Divaldo Franco: “O amor é força poderosa
que transforma tudo e a todos”
Mais de 3.000 pessoas participaram em Santo André (SP)
do 32º Encontro Fraternal com Divaldo Franco
O Centro Espírita Dr. Bezerra de Menezes, da cidade de
Santo André (SP), realizou no dia 30 de setembro último
o 32º Encontro Fraternal com Divaldo Franco, encontro
esse que se realiza anualmente desde 1986.
O evento realizou-se nas múltiplas e espaçosas
instalações da Instituição Assistencial e Educacional
Amélia Rodrigues, que se tornaram acanhadas para
acomodar as mais de 3.000 pessoas que acorreram ao local
para ouvir Divaldo Franco, que abriu o Seminário
utilizando-se do mito grego de Tirésias, o qual Carl
Gustav Jung utilizou para dar nome a um dos muitos
arquétipos1do psiquismo humano.
Divaldo narrou, de forma sucinta, o mito de Tirésias2,
que fora convocado para arbitrar um impasse entre o
casal real - Zeus e Hera - que governava o Olimpo.
Tirésias, ao concordar com a posição de Zeus, foi
castigado por Hera que o condenou à cegueira permanente.
Zeus condoído da situação concedeu ao sábio Tirésias a
capacidade da visão interior e a de profetizar, pois
cego para as coisas externas, concentrou-se mais em seus
valores internos, desenvolvendo o sexto sentido (profetizar).
A partir dessa narrativa Divaldo constrói a base
psicológica para o desenvolvimento do tema, afirmando
que na proposta da Psicologia Analítica de Jung constata-se
a presença do arquétipo Tirésias indicando que a
Sociedade, e em cada um de nós, perdeu-se a visão
interior da vida e passamos – cegos aos reais valores da
vida – a ver somente as aparências, deixando-nos
fascinar pelo brilho das paixões, pelas ilusões e
fantasias todas efêmeras.
Essas escolhas geram as aflições sem tamanho que a
Sociedade moderna defronta. Tais aflições advêm da
adoção de objetivos imediatistas em prejuízo das
aspirações mais sublimes para a existência. Reforçando a
necessidade de elegermos um objetivo existencial Divaldo
cita o pensamento do psicólogo existencialista norte
americano Rollo May (1909-1994), que afirma ter a
sociedade elegida como parâmetros para a felicidade:
Individualismo: Doutrina
moral e social cujo conceito é o de valorizar a
autonomia individual na busca da liberdade e satisfação
das inclinações naturais e que se traduz na liberdade do
indivíduo frente a um grupo, à sociedade ou às pessoas.
O Individualismo — associado aos
seus comparsas o egoísmo, a indiferença, a ausência dos
sentimentos nobres da amizade e do amor — produz
como uma das consequências o medo de amar uma vez que
AMAR significa “aprisionar-se” conflitando com o
conceito individualista de liberdade, mas que na
realidade não passa de libertinagem.
Sexualismo: Comportamento
ligado à sociedade mercantilista e consumista, na qual o
ato sexual é priorizado e banalizado, desvirtuando sua
razão natural. Observa-se um barateamento da compostura
e uma inversão de valores transformando a criatura
humana em uma máquina sexual malversando a utilização
das energias genésicas no desvario e na perda do sentido
psicológico da vida culminado na ausência do amor
Consumismo: Compulsão
e modo de vida que leva o indivíduo a consumir de forma
ilimitada bens, mercadorias e/ou serviços, em geral
supérfluos, em razão do seu significado simbólico (prazer,
sucesso, felicidade).
Em nenhuma outra época da sociedade humana houve tanto
bem estar proporcionado pelo avanço da tecnologia e da
pujança econômica. Porém, todos esses fatores não são
suficientes para modificar o quadro observado nos
comportamentos da criatura.
Vivendo em uma sociedade individualista, consumista e
sexista a criatura passa a não encontrar outro motivo ou
significado existencial a não ser o fruir
incessantemente, até a exaustão. Há, ainda, o sofrimento
pelo luto ou perda, o qual, contudo, não fica restrito à
morte, mas também se manifesta na perda do trabalho
profissional ou da promoção, na perda de algum afeto que
nos deixou na solidão e até mesmo na perda de um objeto
de valor sentimental ou monetário.
É natural que qualquer tipo de perda produza aflição e
perturbação, permanecendo nessa situação por algum
tempo, que não deve ultrapassar a oito semanas,
configurando-se um saudável comportamento emocional.
Optando pelas conquistas imediatas e superficiais o ser
humano, psiquicamente falando, definha passando a não
enxergar os reais propósitos existenciais levando-o a se
desinteressar pela vida diante das vicissitudes impostas
pela vida almejando nosso crescimento. O resultado é a
onda de suicídios que assola a Humanidade.
No ano de 2016 em todo o mundo cerca de 1.000.000 de
pessoas morreram pelo suicídio, resultando em uma média
de 1 suicídio a cada 45 segundos. A cada 16 segundos
ocorre, em algum lugar do planeta, uma tentativa do
autocídio.
Ilustrando essa consideração, Divaldo citou o exemplo de
vida de Viktor E. Frankl fundador da Logoterapia e da
análise existencial focada na procura do sentido da vida
e nas atitudes a serem assumidas perante as situações de
sofrimento.
Esse psiquiatra austríaco,
autor dos livros Em Busca de Sentido e Um
Sentido para a Vida, é sobrevivente dos campos de
extermínios nazista oportunidade em que adotou o firme
propósito – transformado em objetivo existencial – de
sobreviver para poder denunciar ao mundo as atrocidades
sofridas durante aquele período. Sintetizando sua forma
de encarar a vida o célebre psiquiatra afirma: “Se
percebemos que a vida realmente tem um sentido,
percebemos também que somos úteis uns aos outros. Ser um
ser humano, é trabalhar por algo além de si mesmo. A
vida para ser digna tem que ter um objetivo; Quem tem um
porquê, enfrenta qualquer como”.
Preparando as mentes e os corações para a conclusão que
ocorrerá na segunda parte do Seminário, Divaldo, encerra
a primeira parte nos conduz pela trilha da superação ao
vazio existencial propondo o amor como antídoto. O amor
é - no arcabouço psicológico emocional da criatura
humana - uma emoção recente e por essa razão estamos
mais habituados às emoções anteriores e que nos
acompanham de longa data como o medo, a ira.
O amor nos inspira a buscar um sentido profundo e
transcendental para a nossa existência que nos leva ao
discernimento e a capacidade de distinguir o bem do mal.
Como enfrentar o vazio existencial
Dando prosseguimento ao seminário, Divaldo dá início à
segunda parte buscando fornecer-nos mais subsídios para
o enfrentamento do Vazio Existencial.
O foco de que a vida resume-se a conquistas imediatistas
gera a perda do sentido existencial com a consequência
funesta da Depressão a qual gera o vazio existencial,
levando a criatura que experimenta essa constrição a
desejar a libertação da terrível angústia. Incapaz de
compreender esse desejo de “libertação” acaba fugindo
pelo mecanismo do suicídio.
O resultado dessa infeliz escolha vem-se refletindo nas
estatísticas da OMS, que prognostica para o ano de 2025
que as mortes provocadas pelos suicídios situar-se-ão no
primeiro lugar entre as mortes não naturais,
ultrapassando as mortes decorrentes de acidentes de
viação (carros, trem, ônibus, avião, barco, moto etc.) e
também aquelas produzidas pela violência das guerras,
terrorismo, assassinatos.
O mecanismo é insidioso e gradativo: A tristeza somatiza-se
em Angústia. A angústia leva à Perda do Sentido
existencial, que por sua vez gera a Perda de Afetividade
que vai levar à Depressão.
Na raiz psicológica do transtorno depressivo, encontra-se
uma insatisfação do ser em relação a si mesmo e que não
foi solucionada, produzindo conflitos resultantes dos
desejos não realizados e que se convertem em melancolia
que se expressa em desinteresse pela vida.
A depressão gera o Vazio Existencial que leva, por
final, ao desejo de morrer.
Não se trata de que desejamos a morte. Na realidade
aspiramos à “libertação” da terrível Angústia e do Nada
Interior.
Não é somente a tristeza e a dor fomentadora da
Depressão. A ingratidão também é proporcionadora de
experimentar-se a depressão.
O amor — reitera Divaldo — é força poderosa que
transforma tudo e a todos que se deixam ser por ele
tocado. Nem mesmo a ingratidão tem capacidade de
diminuir-lhe o poder.
Para emoldurar o conceito moral Divaldo compartilha
conosco a comovedora narrativa de Francisca, humilde
moradora dos Alagados na cidade de Salvador, BA e
frequentadora da Mansão do Caminho3.
Certa ocasião Divaldo fora chamado com urgência para
atender Francisca Teodósia, que estava à
beira da desencarnação. Lá chegando, sentou-se ao lado
de Francisca que reunindo suas últimas forças contou-lhe
detalhes de sua vida pessoal.
Narrou que era mãe solteira, pois que fora abandonada
pelo venal companheiro ao tomar conhecimento da gravidez
e expulsa do lar pelos pais. Essas injunções não tiveram
o poder de diminuir o seu amor pelo filho, e para
assisti-lo extenuava-se no trabalho de lavadeira e de
vendedora de acarajé o que lhe permitiu custear todos os
estudos e necessidades do filho que graças a toda a
dedicação materna logrou ser aprovado no vestibular da
Faculdade de Medicina, exigindo de Francisca a ampliação
de seus esforços.
Sua dedicação era tanta que logrou obter – junto a um
médico e habitual freguês de seu acarajé – emprego para
seu filho sem identificar, contudo, que era sua mãe.
Chegara, finalmente, a data de formatura e Francisca
preparara-se com esmero para aquela ocasião pela qual
tanto lutara e se sacrificara. Sentia que atingira o
objetivo maior de sua vida. Antecipava no coração a
alegria que proporcionaria ao filho ao lhe dar – na
cerimônia de colação de grau – o anel de formatura.
Horas antes de seguir para o local da cerimônia seu
filho a procurara no barraco e pediu à mãe que não
comparecesse ao evento. Aproveitaria a ocasião para
marcar o casamento com a noiva – filha única do diretor
e proprietário da Clínica onde ele trabalhava – que
desconhecia a existência de Francisca, informação
propositalmente omitida pelo filho à futura esposa.
Teodósia dissimulou o impacto emocional da ingratidão do
filho e, entregando-lhe o estojo luxuoso com o anel de
formatura, beijou-lhe a face dele se despedindo.
Francisca Teodósia - respirando com extrema dificuldade
pela iminência da desencarnação - reuniu suas
derradeiras forças e segurando as mãos de Divaldo fez-lhe
o derradeiro pedido. Caso o filho viesse procurá-lo,
Divaldo devia dizer-lhe que ela não tinha pelo filho
nenhuma mágoa ou ressentimento pelo simples fato de amá-lo
incondicionalmente. Feito o pedido, desencarnou.
Semanas mais tarde - como previra Teodósia – o filho
buscara informações sobre a mãe e foi aconselhado a
buscar Divaldo Franco que acompanhara as derradeiras
palavras da mãe.
A narrativa de Francisca a vendedora de acarajés e da
ingratidão do filho está contida em uma palestra de
Divaldo Franco intitulada “A Poderosa Energia do Amor”,
da Editora LEAL. Divaldo, contudo, informou ao imenso
público presente ao 32° Encontro Fraternal que nos seria
apresentada a conclusão dessa emocionante narrativa,
visto que somente nos dias atuais a mesma chegara a um
desfecho.
Com o coração em frangalhos destroçado pela culpa gerada
pela vergonha que sentira da mãe devido à ingratidão
com a qual pagara todos os sacrifícios e cuidados
daquele anjo generoso que o acolhera no ventre, o famoso
médico recebeu de Divaldo a notícia que veio arrefecer
lhe a angústia: A mãezinha não lhe guardava mágoa e
naquele momento – nimbada de mirífica luz - apresentava-se
à visão psíquica de Divaldo acariciando o seu menino a
quem amava tanto.
Aninhar nos braços e no coração, amparando-o a cada
passo para que ele se tornasse um ser humano mais
completo e menos presunçoso representou para Teodósia o
sentido existencial da vida daquele anjo de generosidade.
Em pranto copioso e sentido de catarse, o filho de
Teodósia perguntou a Divaldo se havia uma maneira para
ele se reabilitar por toda a ingratidão.
Divaldo constatando o real desejo de transformação
consolou-o com incentivos de que ele deixara-se envolver
pelas ilusões e fantasias das conquistas efêmeras e
vazias. Deveria o médico buscar um novo sentido para a
vida e que elegesse um objetivo existencial profundo e
libertador.
O sofrido médico pediu uma oportunidade para assistir
aos irmãos desvalidos da região dos Alagados e trabalhar
como médico voluntário.
Tornou-se ele – afirma Divaldo concluindo a narrativa de
Teodósia, a vendedora de acarajés que a todos emocionara
– modelo de dedicação e amor ao próximo atendendo a
pobreza e os desvalidos do bairro onde a mãezinha vivera.
Junto com a esposa fundou uma Casa Assistencial que
cuidava dos doentes tuberculosos e “invisíveis” para a
Sociedade - individualista, consumista e sexista -, mais
preocupada com as quiméricas ilusões e fantasias.
A psicosfera ambiente estava dominada de sentimentos
superiores que a todos envolviam. Divaldo chama-nos a
atenção para o amor incomensurável de Jesus pela
humanidade que pagou-Lhe com a ingratidão – pela
adulteração e distorção de Seus ensinamentos - o sublime
sacrifício de nos trazer o caminho para a verdadeira
felicidade.
Em que pese nossa renitente ingratidão, Jesus nos ama
incondicionalmente.
E para encerrar esse módulo Divaldo lembra-nos das
palavras de Joanna de Ângelis que lhe recomendou:
— Por aqui passou um anjo e que deixou setas luminosas
apontando o porto de segurança. Seja, pois, a nossa
caminhada assinalada pelas pegadas de claridade na
Terra, a fim de que, aquele que venha após os nossos
passos, encontre as setas apontando o caminho.
Jesus não nos prometeu os júbilos vazios dos tóxicos da
ilusão. Não nos brindou com promessas vãs, que nos
destacassem no cenário transitório da Terra. Antes,
asseverou que verteríamos o pranto que precede a
plenitude, e teríamos a tristeza e a solidão que
antecedem a glória solar.
Todos estavam emocionados na sadia expectativa do módulo
que encerraria o evento.
Final de tarde em Santo André
Uma chuva forte veio arrefecer o calor primaveril que
perdurou por todo o dia. Eram as bênçãos da Natureza em
uníssono com as bênçãos Divinas com as quais fôramos
envolvidos nesse encontro de inesquecíveis recordações e
sentimentos superiores.
Para preparar nossos
corações e melhor nos conectarmos à psicosfera superior
o Dr. Juan Danilo a todos encantou com sua voz
interpretando – com acendrado amor a canção “You
Raise me up” (Você me Conduz) cuja melodia foi
composta por Rolf Løvland e letra de Brendan
Graham.
Após a emocionante canção, Divaldo inicia sua abordagem,
aproveitando-se da letra da música cantada que diz:
Quando eu estou triste e minha alma tão cansada
Quando os problemas vêm e meu coração está
sobrecarregado
Então, eu continuo aqui esperando no silêncio
Até você vir e sentar-se um pouco comigo
Você me conduz, então eu posso ultrapassar as montanhas...
Quem nos conduz? Pergunta Divaldo e ele mesmo nos
responde evocando a figura do
escritor, filósofo, teólogo e historiador francês Joseph
Ernest Renan (1823-1892) que em 1862 foi alcançou
o ápice de uma carreira profissional ao ser nomeado
professor de hebraico no Collège de France.
Todavia, essa glória pouco durou, pois, após a primeira
aula seu curso foi cancelado, pela simples razão de ter
chamado Jesus de “Um homem incomparável”. O
Imperador Napoleão III o demitiu da Cátedra uma vez que
ao considerar Jesus um homem contrariava os dogmas da
religião que considera Jesus parte da Santíssima
Trindade e a manifestação de Deus na Terra.
Referindo, ainda, sobre
algumas análises elaboradas por destacados estudiosos
Divaldo aborda o pensamento da psicanalista Dra. Hanna
Wolff, que considera Jesus o maior psicoterapeuta que já
existiu. Suas análises e considerações estão reportadas
em o livro “Jesus
Psicoterapeuta”.
