Divaldo Franco: “A
caridade é a alma do amor”
O conhecido orador retornou a Curitiba, onde desenvolve
atividades doutrinárias desde 1954, para proferir uma
conferência e participar do 1º Encontro Estadual da Área
da Assistência e Promoção Social Espírita
Em 26 de outubro de 2018 Divaldo Franco, em seu ingente
trabalho de divulgação de o Evangelho de Jesus, proferiu
uma conferência pública no Expo Renault Barigui,
discorrendo sobre o tema: Caridade, luz da vida.
O público, formado por cerca de quatro mil e quinhentos
expectadores, e cativado pela verve do Semeador de
Estrelas, demonstrou grande interesse, atenção e
participação.
Estando presente a Diretoria Executiva da Federação
Espírita do Paraná – FEP – e diversas lideranças
espíritas paranaenses, Divaldo Franco, acompanhado por
Juan Danilo Rodríguez Mantilla, espírita equatoriano,
atualmente residindo no Brasil, na Mansão do Caminho em
Salvador/BA, ambientando o assunto, discorreu sobre o
Papa Bórgia e sua família, bem como sobre a decadência
do pensamento religioso daquela época, final do século
XV. Nos séculos seguintes, XVI e XVII, operou-se uma
revolução filosófica, e o pensamento se alargou.
Com a ruptura entre a ciência e a religião, no século
XVI, o pensamento filosófico foi se impondo em patamares
de melhor compreensão, sendo que o século XVII
representou um marco histórico de mudança profunda do
pensamento humano. Divaldo, então, apresentou
sucintamente as teorias de Pierre Gassendi, John Locke,
Thomas Hobbes, Johannes Kleper, Blaise Pascal e Baruch
Spinoza. No século XVIII, outros pensadores e filósofos
iluministas como Jean-Jacques Rousseau, Voltaire e
outros, os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade
ganharam notoriedade, o homem conquistou seus direitos.
No século XIX a filosofia e a religião passaram a
convier em harmonia. Allan Kardec, discípulo de Johann
Heinrich Pestalozzi – que afirmava que a criança deveria
ser educada em bases novas -, apresentou a Doutrina
Espírita, lançando luzes para um entendimento aclarado
sobre o próprio homem, sua origem, o sentido psicológico
do existir, suas relações com Deus, com os Espíritos, a
imortalidade, os diversos mundos habitados, a
reencarnação, a pluralidade das existências e o
Evangelho de Jesus, onde o homem é o semeador que colhe
obrigatoriamente os frutos de sua semeadura. A Doutrina
Espírita é uma ciência filosófica, trazendo de volta ao
seio da humanidade a figura de Jesus e a caridade, obra
do amor.
Esse enfoque chegou até os dias atuais, conturbados nas
várias expressões em que o ser humano se apresenta. A
Lei de Amor apresentada pelo Mestre Galileu estabeleceu
que a criatura humana deve se amar, mas também amar ao
próximo e, sobretudo, amar a Deus, fazendo ao seu
próximo tudo quanto desejaria receber dele. Dos
instintos aos sentimentos o ser humano trilhou diversos
caminhos estagiando em várias situações desenvolvendo as
virtudes, as propriedades herdadas de Deus. O
conhecimento de si mesmo é o destino a que o homem
chegará realizando a grande viagem para dentro de si,
sendo fundamental desenvolver o autoamor para poder amar
o semelhante.
A caridade, como expressão do amor, para ser exercida
precisa contemplar o pão repartido, o estímulo à
esperança e a alegria de viver. Na atualidade, o coração
do ser humano está frio, fruto do individualismo. A
Doutrina Espírita é a ponte que une a ciência e a
religião, demonstrando a excelência do Espiritismo e a
sua perfeita concordância com a ciência, nas suas várias
expressões.
Segundo o orador, vivemos um momento histórico em que os
nobres cientistas realizam um movimento de retorno a
Deus, promovendo, mesmo sem que o saibam, uma nova
aliança entre a ciência e a religião. Divaldo Franco
destacou a figura de Jesus como expoente máximo da Lei
Divina na Terra, da caridade, sendo o mais perfeito
psicoterapeuta da Humanidade, capaz de alcançar os
conflitos mais profundos existentes em a natureza humana
e oferecer consolo e alívio para todas as dores.
Os modernos cientistas desvendaram e continuam em árduo
trabalho para ampliar o conhecimento libertador, e o
Espiritismo dá ao homem uma realidade profunda, onde a
imortalidade da alma se impõe pela lógica racional e
experimental. No mundo de regeneração as virtudes
substituirão as imperfeições, em um trabalho de
aperfeiçoamento, desde agora, tornando-se, assim, o
homem, em um ser caridoso, cumpridor da Lei de Amor.
