.

Antes de escrever a mencionada página, ele transcreve texto do Evangelho de João, capítulo VI, versículos 66 a 69: “Muitos dos seus discípulos se retiraram e não andavam mais com Ele. Perguntou então aos doze: Quereis vós também retirar-vos? Respondeu-lhe Simão Pedro: Senhor, para quem haveremos nós de ir? Só Tu tens palavras de Vida Eterna e nós temos crido e conhecemos que és o Santo de Deus.

“A imortalidade é a luz da vida; ela é a alma da nossa alma; a esperança da nossa fé; e a mãe do nosso amor.

“Sem a imortalidade não pode haver alma; sem alma, não há esperança, fé e amor; e sem esperança, fé e amor, tudo nos desaparece: família, sociedade, religião, Deus!

“A imortalidade é a base, o alicerce, a rocha viva onde se assenta essa trilogia sublime, é o farol luminoso que esclarece todas as virtudes, que ilumina toda sabedoria, que nos desvenda, finalmente, os arcanos dos nossos destinos, resplandecendo sobre nossas cabeças o amor de Deus, essa auréola de santidade que brilha na fonte dos justos.

“Urge, pois, que busquemos, primeiramente, a imortalidade, para crermos firmemente na Palavra de Jesus. Urge que estudemos a imortalidade, que conversemos com a imortalidade, que ouçamos a imortalidade, com seus substanciosos ensinos, a fim de, firmes e resolutos, orientarmos a nossa vida, regularmos os nossos atos na senda religiosa que nos foi traçada.

“O homem não pode atender ao dever religioso sem conhecer, e não pode crer que estudou a esse respeito sem que tenha a certeza da imortalidade, a convicção cientificamente comprovada do prosseguimento da vida além do túmulo, onde, pelos seus esforços, pelos seus trabalhos, poderá conquistar a verdadeira felicidade.

“Só a fé no futuro nos livra do obscurantismo, do fanatismo, da ignorância.

“A Palavra de Vida Eterna é a maior preciosidade que Jesus nos legou.

“E, assim, compreenderam seus discípulos quando, ao inquirir-lhes o Mestre se não queriam também se retirar como fizeram os demais que o seguiam cegamente e com interesse em pães e peixes, responderam: Para quem havemos nós de ir, só Tu tens palavras de vida eterna.

“Jesus fez muitas maravilhas, curou enfermos, multiplicou pães e peixes, transformou água em vinho, acalmou mares e ventos, mas essas maravilhas não prendiam os doze discípulos: não foi por elas que eles continuaram a acompanhar Jesus, mas sim porque: Só Ele tinha a palavra de Vida Eterna.

“A Palavra de Vida Eterna vale mais que todas as maravilhas, mais que o mundo todo, porque as maravilhas se acabam, o mundo se extinguirá, mas a Vida Eterna perdurará para sempre, e aí colheremos os frutos do nosso lavor, o mérito dos nossos esforços.

“Quando Pedro respondeu a Jesus: “só Tu tens palavras da Vida Eterna”, ele já havia visto a Vida Eterna. Jesus já o havia levado ao Tabor, onde chamou os Espíritos de Moisés e de Elias, que há muito tinham desencarnado para lhe testificar a existência da Vida Eterna.

“Moisés e Elias já tinham atravessado os umbrais da morte, entretanto, vieram demonstrar que a morte não existe na acepção da palavra, mostrando-se assim aos três apóstolos: Pedro, Tiago e João.

“Há vida não só na Terra más também na Vida Eterna.

“A Vida Eterna é o princípio básico da vida na Terra.

“E é de notar que o Mestre não se contentou em dizer e provar que há Vida Eterna, com a manifestação de Moisés e Elias. Ele mesmo voltou da Vida Eterna após a Tragédia do Gólgota, para confirmar essa Nova de Salvação.

“Tomé não acreditava porque não estivera no Tabor, duvidava da Vida Eterna. E quando os outros discípulos contaram a Tomé que Jesus lhes havia aparecido, respondeu que só acreditava se suas mãos tocassem os sinais dos cravos e o sinal da ferida produzida pela lança.

“É de notar que o Divino Modelo não se negou a essas provas, mas, ao contrário, facultou-as para que o seu discípulo recebesse a verdadeira crença. Mas as aparições de Jesus não se limitaram aos discípulos; apareceu a muitas mulheres e a mais de quinhentas pessoas, segundo narram os Evangelhos.

“Tudo se extingue neste mundo, o dinheiro se acaba, as grandezas terrenas se esvaem, mas a Palavra de Jesus permanece para sempre!

“Quem quiser ser feliz mesmo nesta vida, precisa buscar a Palavra de Jesus, e dela não se separar.

“De modo que, havendo, como há, Vida Eterna e, se nela permanecendo, sempre seremos discípulos Daquele que veio para salvar e não para condenar o mundo. E ouvindo seus preceitos, imitando seus exemplos, pedindo à Vida Eterna luzes precisas para nos guiarmos em um mundo efêmero em que nos achamos, não nos faltarão graças e misericórdias para vencermos as lutas e extinguirmos as trevas que nos oprimem”.

Com a transcrição supra, prestamos nossa homenagem de gratidão a quem muito devemos, não só pelos ensinamentos que nos legou, como também pelos exemplos do verdadeiro cristão, discípulo fiel de Jesus, o Mestre por excelência.
 


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita