“Conhece-te a ti mesmo”
Qual o meio prático mais eficaz que tem o homem de se
melhorar nesta vida e de resistir ao arrastamento do
mal? – “Um
sábio da Antiguidade vos disse: Conhece-te a ti mesmo.”
- Q. 919, de O Livro dos Espíritos.
Allan Kardec apresentou a questão acima aos Espíritos,
que lhe ofereceram a bela e sintética resposta. Nela
referiam-se à frase lida por Sócrates no Templo de Apolo
em Delfos, que, segundo seu discípulo Platão, a adotou
em sua filosofia.
Em seguida – certamente para nos oferecer meios de
melhor compreender a preciosa lição – o Codificador
argumenta: Compreendemos toda a sabedoria desta
máxima, mas a dificuldade está precisamente em cada um
conhecer-se a si mesmo. Qual o meio de consegui-lo? (Q.
919-a)
Em longa, mas objetiva dissertação, Agostinho, Espírito,
oferece-nos o método que utilizava, quando encarnado,
para atingir o autoconhecimento. Eis o início da
resposta: “Fazei o que eu fazia quando vivi na Terra:
ao fim do dia, interrogava a minha consciência, passava
em revista o que havia feito e perguntava a mim mesmo se
não faltara a algum dever, se ninguém tivera motivo para
se queixar de mim. Foi assim que cheguei a me conhecer e
a ver o que em mim precisava de reforma. (...)”.
Ainda que extensa, deve ser lida, estudada, meditada e,
sobretudo, aplicada a nós mesmos, pela clareza e
sabedoria dos argumentos apresentados pelo sábio e
generoso Espírito! E, certamente, por ser excelente meio
de chegar à evolução consciente.
Nossa evolução se dá, pois, pelo autoconhecimento: com
ele, desenvolvemos equilíbrio emocional e autodomínio;
aprendemos a superar dificuldades crescentes: sem
desgastes; sem ferir os que nos cercam; sem reagir por
impulso; sem nos desequilibrarmos com as ações dos
outros.
Passamos a agir após reflexão e consulta ao anjo da
guarda.
Desenvolvemos a capacidade de evoluir conscientemente:
– Com roteiro para a vida, corrigindo-se pouco a pouco;
– Dividindo dificuldades, estabelecendo metas parciais a
alcançar;
– Educando o pensamento, para errar menos.
*
A nosso ver, Jesus não fundou religião(ões).
Ofereceu-nos, no Evangelho, normas de conduta, que,
adotadas, nos religam a Deus, nosso Pai.
Nos versículos 34 e 35 do Cap. 13, de João Evangelista,
deixa-nos claro que seus discípulos seríamos
reconhecidos pelo mútuo amor, não por pertencermos a
esta ou àquela religião, que, à época, não haviam sido
estruturadas, nos moldes hoje existentes: “Novo
mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim
como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros.Nisto
conhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes
amor uns aos outros” (Grifei).
O Espírito de Verdade, no item 5 do Cap. VI, de O
Evangelho segundo o Espiritismo, amplia e atualiza
os ensinos do Mestre:
“Espíritas, amai-vos, este o primeiro ensinamento;
instruí-vos, este o segundo”.
Ou seja, conquistas mais importantes: Amor e
Conhecimento!
Lamentável reconhecer, pelo que sentimos em nós e à
nossa volta: a maioria dos ‘Espíritas’, que têm acesso a
estes ensinos, pouco ou quase nada estudamos! E quanto
ao amor, então?! Como estamos longe de sermos dignos de
nosso Mestre!
*
Em artigo divulgado na Revista Reformador de jul./78,
editada pela Federação Espírita Brasileira, p. 234,
Hermínio C. de Miranda tece comentários sobre o livro Vida
Depois da Vida2 –
do médico americano Raymond Moody Jr.
Nele, registra relatos daqueles que passaram por
experiências de ‘quase morte’, relatos esses que
conferem com aqueles contidos na II Parte de ‘O Céu e o
Inferno’3, de Allan Kardec.
O psiquiatra transcreve também depoimentos que colheu
nas experiências vivenciadas por inúmeros pacientes,
durante o tempo em que estiveram clinicamente mortos por
breves instantes, mas que, por razões desconhecidas –
retornaram ao corpo.
Chamou esse fato de ‘EQM’ (experiência de quase morte).
Nosso Hermínio denominou-o ‘morte provisória’. Termo
esse sumamente adequado a esses fatos.
O médico publicou em 1988, pela Nórdica, outro precioso
livro: A luz do Além4,
no qual transcreve muitos outros depoimentos sobre as
‘EQMs’.
Em concordância com os ensinos do Espírito da Verdade,
acima indicados, eis o que registra o autor: “Todos
aqueles que passaram por esta experiência retornaram
acreditando que a coisa mais importante de suas vidas é
o amor. E, para a maioria deles, a segunda coisa em grau
de importância na vida é o conhecimento”.
*
Lições de Jesus são o mais perfeito roteiro para
realizar o autoconhecimento:
– Amar a Deus e ao próximo como a nós mesmos;
– Fazer aos outros o que gostaríamos de receber;
– Não resistir ao mal;
– Oferecer a outra face (a outra face moral de quaisquer
situações);
– Reconciliar com adversários;
– Perdoar sempre, ilimitadamente: até aprendermos a não
nos ofendermos;
– Amar os inimigos e orar pelos que nos perseguem;
– Não condenar e não julgar a ninguém;
– Não procurar os primeiros lugares;
– Fazer o bem sem ostentação;
– Dá
e receberás;
– Sê misericordioso;
– Adotar o lema ‘Paz seja nesta casa’, quando chegarmos
a qualquer lugar.
Essa busca nos conduz à evolução consciente, abreviando
nossas expiações, eis que nossa redenção se dá pelo
sofrimento, ou pelo amor ao semelhante! Importa, pois,
aplicarmo-nos a esse aprendizado, para atingir o
autoconhecimento!
Referências:
1. KARDEC,
Allan. O Livro dos Espíritos. Trad. Evandro
Noleto Bezerra. 2. ed. 1. impr. Rio de Janeiro: FEB,
2011, q. 919, p. 553.
2. MOODY JR,
Raymond A. Vida Depois da Vida. Rio de Janeiro:
NÓRDICA, 1986.
3. KARDEC,
Allan. O Céu e o Inferno. Trad. Evandro Noleto
Bezerra. 2.ed. 1. impr. Brasília: FEB, 2013, II Parte.
4. MOODY JR,
Raymond A. A Luz do Além. Rio de Janeiro: NÓRDICA,
1989. Cap. I, p. 22.
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