Divaldo Franco: “Os dias atuais são de crise. Crises de
todos os tipos”
Segundo o estimado orador, a solução para essas crises
está na vivência da proposta terapêutica do Evangelho de
Jesus, em sua pureza, conforme aclarado pelo Espiritismo
No dia 29 de setembro, a Academia da Força Aérea (AFA),
em Pirassununga (SP), abriu suas portas para acolher um
público superior a 1.000 pessoas que se reuniram nas
amplas e confortáveis instalações do anfiteatro para o
7º Encontro Espírita da AFA e o 2º Congresso dos
Militares Espíritas, cujo tema foi: “Reencontro com o
Cristo”.
A abertura foi efetuada pelo tribuno, humanista
e médium Divaldo Franco. O evento contou com a presença
do Brigadeiro do Ar Mário Augusto Baccarin.
Os trabalhos foram iniciados com uma tocante e bela
interpretação da música Aleluia pelo Dr. Juan Danilo que
a todos emocionou nesta homenagem ao centenário de
desencarnação de Eurípedes Barsanulfo.
A psicosfera foi
iluminada pelas vibrações do homenageado que,
seguramente, desde onde se encontrava repletava o
ambiente com suas doces irradiações de paz, harmonia e
serenidade que a todos emocionou profundamente.
Ladeado pelo Dr. Juan Danilo, Dr. Miguel Sardano e pelo
psicólogo e terapeuta Claudio Sinoti – um dos
conferencistas convidados para o evento –, Divaldo
Franco deu início à conferência, escusando-se antes pelo
fato de proferir suas palavras sentado, em virtude das
dores ciáticas que de longo tempo o vêm acometendo.
Ele abordou inicialmente os eventos envolvendo o
escritor, filósofo, teólogo e historiador francês Joseph
Ernest Renan (1823-1892), que em 1862 foi nomeado
professor de hebraico no Collège de France, mas, após a
primeira aula, teve seu curso cancelado, pela simples
razão de ter chamado Jesus de “Um homem incomparável”,
frase que contrariou o pensamento religioso dogmático
que considera Jesus como a manifestação de Deus. Ernest
Renan é autor da obra “A Vida de Jesus”, na qual
ressalta ter Jesus dividido a história da Humanidade em
dois períodos distintos: antes e depois dele.
Discorrendo, também, sobre algumas análises elaboradas
por destacados estudiosos, Divaldo reportou-se ao
pensamento da psicanalista Dra. Hanna Wolff, que
considera Jesus o maior psicoterapeuta que já existiu.
Suas análises e considerações estão reportadas no livro
“Jesus Psicoterapeuta”.
Em seguida Divaldo presenteou os presentes com uma
enriquecedora e reveladora análise histórica dos fatos
marcantes da humanidade, ressaltando a necessidade de os
conhecermos para podermos reflexionar a respeito dos
fatos históricos e, assim, compreender melhor a
realidade.
Discorrendo sobre as circunstâncias que precederam a
vinda de Jesus, bem como aquelas outras que predominaram
enquanto o Mestre aqui conosco esteve, Divaldo iniciou
um périplo histórico pela fundação de Roma, focalizando
em especial o período em que Caio Júlio Cesar, militar
romano, conduziu a transformação da República romana
para o Império Romano. Apesar de ter sido um gigante da
sociedade patrícia, mesmo assim foi traído por parte do
Senado e morto a punhaladas. Morto, ele é sucedido pelo
segundo triunvirato formado por Marco Antônio, Marco
Emílio Lépido e Caio Júlio Cesar Otaviano Augusto, que
encerrou o triunvirato após as mortes dos outros dois
integrantes, restabelecendo a República romana e
governando-a com reconhecidos valores morais.
