Bondade
Ao apelo do Divino Mestre, recomendando-nos “sede
perfeitos”, evitemos a indesejável resposta da aflição.
Ninguém pode trair os princípios de sequência que
governam a Natureza, e o tempo será sempre o patrimônio
divino, em cujas bênçãos alcançaremos as realizações que
a vida espera de nós.
Antes de cogitar da colheita, atendamos à sementeira.
Antecipando a construção do teto de nossa casa
espiritual, no aprimoramento que nos cabe atingir,
edifiquemos os alicerces no chão de nossas
possibilidades humildes, erguendo sobre eles as paredes
de nossa renovação, a fim de não nos perdemos no
movimento vazio.
Iniciemos a perfeição de amanhã com a bondade de hoje.
Ninguém é tão deserdado no mundo que não possa começar
com êxito necessário.
Não intentes curar o enfermo de um momento para o outro.
Cede-lhe algumas gotas de remédio salutar.
Não busques regenerar o delinquente a rudes golpes
verbais. Auxilia-o, de algum modo, oferecendo-lhe
algumas frases de fraternidade e compreensão.
Não procures estabelecer a verdade num gesto impetuoso
de esclarecimento espetacular, acreditando desfazer as
ilusões de muitos anos, em um só dia. Enceta a obra do
reajustamento moral com os teus pequeninos gestos de
sinceridade à frente de todos.
Não suponhas seja possível a milagrosa transformação de
alguém, no caminho empedrado da crueldade ou da
ignorância. Faze algo que possa servir de plantação
inicial de luz no espírito que te propões reformar.
E ainda, em se tratando de nós, não julgues seja fácil
converter nossa própria alma para Deus, num instante
rápido. Trazemos conosco vasto acervo de sombras e
precisamos serenidade e diligência para desintegrá-las,
pouco a pouco, ao preço de nossa própria submissão à Lei
do Senhor que nos rege os destinos.
Se realmente nos dispomos à aceitação do ensinamento do
Divino Mestre, usemos a bondade, em todos os momentos da
vida.
Bondade para com o próximo, bondade para com os
ausentes, bondade para com os nossos opositores, bondade
para com todas as criaturas que nos cercam...
A bondade é chave de simpatia e conhecimento com que
descerraremos a passagem para as Esferas Superiores.
Com ela, seremos mais humanos, mais amigos e mais
irmãos.
Avancemos, assim, com a bondade por norma de ação,
retificando em nossa estrada os aspectos e experiências
que nos desagradam na estrada dos outros, e, desse modo,
estejamos convictos de que o sonho sublime de nosso
aperfeiçoamento encontrará, em breve futuro, plena
concretização na Vida Eterna.
Do livro Tocando o barco, obra
mediúnica psicografada por Francisco Cândido Xavier.
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