Ernest Renan em
sua obra “A Vida de Jesus” ressalta ter Jesus
dividido a história da Humanidade em dois períodos
distintos: antes e depois Dele.
Jesus vem subverter o entendimento dos conceitos gerados
pela falta de consciência da época e que perduram até os
dias atuais. Herói era aquele destruía aos inimigos e
Vitorioso era aquele que conquistava a todos e a tudo
esmagando e derramando o sangue.
Para aqueles que já têm a consciência iluminada pelos
ensinamentos do Cristo o Herói é aquele que vence a Si
mesmo e Vitorioso é aquele que controla as suas más
inclinações e vence as suas tendências malignas.
Tudo isso Jesus nos ensinou por intermédio de O Sermão
da Montanha a base moral de suas palavras,
A propósito da importância de O Sermão da Montanha, para
a Humanidade, Mohandas Karamchand Gandhi, o Mahatma afirmou: “Se
se perdessem todos os livros sagrados da humanidade, e
só se salvasse O Sermão da Montanha nada teria se perdido”.
Esse é o Jesus que nos asseverou: “Eu sou o caminho
para a verdade e para vida. Ninguém vai ao Pai, senão
por mim”. João 14:6
Allan Kardec pergunta aos Espíritos Superiores na
questão 625 de O Livro dos Espíritos:
Qual o ser mais perfeito que Deus ofereceu aos homens,
para lhes servir de modelo e guia?
E os lumes tutelares da
humanidade responderam sinteticamente: Jesus.
É a esse Jesus que devemos buscar nessa hora tão difícil
da Humanidade que caminha rumo à Regeneração que não
tarda. Mas não somente buscá-Lo, mas ser-lhe fiel em
todas as circunstâncias e vicissitudes da vida, nos
momentos alegres e também naqueles onde a dor parece não
querer ir embora.
No ambiente saturado de doces vibrações que permeava a
todos os presentes a voz de Divaldo Franco foi se
alterando suavemente e todos emocionados constatamos a
voz de Dr. Bezerra de Menezes a se manifestar por
intermédio da mediunidade psicofônica de Divaldo em uma
mensagem que nos convida a ter coragem de não desanimar
nunca, pois Jesus nos prometeu que nunca nos abandonaria
e nos concitou a nos amarmos uns aos outros.
Notas do autor:
1 “A
palavra arquétipo se origina do grego arkhe, que
significa o primeiro, e typon, que significa marca,
cunho, modelo, sendo, por isso mesmo, as marcas ou
modelos primordiais, iniciais, que constituem o
arcabouço psicológico do indivíduo, facultando a
identificação da criatura humana”. Joanna de Ângelis,
Capítulo 7, Os
Arquétipos de o livro Vida: Desafios e Soluções.
2 Segundo
a Mitologia Grega, Tirésias deparou-se com um casal de
serpentes venenosas. Num gesto de defesa matou a fêmea e
nesse exato momento Tirésias transformou-se em mulher
vivendo na condição feminina por sete anos. Após esse
período, novamente encontrou outro casal de serpentes
matando, então, o macho e assim retornando à condição
masculina original.
Mais tarde, Zeus e Hera tiveram uma
ferrenha disputa, relativa a que sexo tira mais prazer
do ato sexual. Hera afirmava que os homens fruíam maior
prazer – revelando a superioridade feminina ao
proporcionar-lhes tal deleite -, enquanto que Zeus
asseverava que eram as mulheres as mais felizes nessa
questão proporcionada pela superioridade masculina.
O impasse foi formado e para equacioná-lo
decidiram por convocar Tirésias o qual por ter
experimentado ambas as polaridades sexuais era o mais
indicado para definir essa questão.
Ouvida a questão colocada pelos deuses
Tirésias proferiu seu pensamento: "Das dez partes do
prazer, o homem apenas tem uma". Vendo-se derrotada na
questão Hera – tomada de ira – condenou-o à cegueira
permanente. Zeus, para compensar o castigo imposto pela
esposa, deu a Tirésias, o dom da profecia, que o
tornaria um dos mais famosos da Grécia Antiga.
Nota do autor:
As fotos desta reportagem
são de Sandra Patrocínio.