Brasil
por Djair de Souza Ribeiro

Ano 12 - N° 589 - 14 de Outubro de 2018

Divaldo Franco: “Os dias atuais são de crise. Crises de todos os tipos”


Segundo o estimado orador, a solução para essas crises está na vivência da proposta terapêutica do Evangelho de Jesus, em sua pureza, conforme aclarado pelo Espiritismo


No dia 29 de setembro, a Academia da Força Aérea (AFA), em Pirassununga (SP), abriu suas portas para acolher um público superior a 1.000 pessoas que se reuniram nas amplas e confortáveis instalações do anfiteatro para o 7º Encontro Espírita da AFA e o 2º Congresso dos Militares Espíritas, cujo tema foi: “Reencontro com o Cristo”.

A abertura foi efetuada pelo tribuno, humanista e médium Divaldo Franco. O evento contou com a presença do Brigadeiro do Ar Mário Augusto Baccarin.

Os trabalhos foram iniciados com uma tocante e bela interpretação da música Aleluia pelo Dr. Juan Danilo que a todos emocionou nesta homenagem ao centenário de desencarnação de Eurípedes Barsanulfo.

A psicosfera foi iluminada pelas vibrações do homenageado que, seguramente, desde onde se encontrava repletava o ambiente com suas doces irradiações de paz, harmonia e serenidade que a todos emocionou profundamente.

Ladeado pelo Dr. Juan Danilo, Dr. Miguel Sardano e pelo psicólogo e terapeuta Claudio Sinoti – um dos conferencistas convidados para o evento –, Divaldo Franco deu início à conferência, escusando-se antes pelo fato de proferir suas palavras sentado, em virtude das dores ciáticas que de longo tempo o vêm acometendo.

Ele abordou inicialmente os eventos envolvendo o escritor, filósofo, teólogo e historiador francês Joseph Ernest Renan (1823-1892), que em 1862 foi nomeado professor de hebraico no Collège de France, mas, após a primeira aula, teve seu curso cancelado, pela simples razão de ter chamado Jesus de “Um homem incomparável”, frase que contrariou o pensamento religioso dogmático que considera Jesus como a manifestação de Deus. Ernest Renan é autor da obra “A Vida de Jesus”, na qual ressalta ter Jesus dividido a história da Humanidade em dois períodos distintos: antes e depois dele.

Discorrendo, também, sobre algumas análises elaboradas por destacados estudiosos, Divaldo reportou-se ao pensamento da psicanalista Dra. Hanna Wolff, que considera Jesus o maior psicoterapeuta que já existiu. Suas análises e considerações estão reportadas no livro “Jesus Psicoterapeuta”.

Em seguida Divaldo presenteou os presentes com uma enriquecedora e reveladora análise histórica dos fatos marcantes da humanidade, ressaltando a necessidade de os conhecermos para podermos reflexionar a respeito dos fatos históricos e, assim, compreender melhor a realidade.

Discorrendo sobre as circunstâncias que precederam a vinda de Jesus, bem como aquelas outras que predominaram enquanto o Mestre aqui conosco esteve, Divaldo iniciou um périplo histórico pela fundação de Roma, focalizando em especial o período em que Caio Júlio Cesar, militar romano, conduziu a transformação da República romana para o Império Romano. Apesar de ter sido um gigante da sociedade patrícia, mesmo assim foi traído por parte do Senado e morto a punhaladas. Morto, ele é sucedido pelo segundo triunvirato formado por Marco Antônio, Marco Emílio Lépido e Caio Júlio Cesar Otaviano Augusto, que encerrou o triunvirato após as mortes dos outros dois integrantes, restabelecendo a República romana e governando-a com reconhecidos valores morais.

A digressão histórica seguiu, com Divaldo extasiando a todos com as poéticas narrativas que transportaram nossa mente à Palestina dos tempos evangélicos, com suas paisagens, flores, perfumes, brisas suaves e o Mar da Galileia. Os apóstolos ganharam vida principalmente após o encontro de Jesus com Simão bar Jonas e seu famoso convite para se tornar pescador de homens no mar encapelado da vida.

Divaldo focou as palavras de Jesus no Sermão da Montanha e nas Bem-aventuranças, base dos ensinamentos do Mestre. Revelando a importância do Sermão da Montanha para a Humanidade, Mahatma Gandhi afirmou: “Se se perdessem todos os livros sagrados da humanidade, e só se salvasse O Sermão da Montanha, nada estaria perdido”. 

Durante três séculos – lembrou Divaldo – cerca de um milhão de cristãos foram cruelmente assassinados pelo Império Romano, até que em 13 de junho de 313 o Imperador Constantino (272–337) promulgou um edito, pelo qual o Cristianismo passou a ser reconhecido e respeitado pelo Império Romano. Iniciou-se então uma transformação cruel e insólita, visto que os seguidores de Jesus passaram, de perseguidos, a perseguidores, fato que se estendeu ao longo dos séculos, com o surgimento no século XI das Cruzadas fomentadas pelo radicalismo de Pedro, o Eremita.

Seguindo na loucura pela busca do poder temporal, a Igreja deu início às perseguições aos judeus e aos muçulmanos na terrível noite da Humanidade conhecida como Santa Inquisição, que, iniciada no século XIV, perdurou na sua fúria assassina até meados do século XVII.

Após uma ligeira pausa para que melhor pudéssemos assimilar o périplo histórico, Divaldo afirmou que Jesus, já prognosticando essa possibilidade, nos prometeu o Consolador quando, reunido com os apóstolos nos momentos finais antes da crucificação, asseverou:

“Se me amais, guardai meus ensinamentos e eu rogarei a meu pai e ele vos enviará outro consolador para que fique eternamente convosco e que vos ensinará todas as coisas e vos fará recordar tudo o que vos tenho dito”. (João 14:17 e 26).

“Ainda tenho muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora”.  (João 16:12)

Surgiu assim em 1857 o Espiritismo, o Consolador prometido por Jesus, organizado por Allan Kardec em forma de corpo de doutrina que logrou matar a morte, revelando-nos um Mundo Espiritual pujante e dinâmico, em substituição do silêncio dos túmulos e das beatitudes imobilizantes de um Paraíso destinado aos Eleitos de um Deus personalista e vingativo. Uma Doutrina que traz Jesus de volta, por estar desataviada de mitos incompreensíveis e incompatíveis com a bondade absoluta de Deus – Nosso Pai.

“Os dias atuais são de crise. Crises de todos os tipos” – afirmou o orador, esclarecendo que a solução para essas crises e o retorno ao estado de equilíbrio, individual e social estariam na vivência da proposta terapêutica do Evangelho de Jesus, em sua pureza, conforme aclarado pelo Espiritismo, cuja vivência nos permite o tão desejado reencontro com o Cristo.

Neste ponto, a emoção suscitada pelas palavras carregadas de vibrações de Divaldo foi abrindo passagem até chegar ao âmago de nossos corações. Lágrimas incontidas afloraram. O mundo se nos afigura mais belo, mais cordato.

Com visível esforço e sopitando enormes dores, Divaldo ergueu-se para respeitosamente elevar seus pensamentos e emocionar a todos com o Poema da Gratidão vertido com emoção e peculiar unção.

— Obrigado Senhor! Pelas minhas mãos, mas também pelas mãos que aram, que semeiam, que agasalham e que libertam da amargura. Mãos que apertam mãos, que enxugam lágrimas e curam feridas.

— Mãos dos adeuses!

  

Nota do autor:

As fotos desta reportagem são de Sandra Patrocínio.


 

 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita