Crianças altamente
sensíveis
A nossa mais elevada tarefa deve ser a de formar seres
humanos livres que sejam capazes de, por si mesmos,
encontrar propósito e direção para suas vidas. Rudolf
Steiner
Hoje sabemos que uma parte considerável da população é
formada por pessoas altamente sensíveis. No
começo da década de 90, a psicóloga Elaine N. Aron
começou a investigar este conceito em adultos e
crianças. Segundo sua visão, isto não significa que algo
está errado com a pessoa altamente sensível (PAS),
porque isso apenas diz respeito a um estilo de
personalidade particular.
Mas como é a infância de umacriança altamente
sensível?
A vida de uma criança altamente sensível não é fácil.
Sua integração no meio escolar costuma ser difícil e
muitos pais, por isso, acabam optando pela educação
domiciliar (homeschooling). São crianças que, no
geral, não gostam de mudança, preferem a calma, são
reflexivas e percebem aspectos de seu entorno que poucos
indivíduos ao seu redor são capazes de notar ou
apreciar: a textura das folhas da árvore no pátio da
escola, a expressão de impaciência da professora de
inglês, a lua no céu na hora do almoço…
Para alguns pais pode ser complicado a rotina doméstica,
pois são crianças que perguntam muito e se queixam
também. No entanto, em uma sala de aula, uma criança
altamente sensível não chama atenção, não é problemática
e, muitas vezes, não terá oportunidade de passar em um
teste de reconhecimento de suas capacidades, sua
intuição, sua sensibilidade.
Como ajudar uma criança sensível?
Os pais podem estimular com ânimo a comunicação
assertiva, ajudando a criança a colocar limites nas suas
relações sociais, incentivando-a a dizer “não quero”.
Ensinar a criança não dramatizar problemas ou situações
sociais, porque isso reduzirá a inclinação que ela
apresenta para fazer das dificuldades uma tragédia. Além
disso, é importante reforçar nessa criança autoestima
confiança, estimulando-a a expressar suas emoções,
opiniões e ideias com naturalidade.
Crianças altamente sensíveis são crianças. Mas crianças
que se emocionam facilmente sentindo compaixão, alegria,
bondade ou... raiva. Por disporem de muita empatia e
sintonizarem com as emoções das outras pessoas, precisam
se sentir amadas e valorizadas.
O que os pais de uma criança altamente sensível precisam
evitar? Corrigir a criança em público (a criança sentirá
muita vergonha e isso a ferirá profundamente),
reprimi-la quando expressa suas emoções (pais
insensíveis que dizem ao filho altamente sensível: “pare
de chorar”; “pare de reclamar”) e superprotegê-la para
evitar que ela sofra. Pois são as lições da própria
vida, colhidas desde a infância, que darão à criança
altamente sensível estratégias fundamentais para o
enfrentamento dos desafios no futuro.
Para educar é preciso paciência e perseverança. E amar
os filhos altamente sensíveis também requer dos pais
atenção e equilíbrio em suas próprias ações.
Notinhas
No início dos anos 1990, a psicóloga Elaine Aron começou
a investigar a alta sensibilidade em adultos e crianças.
E isto, segundo sua visão, não significa que algo está
errado com a pessoa altamente sensível(PAS); é
simplesmente um estilo de personalidade particular, à
medida que as pessoas altamente sensíveis são
pensativas, empáticas e emocionalmente reativas.
Devemos ter em mente que ser altamente sensível não
significa ser introvertido. Contudo, já na infância,
essas crianças gostam de ficar sozinhas; sentem paixão
pela música, pela arte, pela natureza; se interessam
pelos problemas sociais; sentem-se feridos com
facilidade e, por isso, qualquer palavra ou gesto as
afeta profunda e gravemente.
Muitas escolas tentam mudar as crianças altamente
sensíveis. Elas são colocadas em mesas de frente
para as outras crianças e para que possam aprender a
"cooperar”, quando, na realidade, desempenham melhor o
seu trabalho sentadas em uma fileira.
Quando adultas, pessoas altamente sensíveis podem ser
encontradas entre ecologistas, professores, escritores,
educadores, religiosos, músicos, estudiosos e
pesquisadores, médicos e pais que ficam em casa.
Cf. Aron, Elaine N. Crianças
sensíveis. SP: Campus, 2003.
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