A caridade é o amor, é dar-se, fazer com que a criatura
humana tenha um propósito para realizar na vida, para
tal é necessário o autoconhecimento, alinhado com a
melhor ética, a do Cristo, a ética do amor. Sobre o
Brasil, o insigne orador destacou que é hora de os
brasileiros se unirem em um sentimento de brasilidade
para que o bem viceje e o ódio se dilua pela ação dos
bons no exercício da caridade fraternal, vencendo as más
inclinações, desenvolvendo sentimentos e aspirações
nobres. A caridade é a alma do Amor.
A alegria de viver se apresenta quando se oferece a mão
ao próximo, despida de qualquer sentimento negativo,
construindo um mundo melhor. Um mundo de solidariedade,
de fraternidade e paz interior, deixando para trás
qualquer ressentimento, estendendo a mão para servir,
lembrando, sempre, que a honra é para quem serve e não
para quem é servido. Jesus convoca os homens para estar
com Ele, recebendo a consolação. A Humanidade está em um
processo de evolução, e Jesus é o caminho, a verdade e a
vida.
Após discorrer sobre uma experiência, onde o
beneficiário recobrou a saúde e a alegria de viver,
Divaldo destacou que o amor, a caridade, são mecanismos
que operam transformações inimagináveis. Com o Poema da
Gratidão, de Amélia Rodrigues, Divaldo encerrou a
brilhante conferência, recebendo calorosos aplausos,
onde o público, reverente, colocou-se de pé, em gesto de
gratidão.
1º Encontro Estadual da Área de Assistência e Promoção
Social Espírita
O Encontro, reunindo os trabalhadores da área de
Assistência e Promoção Social Espírita - APSE -, foi
realizado no Recanto Lins de Vasconcellos, em atividade
que se iniciou pela manhã, bem cedo, encerrando-se ao
entardecer do dia 27 de outubro de 2018, reunindo,
inclusive, trabalhadores, na atividade, de outros
Estados. Após a abertura, Rubens Marcon abordou os
aspectos legais da Assistência Social, discorrendo sobre
inúmeros diplomas legais disciplinadores, orientadores,
normalizadores e sistematizadores, envolvendo vários
órgãos governamentais e instituições prestadoras de
serviço.
Divaldo Pereira Franco tem se feito acompanhar pelo seu
dileto amigo Juan Danilo Rodríguez Mantilla, espírita
equatoriano, médico e psicólogo, facilitando-lhe os
deslocamentos e os cuidados de saúde. O tema que foi
abordado pelo preclaro orador baiano foi: O trabalhador
e o assistido. Divaldo, apesar de sua problemática
envolvendo hérnias de disco, que lhe tolhem movimentos e
causam-lhe muitas dores, mantém-se jovial, alegre e
prestativo, acolhendo todos os que se lhe acercam para
um cumprimento, é um gentleman.
Destacando que se sente muito feliz por estar em
Curitiba sob a proteção da FEP, que visita desde abril
de 1954, Divaldo Franco informou que iria falar de
coração para coração, repartindo a sua experiência
adquirida ao longo de 70 anos de atividades, quando
passou a visitar e compartilhar as dores dos que estão
em fase de sofrimento.
Há vinte anos a Benfeitora Joanna de Ângelis propôs um
novo rumo ao Centro Espírita, fundamentado nos ensinos
de Allan Kardec, que pautava seus atos na trilogia,
trabalho, solidariedade e tolerância. Evidenciou as
experiências de notáveis educadores, inclusive de Johann
Heinrich Pestalozzi. A criança é o berço ideal para se
semear a verdade. Pestalozzi amava as crianças de rua e
reunia-as em sua casa em Yverdon, na Suíça, trabalhando
o método do amor, recebendo as crianças e conversando
com elas pondo-se de joelhos para que ficasse na mesma
altura das crianças, olhando-as nos olhos na mesma linha
horizontal, criando a escola nova no exercício do amor
com base no trabalho, solidariedade e perseverança.
Joanna de Ângelis apresentou uma trilogia para ser
trabalhada pelos centros espíritas, assim estabelecida:
Espiritizar, Qualificar e Humanizar. O Espiritizar tem
por base os fundamentos da Doutrina Espírita, a crença
em Deus, a pluralidade dos mundos habitados, a
imortalidade do espírito, a comunicabilidade entre os
Espíritos e os encarnados, a pluralidade das existências
e a ética e a moral do Evangelho de Jesus. Espiritizar é
fazer com que a Doutrina Espírita penetre no ser humano,
desenvolvendo a tolerância com liberdade de pensar,
falar e de agir.
O espiritista tem o dever de colocar a caridade em ação,
dignificando a existência do assistido, dando-lhe a
cidadania com trabalho digno. O espiritista deve
observar que na condição ético/moral, os seres são
diversos. Espiritizar é fundamental para auxiliar o
próximo, cooperando com ele. Apresentando enriquecedoras
experiências, Divaldo Franco, o trator de Deus, nas
palavras do saudoso Chico Xavier, discorreu sobre
grandes nomes e seus feitos no tocante à caridade,
incluindo a passagem do Bom Samaritano, conforme
ensinado pelo Mestre Nazareno, uma página de rara beleza
e de excelentes resultados de assistência social.
O espírita deve agir com bom humor, com alegria de viver
e de servir, utilizando-se de todo o momento disponível
para estar a serviço do próximo, sendo solidário,
tolerante, compreendendo a sua dor, o seu sofrimento. O
necessitado é o irmão que momentaneamente está naquela
condição, devendo ser servido com alegria, estimulando-o
à mudança para melhor.
O Qualificar, da trilogia, é de fundamental importância
tendo em vista facilitar entender os dramas, as misérias
morais. Qualificar-se é poder oferecer luz aos que se
encontram na escuridão de suas dores, para tirá-los da
miséria sócio moral. Qualificar é preparar-se para bem
servir e para fazer bem o bem que lhe compete realizar.
Fechando o triângulo equilátero, o Humanizar significa
desenvolver a emoção, a sensibilização, sem esquecer que
os benfeitores auxiliam sempre. Autoiluminar-se é tarefa
inadiável para aquele que deseja servir o seu próximo,
equipando-se de conhecimento para pôr-se em sintonia com
o assistido.
O trabalho em nome do Cristo exige devotamento e
sacrifício. Desde há alguns anos Espíritos muçulmanos e
judeus, desencarnados, se uniram em um pacto para
dificultar a existência humana, agindo em especial
contra os espíritas que são atingidos por pensamentos
deletérios. Eles agem posicionando-se contra o sentido
ético, destruindo a família, inspirando agentes
encarnados para satisfazer os seus ditames,
desestruturando a sociedade humana, levando os
indivíduos a práticas perniciosas, individuais e
coletivas. Divaldo Franco alertou para que não se deixem
contaminar pelo ódio, envenenando as relações humanas. É
uma verdadeira guerra, tornando as criaturas humanas
inimigas uma das outras, como se pode notar nas relações
humanas nesse período atual.
Nada poderá separar a criatura humana do amor do Cristo,
desde que se mantenha fiel a Ele, amando o próximo,
perdoando, sendo-lhe servidor amoroso. Allan Kardec
vaticinou que a Doutrina Espírita irá crescer e se
multiplicar e que somente o homem perceberia isso no
futuro. O homem ainda se encontra no lamaçal da própria
consciência, mas que sairá através do devotamento ao
próximo com amor.
Na parte da tarde, Miriam Feuerharmel apresentou os
dados e os métodos empregados na APSE da FEP,
destacando, entre outros assuntos, o texto de Emmanuel,
intitulado Caridade Essencial, uma psicografia de Chico
Xavier e que se encontra no capítulo 110 da obra Vinha
de Luz.
A proteção social e a APSE – Diálogo e articulação foi o
tema apresentado por Edvaldo Roberto de Oliveira que
desenvolveu o assunto com dados sobre o apoio que se dá
e se recebe, na família e na sociedade humana. A ação
protetiva deve ser no âmbito espiritual, emocional,
afetiva e material.
Jesus veio para curar as feridas da alma para que os
corpos não tenham feridas. (Divaldo
Pereira Franco)
Divaldo Franco, retornando à tribuna, disse que o
Evangelho de Jesus é um hino de louvor as boas novas, de
alegria de viver. Antes que desenvolvesse o seu tema,
Divaldo solicitou que Juan Danilo cantasse a canção You
Raise me Up, uma história religiosa, dando um
sentido para o tema que iria abordar, a chegada do
Mestre e as suas curas. Israel experimentava
inquietações que não identificava. Jesus estava por
chegar e permanecer algum tempo entre os homens. Havia
uma expectativa no ar, havia angústia, decepção, pois
que a criatura humana havia sido reduzida em
importância. Israel era monoteísta, cercada por
politeístas.