A digressão histórica seguiu, com Divaldo extasiando a
todos com as poéticas narrativas que transportaram nossa
mente à Palestina dos tempos evangélicos, com suas
paisagens, flores, perfumes, brisas suaves e o Mar da
Galileia. Os apóstolos ganharam vida principalmente após
o encontro de Jesus com Simão bar Jonas e seu famoso
convite para se tornar pescador de homens no mar
encapelado da vida.
Divaldo focou as palavras de Jesus no Sermão da Montanha
e nas Bem-aventuranças, base dos ensinamentos do Mestre.
Revelando a importância do Sermão da Montanha para a
Humanidade, Mahatma Gandhi afirmou: “Se se perdessem
todos os livros sagrados da humanidade, e só se salvasse
O Sermão da Montanha, nada estaria perdido”.
Durante três séculos – lembrou Divaldo – cerca de um
milhão de cristãos foram cruelmente assassinados pelo
Império Romano, até que em 13 de junho de 313 o
Imperador Constantino (272–337) promulgou um edito, pelo
qual o Cristianismo passou a ser reconhecido e
respeitado pelo Império Romano. Iniciou-se então uma
transformação cruel e insólita, visto que os seguidores
de Jesus passaram, de perseguidos, a perseguidores, fato
que se estendeu ao longo dos séculos, com o surgimento
no século XI das Cruzadas fomentadas pelo radicalismo de
Pedro, o Eremita.
Seguindo na loucura pela busca do poder temporal, a
Igreja deu início às perseguições aos judeus e aos
muçulmanos na terrível noite da Humanidade conhecida
como Santa Inquisição, que, iniciada no século XIV,
perdurou na sua fúria assassina até meados do século
XVII.
Após uma ligeira pausa para que melhor pudéssemos
assimilar o périplo histórico, Divaldo afirmou que
Jesus, já prognosticando essa possibilidade, nos
prometeu o Consolador quando, reunido com os apóstolos
nos momentos finais antes da crucificação, asseverou:
“Se me amais, guardai meus ensinamentos e eu rogarei a
meu pai e ele vos enviará outro consolador para que
fique eternamente convosco e que vos ensinará todas as
coisas e vos fará recordar tudo o que vos tenho dito”.
(João 14:17 e 26).
“Ainda tenho muito que vos dizer, mas vós não o podeis
suportar agora”. (João 16:12)
Surgiu assim em 1857 o Espiritismo, o Consolador
prometido por Jesus, organizado por Allan Kardec em
forma de corpo de doutrina que logrou matar a morte,
revelando-nos um Mundo Espiritual pujante e dinâmico, em
substituição do silêncio dos túmulos e das beatitudes
imobilizantes de um Paraíso destinado aos Eleitos de um
Deus personalista e vingativo. Uma Doutrina que traz
Jesus de volta, por estar desataviada de mitos
incompreensíveis e incompatíveis com a bondade absoluta
de Deus – Nosso Pai.
“Os dias atuais são de crise. Crises de todos os tipos”
– afirmou o orador, esclarecendo que a solução para
essas crises e o retorno ao estado de equilíbrio,
individual e social estariam na vivência da proposta
terapêutica do Evangelho de Jesus, em sua pureza,
conforme aclarado pelo Espiritismo, cuja vivência nos
permite o tão desejado reencontro com o Cristo.
Neste ponto, a emoção suscitada pelas palavras
carregadas de vibrações de Divaldo foi abrindo passagem
até chegar ao âmago de nossos corações. Lágrimas
incontidas afloraram. O mundo se nos afigura mais belo,
mais cordato.
Com visível esforço e sopitando enormes dores, Divaldo
ergueu-se para respeitosamente elevar seus pensamentos e
emocionar a todos com o Poema da Gratidão vertido com
emoção e peculiar unção.
— Obrigado Senhor! Pelas minhas mãos, mas também pelas
mãos que aram, que semeiam, que agasalham e que libertam
da amargura. Mãos que apertam mãos, que enxugam lágrimas
e curam feridas.
— Mãos dos adeuses!
Nota do autor:
As fotos desta reportagem são de Sandra
Patrocínio.