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por Jorge Hessen

 
Não devemos recriminar em outrem aquilo de que nos desculpamos


Por que será que o mundo virtual vem fascinando mais do que a vida que se levava 30 anos atrás? Permanecer neste mundo quimérico, seduzidos pelas ondas eletromagnéticas da Internet, será por receio? Timidez? Acanhamento? Carência de amor próprio? Incerteza? Baixa autoestima? Solidão? Ou será ingênuo encantamento, necessidade de aventuras, realização de feitos inenarráveis, ultrapassar limites, provocar reações e escândalos...?

Assim como há depravados nas drogas, no álcool, no jogo e no tabaco, há internautas que passam horas a fio nas redes sociais, fato que vários grupos de especialistas americanos consideram um problema psiquiátrico. Estima-se que só no Brasil o número de internautas é de aproximadamente 75,5 milhões.

A Internet oferece, sem dúvida, extremos perigos quando veicula cenas reais de apelos eróticos, de violências nos joguinhos “infantis” etc. Por outro lado, não podemos desconsiderar que a Internet está presente nos hospitais, nos tribunais, nos ministérios, nas agências bancárias, nos supermercados, nas lojas, nas escolas, na segurança de nossas casas e empresas; enfim, permite fazer uma movimentação bancária, compras, observar nota na escola, realizar trabalhos escolares e profissionais, pesquisas. Eis aqui alguns dos exemplos de como estamos mais envolvidos com a informática do que se possa imaginar.

Na era da cibernética, da robótica, vivemos épocas limítrofes nas quais toda a ancestral ordem das representações e dos saberes balança para oferecer lugar a imaginários, modos de conhecimento e estilos de regulação social ainda pouco firmados. Convivemos com uma destas raras ocasiões em que, a partir de uma nova configuração técnica, quer dizer, de uma nova relação com o cosmos, um novo estilo de humanidade é concebido.

Estamos num estágio social em que o mundo virtual é quase o real, mas ele nos surge como sonho. Alguns sonham com cuidado, outros se perdem nos cipoais dos delírios oníricos. Em todos esses estágios há o perigo disso virar pesadelo. Esse é o preço que a sociedade contemporânea paga pelo avanço da Tecnologia da Informação (TI), apesar de muitos cidadãos ainda não terem se dado conta de que seus atos pelas vias virtuais estão estabelecendo desastres morais de consequências imprevisíveis. Vejamos: a questão aqui colocada como inquietante é o adultério advindo pelos instrumentos virtuais, desaguando quase sempre na vida real.

A propósito do adultério, o Cristo disse para que atirasse a primeira pedra aquele que estiver isento de pecado. Esta sentença faz da indulgência um dever para nós outros, porque ninguém há que não necessite, para si próprio, de indulgência.  Ou seja, não devemos julgar com mais severidade os outros, do que nos julgamos a nós mesmos, nem condenar em outrem aquilo de que nos absolvemos. Antes de apontar a alguém uma falta, vejamos se a mesma censura não nos pode ser feita. Observemos que Jesus, em se tratando de faltas e quedas, nos domínios do espírito, escolheu o episódio da mulher, em fracasso do sexo, para pronunciar a sua memorável sentença.

Considerando os absurdos propostos por alguns portais, urge considerar que o adultério ainda continua na Terra, por ferramenta de prova e expiação, que futuramente desaparecerá, na equação dos direitos do homem e da mulher, que se amoldarão pelo mesmo peso, na balança da evolução e da existência.

Em verdade, o conceito de adultério se fará distanciado do cotidiano quando respeitarmos os sentimentos alheios, “para que o amor se consagre por vínculo divino, muito mais de alma para alma que de corpo para corpo, com a dignidade do trabalho e do aperfeiçoamento pessoal luzindo na presença de cada uma, de vez que a compreensão apaziguará o coração humano e a chamada desventura afetiva não terá razão de ser.


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita