Reforço na fé
“...Tende fé em Deus. Em verdade vos afirmo que todo o
que disser a esse monte: tira-te e lança-te ao mar, e
isso sem hesitar em seu coração, mas tendo fé de que
tudo o que disser sucederá, ele o verá cumprir assim.”
(Marcos, XI:12-14 e 20-23.)
Distantes nos encontramos dessa assertiva do mestre dos
mestres. No capítulo XIX de “O Evangelho segundo o
Espiritismo”, que trata sobre a fé, Allan Kardec comenta
que a fé sincera e verdadeira é sempre calma. Confere a
paciência que sabe esperar, porque estando apoiada na
Inteligência e na compreensão das coisas, tem a certeza
de chegar ao fim. Por aqui, já vemos o quanto precisamos
subir os degraus de luz de aprimoramento, para mantermos
o equilíbrio.
A fé precisa fortalecer os corações. Dar a força
interior que ajude a vencer as adversidades. Nesse
sentido, o conhecimento é fundamental, lembrando Jesus,
quando disse: “conhecereis a verdade e ela vos tornará
livres”.
Allan Kardec, o grande codificador do Espiritismo, tem
uma máxima, conhecida por todos os espíritas que é “Fé
verdadeira só o é aquela que caminha passo a passo com a
verdade, em todas as épocas da humanidade”.
Momentos difíceis edificam a fortaleza de ânimo nas
almas que buscam se elevar. O Espiritismo é luz no
caminho, mas exemplos de coragem e de fé são observados
em Espíritos de diversas religiões ou até mesmo em quem
não tem religião definida. Já tivemos oportunidade de
presenciar isso, através dos anos. Compreendemos que são
conquistas morais, adquiridas em várias reencarnações,
que vão se sedimentando no Espírito, deixando nele uma
base sólida. Como diz o próprio Kardec, para algumas
pessoas, a fé parece de alguma forma inata: basta uma
faísca para desenvolvê-la.
Fato relevante é que, aquele que tem certeza do porvir,
que acredita e tem fé na imortalidade da alma, vence
mais serenamente os obstáculos do caminho.
As dores estão crescentes. Muitos amigos com doenças
graves. Muitas pessoas com problemas econômicos sérios.
A hora é de aprendizagem e de testemunho. Fortalecer a
fé e erguer o bom ânimo, não se deixando abater em
momento algum. Manter o pensamento elevado, na certeza
do amparo divino e de seus colaboradores espirituais que
nos assistem.
Quem já venceu etapas de dor, com coragem e resignação,
torna-se um exemplo no caminho. Asserena-se, por
conquistar no íntimo a esperança e a certeza. Fortalece
a fé. Quem nunca passou na vida por um momento
inesquecível, marcante, que demonstra a presença do amor
de Deus e do auxílio constante dos benfeitores
espirituais? A maioria tem uma história a contar.
Temos uma senhora amiga, trabalhadora assídua da casa
espírita que frequentamos, que há muitos anos serve na
caridade e estuda o Espiritismo. Passou umas provações
no mês de julho último. Já tem uma certa idade e estava
com pneumonia. Foi internada, ficou alguns dias no
hospital e foi liberada, para continuar o tratamento em
casa. Após alguns dias, retornou para o hospital em
estado de emergência. O quadro piorou muito. Tossia
tanto que não conseguia parar de tossir e nem conseguia
respirar, de tanta a frequência da tosse. Ficou em
estado grave. Fez parada cardiorrespiratória. Os planos
divinos, porém, a mantiveram por aqui. Recuperou-se sem
sequelas e em poucos dias, voltou para as atividades do
centro espírita.
Ela sempre denotou muita calma. Isso é uma
característica de sua personalidade, desde que a
conhecemos. Nunca alterada, sempre mostrando o grande
equilíbrio emocional. Muito querida por todos os
frequentadores da casa.
Num dia de estudo, umas duas semanas após sua alta
hospitalar, o assunto foi direcionado para a fé, para a
certeza da imortalidade que o Espiritismo faculta, para
as belezas que Deus permite aos homens observarem de sua
criação. Aproveitamos o ensejo para perguntarmos a ela
se na parada cardiorrespiratória ela teria visto algo,
nos momentos em que o corpo não mais respondia. Alguma
coisa semelhante aos eventos citados nos casos de
fenômenos de quase morte, referenciados muitos por
médicos atentos e estudiosos do fato.
Ela estava quieta, serena, atenciosa ao estudo. Ao se
lhe indagar, com uma vibração intensa na voz, de quem
tinha convicção do que dizia e que se encontrava
interiormente fortalecida, ela respondeu: vi, sim. Eu
estava num imenso campo verde, lindíssimo, uma enorme
paz. Havia pessoas sentadas embaixo de árvores, lendo.
Uma paz! De repente, me vi debaixo de uma série de
aparelhos. Ainda estava com a impressão daquele lugar.
Vi uma moça de branco e pensei, nossa, um anjo! Aí, lhe
perguntei onde estava e quem era ela. Para minha
decepção, ela disse que era enfermeira e que eu estava
na Santa Casa de Cambé!
Com ar de frustração no semblante, comentou ela que o
lugar onde estava era lindo demais, calmo demais, que
gostaria de ter ficado por lá mesmo!
Demos risada em conjunto, com suas palavras finais e com
a expressão de seu rosto, mas lhe dissemos que ela pode
ficar feliz, pois já teve de antemão a visita para o
lugar em que provavelmente estará quando desencarnar.
Ela concordou.
Sua fé foi fortalecida com esse episódio. Se antes já
tinha plena certeza da imortalidade, depois que passou
por essa experiência, não tem mais nenhuma preocupação
com a morte. Morrer não dói. Quem tem um tesouro de paz
edificado no íntimo já se encontra em paz aqui na Terra
mesmo. O lugar para onde irá depois da morte é onde está
o tesouro de seu coração.
Deixamos aqui, no parágrafo final, as palavras de José,
do capítulo já citado acima, XIX, sobre a fé, no “O
Evangelho segundo o Espiritismo”: “tende, portanto, a
verdadeira fé, na plenitude de sua beleza e da sua
bondade, na sua pureza e na sua racionalidade. Não
aceiteis a fé sem comprovação, essa filha cega da
cegueira! Amai a Deus, mas sabei porque o amais. Crede
nas suas promessas, mas sabei por que o fazeis. Segui os
nossos conselhos, mas conscientes dos fins que vos
propomos e dos meios que vos indicamos para atingi-los.
Crede e esperais sem fraquejar: os milagres são
produzidos pela fé”.
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