Tristeza e infância
Não basta saber, é preciso aplicar. Não basta querer, é
preciso também agir.
Goethe
As emoções tomam parte na vida de todas as pessoas. A
tristeza, então, ainda que malvista pela sociedade, é
uma emoção natural tal qual a alegria, a ira e o medo.
Estar triste cumpre uma função adaptativa e relevante
para o equilíbrio emocional do ser humano. De fato, se
soubermos manejar a tristeza, esta emoção nos auxiliará
a superar muitos dos problemas que irão aparecer ao
longo da vida.
A tristeza, já na infância, implica aprendizado
importante, porque é emoção tão normal à criança como a
alegria ou o vibrante estado de ânimo ou curiosidade.
Toda criança necessita experimentar a tristeza, pois
isso coopera com a construção de uma personalidade
forte, empática e sensível ao mesmo tempo.
No dia a dia, uma criança pode sentir-se triste devido a
acontecimentos diversos: uma mudança de casa, uma
mudança de escola, uma viagem longa de um dos pais, a
morte do animalzinho de estimação…
Em relação à tristeza, os pais ajudam a criança
simplesmente permitindo que ela expresse seu pesar, sua
necessidade de choro ou de um episódico recolhimento.
Sentir-se triste nunca é sinal de debilidade, mas um
estado emocional que todos nós estamos sujeitos. Por
isso, quando você perceber seu filho triste, procure
compartilhar com ele o que você faz quando está triste,
oferecendo, dessa maneira, subsídios para o
enfrentamento da sua própria tristeza, escutando-o com
respeito e atenção, porque é muito significativo saber
que temos tempo e espaço para nos colocar diante de
nossos pais quando somos pequenos.
Sobre a raiva, o medo, a tristeza, os pais nunca podem
esquecer que é uma atitude violenta rir ou menosprezar
os dramas das crianças, pois o sofrimento nos alcança
desde a tenra idade.
Por fim, quando estamos diante de uma criança triste,
simplesmente lançar mão do silêncio e de um abraço – um
abraço é sempre terapêutico porque ajuda a criança a se
sentir segura, reduzindo tensão, revigorando vontade e
autoestima, que são elementos que impulsionam
naturalmente a superação da tristeza – emoção básica e
que cresce em nós sempre que perdemos algo, nos
sentimentos sozinhos ou rejeitados.
Notinhas
Para muitos de nós, testemunhar nossos filhos pequenos
chorarem, ou vê-los tendo uma explosão de raiva é
difícil. Nós sentimos sua dor, mas também nos sentimos
desconfortáveis e só queremos fazê-los parar. Essa é uma
reação muito compreensível. Contudo, nossos filhos, e
desde pequenos, precisam expressar seus sentimentos.
Precisam aprender que não há nada de errado em sentir
tristeza, raiva, medo. Pois sentimentos que são
expressados não ficam reprimidos e essa é uma rica lição
para as crianças aprenderem desde cedo na vida. Além
disso, o contato com os sentimentos ajudará a criança a
aprender a regular a intensidade deles. No futuro, serão
pessoas mais capazes de fazer escolhas acertadas com
relação ao que sentem.
Os filhos têm os pais como espelhos. Se os pais
transmitirem mensagens de equilíbrio ou mesmo de busca
por equilíbrio, é isso que será assimilado pelos
pequenos. Quando a criança está triste, oriente-a a ter
respirações profundas, acomode-a perto de você, sinta o
seu coração e a ajude a se equilibrar oferecendo a si
mesmo como referência.
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