A importância dos limites
Ouça e você esquece; veja e você lembra; faça e você
entende.
R. Steiner
Tudo começa em casa – ao dar exemplo, organizando o
cotidiano da criança, os pais oferecem amor e cuidado
com os filhos. Pois todo pai ou toda mãe que deixa a
criança “livre e solta” atua de maneira leviana, agindo
tão irresponsavelmente quanto aquele pai que faz uso da
violência para criar o filho.
Ora. Criar pessoas dá trabalho, exige esforço, demanda
sacrifício. Porque educar é tarefa primordial dos pais.
E, por isso, dar limites aos filhos é essencial à
convivência familiar, pois não podemos deixar uma
criança crescer confundindo direitos com desejos.
Se não houver limites, as crianças não têm como balizar
suas ações. Mas como estabelecer limites?
Em primeiro lugar, os pais precisam ser coerentes. Todo
limite oferecido causa frustração, e não apenas para a
criança que tem que respeitar a norma sinalizada, mas
também para os pais. Se o adulto não tiver firmeza
suficiente para sustentar o limite estabelecido,
dificultará que a criança o aceite e o interiorize
(gradualmente).
Em segundo lugar, os pais devem exercer o controle
combinando afeto, firmeza e segurança. Se as figuras
mais importantes e influentes para a criança, seus pais,
lhe tratam com respeito e carinho, reconhecendo seus
direitos e seus deveres, ela se sentirá segura mesmo na
hora de ser corrigida, abrindo-se à oportunidade de
aprender a aceitar a realidade.
Independentemente do estilo disciplinar adotado pelos
pais, a flexibilidade é traço também que deve estar
presente na rotina da vida doméstica. De outro lado, os
pais necessitam ser consistentes e conscientes de que
são eles que guiam os filhos, e não o contrário – os
filhos não podem mandar nos pais.
Não tem a menor graça uma criança tirana e sem limite.
Logo, dizer ao filho de sete anos que não é adequado
assistir à televisão no lugar de fazer a tarefa escolar,
por exemplo, ensina-lhe, e desde cedo, noções sobre a
realidade e o mundo.
Se somos responsáveis pela educação de uma criança,
precisamos assumir o fato de que ela não dispõe de
condições para ser autônoma e por isso necessita ser
guiada enquanto cresce e se desenvolve em direção à vida
adulta. Educar com amor implica, portanto, não aceitar
tudo. Pois o amor que aceita tudo é um amor
irresponsável, que impede a criança de ter acesso a
normas e critérios que a ajudem a aprender viver de uma
maneira saudável e responsável por seus atos.
Infelizmente, e para muita gente, muitas vezes estamos
tão ocupados para dar aos nossos filhos o que não temos
(bens materiais, no geral), que não nos sobra tempo para
dar a eles o que temos – amor, presença e limites.
Notinhas
A infância implica um amor exigente, que compreende que
toda criança precisa de amor, atenção e disciplina. Ora,
disciplina, termo que deriva do latim, significa “instrução,
conhecimento, matéria a ser ensinada”. Os pais, frente
aos filhos, às crianças, são transmissores de um saber,
de um conhecimento, e, por isso, respondem pela
organização cotidiana da vida da criança.
Os pais são também professores dos filhos. Como tais, é
dever ensinar aos filhos o que é adequado(escovar
os dentes, pedir por favor, ser honesto, guardar os
brinquedos etc.) e o que é inadequado (maltratar
o colega, mentir, comer doce em vez do almoço, não fazer
a tarefa etc.), por exemplo, e comunicar critérios de
comportamento e valores de modo claro e coerente.
Cabe castigo? Mario Sergio Cortella avisa: “sempre. Mas
não o castigo que agride ou machuca, mas aquele que
serve como alerta. Não é colocar a criança ajoelhada no
milho, é a responsabilização por seus atos. Os castigos
variam com a idade da criança e de acordo com a
circunstância. Não adianta dizer a uma criança de dois
anos: sábado você não vai ao cinema. Ela ainda não tem a
noção de tempo, portanto, sábado é algo que não faz
sentido. Com essa criança, devemos trabalhar com o
‘agora’: Agora você não vai assistir à televisão. Ela
tem que entender que toda ação corresponde a uma
responsabilidade.” Mas bater nunca!
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