Na casa de Simão Pedro, Jesus havia procedido as curas
durante todo o dia, notadamente a de Natanael Ben Elias,
o paralítico. Ali estavam as necessidades humanas, a
miséria, as aflições. A multidão, como na atualidade,
estava ansiosa pela cura. Vendo-O cansado, Pedro
dispersou a multidão ao entardecer, e levou o Mestre
para descansar a beira do mar da Galileia e, sentado em
uma pedra, Jesus chorou. Pedro, exultante pelos
resultados positivos imaginou que Jesus chorava de
alegria. No entanto, o Mestre lhe diz que era por
compaixão, pois que, aqueles que haviam sido
beneficiados pela cura estavam se perdendo novamente nos
desvãos da moralidade e da iniquidade.
Como para as curas, é necessário que o ser humana creia
para poder conquistar qualquer objetivo. Crer é uma
proposta terapêutica. Simão Pedro, como os que foram
curados também não compreenderam o sentido. Jesus não
veio para curar as feridas do corpo, mas as da alma.
Jesus veio para curar as feridas da alma para que os
corpos não tenham feridas. Estabeleceu que intercederia
pelos homens rogando a Deus que enviasse outro
consolador para que esse ficasse permanentemente com os
homens, ensinando, relembrando e esclarecendo para que
possa ser consolado.
O Espírito de Verdade veio para restaurar a mensagem do
Cristo, trazendo conhecimentos novos, e a sublime
mensagem do amor alcança os ouvidos e os corações dos
que O escutam. Jesus veio para amar. Em nome dele as
perseguições aconteceram, e os cristãos experimentaram
dores acerbas no testemunho de sua fé. Como o homem é
insensato, nos períodos que se seguiram, e tendo os
cristãos assomado ao poder, passaram a perseguir e a
matar os perseguidores de outrora. Perseguido ontem,
perseguidor hoje. Aí estão, na História, os tribunais do
Santo Ofício, a Inquisição.
Divaldo apresentou os primórdios do Espiritismo, a
partir dos fenômenos de Hydesville, em 31 de março de
1848, e a comprovação daqueles fatos em 1905. Em 1852
Paris era a cidade das artes e da beleza. Nesse
contexto, as mesas girantes ganharam notoriedade.
Hippolyte Léon Denizard Rivail passou a investigar os
fatos inusitados, e apresentando uma ciência nova, o
Espiritismo, caracterizando a volta do Consolador,
prometido por Jesus, o modelo e guia para a humanidade,
assinou o resultado de sua investigação – as Obras
Fundamentais da Doutrina Espírita - com o pseudônimo de
Allan Kardec.
No seu desvario, o homem vai se equivocando e angariando
débitos para com a Lei Divina, que pela sua natureza,
coloca o infrator diante de si mesmo a fim de que se
recupere pelo exercício do amor. Joanna de Ângelis
afirma que as condecorações dos cristãos são as
cicatrizes adquiridas no trabalho em favor do próximo,
em nome de Jesus.
O ínclito orador destacou que o objetivo do encontro é a
qualificação para melhor servir, sem criticar outras
iniciativas ou instituições. A solidariedade, a caridade
está acima de qualquer confissão religiosa ou
filosófica. O próximo é sempre o próximo, creia ele
neste ou naquele sentido, seja ele quem for, será sempre
o próximo. O Espiritismo é o grande incentivador da
sensibilização das almas para que a caridade possa se
fazer presente no seio dos assistidos. O Espiritismo é
alegria, é uma doutrina de coragem, pois que Jesus é um
notável psicoterapeuta e suas mensagens são de otimismo,
suavizando as dores.
O Evangelho de Jesus, exarado em a Doutrina Espírita, é
magnífico, lúcido, esclarecedor e consolador.
Espiritizar, Humanizar e Qualificar é o objetivo a ser
alcançado em nome do exercício do amor. Todos passam
pelas dificuldades, por isso, deve ser mantido o bom
ânimo, a confiança e a responsabilidade, respaldadas nas
obras de agora, tornando-as pontes para facilitar a vida
do outro.
Finalizando, Divaldo destacou um ensinamento da
Benfeitora Joanna de Ângelis, quando ela incentiva a que
se deixe pegadas luminosas por onde se passe, com o fim
de sinalizar o caminho que conduz na direção de Jesus.
Aconselhou os presentes a serem otimistas, servindo onde
se encontrarem, sendo solidários, fortes pela união em
torno do Mestre Nazareno. Agradecendo a oportunidade do
trabalho, destacou que volta aos labores cotidianos da
Mansão do Caminho, deixando a mensagem do amor em toda a
sua plenitude possível, mantendo-se na esperança e
confiantes em dias melhores, e que a paz de Jesus se
faça presente nos corações de todos. Efusivamente
aplaudido, recebeu os gentis cumprimentos dos presentes.
Nota do autor:
As fotos desta reportagem são de Jorge
Moehlecke.