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por Marcus Vinicius de Azevedo Braga

 

Equilíbrio, um objetivo a perseguir


Adolfo fora convidado para proferir palestra na casa espírita em bairro da região metropolitana de sua cidade, e, ao chegar lá, foi informado de que a dinâmica consistia em, após a preleção, abrir a palavra para a assistência, para perguntas. Após a sua fala, sobre tema um tanto controverso, uma das pessoas do público dispara perguntas desafiadoras, em uma nítida postura provocadora. Adolfo, diante da insistência, se irrita e se nega a responder, caindo no reino da grosseria.

Mariana, como esclarecedora na reunião de desobsessão, se vê diante de um irmão menos esclarecido, que apresenta um discurso misógino e que começa a provocar a dirigente. O diálogo se estende, e o Espírito, sem ofensas, começa a questionar aspectos igualitários da relação homens e mulheres e isso começa a indignar Mariana, que “cai na pilha”. Por fim, ela perde a paciência e manda o Espírito embora de forma curta e grossa.

Abelardo coleciona vinte anos no trabalho com os assistidos, e controla o processo de concessão de cestas básicas e roupas oriundas da doação. Diante dos petitórios, tenta, pelo diálogo, entender as demandas de cada irmão, na busca de, com a palavra amiga, gerenciar as possibilidades e oportunidades. Mas nem todo dia é dia santo, e naquele fatídico de noite maldormida, uma irmã insiste quanto ao acréscimo de um benefício e começa, revoltada, a xingar Abelardo e as outras pessoas da casa, quando Abelardo se levanta e arremessa sobre ela o caderno de anotações, expulsando-a da casa espírita.

No cotidiano, diante das situações inusitadas, que “pisam no nosso calo”, catalisadas pela soma de outras questões pregressas, por vezes, perdemos a paciência e explodimos, causando consequências indesejáveis, da palavra dita e que não retorna, das relações que se quebram, de pessoas que abandonam o trabalho, pela decepção ou pela própria contenda.

É claro, somos humanos, e precisamos entender essa dimensão para não exigirmos de nós mesmos mais do que podemos dar. Mas essa mesma humanidade nos enseja que tenhamos mecanismos de alerta, para indicar quando a “temperatura está subindo”. Um autoconhecimento que nos isente dessa armadilha de ultrapassar limites, e proceder para além da racionalidade, com prejuízos de difícil reversão.

Contar até dez, fazer uma prece, tomar a água da paz. Os artifícios são muitos, mas o que se traz na presente reflexão é que estamos sujeitos, em diversas situações, inclusive na casa espírita, a estar diante de um impasse, e aquilo pode tomar proporções maiores, às vezes iniciada por questões frívolas, e a coisa pode desandar para explosões de cólera que podem prejudicar coisas mais relevantes, como o próprio trabalho, e, às vezes, a nossa própria integridade física. É a mesma lógica de brigas de trânsito e de vizinhos.

Assim, vale o tema do presente artigo. Equilíbrio, um objetivo a perseguir. Em qualquer situação, precisamos ter em mente a necessidade imperiosa de manter o equilíbrio. Se ele começa a se esvair, é a hora de dar uma freada na sequência de acontecimentos, parar e respirar, pois o que virá em diante, provavelmente, pouco contribuirá para a resolução da questão, demandando, no futuro, desculpas e reparações.

Na casa espírita, mais especificamente, lidamos com o público, encarnado e desencarnado, e cada um traz sua carga de frustrações e mágoas, e, por vezes, diante do hospital que é aquele local religioso, derrama sobre ele e seus colaboradores todo esse peso, e que por vezes rompe os limites dos interlocutores. O equilíbrio é sempre dinâmico e nessa corda bamba andamos, atentos, para evitar a queda, dentro e fora da casa espírita.

De forma conclusiva, deixamos então essa reflexão para o leitor, humano e trabalhador da casa espírita. Atenção aos sinais! Pequenas bactérias causam doenças graves. No cotidiano, lidando com aqueles que se abeiram da casa espírita, o equilíbrio é um princípio a ser perseguido e nos resguarda de contendas que podem trazer prejuízos aos trabalhos, e, consequentemente, a encarnações, onde encontrariam auxílio fundamental para o seu progresso. 

 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita